Timesplitters Future Perfect (Sony Playstation 2)

coverTempo de fazer uma análise ao até agora último capítulo na saga Timesplitters. Lançado em 2005, Timesplitters Future Perfect é mais uma boa sequela da série que, apesar de não oferecer muito conteúdo inédito, introduz várias refinações na fórmula que tornam a experiência ainda mais agradável. A minha cópia foi comprada neste ano na loja portuense TVgames, tendo custado uns 4€ e está impecável.

Timesplitters 3 PS2
Jogo completo com caixa e manual em PT

Esta análise não vai ser longa, visto Timesplitters Future Perfect manter os mesmos modos de jogo que a sua prequela, apenas com a adição do modo online que, visto os servidores da EA terem encerrado em 2007, não o cheguei a experimentar. O modo história pode ser novamente jogado sozinho ou em co-op com um amigo, e a história arranca logo depois do final de Timesplitters 2, onde depois de Cortez ter resgatado os time crystals de uma estação espacial repleta de timesplitters, a nave em que ele seguia despenha-se num planeta (que suponho ser o próprio planeta Terra). Aqui, depois de ser resgatado por outros Marines e ter recebido uma recepção de inimigos desconhecidos, Cortez usa os time crystals recolhidos para alimentar uma máquina do tempo do seu próprio exército. Cortez é então enviado no tempo para tentar evitar que a guerra com os Timesplitters ocorra. Apesar de o Story Mode ainda ser algo curto e um pouco mais fácil que os anteriores, a verdade é que a Free Radical na minha opinião fez um óptimo trabalho. A história está bem contada (repleta de loops temporais onde versões futuras e passadas de cortez se encontram e têm de trabalhar em conjunto), as personagens têm carisma, tornando este modo de jogo bastante agradável de jogar e com bastante sentido de humor. Personagens como Harry Tipper, um agente secreto que faz lembrar o Austin Powers, um nível numa casa assombrada repleta de zombies e laboratórios secretos, níveis futuristas em guerras contra robots, níveis com algum stealth, etc. Uma novidade introduzida neste jogo foi a introdução de veículos, que nem Halo. Infelizmente achei-os um pouco difíceis de manobrar, não gostei muito da experiência.

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Um exemplo do humor presente no jogo

De resto o jogo mantém na mesma os modos Challenge, repletos de desafios como atirar tijolos para partir vidros, decapitar uma série de zombies, e até re-imaginações do modo story do primeiro Timesplitters, onde o objectivo era procurar o item x e deixá-lo no local y. Para além do modo Challenge temos também o Arcade e o Arcade League. Tal como em TS2, Arcade League é um modo de jogo em que temos de vencer uma espécie de torneio, com arenas, bots e objectivos definidos. Algo como o modo single-player de Quake III Arena. Obter troféus tanto no modo Challenge como neste último reverte em desbloquear personagens e batotas para serem usadas no modo arcade e não só. Enquanto que Timesplitters 2 tinha 120 personagens, este tem umas 150, após as desbloquearmos todas. O modo Arcade é o modo multiplayer habitual em Timesplitters, mantendo uma elevada customização das regras de jogo, IA dos bots, que bots utilizar, armas, etc. Arcade contém uma grande variedade de modos de jogo, a maior parte variantes do Deathmatch e já disponíveis em Timesplitters 2, como Vampire, Monkey Assisant ou Thief, por exemplo. A grande novidade deste jogo fica no modo online que infelizmente não consegui experimentar, mas suponho que mantenha o mesmo nível de customização do modo Arcade.

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Um mapa do modo arcade com temática egípcia

O jogo inclui também um editor de níveis, como vem sendo habitual desde o primeiro jogo da série. Para quem se habituou a construir níveis nos jogos anteriores, o editor comporta-se da mesma forma, introduzindo porém algumas funcionalidades avançadas para a inteligência artificial dos bots e mais algumas funcionalidades, permitindo criar mapas de acordo com os vários modos de jogo, até para o modo story. Penso que daria para fazer upload e download de níveis no modo online, mas não tenho a certeza se essa seria uma funcionalidade exclusiva da versão Xbox ou também existia na PS2.

