Vamos voltar à plataforma da NEC/Hudson para um daqueles jogos que é considerado por muitos como um clássico na plataforma. Desenvolvido pela Atlus e publicado pela Hudson, este é um jogo largamente influenciado pelo Gauntlet, embora possua um pouco mais de elementos RPG. O meu exemplar foi comprado algures em Abril num lote de vários jogos Turbografx-16 que comprei a um particular, sendo todos eles edições distribuídas oficialmente em Portugal, com um manual adicional em português.
Jogo com caixa e manuais, edição distribuída em Portugal
A história leva-nos a controlar uma de várias personagens possíveis que, a pedido do rei lá do sítio, teremos de procurar um poderoso artefacto. Para isso, e como o próprio nome do jogo bem o indica, teremos de explorar toda uma série de dungeons repletas de inimigos. Antes de tudo isso, no entanto, teremos de escolher que personagem queremos representar. O jogo oferece-nos 8 personagens distintas que podemos controlar, cada qual com diferentes características e ainda poderemos desbloquear mais algumas ao decorrer da aventura. Independentemente da personagem escolhida, todas elas possuem ataques à distância. Para além de ataques físicos, cada personagem terá também diferentes habilidades de magia branca ou negra que poderá utilizar.
Cada personagem possui diferentes atributos físicos e habilidades mágicas
O jogo está então dividido num castelo central, o qual iremos visitar recorrentemente quanto mais não seja para tentar descortinar qual a masmorra a visitar a seguir, com várias outras localizações e masmorras à sua volta e cujas passagens se vão desbloqueando à medida que vamos progredindo. As dungeons, tal como no Gauntlet, vão sendo cada vez mais labirínticas e estão repletas de geradores de inimigos, que deverão ser destruídos assim que possível. No final da mesma, teremos um boss para derrotar. Explorando iremos também encontrar vários itens, desde “munições” para as magias, outros melhoram temporariamente algum dos nossos stats, regeneram a nossa barra de vida ou até nos dão vidas extra. E sim, tal como no Gauntlet poderemos destruir estes power ups se não tivermos cuidado. No que diz respeito aos controlos as coisas não poderiam ser mais simples, com um botão para atacar, outro para usar magias e o select para alternar a selecção entre magia negra ou branca.
Sim, este jogo permite-nos jogar com 5 pessoas em simultâneo!
De resto, como podem calcular, o jogo não é propriamente fácil e não adianta nada fazermos “grinding” de experiência pois a nossa personagem apenas sobe de nível (e por conseguinte fica mais forte) sempre que derrotamos um boss. Mas também não é muito castigador, pois apesar de termos um sistema de vidas, sempre que as perdemos todas temos uma password que poderemos reutilizar. Essa password grava o nosso nível actual e o progresso do jogo no geral, embora o recomecemos na área de início, perto do castelo, tendo por isso de fazer o caminho todo de volta até à dungeon onde estávamos. E sim, apesar de o jogo ser linear, saber ao certo para onde ir a seguir pode ser um pouco intimidatório. Por fim convém mesmo referir o facto de o jogo suportar multiplayer com até 5 jogadores em simultâneo, apesar de todos os jogadores no activo partilharem a mesma pool de 5 vidas.
Tal como no Gauntlet, temos vários geradores de inimigos que deveremos destruir sempre que possível. E os power ups também podem ser destruídos por acidente!
A nível audiovisual sinceramente até acho o jogo muito bem conseguido para um lançamento de 1989. O ecrã inicial está repleto de múltiplas camadas de scrolling, algo que o hardware não suporta nativamente e as dungeons em si vão sendo algo variadas, embora não tenham assim tanto detalhe quanto isso. A banda sonora é bastante boa, do melhor chiptune que a Turbografx/PC-Engine tem para oferecer, na minha opinião! Pena no entanto que a narrativa do jogo não seja grande coisa.
