Psychic Force (Sony Playstation)

PforceVamos lá a mais uma rapidinha da primeira Playstation, com a conversão de um jogo arcade algo original, produzido pela Taito. A série Psychic Force é uma franchise algo obscura de jogos de luta em 3D, onde os combates se dão todos em pleno ar e os oponentes possuem poderes especiais que se tornam nas características principais deste jogo. É uma série que eu vim a conhecer brevemente pela sua sequela para a Dreamcast, o Psychic Force 2012. Este meu exemplar foi comprado no OLX há uns meses atrás em conjunto com outros 2 jogos de PS1, ficou-me a menos de 10€ dividindo pelo total.

Psychic Force - Sony Playstation
Jogo com caixa

A história por detrás deste jogo faz-me lembrar de certa forma os X-Men. Aqui, as pessoas com estes poderes especiais sempre foram postas algo de lado pela sociedade, que temia os seus poderes especiais. Para isso, alguém decide juntar todos os “humanos especiais” e fundar uma organização que procura criar um mundo livre para eles, não olhando a meios nem a quem se possa intrometer. Um pouco como Magneto e não como o Professor Xavier. E no meio disso lá teremos os “mutantes bons” e os maus para nos entreter com um jogo de porrada, onde cada um tem as suas razões para estarem envolvidos em conflitos e relações com outros lutadores.

Os limites da área jogável são dados por um campo de energia na forma de um paralelepípedo
Os limites da área jogável são dados por um campo de energia na forma de um paralelepípedo

No que diz respeito à pancadaria, basicamente a nossa arena é uma espécie de um paralelepípedo gigante cujas arestas e faces são uma espécie de campo de força, não nos deixando ultrapassá-lo. E então podemos andar a voar de um lado para o outro, espetando murros e pontapés no nosso oponente, mas também golpes especiais. E para isso, devemos ter em conta uma outra barra de energia, a dos poderes psíquicos (que são na realidade poderes de manipulação elementais, como fogo, electricidade ou gelo). Cada vez que usamos um desses super poderes a barra de energia vai diminuindo, podendo depois ser recarregada um pouco como se faz nos videojogos de Dragonball. Para nos defendermos dos poderes psíquicos dos oponentes podemos usar o Psychic Guard, um escudo que também absorve o poder dessa barra de energia. De resto, as mecânicas de jogo são similares às de outros jogos de luta: temos de vencer os nossos oponentes à melhor de 3 combates, ou seja, avançamos para o oponente seguinte após atingir 2 vitórias. E para além do modo arcade e versus, temos também o story mode, onde antes de cada confronto assistimos a alguns diálogos entre cada oponente, mostrando um pouco dos seus backgrounds e da história da personagem que escolhemos levar até ao fim.

As personagens tem um aspecto muito anime que sinceramente me agrada
As personagens tem um aspecto muito anime que sinceramente me agrada

Graficamente é um jogo competente para a época em que saiu, passando-se num espectacular futuro de 2010, oferece uns visuais bem sci-fi anime, algo que sinceramente me agrada bastante. Iremos lutar em ambientes urbanos na maioria das vezes, mas também em zonas mais tradicionais do Japão. As músicas são agradáveis na sua maioria, eu naturalmente prefiro aqueles temas mais rock, embora existam outros mais pop e repletos de teclados que já não são bem a minha cena. Ainda no campo do som, resta-me referir que os diálogos foram traduzidos para inglês e infelizmente, como era habitual nos videojogos dessa época, os voice actings ficaram absolutamente horríveis.

No Japão a série teve sucesso suficiente para que se desenvolvesse uma sequela chamada Psychic Force 2012 na Dreamcast e uns anos mais tarde, em 2001, essa mesma sequela chegou cá à Europa uma vez mais para a Playstation, com o nome de Psychic Force 2. Também no Japão foram lançadas 2 OVAs em anime que sinceramente me deixaram algo curioso, pois a série possui um conceito interessante para um anime. Para quem gostar de jogos de luta em 3D, está aqui um bom candidato.