Graficamente, sendo um jogo de 2005 para as consolas da geração passada já tem a obrigação de ser um jogo “bonito”, e de facto é. Os mapas apresentam visuais variados, as texturas são mais bem definidas e os modelos contém mais polígonos. O que perde é o framerate, enquanto que nos jogos anteriores o framerate era constante a 60fps, aqui notam-se algumas quebras quando aparecem vários inimigos, explosões, etc. A nível de som não deu para prestar grande atenção às músicas com toda a acção e disparos que estavam a acontecer. A música pareceu-me na sua maioria música electrónica. Os restantes efeitos sonoros estão bons, as falas das personagens estão bem representadas, com vários sotaques à mistura e sempre com sentido de humor presente.

Screnshot
Sim Jo-Beth, eu sei o que são zombies.

Concluindo, Timesplitters 3 Future Perfect é o jogo mais bonito da saga, e com um story mode com uma história bem construída e com personagens bastante carismáticos. Ainda assim as missões de Timesplitters 2 eram mais variadas. A nível de multiplayer herda os modos de jogo da sua prequela, incluindo também um modo online que infelizmente já não se encontra disponível.  Mesmo com estes drawbacks e trazer poucas novidades no quesito multiplayer, ainda considero Future Perfect como o melhor da saga. Existem versões para Xbox e Gamecube, sendo o online o único diferencial nas mesmas, tendo a versão Xbox mais algumas funcionalidades como voice chat, e a versão GC não ter nenhum modo online, infelizmente. Mas visto os servidores estarem encerrados, as 3 versões ficam agora em pé de igualdade (excepto os gráficos serem ligeiramente superiores na Xbox e depois GC).

Timesplitters 2 (Sony Playstation 2)

timesplitters2 ps2Timesplitters 2 é um excelente exemplo do que uma sequela deve ser (assim como Timesplitters Future Perfect), onde mantiveram tudo o que era de bom no original, adicionando porém uma série de inovações que tornam o jogo muito melhor. A minha cópia foi comprada numa loja portuense de nome TVGames, tendo-me custado 4€ e está em óptimo e estado.

Box
Jogo completo com caixa e manual

Novamente desenvolvido pela Free Radical, um estúdio com membros da equipa que nos trouxe 007 Goldeneye e Perfect Dark, ambos clássicos da Nintendo 64, sendo que desta vez já saiu também para Gamecube e Xbox, em 2002, em vez de se tornar num exclusivo da Playstation 2. No jogo original apesar de ser um jogo bastante fluido e repleto de acção frenética, o modo história era muito, muito pobrezinho. O jogador era deixado no meio da acção apenas com a informação “descobre o objecto x e leva-o para o local y”, sem que soubéssemos o que estavamos concretamente a fazer. Na sequela já tiveram o cuidado em desenvolver um pouco mais a história do jogo, que a passo a citar. A humanidade está em guerra com uma raça de aliens chamados “Timesplitters”. Estes, em vez de atacar a Terra directamente, usam os Time Crystals para viajar no tempo e tentar arruinar a raça humana no passado. Calculo que a história de Timesplitters 1 tenha sido semelhante. O jogo começa com o Sargento Cortez e a Corporal Hart a fazerem um raid a uma estação espacial dominada por Timesplitters de modo a recuperar os time crystals. Quando lá chegam já é tarde demais (os Timesplitters já tinham entrado num portal temporal) e Cortez não tem outra hipótese senão segui-los para várias eras distintas. Apesar de existir este fio condutor de o Cortez encarnar várias personagens ao longo dos anos, cada nível tem também uma história própria, que nada tem a ver com a história principal.

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O jogo tem uma grande variedade de diferentes armas, consoante a era em questão.

Os níveis em si têm missões bem mais variadas, desde dizimar tudo o que se mexe, escoltar reféns, missões de infiltração, desactivar bombas, resgatar alguém, etc. Todas as missões têm uma série de objectivos principais (que são obrigatórios para completar o nível) bem como alguns objectivos secundários que poderão ser obrigatórios dependendo do grau de dificuldade em questão. Com o decorrer da missão, novos objectivos podem surgir. Isto tudo para o “Story Mode” – que pode ser jogado sozinho ou em modo cooperativo com um amigo. Timesplitters 2 tem mais uma série de modos de jogo nomeadamente os Challenge, que consistem numa série de desafios extravagantes, desde decapitar uma série de zombies, passando por atirar tijolos a janelas. Existe também o Arcade League, que é uma série de combates com condições, bots e armas pré-determinadas. A boa performance do jogador nestes modos de jogo permite desbloquear uma série de níveis, modos de jogo e principalmente personagens para utilizar no multiplayer.