Portanto estamos aqui perante um jogo desafiante mas bastante interessante do catálogo deste sistema. A possibilidade de multiplayer cooperativo para 5 pessoas em simultâneo, cada qual controlando uma personagem com características e magias diferentes pareceu-me bastante interessante e creio que o jogo até deve ter tido relativo sucesso pois 4 anos depois sai uma sequela (agora em formato CD-ROM²) que por sua vez acaba por ser localizada e lançada em solo americano também no mesmo ano.
Ora cá está o primeiro jogo de uma série que sempre me despertou o interesse mas que até agora ainda não lhe tinha pegado. Esta série que decorre no mundo fantasioso de Nosgoth sempre me interessou pela sua temática mais dark fantasy, mas o primeiríssimo jogo da série, este Blood Omen, já na altura não era um jogo lá muito barato. Algures em 2017 acabei por comprar antes uma versão norte-americana directamente do ebay.com. Felizmente não me ficou retida em alfândega, pelo que consegui ficar com o jogo a um preço um pouco mais barato (mas não por muito) do que teria de gastar se quisesse uma versão PAL UK deste jogo. Ainda assim, desde 2017 que a minha colecção tem vindo a crescer consideravelmente e o tempo disponível para jogar nem sempre foi o melhor pelo que este jogo foi acabando por ficar em backlog como muitos outros. Mas eis que recentemente os meus amigos do The Games Tome me desafiaram a jogá-lo no âmbito da nossa rubrica Backlog Battlers. Como faço sempre que trago cá um jogo dessa rubrica, deixo-vos o vídeo onde falo dele:
E então no que consiste este jogo? Pensem num jogo de acção com uma perspectiva vista de cima e mecânicas muito ligeiras de RPG, onde controlamos nada mais nada menos que um vampiro chamado Kain. A história não é muito simples de resumir, mas digamos que controlamos um nobre que havia sido assassinado e ressuscita como um vampiro. A sua missão é a de procurar vingança por quem o assassinou, mas também perseguir uma série de poderosos feiticeiros que controlavam Nosgoth. No entanto, à medida em que vamos avançando na história, Kain parece gostar cada vez mais dos seus poderes vampirescos…
Jogo com caixa e manual embutido com a capa. Versão NTSC americana.
E este é então um jogo de acção com uma perspectiva vista de cima e um mundo algo aberto, apesar do seu progresso ser linear, visto que algumas localizações apenas estarão disponíveis após desbloquearmos certos poderes ou habilidades. Sendo nós um vampiro, é esperado que as mecânicas de jogo sejam um pouco diferentes do habitual e de facto o são. Nós teremos de ter em conta dois medidores à direita do ecrã, o de cor vermelha é o medidor de sangue, que também funciona como medidor de vida e o de magia, com a cor azul. O medidor de sangue está constantemente a ir diminuindo, mesmo quando não sofremos dano, pelo que teremos de ter a preocupação constante de nos alimentarmos, sejam inimigos humanos, animais ou simplesmente cidadãos inocentes. Por outro lado, a barra de magia vai-se regenerando com o tempo. Existem no entanto criaturas com sangues de outras cores, como os espíritos com sangue azul (que nos restabelecem a magia), preto que é sangue tóxico e verde que também não é bom e acelera a taxa de perda de sangue, pelo que teremos de ter algum cuidado em quem nos alimentamos.
Saudades destes CGIs de antigamente!
