Tempo de voltar à Nintendo Wii para um lançamento muito interessante e que infelizmente não chegou a ver a luz do dia no nosso território europeu. Este Kirby’s Dream Collection é portanto uma compilação que celebra os 20 anos da série Kirby, incluindo “todos” os jogos Kirby das gerações 8, 16bit e também o Kirby 64. Supostamente todos os Kirby considerados como entradas principais até à Nintendo 64, pelo que jogos como Kirby’s Pinball Land ou Kirby’s Dream Course ficaram de fora. Para além disso, inclui também alguns extras que irei detalhar mais à frente. Eu sei que a série Kirby sempre foi algo secundária para a Nintendo, mas é difícil conceber uma razão pela qual este lançamento nunca saiu em solo europeu. Talvez por se aproximar do lançamento da WiiU? Talvez por um dos jogos aqui incluídos nunca ter saído na Europa antes? Se bem que para mim esse seria um motivo adicional para a compilação ter sido lançada por cá. O meu exemplar foi comprado aquando de uma viagem que fiz a Nova Iorque em 2017, numa das várias GameStop que por lá visitei. Já não me recordo ao certo quanto custou, mas foi seguramente barato. Infelizmente no entanto não está completo, faltando-lhe a sleeve exterior de cartão e o livro de arte.

O foco deste artigo será dado aos jogos que ainda não tenho nesta colecção por fora desta colectânea, mas serão análises muito sucintas, visto que um dia gostaria de os ter também de uma forma standalone e nessa altura irei seguramente entrar em mais detalhe. Por fim, detalharei também os extras aqui incluídos. E pegando nos jogos por ordem de lançamento, o primeiro seria mesmo o Kirby’s Dream Land para o Game Boy original e que já cá trouxe no passado, pelo que aproveitem para dar lá uma leitura. Digamos apenas que é o primeiro jogo de plataformas da série e que introduz muitas das mecânicas pela qual a personagem viria a ficar conhecida, excepto a de herdar as habilidades dos inimigos engolidos. Excelente, se bem que algo simples, jogo de plataformas.

O jogo que se segue é o Kirby’s Adventure da NES. Lançado em 1993, é um jogo já de um ciclo tardio na vida da consola e é também um título graficamente impressionante, visto que o cartucho onde o mesmo corre contém algum hardware adicional que tornaram possível incluir tanto detalhe. É dos jogos mais bonitos da NES e apesar de já cá ter trazido o seu remake para Game Boy Advance, merece algumas palavras adicionais. Basicamente é um jogo muito maior que o seu predecessor de Game Boy, com um mapa à lá Super Mario World onde poderemos escolher os níveis que queremos jogar, incluindo muitos níveis bónus com mini-jogos peculiares que nos podem permitir ganhar vidas extra. Para além de graficamente ser um jogo impressionante, não só pelas cores, tamanho das sprites e detalhe das animações, mas também por incluir vários efeitos gráficos que não são nada habituais numa NES, como é o caso de algum parallax scrolling em algumas ocasiões. Mas a real novidade está mesmo na introdução das mecânicas de Kirby poder herdar as habilidades dos inimigos que devora. É impressionante a quantidade de diferentes habilidades que podemos herdar, um total de 24, logo neste primeiro jogo! É portanto um excelente jogo de plataformas na NES e a HAL está uma vez mais de parabéns pelo que aqui fizeram.

Segue-se o Kirby’s Dream Land 2, lançado também para o Game Boy e que já vai buscar algumas coisas do lançamento anterior da NES, nomeadamente as diferentes transformações que Kirby pode assumir, embora surjam num número bem mais limitado. Por outro lado, a grande novidade está na inclusão de diversos animais que nos podem ajudar ao longo da aventura como é o caso de um hamster, um pássaro e um peixe, cada qual com diferentes habilidades. Por exemplo, o hamster é rápido e não escorrega no gelo, enquanto o pássaro nos permite voar livremente e o peixe dá-nos muito melhor agilidade na água, assim como permite que o Kirby consiga absorver habilidades de inimigos enquanto estiver submerso. Por outro lado, apesar de haver uma menor variedade de diferentes abilidades que Kirby pode obter, as mesmas podem ser também utilizadas de formas diferentes mediante o animal que nos esteja a ajudar no momento. De resto é um jogo de plataformas bem competente e consideravelmente mais longo que o primeiro de Game Boy, mas confesso que visualmente acho o primeiro Dream Land melhor e o Kirby’s Adventure é, para mim, um jogo de plataformas como um todo largamente superior também.
Entramos agora na secção de Super Nintendo com dois lançamentos já tardios no ciclo de vida da consola, começando pelo Kirby Super Star (conhecido por cá na Europa como Kirby’s Fun Pak). Esse jogo é por si só uma espécie de compilação de vários outros jogos Kirby criados especificamente para esse cartucho. A maioria são jogos de plataforma tradicionais do Kirby com as suas mecânicas de copiar habilidades (ainda mais expandidas desde o Kirby’s Adventure!) e com ligeiras diferenças de mecânicas entre si. Mas temos também alguns mini-jogos propriamente ditos, como duelos de samurais ou medir forças em concursos de artes marciais. Os jogos aqui incluídos estão graficamente impressionantes, com sprites grandes, bem coloridas, detalhadas e animadas e as músicas são também bastante agradáveis. Um óptimo lançamento também! É um jogo lançado originalmente em Março de 1996 no Japão, tendo chegado cá à Europa no mês de Janeiro de 1997, poucos meses antes do lançamento da Nintendo 64 por cá.