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Exemplo de uma missão stealth. O equipamento mostrado funciona como radar.

O multiplayer é o grande foco de Timesplitters. Permite acção em split screen até 4 jogadores, e a versão PS2 também permite jogar até 16 jogadores em rede através da porta IEEE 1394 (que os modelos Slim já não têm). Tal como o jogo original, o modo multiplayer é extenso e altamente customizável. Temos um vasto leque de modos de jogo, desde os clássicos Deathmatch, Team Deathmatch, Capture the Flag, passando por modos de jogo como Thief, onde vence quem conseguir roubar mais moedas dos adversários, Vampire, onde os pontos de vida do jogador descem constantemente e só ao matar outros é que se regeneram, e o modo Monkey Assistant, por exemplo, cujo diferencial é aparecer uma equipa de macacos que ajuda o jogador com a menor pontuação num Deathmatch. Só de variantes de Deathmatch são 16. Depois temos uma série de arenas por onde escolher, mais de 120 bots diferentes (depois de ter tudo desbloqueado), mais uma série de possíveis configurações desde armas a utilizar, grau da inteligência artificial dos bots, friendly fire, radar, vários handicaps, etc. É um jogo bastante customizável, como tem vindo a ser tradição já desde o Goldeneye.

A nível gráfico, tendo em conta que foi lançado em 2002 e apesar da PS2 já andar com 2 anos de mercado, os gráficos apesar de não serem propriamente maus, também não são nada de especial, os modelos ainda são algo simples, bem como as texturas. O que melhoraram imenso foi no design dos mapas, que já não são tão confusos e tão “quadradados” como vários mapas no Timesplitters 1. A acção continua frenética a 60fps e sem slowdowns aparentes. A nível de som confesso que não dei grande atenção, a música pareceu-me ser à base de música electrónica, que apesar de não ser a minha praia, assenta bem ao ritmo frenético do jogo. Timesplitters 2 traz também um editor de níveis que, apesar de muito semelhante ao editor de Timesplitters 1, pareceu-me oferecer uma maior customização nas “salas”.

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As cut-scenes usam o próprio motor gráfico do jogo.

Para finalizar, Timesplitters 2 é uma excelente sequela. O single player foi melhorado imenso, com a adição de uma história (apesar de ainda ser simples) e várias missões com objectivos diferentes. Mantiveram a classe do multiplayer anterior e melhoraram-no, oferecendo um leque de opções maior, pecando apenas na falta de um modo online. Ainda assim, do pouco que já joguei do Timesplitters Future Perfect, este parece-me um jogo ainda mais completo.

Medal of Honor Vanguard (Sony Playstation 2)

moh_vanguard_ps2_vgtUns tempos atrás fiz uma série de reviews dos Medal of Honor para a Gamecube e mencionei que brevemente faria uma análise do Medal of Honor Vanguard para PS2. Fui atrasando, atrasando, até que hoje finalmente cumpri a minha promessa. A minha cópia foi comprada em Março no ebay UK, tendo-me custado sensivelmente 5€. Infelizmente graças aos correios portugueses ou britânicos, o envelope chegou-me a casa rasgado, bem como a caxa partida nesse local do rasgo. De resto estava impecável. Posteriormente troquei a caixa de plástico por uma outra caixa de um jogo de PS2 que tinha aqui repetido, embora as caixas sejam diferentes (a original era azul).