À medida que vamos avançando no jogo iremos ter acesso a vários tipos de feitiços diferentes, desde iluminar zonas escuras, disparar projécteis de energia, até feitiços poderosos que invocam tempestades ou sugam o sangue de todos à nossa volta (o que uma vez mais deve ser utilizado com cuidado). Outros feitiços como controlar temporariamente um dos nossos inimigos será também aprendido e será necessário para ultrapassar alguns dos puzzles em que teremos pela frente nas várias dungeons que iremos explorar. Iremos também encontrar vários itens que poderemos utilizar no combate ou exploração, como vários outros ataques mágicos ou itens regenerativos. Para além disso iremos também desbloquear toda uma série de novas armas e armaduras que poderão trazer novas habilidades (e desvantagens também), como é o caso dos machados duplos, que por um lado nos permitem executar ataques rápidos e até desbloquear certos caminhos ao mandar árvores abaixo, mas como precisamos de usar ambas as mãos, deixamos de conseguir utilizar feitiços ou magias. Para além de tudo isto vamos ter a possibilidade de executar certas transformações, como a de um animal ágil e que consegue saltar (e alcançar zonas previamente inalcançáveis), um morcego que nos permite fazer fast travel entre certos pontos no mapa que vão sendo desbloqueados, uma forma etérea que nos permite atravessar paredes ou caminhar sobre a água ou uma forma humana que nos permite interagir com outros NPCs humanos de forma mais segura. Para além de tudo isto vamos também poder descobrir certos locais secretos onde poderemos melhorar muitas das nossas habilidades como ter mais força e resistência a dano de certos elementos como chuva ou neve. Ou convém também referir o ciclo de dia e noite, onde à noite os nossos ataques são bem mais poderosos!
Todos os itens/equipamento/feitiços que iremos desbloquear surgem na forma destas cartas. E se for o primeiro do tipo, Kain irá descrevê-los para nós. Este item em concreto serve para regenerar a nossa barra de sangue/vida.
A nível de controlos, o direccional movimenta Kain e o quadrado serve para atacar, o X para usar o feitiço ou item que esteja equipado no momento, o círculo é um botão de acção que é raramente utilizado (pode ser usado para falar com outros NPCs se estivermos com a forma humana) e o triângulo é botão que nos permite alternar entre as várias transformações disponíveis. O botão L1 permite-nos ampliar ou “desampliar” a câmara, enquanto o L2 mostra-nos um mapa do local onde estamos no momento. Os botões R1 e R2 são atalhos para escolher que magias ou itens queremos ter equipados no momento.
Ao longo do jogo iremos desbloquear estes checkpoints que servem de pontos de fast travel na nossa forma de morcego. Óptimos para revisitar zonas antigas quando adquirimos novas habilidades
Até aqui tudo bem, este Blood Omen é um jogo de facto cheio de ideias interessantes e originais, mas infelizmente a sua execução não é de todo a melhor, a começar pelos loadings frequentes e demorados. Só pausar/retomar o jogo leva-nos a loadings consideravelmente longos e infelizmente os controlos também têm alguns problemas. O primeiro, e o mais problemático para mim, é o facto de as mecânicas de detecção de colisões serem consideravelmente más neste jogo. Para além de os nossos ataques serem algo lentos, temos de estar a uma distância e ângulo muito distintos para que os nossos ataques surtam efeito, o que é frustrante visto que vão haver alturas onde seremos cercados e os itens de ataque, apesar de poderosos, devem ser utilizados com alguma moderação. Os saltos com a nossa forma de animal nem sempre respondem bem, o que também nos pode levar a sofrer dano desnecessário em certas ocasiões, como quando precisamos de atravessar um fosso de espinhos, por exemplo. Os outros problemas graves que este jogo tem são os seus problemas de performance. Uma sala com mais inimigos e itens que o normal e a acção abranda logo consideravelmente, principalmente se tivermos a câmara afastada.