Mortal Kombat (Nintendo Gameboy)

Mortal KombatO artigo de hoje será mais uma rapidinha a uma adaptação de um jogo bem conhecido. O Mortal Kombat original foi um lançamento bastante polémico, mas muito bem sucedido. Como todos sabemos, a série surgiu após o sucesso massivo do Street Fighter II, mas onde desde cedo quiseram fazer algo que os diferenciasse do mundo de clones de SF que se instaurou nas arcades entretanto. O resultado foi um jogo bastante violento e com gráficos com personagens digitalizadas, o que lhes dava um certo realismo. Mortal Kombat foi também um grande sucesso, e naturalmente surgiram imensas versões para outros sistemas. A Gameboy não foi excepção, mas o resultado foi muito mau. Este meu cartucho foi comprado no mês passado na cash converters de Alfragide por quase 2€.

Mortal Kombat - Nintendo Gameboy
Apenas cartucho

Bom, então que tem esta versão do jogo de assim tão mau? Em primeiro lugar, a coisa que salta logo à vista é mesmo o frame rate que é incrivelmente baixo, notando-se perfeitamente a lentidão nas animações e nos movimentos que tentamos executar. Isso naturalmente também afectou a jogabilidade, que com apenas dois botões dificulta as coisas para executar alguns dos golpes especiais. Na versão Game Gear essa dificuldade também existe, mas ao menos dão uso ao botão Start para bloquear. Na Game Boy, onde temos o Start e o Select, para bloquear é necessário pressionar os botões A e B em conjunto. E também tal como as versões 8bit da Sega, aqui o catálogo de lutadores não está completo, faltando-lhe o Johnny Cage. Lá tentam compensar um pouco ao incluir um cheat que nos permite jogar com o Goro, mas na minha opinião não é suficiente. É que como se a má jogabilidade e framerate não fossem suficientes, se bem se lembram a versão SNES deste jogo foi altamente censurada, retirando o sangue e o gore das fatalities. Assim eram as políticas da Nintendo nessa época e infelizmente a versão Game Boy padece do mesmo mal.

Naturalmente esta versão não é das melhores graficamente
Naturalmente esta versão não é das melhores graficamente

Sinceramente… a menos que precisem mesmo de uma versão portátil do Mortal Kombat, eu recomendaria sempre a versão Mega Drive ou DOS. Ou se abandonarmos o reino do retro e queiram um MK1 portátil, há sempre a compilação Midway Arcade Treasures: Extended Play para a PSP.

Spider-Man (Sega Game Gear)

Spider-ManMais uma rapidinha, agora para Game Gear. Este Spider-Man foi um jogo que comprei um pouco às cegas pois não me estava mesmo a lembrar de nenhum jogo do aranhiço para a Game Gear apenas com esse nome. E acabei por o levar em bundle juntamente com outros cartuchos numa das minhas visitas à feira da Ladra em Lisboa por cerca de 3€. Quando cheguei a casa é que me apercebi que isto não é nada mais nada menos que o Spider-Man vs the Kingpin. I have made a huge mistake, e já vão descobrir o porquê.

Spider-Man - Sega Game Gear
Apenas cartucho

Tal como o nome completo do jogo indica, o nosso principal adversário é o Kingpin, o rei do crime organizado lá do sítio, embora também tenhamos de defrontar uma série de outros vilões clássicos da série do Spider-Man, como o Dr. Octopus, Venom ou o Green Goblin. O plano do Kingpin consistia em tentar desacreditar o homem-aranha na opinião pública, transmitindo pequenos relatos de TV indicando que o herói era na verdade um criminoso e estava a planear explodir uma bomba bem no centro da cidade nos próximos XX minutos. O resto do jogo leva-nos literalmente em contra relógio a tentar progredir na história, defrontando outras caras conhecidas para desactivar as bombas, desmascarar o Kingpin e salvar a sua imagem.

screenshot
Não seria um jogo do homem aranha se não nos pudéssemos balancear com as teias