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Jogo completo com caixa e manual (mas com a caixa de um jogo antigo de PS2)

Inicialmente tinha sido anunciado um novo capítulo da série Medal of Honor, disponível para todas as consolas de mesa em vigor no mercado (e PC). Medal of Honor Airborne seria um novo FPS onde o jogador encarna um soldado de um regimento especial de paraquedistas norte-americanos, em várias missões pela Europa. Embora o jogo fosse HD, versões para Wii e PS2 foram anunciadas, tendo sido posteriormente canceladas dando lugar ao Medal of Honor Vanguard, que na sua essência é uma versão bastante capada do Airborne, seguindo a mesma temática e partilhando as mesmas missões. Em 2005 com Medal of Honor European Assault, a EA resolveu fazer algumas experiências nomeadamente a habilidade de comandar um pequeno batalhão de 3 soldados, poder utilizar brevemente movimentos de câmara lenta para ganhar alguma vantagem ao inimigo (bullet time como no Matrix), a exploração dos mapas para descobrir objectivos secundários, etc. Estas mudanças embora tenham gerado alguma discussão entre os fãs da série, na minha opinião resultaram bem, dando um ar revigorado à série. Em Vanguard não há nada disso. Os níveis permanecem lineares e com pouca coisa para descobrir, não há items de regeneração de vida. Para a personagem se curar é utilizado o “moderno” mecanismo de auto-heal, bastando estar encostado num cantinho sem levar mais nenhum tiro. Pessoalmente não é uma coisa que  eu goste.

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O ecrã fica progressivamente vermelho à medida que vamos sofrendo dano

Em Vanguard existem apenas 4 diferentes campanhas: Husky na Sicilia, Neptune no norte de França, Market Garden na Holanda e finalmente Varsity na Alemanha. Todas estas campanhas fazem também parte de Medal of Honor Airborne, embora não sei se o “conteúdo” é o mesmo. Cada campanha tem entre 2 a 4 missões, o que torna este Medal of Honor um pouco curto (teoricamente e já vão perceber porquê). A jogabilidade não é muito diferente dos restantes jogos da série, se estão habituados a jogar FPS na PS2 então não vão sentir muita dificuldade em jogar este jogo. Como novidade é o sistema de manobrar o pára-quedas. No início de cada campanha, somos forçados a saltar de um avião de pára-quedas, podendo controlar muito ligeiramente a trajectória. Os mapas em si não são muito interessantes, são pouco variados. Frequentemente parece um jogo de guerrilha, combatendo alemães no meio do bosque tentando emboscá-los ou sofrendo emboscadas nós mesmos.O jogo desenrola-se com a particularidade de ter checkpoints com auto-save, caso o jogador morrer volta ao checkpoint, não tendo de recomeçar a missão do início. Ainda acerca da jogabilidade, este jogo peca por ter uma fraca detecção de colisões, sendo difícil por vezes acertar no inimigo, mesmo sabendo que a arma estava bem apontada. Nos últimos níveis isto é agravante.

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O assalto a um bunker, preparem-se para levar com muitas balas de M-42 no lombo

A inteligência artificial não é grande coisa, apenas se contarmos que os inimigos têm uma postura quase sempre muito defensiva, sempre à procura de abrigo. Mesmo quando nos “armamos em Rambo” e vamos ter com eles a primeira reacção não é disparar mas sim fugir para um outro sítio. Pouco mais fazem, a não ser fugir de buraquinho em buraquinho. No entanto também podemos fazer o mesmo e é só esperar que eles ponham a cabeça de fora para dar um tiro certeiro. As primeiras missões não são muito difíceis se tivermos o cuidado de procurar um abrigo, mas a coisa muda completamente de figura na última campanha “Varsity”. Aqui somos largados numa margem do rio Reno, a primeira missão consiste em erradicar os Nazis de um enorme complexo de trincheiras e bunkers, destruindo também uma série de antiaéreas. Aqui somos frequentemente rodeados de fogo inimigo (e uma série de campos minados ao longo do nível), sendo que muitas vezes não se tem um abrigo seguro. É um nível longo e complicado, com poucos checkpoints e espaçados entre eles. Na segunda e última missão deste nível somos deixados sozinhos numa fábrica alemã bombardeada tendo de defrontar um batalhão de soldados alemães, snipers e até um tanque. Quando o jogador se reencontra com o seu pelotão, somos obrigados a defender uma zona de uma autêntica invasão de soldados alemães, e vários tanques. As coisas ficam mesmo caóticas pois aqui os alemães tomam uma posição ofensiva e embora se escondam atrás de objectos para se abrigarem, não têm problema nenhum em tomar a iniciativa de avançar no terreno. Para piorar vão começando a surgir tanques, que só são destruídos com 3 tiros de Bazooka, cuja munição vai surgindo de tempos a tempos em várias posições do terreno, obrigando-nos a ir várias vezes da frigideira para o fogo, o que aliando a um fraco sistema de recuperação de vida, má detecção de colisões, torna esta parte bastante frustrante.