Vamos também encontrar vários prisioneiros convenientemente localizados nas dungeons, cujo sangue pode ser sugado para recuperar vida
De resto, a nível audiovisual este é também um jogo de certa forma interessante. É extremamente violento e sangrento, quanto mais não seja pelo gore de algumas mortes em combate ou pelos inúmeros prisioneiros espalhados em certas dungeons, convenientemente localizados para servirem de refeição. Sendo este um jogo de fantasia, esperem por castelos, aldeias e cidades medievais para explorar, assim como umas quantas dungeons e paisagens mais naturais para explorar. Sinceramente não acho que o detalhe das personagens e inimigos seja absolutamente incrível para uma PS1, mas com todos os problemas de performance que o jogo tem, não daria para pedir muito mais. No que diz respeito ao som, confesso que a banda sonora me passou um pouco ao lado, contendo principalmente temas mais ambientais, embora sempre sinistros como o jogo requer. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros, já as vozes sinceramente parecem-me muito boas, pelo menos bem melhores do que o habitual nos videojogos em 1997. Um detalhe interessante a referir é o facto de, cada vez que encontremos um item, equipamento ou feitiço novo, Kain descreve o que o mesmo faz. Quando navegamos no menu de pausa podemos também ouvir essas descrições novamente se tal o desejarmos.
No menu de pausa poderemos escolher qual o equipamento a utilizar, bem como assignar que feitiços ou itens queremos ter prontos a serem activados nos botões R1 e R2.
Portanto este primeiro Legacy of Kain é um jogo bastante original e interessante, embora ainda tenha alguns problemas que não gostei nada, nomeadamente a péssima detecção de colisões ou a performance muito má. Mas todas as ideias eram de facto originais e se há jogo que mereceria um remaster em condições, este seria um desses, o que não deverá acontecer tão cedo. É que o jogo foi desenvolvido pela já extinta Silicon Knights (Eternal Darkness) e publicado pela Crystal Dynamics. Ambas as empresas envolveram-se em litígio, após a Crystal Dynamics ter continuado a série numa direcção completamente distinta (Soul Reaver) ao que Denis Dyack e companhia envisionavam inicialmente. O mundo de Nosgoth recebeu mais uns quantos videojogos ao longo dos anos, mas é uma franchise morta na actualidade, pois o seu último título já havia saído em 2003 (propositadamente ignorando o multiplayer Nosgoth que nunca chegou a ser finalizado).
Vamos voltar à Sony Playstation para mais um jogo que já tinha em backlog há bastantes anos. Vampire Hunter D é originalmente uma série de livros japoneses, inicialmente publicados no ano de 1983. Aparentemente têm sido livros bem sucedidos comercialmente, pelo que como é habitual no Japão sempre que tal acontece, não tardou muito a existirem adaptações para manga, filmes ou outras formas de media. Nos videojogos curiosamente só no ano de 1999, sendo este jogo baseado no filme Vampire Hunter D Bloodlust que até acabou por ser lançado apenas no ano seguinte. O meu exemplar foi comprado algures em Novembro de 2019 numa loja no Porto, creio que me custou uns 15€.
Jogo com caixa e manuais
O setting desta série é um futuro pós apocalíptico, onde depois de os humanos se terem morto uns aos outros com guerras nucleares, a raça dos vampiros ascendeu ao poder. Entretanto muitos anos se passam e o balanço entre o que resta dos humanos e vampiros está mais equilibrado. Nós controlamos uma personagem chamada D e é o que o jogo lhe chama de dunpeal, ou seja, um híbrido entre humano e vampiro. Para além disso, D tem ainda um homunculus a viver numa das suas mãos. Sim, temos uma mão falante e com poderes especiais. Mas o objectivo propriamente dito é o de explorar um gigante castelo e resgatar uma jovem mulher que supostamente havia sido raptada por um poderoso vampiro.
A cut-scene inicial é um misto entre anime e CGI
O jogo em si tem mecânicas largamente influenciadas por Resident Evil, embora não seja necessariamente um survival horror. Quer isto dizer que o jogo possui tank controls, ângulos de câmara fixos e cenários pré-renderizados. Isso só por si não é necessariamente mau, até porque eram esquemas de controlo bastante populares na época. O problema é tudo o resto, como tentarei explicar. O botão triângulo faz com que D saque ou guarde a sua espada, o círculo é o principal botão de acção, tanto serve para atacar se a espada estiver em punho como para interagir com objectos ou apanhar itens do chão. O botão X serve para saltar e o quadrado tanto pode ser usar algum item que tenhamos equipado no momento, ou a tal mão inteligente que também tem habilidades especiais. O botão L1 serve para forçar D a caminhar em vez de correr, enquanto o L2 activa ou desactiva a funcionalidade de lock-on. O R1 é o botão de defesa e o R2 obriga D a mudar o seu lock-on para um outro inimigo. Antes de explorar melhor a parte das habilidades adicionais, vamos detalhar um pouco o que o jogo tem de mau nestes controlos.
