Go Go Ackman 2 (Super Nintendo)

Tempo de voltar à Super Nintendo para mais uma rapidinha a um dos seus muitos exclusivos nipónicos. Lançado um ano após o Go Go Ackman, esta sequela introduz várias novidades a nível de mecânicas de jogo, embora sinceramente eu tenha preferido o lançamento original como um todo. E este veio também directamente do Japão, tendo-me chegado às mãos algures em Novembro.

Jogo com caixa e manual

A história leva-nos uma vez mais a controlar Ackman, um jovem demónio que continua a ser perseguido por Tenshi, um anjo irritante e que o quer matar a todo o custo. E tirando o regresso de alguns dos bosses originais logo no primeiro nível, a trama introduz-nos uma série de novos vilões: a banda de rock cristão Metalangels, constituidos por um vocalista todo bombado, um guitarrista rock, outro rockabilly (um Elvis gordo), um baterista rastafari e um teclista nerd, sendo que cada uma destas personagens é um boss nos vários níveis que vamos atravessando. A parte curiosa é que nenhuma dessas novas personagens fez parte do trabalho original de Akira Toriyama, embora acredite que ele tenha sido consultado na sua génese, pois são todas bastante carismáticas de certo modo.

Visualmente continua um jogo bastante colorido, animado e detalhado

A nível de mecânicas de jogo as coisas são mais ou menos idênticas ao anterior, com um botão para atacar, um para saltar, outro para atirar bombas capazes de causar dano em todos os inimigos no ecrã em simultâneo (estas com munições limitadas) e um outro botão que nos permite agarrar/atirar certos inimigos. Vamos tendo também várias armas que poderemos encontrar e equipar e estas poderão até ser melhoradas até um máximo de 3 níveis, ao apanhar o mesmo power up de forma consecutiva e sem trocar de arma no entanto. Porém basta sofrer o mínimo de dano que se perdem os upgrades, o que é pena. De resto até que há alguma variedade maior nos níveis, embora o jogo como um todo seja mais curto. Para além dos níveis tradicionais de plataformas, ocasionalmente temos segmentos de shmup (incluindo um nível onde é o próprio Tenshi que nos carrega), ou um daqueles níveis com carrinhos de minas.

A introdução de alguns dos bosses do primeiro jogo logo no início é um dos pormenores bastante engraçados!

Visualmente é um jogo muito colorido e bem detalhado, tal como o seu antecessor. As sprites estão bem detalhadas e animadas, onde o traço de Akira Toriyama é bem notório. Já os níveis vão sendo também bem coloridos e detalhados. Entre níveis vamos tendo imensos diálogos que até estão bem engraçados e felizmente que temos um patch de tradução feito por fãs que nos permita apreciar todos esses segmentos de história, sem recorrer a qualquer ferramenta como o Google Lens.

Portanto estamos aqui perante mais um competente jogo de plataformas, embora ache que o original seja ligeiramente superior a nível de longevidade. Ainda assim gostei bastante das novas personagens, o que me deixa um pouco triste pelo Akira Toriyama nunca ter dado grande atenção a esta série. Não precisava de ser um Dragon Ball, mas tinha todo o potencial para ser uma série mais descomprometida e bem humorada tal como o Dr. Slump. A Banpresto lança ainda, no final de 1995, um terceiro jogo que aparentemente é considerado o melhor da trilogia pelos fãs. Infelizmente é também um jogo caríssimo, pelo que ficará para outras núpcias.

Dead or Alive 3 (Microsoft Xbox)

Pois é, não resisti e comprei ontem uma Xbox Series X, depois de a ver numa promoção bastante apetecível. A minha ideia era comprar também um jogo como o Starfield ou A Plague’s Tale Requiem para me iniciar devidamente na “nova geração”. A promoção incluía a consola e uma cópia física do mais recente Forza Motorsport, cujo a loja em questão não tinha em stock. Não é de todo o meu tipo de jogo preferido, mas como nem a isso tive acesso, aproveitei então para testar alguns dos jogos que tinha aqui na colecção da Xbox original. E dos poucos que eram de facto compatíveis com a Series X, um deles era precisamente este Dead or Alive 3, que ainda rendeu umas boas horas de diversão no fim de semana. O meu exemplar custou-me uns 2€ numa Cash Converters há já uns bons anos atrás.

Jogo com caixa, manual e papelada

Ao contrário dos títulos anteriores, que tiveram as suas origens nas arcades e moveram depois para várias consolas, este terceiro título da saga Dead or Alive foi lançado de forma exclusiva e unilateral para a primeira Xbox, tendo sido inclusive um dos seus jogos de lançamento (e dos primeiros que eu próprio cheguei a jogar em quiosques back in the day). Marca também o início de uma curiosa parceria entre a Team Ninja e a Microsoft, onde ao longo de vários anos, os seus jogos acabaram por sair exclusivamente para as plataformas da gigante norte-americana.