A minha maior queixa deste jogo (minha e a de muitos outros) são os controlos horríveis, com uma má detecção de colisões, inimigos bem chatos e cada dano que sofrermos expelir-nos bem para trás o que pode trazer ainda mais algumas chatices. Isso e a dificuldade bem acima da média. Mas se tentarmos ignorar esses defeitos, então este jogo até que tem algumas coisas interessantes e originais. Para começar vamos mesmo jogar o resto do jogo em contra relógio. Com sensivelmente 30 minutos para desarmar as bombas vamos ter de atravessar vários níveis repletos de perigos e inimigos e tudo isto com apenas uma barra de energia e uma vida. Como restauramos a nossa vida? Bom, a qualquer momento do jogo podemo-nos “transformar” em Peter Parker e ir descansar ao nosso quarto, restabelecendo alguma dessa energia perdida. O problema é que o relógio continua sempre a contar.

screenshot
Para regenerar a vida podemos descansar no nosso apartamento. Mas o relógio conta sempre!

Depois, com um botão para salto e um outro para atacar, com ataques que tanto podem ser normais como usando as teias de aranha, as nossas reservas de teias também se vão esgotando. E então como as podemos restabelecer? Bom, fazendo o que Peter Parker faz de melhor: fotografar! É nos menus de pausa que podemos escolher essas opções como nos retirarmos temporariamente para recuperar energia, mas também podemos escolher uma máquina fotográfica. A ideia consiste em tirar fotografias aos bosses, para quando chegarmos ao fim de cada nível possamos ganhar algum dinheiro com as mesmas no jornal Daily Bugle e com esse atestar dinheiro ganho atestar o nosso stock de teias. E claro, as teias servem também para nos deslocarmos pelo ar, onde como não poderia deixar de ser, as teias são atiradas para o infinito e mesmo assim o Homem-Aranha consegue balancear-se de um lado para o outro.

No que diz respeito aos audiovisuais, este é outro jogo que não é nada de especial. Ainda assim a versão Game Gear consegue ser um pouco melhor, devido ao seu ecrã reduzido, aumentaram um pouco o “zoom” aos cenários e personagens, aparentando assim ter melhor detalhe. Mas não é nada de espectacular, vale mais pelas “cutscenes” que vamos vendo entre cada nível. As músicas e efeitos sonoros por outro lado são horríveis, do pior que já ouvi numa Master System/Game Gear. Posto tudo isto, não posso dizer que recomende este Spider-Man (vs  the Kingpin), embora até ache alguma piada a alguns conceitos de jogo que lhe introduziram.

The Simpsons: Bart vs Space Mutants (Nintendo Entertainment System)

Bart vs the Space MutantsO artigo que trarei cá hoje é mais que uma rapidinha, é mesmo um artigo “blitzkrieg”! Isto porque para além de hoje o tempo não dar para mais, já analisei a versão Master System anteriormente e este Bart vs the Space Mutants da NES é na sua essência o mesmo jogo. Este meu exemplar, do qual apenas possuo o cartucho, foi comprado algures no mês passado de Janeiro na Feira da Vandoma do Porto por 5€, creio até que foi um dos primeiros jogos que comprei neste ano de 2015.

Bart vs the Space Mutants - Nintendo Entertainment System
Apenas cartucho

Tal como referido acima, esta versão é semelhante à da Master System, embora como seria de esperar, com gráficos um pouco piores mas surpreendentemente bem coloridos, talvez dos jogos mais coloridos da NES. A música é melhor e o facto desta versão possuir a música oficial dos Simpsons é um plus, é sempre agradável ouvir aquela melodia familiar com o chiptune da NES. De resto mantém aquela jogabilidade de um sidescroller, com mecânicas de jogo não convencionais, onde temos níveis em que o objectivo é pintar uma série de objectos de roxo, outros em que temos de coleccionar chapéus, sempre tendo em conta que os ETs podem estar mascarados de humanos, sendo necessário “desmascará-los” ao equipar uns óculos especiais. Tudo isto aliado a uma dificuldade bem acima da média, e com saltos bem precisos e difíceis de executar.

screenshot
Apesar de não ser tão colorida como a versão Master System, esta versão NES não é nada má nos audiovisuais

Este é daqueles jogos com fama de serem mesmo difíceis e frustrantes para a NES, o que sinceramente é pena, pois para além de gostar dos conceitos que implementaram, tecnicamente também é um bom trabalho da Acclaim.