Esta coisa é a nossa mão esquerda. Dá-nos umas dicas de como progredir o jogo e tem também alguns poderes catitas.
Bom, tirando algumas armas especiais como estacas de madeira ou granadas, D ataca sempre com a sua espada. Ou seja, num jogo com ângulos de câmara fixos e tank controls somos sempre obrigados a colocar-nos em maior perigo ao ter de atacar os inimigos de perto. Depois, os controlos mudam um pouco entre a exploração e o combate. Quando estamos locked-on num inimigo, D move-se em relação a esse inimigo, ou seja o botão cima irá sempre aproximá-lo e os botões esquerda-direita irão nos fazer caminhar em círculo à sua volta. Sinceramente eu gosto disto, mas não transita bem vindo dos controlos normais. E o facto de o jogo nem sempre nos trancar para os inimigos mais próximos também não ajuda. Há pouco referi que havia um botão para salto. D pode executar vários combos incluindo com saltos, mas uma vez mais com este esquema de controlo as coisas muitas vezes não resultam como gostaríamos. Para além de que ocasionalmente teremos alguns momentos de platforming, o que num jogo com ângulos de câmara fixos e cenários pré-renderizados é algo estúpido visto que não temos grande sensação de profundidade. Algo engraçado a mencionar é que os controlos são tão bons que ocasionalmente até os inimigos ficam perdidos e presos em paredes.
Ao escolher o item que queremos usar no inventário, este fica também equipado, pelo que poderemos continuar a utilizá-lo ao pressionar o quadrado
O que mais há aqui a referir a nível de mecânicas de jogo? Bom, temos não uma, não duas, mas sim 3 barras de energia a ter em conta. A HP é a barra de vida e esta se chegar a zero perdemos o jogo. A VP é uma barra de energia que se refere a “poderes vampíricos”. Quanto mais alta esta estiver, mais fortes são os nossos ataques assim como poderemos fazer combos mais longos. Em baixo temos uma outra barra de energia, mas esta para os poderes da tal mão esquerda com vida própria. Essa mão possui 3 habilidades distintas que podem ser regenerativas, ataques mágicos ou a capacidade de absorver inimigos enfraquecidos, regenerando assim a sua própria barra de energia. Essa barra de energia vai decrescendo constantemente, pelo que absorver inimigos acaba por ser algo que convém fazermos regularmente. Os ataques mágicos que a mão usa são diferentes, sendo mais poderosos quanto mais preenchida estiver a barra de energia do VP também. De resto poderemos também encontrar vários itens regenerativos para cada uma destas barras de energia, ou as tais armas secundárias que já mencionei acima, como granadas ou estacas de madeira.
Uma das maneiras de regenerarmos a nossa barra VP é levar com o sangue dos inimigos em cima
A nível gráfico sinceramente achei um jogo interessante. Gosto bastante do design do D e de algumas das outras personagens importantes, com bom detalhe e animações também. Os inimigos gerais já são mais básicos, mas por outro lado, gosto bastante dos cenários, pois o castelo tem uma arquitectura muito própria e característica misturando designs mais antiquados com luzes neon e outras cenas mais cyberpunk, o que resulta estranhamente bem. A banda sonora é discreta mas não a achei má de todo e o voice acting é surpreendentemente decente!
Portanto este Vampire Hunter D é um jogo que até tem algumas ideias interessantes no papel, mas infelizmente a sua execução não é de todo a melhor, principalmente nos seus controlos. Gostei bastante no entanto de toda a sua estética e o pouco que vi dos animes ainda mais interesse me despertou, irei certamente ver os filmes assim que tiver essa oportunidade!