Segue-se o Kirby’s Dream Land 3, lançado no final de Novembro de 1997 em solo norte-americano (tendo sido inclusivamente o último jogo da própria Nintendo lançado para a SNES nesse território) e em Março de 1998 no Japão. Apesar de aperentemente um lançamento europeu ter sido planeado, tal nunca se chegou a materializar, pelo menos não durante o ciclo de vida da Super Nintendo por cá. E esta foi a principal razão pela qual quis comprar esta compilação, pois estamos aqui perante um dos jogos tecnicamente mais bonitos que a Super Nintendo nos tem para apresentar e naturalmente é também um óptimo jogo de plataformas em 2D. Muito resumidamente, a nível de jogabilidade expande os conceitos introduzidos pelo Kirby’s Dream Land 2, na medida em que para além de podermos copiar as habilidades dos inimigos derrotados, vamos também poder juntar-nos a vários animais distintos, que fazem com que essas mesmas habilidades sejam consideravelmente diferentes mediante o animal com quem estamos. Continuamos a ter poucas habilidades base para usar, mas por outro lado temos animais diferentes que nos podem ajudar, todos com diferentes características, resultando em ainda mais combinações distintas! Visualmente é também um jogo impressionante e que faz lembrar o Super Mario World 2: Yoshi’s Island, com os gráficos com um estilo artístico que parecem cenários e personagens desenhados e pintados à mão. Para além disso, o jogo possui imensos efeitos de parallax scrolling e transparências de muita qualidade. Virtudes de utilizar o chip SA-1 (curiosamente também utilizado no Kirby’s Fun Pak/Super Star). Sinceramente gostei mais o Kirby’s Fun Pak, mas este é também um óptimo jogo.

Segue-se então, por fim, o Kirby 64: The Crystal Shards. Sendo um título da Nintendo 64, por sua vez lançada numa altura em que toda a gente queria jogos em 3D poligonal, este título é um desses casos, embora mantenha ainda uma jogabilidade 2D. A grande novidqade nas mecânicas de jogo é o facto de agora podermos assimilar mais que uma habilidade em simultâneo, resultando uma vez mais em imensas possibilidades de diferentes ataques e jogabilidade. De resto, é um jogo de plataformas muito similar aos anteriores nas restantes mecânicas de jogo. Visualmente, apesar de eu preferir de longe os visuais pixel art de ambos os lançamentos da Super Nintendo já cá mencionados acima, na verdade a HAL está uma vez mais de parabéns. Todos os jogos presentes nesta compilação são tecnicamente impressionantes para os seus sistemas e este é um jogo 3D poligonal muito bem conseguido a nível técnico, visto que todos os níveis são coloridos, variados entre si e acima de tudo bem detalhados, com imensas texturas diferentes em simultâneo no ecrã, o que não é nada habitual num jogo de Nintendo 64. A banda sonora continua a ser bastante agradável.

De resto, o que mais traz esta compilação? Temos um jogo inteiramente novo para experimentar, chamado de New Challenge Stages. São essencialmente um conjunto de desafios onde a nossa performance é avaliada pelo tempo que demoramos a completar cada nível, inimigos derrotados, dano sofrido, moedas coleccionadas, entre outros. Os níveis em si parecem ser baseados no jogo do Kirby da Wii que precedeu este, o Kirby’s Adventure Wii (ou Kirby’s Return to Dream Land Deluxe na sua versão Switch), que por sua vez me parece fantástico. Também presente no disco temos outros extras como uma espécie de museu interactivo do Kirby, com detalhes (scans das caixas e vídeos de gameplay e informativos) de todos os jogos Kirby até à data, assim como 3 episódios de uma série de animação que não fazia ideia da sua existência. Físicamente o jogo traz outros extras, como um CD com banda sonora da série e um livro de arte de 45 páginas, esse último infelizmente não tenho. De resto, uma nota apenas para a emulação dos jogos aqui jogáveis: apesar de a emulação em si ser competente, não traz nenhuma daquelas funcionalidades óptimas que vemos actualmente em compilações deste género de jogos mais antigos. Save states seriam bem-vindos! Na verdade estes até existem em alguns jogos, mas são apenas temporários, usados quando saímos do jogo e apagados uma vez que lá entremos novamente. Outras funcionalidades como o suporte a Super Game Boy do Kirby’s Dream Land 2 seriam também interessantes e confesso que não se perdia nada se tivessem incluído mais alguns desses jogos mais antigos de GB e SNES na compilação também.




