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O assalto ao infame edifício final

A nível de som, este jogo continua a boa tradição da série com uma atmosfera convincente e orquestrações envolventes que dão uma outra emoção naqueles momentos mais tensos. Uma novidade interessante é o facto de o pelotão interagir muito mais com o jogador, dando conselhos como “abriga-te”, “atenção ao inimigo na janela do 2º andar” ou “fogo inimigo à tua direita”. Graficamente, apesar de as missões terem sido algo monótonas a nível de visuais e os soldados terem todos o mesmo aspecto, Vanguard tem gráficos aceitáveis tal como European Assault, com algumas iluminações interessantes e efeitos de fumo/pó. Outras novidades de Vanguard passam pela existência de upgrades às armas escondidos em alguns níveis, bem como a atribuição de medalhas de mérito ao longo do jogo (número x de headshots, sobreviver à missão sem morrer uma única vez, aterrar de para-quedas num ponto específico, etc). Infelizmente estas medalhas não desbloqueiam nada, não incentivando à sua colecção.

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Mira telescópica para a rifle Garland, um dos upgrades que podem ser encontrados. Por acaso não a encontrei, tinha dado jeito.

No multiplayer infelizmente não há modo online, resumindo-se a combates em split screen até 4 jogadores, com os modos de jogo habituais (Team) Deathmatch, Capture the Flag, King of the Hill (defender um certo ponto), Scavenger Hunt (recolha de objectos e levá-los para um ponto x).

Finalizando, Medal of Honor Vanguard é mais do mesmo, com poucas novidades realmente interessantes, missões monótonas (excepto as 2 últimas) e uma jogabilidade um pouco imprecisa. Nota-se que foi um jogo feito “para o desenrasque”, enquanto que o jogo principal (Airborne) recebeu todos os cuidados. Quem tiver uma Wii ficaria melhor servido, pelo suporte a progressive scan e widescreen. Ah, e este é o fim da minha série de posts seguidos, é tempo de voltar aos estudos. Volto a escrever assim que tiver tempo.

Timesplitters (Sony Playstation 2)

TimesplittersLançado em 2000, Timesplitters foi um dos primeiros jogos a surgir para a PS2, por intermédio de um estúdio de nome Free Radical, repleto de ex-membros da Rare, responsáveis pela produção do mítico 007 Goldeneye para a Nintendo 64. As expectativas eram elevadas. A minha cópia foi comprada há cerca de um mês, na GAME do MaiaShopping por sensivelmente 5€, um bom negócio.

Timesplitters PS2
Jogo completo com caixa e manual

007 Goldeneye ficou bastante conhecido pela sua componente multiplayer, bastante inovadora para os FPS de consolas e Timesplitters tentou transpor toda essa adrenalina para a PS2, sendo um jogo inteiramente focado (e encorajado) para o multiplayer. Contudo, existe um modo single player, mas na minha opinião é bastante fraco e é um dos pontos mais fracos deste jogo. Inicialmente existem 2 modos de jogo: Story e Arcade. O modo Story é o ponto de partida do jogo, embora de história não tenha muito. Pensem no modo single player do Quake III Arena, só que invés de Deathmatches temos uma versão modificada de um “Capture the Flag”. Em Story Mode temos a liberdade de escolher um de vários níveis disponíveis para jogar, cada nível correspondente a um ano específico entre 1935 e 2035. Cada nível tem 2 personagens que o jogador pode escolher representar. Escolhas feitas, somos largados num tal mundo sem nenhuma indicação do que fazer. Para saber, temos de carregar em Start e lá surge uma mensagem do género: “Procura o objecto x e leva-o até ao local y”. Dependendo da época em que estamos inseridos, teremos à nossa disposição desde armamento antiquado, metralhadoras modernas, e armas futuristas. Os inimigos também variam de nível para nível, dependendo da época em questão e não só. De vez em quando defrontaremos Zombies, robots, ou ETs. No momento em que capturamos o objecto que nos é pedido, começam a surgir ao longo do mapa os seres demoníacos “Timesplitters”, seja lá porque razão for… À medida que os níveis em Story Mode vão sendo completos, esses respectivos mapas passam a estar disponíveis no modo Arcade, bem como as personagens e novos bots. Completando todos os mapas da Story Mode é desbloqueado o Challenge Mode. Antes de avançar só para referir que o Story Mode pode ser jogado até 2 jogadores em modo cooperativo.

