Vamos voltar às rapidinhas para uma breve análise a um jogo muito bizarro que infelizmente não envelheceu nada bem. D é um jogo do já falecido Kenji Eno, a mesma pessoa que nos trouxe o já referido Enemy Zero e também o próprio D2 que eventualmente comprarei para a Sega Dreamcast. Este é um jogo de aventura na primeira pessoa com um ambiente de terror e muita bizarrice. Foi comprado há umas semanas atrás na Pressplay do Porto por 14€, estando num estado pristino. Eu já há algum tempo que o queria comprar e eventualmente até o poderia arranjar mais barato, mas procurar na internet por um jogo chamado apenas “D” é uma tarefa ingrata.
Neste jogo encarnamos no papel de Laura Harris, filha de um competente médico chamado Dr. Ritcher Harris que, sem que nada o fizesse prever, barricou-se no hospital onde trabalhava e chacinou todos os que lá ficaram. Laura decide ir até ao hospital e investigar o que terá acontecido com o seu pai. Mal lá chega e vê todos os cadáveres, é meio que transportada para um estranho mundo dentro de um castelo medieval. Curiosa, levaremos Laura a explorar todas as divisões do castelo e fazer os possíveis para encontrar o seu pai e tentar resolver todo esse mistério. Resumidamente é isto, mas devo dizer que mesmo enquanto vamos jogando a história não se desenvolve de uma forma muito fluída e, embora se chegarmos ao final fiquemos a saber o que aconteceu com o pai de Laura, e outras coisas sobre o passado da protagonista que prefiro não revelar, a história não é lá muito bem contada. E o jogo tem de ser terminado em 2h, o que mesmo com alguns puzzles a resolver, não é assim tão difícil.
As mecânicas de jogo são quase as de um point and click na primeira pessoa, o problema é que a movimentação é muito lenta e o jogo tendo algum backtracking não melhora nada a situação. Isto porque com o comando escolhemos a direcção onde queremos deslocar e para cada movimento é passado um clipe de vídeo em CG com os lentos passos e movimentos de Laura. Um pouco como foi feito nas partes de exploração do Enemy Zero. E para além disso temos também alguns puzzles simples que tal como manda o género, consistem na sua maioria em procurar objectos ou chaves que nos permitam abrir portas ou resolver outros puzzles para irmos avançando no jogo e explorar novos recantos do misterioso castelo. Coisas como armadilhas para desarmar também são outro dos exemplos do que temos pela frente.

Como nos jogos de aventura normais, vamos tendo um inventário onde podemos interagir com items e objectos
Graficamente é um jogo mau, creio que não há outra volta a dar ao esquema, isto porque apesar de ser todo jogado como se uma CG gigante se tratasse, em 1995 ainda não haviam CGs de qualidade como começou a ser vista em jogos como Final Fantasy VII e então as personagens e os cenários têm muito pouco detalhe. Ainda assim não deixa de ser um jogo bastante competente nesse quesito tendo em conta o estado da arte de 1995, até porque este foi também um jogo criado de raíz para a consola 3DO. O voice acting infelizmente também não era o melhor mas mais uma vez em 1995 nunca se gastou muito budget com voice actings decentes. As músicas, na sua maioria são músicas ambiente ou bem sinistras, contrastando por completo da música dos créditos finais, que é uma faixa bem heavy metal, com guitarradas e uma bateria agressiva em especial na recta final da música, mesmo como eu gosto.
Concluindo, para mim este é um jogo que vale unicamente pelo seu valor histórico, pois a sua jogabilidade muito travada tira-lhe toda a piada e mesmo a nível gráfico apesar de ter sido um jogo competente em 1995, hoje em dia envelheceu muito mal. Ainda assim o Kenji Eno não deixou de ser um designer bastante irreverente que infelizmente deixa saudades destes jogos bizarros que o mercado japonês por vezes nos brinda.
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