Produzido pela Data East, este Makai Hakkenden Shada é literalmente um clone dos primeiros Ys da Falcom. No entanto, ao contrário do original que é um clássico, mesmo com toda uma série de mecânicas algo antiquadas, este clone infelizmente está muito longe de chegar ao mesmo nível. É no entanto um jogo que recebeu um patch de tradução feito por fãs, pelo que eu como fã de RPGs acabei por comprar um exemplar para a minha colecção. Foi comprado a um particular na vinted algures em Setembro do ano passado!
Jogo com caixa e manual embutido com a capa
A história leva-nos a controlar um samurai que procura, em conjunto com uma panóplia de outros NPCs que vamos encontrando à medida que vamos explorando, uma série de cristais mágicos para evitar que uma criatura maléfica ressuscite e traga a calamidade.
Quaisquer semelhanças com o Ys não são mera coincidência
A jogabilidade é então a de um Ys, na medida em que não temos um botão de ataque, mas sim teremos de ir contra os inimigos que nos rodeiam para lhes causar dano, no entanto se ficarmos estáticos vamos recuperando vida. Infelizmente o sistema de detecção de colisões é mau e muitas vezes vamos apenas sofrer dano em vez de o causar e tendo em conta que não existem quaisquer frames de invencibilidade após sofrer dano, poderemos correr o risco de sofrer dano continuamente enquanto estivermos em contacto com o inimigo. À medida que vamos lutando ganhamos também dinheiro e experiência e poderemos comprar/encontrar toda uma série de itens e equipamento novo. Também poderemos desbloquear uma série de ataques ou habilidades mágicas que nos melhoram as nossas características. No entanto sempre que utilizarmos as magias, visto que a Data East achou boa ideia não nos dar uma barra de magia, gastamos pontos de vida.
Apesar de existir uma tradução para inglês, ou este não é grande coisa, ou os textos originais também não
Como devem calcular, este é então um jogo que nos irá obrigar a uma dose considerável de grinding, para conseguirmos chegar às dungeons fortes o suficientes para conseguir derrotar o boss que nos espera lá. Mas se por um lado na série Ys o grinding acabava por ser agradável quanto mais não fosse pela excelente banda sonora que o jogo tem. Infelizmente isso também não acontece aqui, pois a banda sonora é francamente má, exceptuando um ou outro tema que achei mais agradável. A nível visual também não esperem por um jogo muito trabalhado. Sendo um jogo no formato HuCard obviamente que não esperava encontrar grandes cutscenes, mas esperava sim que as sprites fossem talvez maiores, mais detalhadas e animadas. De resto, tal como já referi, esperem por semelhanças com Ys até nos cenários! Para terem uma ideia, uma das últimas dungeons possui um labirinto com espelhos que servem de portais, tal como no Ys.
Este é dos poucos momentos visuais mais bonitos
Portanto este é um clone de Ys que sinceramente deixa muito a desejar. A PC Engine está repleta de RPGs que se ficaram apenas por solo japonês e fico muito contente sempre que alguém decide traduzir algum para inglês. No entanto este não é de todo dos melhores exemplos.
Um videojogo baseado num filme que por sua vez é baseado num videojogo. Ora cá está algo que não se vê todos os dias. Confesso que as minhas memórias de criança/adolescente do filme até são algo agradáveis, mas não estou com muita vontade em o rever, é que sinto que vai arruinar tudo e depois de jogar este jogo ainda menos vontade tenho. O meu exemplar veio cá ter à colecção em partes. O CD veio dentro de uma consola que um amigo meu comprou ao desbarato numa feira de velharias há uns bons anos atrás e acabou por mo oferecer. A caixa e o manual foi comprada há relativamente pouco tempo atrás no OLX por uns 15€ se bem me recordo.
Jogo com o manual embutido com a capa. Curiosamente é o único lançamento PAL que usa as mesmas caixas norte-americanas, bastante mais frágeis.