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Uma ET que como todos os outros inimigos do jogo não sei o que está ali a fazer

O Challenge Mode, tal como o nome indica, são um conjunto de desafios que testam a habilidade do jogador, como por exemplo decapitar x Zombies em 2 minutos. Completar os desafios também desbloqueia novo conteúdo para o modo Arcade. O modo Arcade é o ponto forte deste jogo, consiste basicamente em jogar em qualquer dos níveis desbloqueados (ou um nível criado pelo jogador – mais informação lá à frente), seja sozinho ou com até 4 amigos, escolhendo um dos vários modos de jogo. Desde os clássicos deathmatch e “capture the bag”, temos também outros modos de jogo como “Bagtag” onde um objecto aparece numa posição do mapa e o jogador que conseguir ficar mais tempo com o objecto sem morrer vence, “knockout”, uma versão modificada do capture the flag, onde o objectivo é recolher objectos aleatórios e retorná-los ao seu ponto de partida, “escort” onde se tem de proteger um objecto enquanto viaja pelo mapa sob fogo inimigo e finalmente “last stand”, onde o objectivo consiste em defender a base contra ataques inimigos. Neste Arcade Mode a customização é elevada, podemos escolher quais as armas a utilizar, quais os bots que queremos colocar e o seu grau de “inteligência”.

Outra grande funcionalidade de Timesplitters é conter um editor de níveis para o modo arcade. É um editor algo básico, que permite a escolha de várias combinações possíveis (prédeterminadas) de paredes, rampas, objectos e inimigos. Pode-se criar um máximo de 7 andares no mesmo mapa e há um limite de memória para cada mapa. Infelizmente não se pode chegar ao detalhe de escolher ao certo as texturas a utilizar (pode-se escolher um tema pré-determinado que gera as texturas de forma algo aleatória), mas permite controlar a iluminação de áreas. Os mapas podem ser guardados num cartão de memória para serem jogados sempre que se quiser.

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Zombies! Também não sei como foram ali parar

A nível de gráficos, Timesplitters foi um dos primeiros jogos da PS2 a sair por cá, pelo que graficamente não é nada de especial. Até é um dos poucos jogos de PS2 que utilizam CD em vez de DVD, pelo que não há muito espaço para conteúdo. Os modelos são arcaicos e as texturas são muito simples, mas em contapartida o jogo é bastante fluído, nuns 60fps lisinhos, o que para o “caos” no modo multiplayer é muito bom. A nível sonoro não é nada de especial, com pouquíssimo voice-acting, mas tem uma ou outra música que se destaca.

Falando da jogabilidade, o controlo de Timesplitters é um pouco como os restantes FPS da sua era. Um analógico para movimentação, outro para a câmara, gatilhos direitos para disparar, gatilhos esquerdos para abaixar ou entrar no “aim mode”, que permite disparar com maior precisão. Os controlos podem ser modificados para outros esquemas que o jogador se sinta mais confortável. O jogo tem também um ligeiro mecanismo de “auto-aim” que pode ser desactivado. É uma boa ajuda para quem não gosta muito de jogar FPS em consolas com o comando tradicional.