O jogo possui um modo tutorial bastante interessante

No que diz respeito aos controlos, as coisas não são assim tão diferentes nas mecânicas base introduzidas na sua prequela, com botões para socos, pontapés, holds e combinações das várias acções e sim, existem muitos golpes que cada personagem pode executar, assim como vários counters. O facto de as arenas continuarem a ser dinâmicas (e agora podemo-nos mover livremente pelas mesmas) continua a ser um dos pontos fortes da série, pois podemos mandar os oponentes disparados contra algum objecto ou mesmo contra outra secção da mesma arena, recebendo dano adicional por isso. Por exemplo, atirar alguém abaixo de uma montanha, com a acção a transitar imediatamente para o sopé seguinte. No que diz respeito aos modos de jogo, temos o story mode que é uma espécie de modo arcade para 1 jogador e onde iremos enfrentar um número limitado de oponentes e é interessante ver os diálogos que certas personagens vão tendo umas com as outras sempre que se encontram. Para além disso temos também o versus tradicional para dois jogadores, modos tag team, survival e team battle (onde construímos duas equipas que têm de se eliminar uma à outra), assim como um modo de treino. Creio que é practicamente a mesma coisa que o anterior a nível de modos de jogo, portanto!

Esta era uma daquelas arenas de deixar o pessoal boquiaberto pela sua qualidade gráfica. O Jann Lee deve estar com algum frio.

Visualmente este era um jogo impressionante para a época e facilmente mostrava que a Xbox original era um sistema bastante poderoso face à concorrência, com personagens muito bem detalhadas a nível de polígonos e animações (e claro, as personagens femininas com todos os seus atributos bem salientes), assim como as arenas serem maiores, diversificadas e repletas de bastante detalhe. É claro que para os padrões de hoje já está datado, mas isso não demoveu a Microsoft de incluir toda uma série de melhorias no jogo, incluindo claro, o suporte a resoluções de 4K. Eu tenho a Series X ligada num monitor ultrawide 4K e a imagem preencheu todo o ecrã e pareceu-me preservar o aspect ratio. Algumas arenas, como a da floresta, ficaram deslumbrantes mesmo ao fim de todos estes anos. Por curiosidade, testei também uns minutos do Gunvalkyrie e o resultado já não foi tão bom assim. Só mesmo as cutscenes em FMV é que já não escalaram tão bem, mas isso também seria esperado. Mas voltado a 2001, o jogo inclui uma banda sonora que sinceramente me passou um pouco despercebida desta vez, apesar de não a ter achado desagradável. Mas sendo um jogo de lançamento da primeira Xbox e com a Microsoft a querer cativar o público norte-americano a todo o custo, o jogo tem também 3 músicas dos Aerosmith que sinceramente me parecem completamente deslocadas de tudo o resto. Surpreendentemente, essas músicas estão também disponíveis na versão retrocompatível para a Xbox One/Series, o que já não estava à espera.

Ring outs? Nah, o combate continua do outro lado!

Em suma, este Dead or Alive 3 é um jogo de luta em 3D bastante agradável de se jogar e que a meu ver resistiu bem ao teste do tempo, seja nos seus visuais (agora melhorados na Series X), seja pela sua jogabilidade fluída e dinâmica. Por fim, deixo só uma curiosidade final: a Xbox sai ainda em 2001 nos Estados Unidos, com o sistema a sair apenas nos meses de Feveiro e Março nos mercados japonês e europeu. Uma vez mais acabamos por beneficiar em ter o jogo mais tardiamente, pois a versão PAL (e nipónica) incluem algum conteúdo adicional, nomeadamente mais golpes para as personagens e vestimentas alternativas, que por sua vez estão todas desbloqueadas de início nesta versão Series X.

Red Faction (Nokia N-Gage)

Vamos agora a mais uma rapidinha àquele que será, para já, o último jogo que vos trago do N-Gage, visto que até ver ainda não arranjei mais nenhum para a colecção. E este artigo incide nada mais nada menos que a versão N-Gage do primeiro Red Faction, que eu já tinha jogado na Playstation 2 há uns valentes anos atrás. O meu exemplar foi comprado na feira da Vandoma no Porto, algures por 2016/2017 diria, e custou-me uns 4€.

Jogo com caixa, manual e papelada

O jogo segue a mesma narrativa do original, colocando-nos no papel de Parker, que pertence a um grupo de mineiros de uma mega corporação que opera em Marte, mas escraviza os seus funcionários. Eventualmente começam as chamas da revolta e acabamos mesmo por nos vermos envolvidos nesse conflito e, invariavelmente, auxiliar os restantes mineiros revoltosos em suceder. Uma das mecânicas que tornou o primeiro Red Faction famoso foi a sua tecnologia de “geo mod“, onde, recorrendo a explosões, poderíamos abrir buracos em paredes e assim contornar algumas portas trancadas. Ou até descobrir salas secretas com munições ou medkits. E essa tecnologia existe aqui, mas de uma forma bem mais contida, como seria de esperar. Basicamente serve para rebentar com várias paredes que escondem salas secretas com alguns power ups valiosos. De resto este é um FPS à moda antiga onde poderemos vir a carregar um autêntico arsenal de armas sem qualquer limitação e a vida é curada com medkits. No entanto, tal como no Half Life, existe também uma progressão linear entre os vários níveis do jogo.