Ora o filme tinha como principais protagonistas o conhecido actor de filmes de acção Jean Claude Van-Damme no papel de Guile, e o já falecido Raul Julia no papel do vilão Bison. Todos os restantes actores confesso que nunca mais ouvi falar deles, excepto para a actriz que representa a Cammy, pois é nem mais nem menos que a artista pop Kylie Minogue! Muito por alto, a história do filme coloca Guile como líder de um pequeno exército que pretende localizar e derrotar Bison, que havia feito uns quantos reféns e exigia uma grande compensação financeira pelo seu resgate. A equipa que produziu o filme tomou grandes liberdades com outras personagens, como é o caso dos favoritos Ryu e Ken serem aldrabões que tentam vender armas (de brincar) à organização terrorista de Bison, o Honda ter origem havaiana, entre outras atrocidades.
O modo história mostra-nos várias cenas do filme e dá-nos também a liberdade de escolher o caminho que queremos seguir, o que resultará em lutas contra oponentes diferentes
No que diz respeito aos modos de jogo, o principal é o Movie Battle, onde controlamos Guile. A ideia é, em 50 minutos, teremos de vencer toda uma série de combates até chegar ao Bison, caso contrário é game over. Entre combates vamos tendo várias imagens estáticas (ou mesmo pequenos trechos do filme) que vão narrando a história e temos sempre que fazer uma escolha entre duas alternativas, que vão ditar qual o oponente que enfrentamos a seguir. Se perdermos um combate não temos grande penalização pois poderemos tentar novamente, temos é de garantir que chegamos ao Bison em 50 minutos. O modo Street Battle já é um modo mais arcade, onde escolhemos uma personagem e teremos de enfrentar todas as restantes, o versus é um multiplayer para dois jogadores e o trial é uma espécie de modo de desafio, onde confesso que acabei por não perder grande tempo com o mesmo.
No modo história o primeiro combate é sempre contra o Bison, mas é um combate que não precisamos de vencer.
Já na jogabilidade, convém dar um pouco mais de contexto adicional. O lançamento original deste Street Fighter The Movie foi nas arcades e, visto que a Capcom não tinha experiência em produzir videojogos com gráficos digitalizados, recorreram a uma empresa norte-americana com a qual já tinham colaborado no passado, a Incredible Technologies. Mas digamos que a Capcom os deixou demasiado à vontade, pelo que quando os japoneses finalmente os visitaram para avaliar o progresso do jogo, com este já bastante avançado no seu ciclo de desenvolvimento, a surpresa foi muita e não para melhor. Confesso que não cheguei a experimentar (nem sequer através de emulação) a versão original arcade, mas a opinião geral é que é péssima (se bem que a internet gosta muito de exagerar). Já no que diz respeito às versões para consolas, a Capcom decidiu converter o jogo eles próprios, pelo que a jogabilidade é bem mais próxima dos Street Fighter normais, ou seja os 6 botões faciais da Saturn a servirem perfeitamente para socos e pontapés, fracos, médios ou fortes. Golpes especiais estão também aqui presentes, assim como uma barra de special que uma vez cheia nos permite desencadear alguns golpes especiais ainda mais poderosos.
Bom, digamos que os efeitos especiais não “casam” bem com as imagens digitalizadas.
Qual o problema? Bom, sinceramente achei o jogo bastante lento, com animações bastante estéreis e a nível audiovisual também não é incrível. As sprites são digitalizações dos actores reais, assim como os cenários que são naturalmente inspirados no filme. Mas a fluidez de jogo está longe do que a série Street Fighter bem nos habituou e isso é o que acaba por prejudicar mais o jogo na minha opinião. O som também achei francamente mau, com vozes bastante abafadas e uma banda sonora bastante má. Portanto se a versão arcade tem a fama de ser ainda pior… medo! E medo também se voltar a ver o filme ao fim de todos estes anos!