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yay, uma metralhadora pesada

Concluindo, Timesplitters foi um bom jogo para se jogar com os amigos numa PS2, no início deste milénio. Enquanto que hoje não deixa de ser um jogo divertido, é uma experiência que sabe muito a pouco e estou convicto que tanto Timesplitters 2 como Timesplitters 3 Future Perfect tenham melhorado consideravelmente o aspecto gráfico e mantido a diversão. Tenho ambas as sequelas, mas sinceramente ainda mal as joguei. Espero também que os restantes tenham um Story Mode bem mais caprichado, pois eu não sou grande fã de jogos multiplayer. E Timesplitters tem potencial para ser uma experiência bastante divertida e com conteúdo. Actualmente o estúdio Free Radical foi comprado pela Crytek tendo mudado o nome para Crytek UK. Timesplitters 4 estava em desenvolvimento para X360 e PS3 mas acabou por ser cancelado. Ao tempo que este artigo está a ser redigido, correm rumores que Timesplitters 4 retomou a sua produção e sairá na próxima Xbox. Veremos…

Black (Sony Playstation 2)

black_ps2E aqui está a primeira análise de um jogo de PS2 neste blogue. Black é um First Person Shooter desenvolvido pela Criterion Games (a mesma produtora de Burnout) para as consolas PS2 e Xbox, lançado em 2006. A minha cópia foi comprada +/- na mesma altura em que comprei a minha PS2, algures em Janeiro/Fevereiro deste ano, por cerca de 10€ numa Worten da Maia. Está em óptimas condições, é a versão portuguesa, com os textos da caixa e manual traduzidos (embora o manual esteja cheio de erros).

Black PS2
Jogo completo com caixa e manual PT

Black é um FPS repleto de acção non-stop, inimigos por todo o lado, muitas balas no ar, uns gráficos fenomenais, mas no fim ainda deixa um pouco a desejar nalguns aspectos. Comecemos pelo início, em Black estamos na pele de Jack Kellar, membro de uma força especial de elite “Black Ops” (fãs de Call of Duty conhecem o termo). Na cinemática de início Jack está preso por alguma instituição governamental/militar norte-americana, a ser interrogado acerca da sua campanha contra o grupo terrorista Seventh-Wave. À medida que Jack vai falando, vamos sendo transportados para as missões em si. Desde a primeira missão somos logos colocados em plena Europa de leste (mais precisamente na Chechénia), numa cidade sob guerra e fogo. Jack Kellar vai, em conjunto com mais um ou outro membro do seu esquadrão, perseguir o líder da organização terrorista, destruindo fábricas de armamento e outras bases inimigas pelo caminho. Ao longo do caminho para avançar no jogo temos de desobedecer a algumas ordens directas dos superiores, daí Jack Kellar se encontrar detido e em interrogatório no início do jogo.

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Tanta coisa pelo ar!

Black é um FPS bastante visceral, com muita acção a um ritmo quase constante. E o que torna a experiência agradável é que a nível gráfico e sonoro o jogo é tão competente, que toda essa acção com muitas poucas pausas é benvinda, o jogo prende mesmo a atenção do jogador motivando para dar mais uns quantos tiros. O que tem o Black assim de tão especial no quesito gráfico? Se compararmos com os jogos de hoje, Black não tem nada de especial. Mas se virmos que o jogo está a correr numa PS2 então o caso muda completamente de figura. Armas, soldados, objectos e demais modelos bem detalhados, efeitos de iluminação muito bons, e uma fisica de partículas nunca antes vista numa PS2. Os cenários são parcialmente destrutíveis, os vidros estilhaçam-se, algumas paredes, pilares, muros podem ser despedaçados com uns valentes tiros de metralhadora pesada, uma granada ou um lança rockets, a maneira como os corpos dos soldados inimigos voam depois de uma explosão, etc. Estes elementos todos conjugados propiciam uma experiência fantástica ao longo do jogo. Principalmente na 2a metade do jogo, onde irão acontecer muitas batalhas épicas em plenos cenários urbanos, é um autêntico eye-candy a tempestade de balas que ocorre, a destruição o cenário, os estilhaços no ar, a poeira que se forma, a visão a ficar cada vez mais turva e só se vê o clarão das metralhadoras dos inimigos… delicioso. A nível sonoro Black é bastante competente. A acção constante imploram que se ponha o volume no máximo para apreciar todos os tiros, explosões e consequente destruição que o jogo oferece. A nível de música, confesso que com toda a acção não dei muita atenção à música, mas a mesma é mais “ambiente”, subindo de tom em momentos de maior tensão.