D (Sega Saturn)

D - SaturnVamos voltar às rapidinhas para uma breve análise a um jogo muito bizarro que infelizmente não envelheceu nada bem. D é um jogo do já falecido Kenji Eno, a mesma pessoa que nos trouxe o já referido Enemy Zero e também o próprio D2 que eventualmente comprarei para a Sega Dreamcast. Este é um jogo de aventura na primeira pessoa com um ambiente de terror e muita bizarrice. Foi comprado há umas semanas atrás na Pressplay do Porto por 14€, estando num estado pristino. Eu já há algum tempo que o queria comprar e eventualmente até o poderia arranjar mais barato, mas procurar na internet por um jogo chamado apenas “D” é uma tarefa ingrata.

D - Sega Saturn
Jogo completo com 2 discos e capa internacional

Neste jogo encarnamos no papel de Laura Harris, filha de um competente médico chamado Dr. Ritcher Harris que, sem que nada o fizesse prever, barricou-se no hospital onde trabalhava e chacinou todos os que lá ficaram. Laura decide ir até ao hospital e investigar o que terá acontecido com o seu pai. Mal lá chega e vê todos os cadáveres, é meio que transportada para um estranho mundo dentro de um castelo medieval. Curiosa, levaremos Laura a explorar todas as divisões do castelo e fazer os possíveis para encontrar o seu pai e tentar resolver todo esse mistério. Resumidamente é isto, mas devo dizer que mesmo enquanto vamos jogando a história não se desenvolve de uma forma muito fluída e, embora se chegarmos ao final fiquemos a saber o que aconteceu com o pai de Laura, e outras coisas sobre o passado da protagonista que prefiro não revelar, a história não é lá muito bem contada. E o jogo tem de ser terminado em 2h, o que mesmo com alguns puzzles a resolver, não é assim tão difícil.

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Mesmo sendo todo em CG, é fácil ver que envelheceram muito mal

As mecânicas de jogo são quase as de um point and click na primeira pessoa, o problema é que a movimentação é muito lenta e o jogo tendo algum backtracking não melhora nada a situação. Isto porque com o comando escolhemos a direcção onde queremos deslocar e para cada movimento é passado um clipe de vídeo em CG com os lentos passos e movimentos de Laura. Um pouco como foi feito nas partes de exploração do Enemy Zero. E para além disso temos também alguns puzzles simples que tal como manda o género, consistem na sua maioria em procurar objectos ou chaves que nos permitam abrir portas ou resolver outros puzzles para irmos avançando no jogo e explorar novos recantos do misterioso castelo. Coisas como armadilhas para desarmar também são outro dos exemplos do que temos pela frente.

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Como nos jogos de aventura normais, vamos tendo um inventário onde podemos interagir com items e objectos

Graficamente é um jogo mau, creio que não há outra volta a dar ao esquema, isto porque apesar de ser todo jogado como se uma CG gigante se tratasse, em 1995 ainda não haviam CGs de qualidade como começou a ser vista em jogos como Final Fantasy VII e então as personagens e os cenários têm muito pouco detalhe. Ainda assim não deixa de ser um jogo bastante competente nesse quesito tendo em conta o estado da arte de 1995, até porque este foi também um jogo criado de raíz para a consola 3DO. O voice acting infelizmente também não era o melhor mas mais uma vez em 1995 nunca se gastou muito budget com voice actings decentes. As músicas, na sua maioria são músicas ambiente ou bem sinistras, contrastando por completo da música dos créditos finais, que é uma faixa bem heavy metal, com guitarradas e uma bateria agressiva em especial na recta final da música, mesmo como eu gosto.

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Por vezes vemos alguns flashbacks bem bizarros que contam o mistério por detrás do passado de Laura

Concluindo, para mim este é um jogo que vale unicamente pelo seu valor histórico, pois a sua jogabilidade muito travada tira-lhe toda a piada e mesmo a nível gráfico apesar de ter sido um jogo competente em 1995, hoje em dia envelheceu muito mal. Ainda assim o Kenji Eno não deixou de ser um designer bastante irreverente que infelizmente deixa saudades destes jogos bizarros que o mercado japonês por vezes nos brinda.