Depois de ter terminado a campanha principal do Cyberpunk 2077, onde, na verdade, explorei todos os finais disponíveis, decidi dar ao jogo umas valentes semanas de descanso antes de me atirar à sua expansão, Phantom Liberty. Afinal, foram cerca de 100 horas de jogo e, apesar de o ter adorado, senti necessidade de fazer uma pausa e dedicar-me a outras experiências pelo meio. Comecei então a expansão há precisamente 25 dias, o que, curiosamente, acabou por ser sensivelmente o mesmo tempo que levei a concluir a aventura original. Desta vez investi cerca de 30 horas, tendo visto apenas dois dos quatro finais possíveis. Isto significa que Phantom Liberty não me prendeu tanto como o jogo base, visto que o joguei de forma mais espaçada, e cuja razão explicarei mais à frente. Em relação ao meu exemplar, bom, o jogo base foi comprado muito, muito barato, mas infelizmente o mesmo não aconteceu com a expansão. Quanto à minha edição, o jogo base foi uma pechincha, comprado a um preço bastante reduzido, mas infelizmente o mesmo não se aplicou à expansão. Optei pela versão “física” da Ultimate Edition para PC, que inclui novamente o jogo base e a expansão (ao contrário das expansões de The Witcher III, Phantom Liberty não teve um lançamento físico separado). Foi uma compra algo impulsiva, aproveitando as promoções de pré-reserva da Worten nas vésperas do seu lançamento, em Dezembro de 2023, e custou-me cerca de 50€. Este artigo incidirá apenas sobre a expansão Phantom Liberty.

A história de Phantom Liberty é, literalmente, uma expansão da narrativa principal, decorrendo em simultâneo com os eventos da campanha original. Para quem, como eu, jogou logo a Ultimate Edition desde o início, é possível saltar directamente para o conteúdo da expansão ao começar um novo jogo. Em alternativa, durante a campanha principal, a primeira quest de Phantom Liberty desbloqueia-se algures no Acto 2, sensivelmente a meio da aventura. É aí que somos levados até Dogtown, um distrito isolado e abandonado de Night City (mesmo colado à zona costeira de Pacifica), que funciona como uma espécie de conclave independente, sob o controlo de forças paramilitares altamente armadas. Ao chegarmos, deparamo-nos com uma situação crítica: o avião que transporta a presidente dos “Novos Estados Unidos da América” está a ser atacado pelas mesmas forças militares que dominam Dogtown. Momentos antes do aparelho se despenhar, somos contactados por Songbird, uma poderosa netrunner ao serviço da presidente, que nos pede ajuda para os salvar. Em troca, promete uma solução para o maior problema de V (a personagem principal que controlamos) uma promessa demasiado tentadora para ignorar.
As primeiras quests em Dogtown centram-se precisamente em garantir a sobrevivência da presidente Meyers e assegurar a sua evacuação em segurança. Já Songbird acaba por ser capturada, levando a presidente a pedir a nossa ajuda para a resgatar. Pelo caminho cruzamo-nos com Solomon Reed, um operativo de uma agência governamental secreta, e depressa nos apercebemos de que há toda uma teia de conspirações por detrás deste incidente. Achei a história bastante interessante, sobretudo pela forma como envolve temas políticos e coloca o jogador perante decisões moralmente difíceis. Desta vez, acabei por ver apenas dois dos finais possíveis, até porque uma das escolhas mais marcantes tem de ser feita ainda a sensivelmente dois terços da narrativa. Uma vez assegurada a segurança da presidente, a expansão abre-se e passamos a explorar Dogtown livremente. É então que se nota o esforço da CD Projekt Red em enriquecer esta nova zona com conteúdo opcional, desde novos gigs, a missões de roubo de veículos, passando pela conquista de caixas com mantimentos militares que vão sendo largadas aleatoriamente em vários pontos da cidade.
A nível de jogabilidade, o que trouxe de novo esta expansão? Bom, Phantom Liberty foi lançada em simultâneo com o patch 2.0, que também afectou o jogo base. Esse update trouxe várias melhorias ao sistema de perks e às skill trees, mas como eu já joguei o jogo base com essa actualização instalada, essas mudanças passaram-me completamente ao lado, para mim, já eram o “normal”. Exclusivamente para Phantom Liberty, foi adicionada uma nova skill tree, chamada Relic tree, que introduz habilidades associadas ao chip que V tem implantado. Esta árvore traz opções como melhorar a eficácia dos ataques corpo-a-corpo, permitir dashes rápidos em combate ou aplicar hacks em cadeia, afectando vários inimigos de uma só vez. Não é uma revolução, mas é uma camada extra que pode dar mais variedade ao estilo de jogo, sobretudo para quem gosta de experimentar diferentes builds.

A nível técnico e audiovisual, não há nada de especialmente novo a assinalar — afinal, trata-se de uma expansão que utiliza o mesmo motor gráfico do jogo base e partilha também da sua banda sonora. Do ponto de vista artístico, no entanto, devo dizer que não gostei particularmente de explorar Dogtown. Sendo um distrito abandonado de Night City, bastante delapidado e com algumas zonas algo confusas no seu design, simplesmente não teve para mim o mesmo encanto que o resto da cidade, onde a variedade entre bairros ajudava a criar um mundo mais vivo e estimulante. Por outro lado, as personagens continuam a ser um dos pontos fortes da experiência, tanto do ponto de vista técnico como em termos de escrita. Figuras como Solomon Reed e Songbird são carismáticas e bem construídas, ao nível de outras como Judy, Panam ou o incontornável Johnny Silverhand. Tal como no jogo base, o trabalho dos actores continua a ser excelente. E o facto de a narrativa de Phantom Liberty apostar numa intriga política densa, cheia de conspirações e decisões moralmente ambíguas, foi para mim um dos aspectos mais fortes da expansão.
Em resumo, Phantom Liberty é uma expansão que, tal como o jogo base, consegue envolver com a sua narrativa e personagens bem trabalhadas. A trama política e as novas figuras como Reed e Songbird são pontos altos, assim como a possibilidade de explorar mais a fundo o lado mais conspiratório da história. No entanto, algo me fez jogar esta expansão de forma mais espaçada do que o fiz com o jogo principal. Não posso deixar de pensar que o design de Dogtown, embora interessante, não tem o mesmo encanto das outras áreas de Night City, e isso acabou por tornar a exploração desta zona um pouco menos apelativa. Além disso, a minha vida pessoal tem estado mais ocupada nos últimos tempos, o que também contribuiu sessões mais espaçadas de Cyberpunk 2077. Apesar disso, Phantom Liberty conseguiu-me manter interessado até ao final, e considero-a uma adição sólida ao universo de Cyberpunk 2077.
