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Belos efeitos de luz

A jogabilidade de Black assenta muito nesta questão dos cenários serem parcialmente destrutíveis. Podemos mandar-nos à Rambo para o meio da acção, mas não duramos muito tempo. A chave está em procurar um abrigo para nos protegermos do fogo inimigo e ao mesmo tempo ganhar alguma vantagem. Os cenários estão repletos de objectos que podem ser explosivos, desde carros, bidões de óleo, gás, etc. Os inimigos não são burros e quando entram em modo de combate usam muito os esconderijos para se protegerem, enquanto vão flanqueando o jogador. Disparar sobre estes objectos, ou atirar uma ou outra granada para um grupo de inimigos é muitas vezes um salva vidas. O problema é que os inimigos não são burros, como eu já disse, e vão tentando destruir o nosso esconderijo da mesma maneira que tentamos fazer o mesmo. Apesar de o jogo ser bastante linear, existem alguns caminhos alternativos que permitem desenhar estratégias diferentes de ataque. A controlabilidade é a mesma dos FPS genéricos que vi na PS2 até agora, contudo o jogo oferece uma customização quase total dos botões de jogo, podendo o utilizador adaptar o esquema de controlo que mais preferir. Contudo sinto a falta de um botãozinho para saltar ou correr, a personagem do jogo move-se muito devagar para o meu gosto. Também só podemos carregar 2 armas de cada vez (mais granadas), à semelhança dos FPS modernos.

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Reparem na destruição dos cenários provocada pelo tiroteio

Tudo o que falei agora pode ter deixado o leitor com uma vontade enorme de pegar neste jogo, contudo há um ou outro problema a referir. Diz-se que “tudo o que é bom acaba depressa”, e é o que acontece em Black. Ao fim de cerca de 6h o jogo acaba. E o que se pode fazer depois? Bom, ao longo de cada missão há uma série de objectivos secundários “secretos” que se pode cumprir, desde recolha de “intel” acerca da organização terrorista (documentos), armas escondidas, e até a destruição de provas incriminatórias do governo norte-americano nalguns incidentes, que poderiam ser usadas pelos terroristas para chantagem. Tudo bem, isto até adiciona alguma motivação extra para fazer uma maior exploração dos mapas, mas o que ganhamos em apanhar todos os items? Nada. Apenas na última dificuldade (Black Ops) é que somos obrigados a recolher todos os items para avançar na missão. Para além de ser um FPS algo curto, a maior falha é não ter nenhum modo multiplayer. Numa era em que todo o FPS que se preze tem de ter multiplayer, seja em splitscreen ou online, tanto a versão PS2 como Xbox não possuem nenhum. Bom, a mim isso não faz muita diferença porque eu costumo jogar jogos de consola sozinho, e mesmo se quisesse jogar online hoje em dia os servidores oficiais da PS2 estão em baixo (talvez o Final Fantasy XI ainda esteja online, não sei). A única coisa que realmente me irritou no jogo todo foi que embora Black tenta ser uma experiência realista, os inimigos são incrivelmente chatos para se matar. Alguns quase que é necessário descarregar uma munição inteira de metralhadora neles. Se for headshot a morte é quase instantânea, mas no meio de toda a confusão é complicado mandar sempre headshots. Para uns inimigos corpolentos equipados de uma shotgun e de uma máscara metálica um headshot não é suficiente e lá mais para o final do jogo começam a surgir inimigos com escudos, embora o escudo ao fim de bastantes tiros começar a ceder, mais vale mandar umas granadas logo para acabar com a questão, ou então tirar proveito da destruição dos cenários. Outro problema menor é a pouca variedade do jogo.

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Mais caos!

Felizmente estes problemas não retiram muito do prazer que é jogar Black. Apesar de ser um FPS curto e não ter multiplayer, não deixa de ser um grande feito técnico na PS2, proporcionando também muitas horas de acção intensa. Na altura em que o post está a ser escrito, ainda se encontra facilmente o jogo novo por cerca de 10€, talvez um pouco menos se for usado, pelo que é uma pechincha que todos os donos de PS2, amantes de acção deveriam aproveitar.