Os primeiros níveis passam-se nas minas, portanto esperem por muitos castanhos

Mas a pergunta que realmente interessa aqui é: como funcionam os controlos numa N-Gage? Bom, o direccional é usado para nos movimentarmos nas direções pretendidas tal como as teclas WASD no teclado, enquanto as teclas 4 e 6 servem para virar a câmara para a esquerda ou direita respectivamente. Mas sendo este um jogo em 3D, ocasionalmente teremos de movimentar a câmara também noutras direcções, sendo para isso necessário pressionar o botão 7 e, com esse botão premido, mover a câmara com o direccional. O botão 5 dispara a arma actualmente seleccionada, enquanto que os botões 1 e 3 servem para irmos alternando a arma a equipar e finalmente o botão 2 serve para saltar. Como devem calcular, num sistema como o N-Gage, não é o método de controlo mais agradável de se utilizar, embora sinceramente não estou a ver como poderia ser feito melhor nessa plataforma.

Para uma portátil de 2003 está espectacular, mas esta versão envelhece muito mal graficamente

A nível gráfico é um jogo que acredito que tenha sido impressionante quando o mesmo sai em 2003, pois é um first person shooter totalmente em 3D poligonal num sistema portátil. Os gráficos por si só sinceramente não os acho grande coisa (estão próximos de uma PS1) mas uma vez mais devem ter sido impressionantes para a época (pelo menos eu lembro-me de ficar boquiaberto quando via o Tomb Raider a correr). Ainda assim, acho que ficam uns furos abaixo da conversão do Tomb Raider, até porque as texturas são de muito baixa resolução, não há grande variedade de cenários e na maior parte das vezes, os tectos não têm qualquer textura também. Passando para o som, nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e os inimigos vão tendo algumas vozes digitalizadas. Já as músicas sinceramente não as achei nada de especial, pois para além de serem de má qualidade, são loops bastante curtos que se vão repetindo até à eternidade. Nota-se que tentaram economizar na capacidade, pois o jogo está todo num MMC de 8MB.

Tal como o original temos aqui várias armas explosivas, embora o geomod seja muito mais simplificado

Portanto este Red Faction é uma versão bem mais contida do Red Faction e que, apesar de ter sido algo impressionante para um sistema portátil na altura em que saiu, não é de todo a melhor forma de jogar Red Faction. Para além de ter todas as suas mecânicas e visuais bem mais simplificados tendo em conta as limitações do sistema, não deixa também de ter um esquema de controlo que é longe do ideal, tornando a experiência bastante frustrante, particularmente a partir da segunda metade do jogo, onde os inimigos começam a ser bem mais numerosos, poderosos e agressivos. Não podia no entanto de deixar de salientar uma curiosidade: esta conversão foi desenvolvida pela extinta Monkeystone Games, fundada por nomes como John Romero e Tom Hall, bastante conhecidos pelo seu trabalho na id Software e duas das mentes por detrás de clássicos como Wolfenstein 3D ou Doom.

Yakuza 3 (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Tem-me sabido muito bem recuperar o tempo perdido com a série Yakuza, tendo agora terminado este Yakuza 3, lançado originalmente originalmente em 2009 para a PS3 no Japão e no ano seguinte no resto do mundo. Já tenho o meu exemplar da PS3 há uns valentes anos, comprado em Janeiro de 2013 numa Mediamarkt por cerca de 20€. Pouco tempo depois dessa compra fui viver e trabalhar para Lisboa, pelo que talvez tenha sido essa a razão pela qual não comecei logo esse jogo. Entretanto a Sega lançou os Yakuza 0 e Kiwamis pelo que fiquei algo dividido entre apostar directamente no Yakuza 3 ou voltar atrás à prequela e jogar novamente os remakes, decisão que tomei finalmente no final do ano passado. Entretanto a Sega lança também uma compilação dos Yakuza 3, 4 e 5 nas suas versões Remastered para a Playstation 4, algo que eu comprei em pre-order (a minha primeira em vários anos!) e foi essa versão para a PS4 que efectivamente joguei.

Jogo completo com caixa, manual, papelada, CD com a banda sonora e um código para resgatar alguns DLC que a edição inicial norte americana não incluía

O jogo decorre uns dois anos após os acontecimentos do Yakuza 2, onde Kiryu Kazuma se retira da clã de Tojo, após entregar a “pasta” ao Daigo Dojima e assegurar que Majima o apoia para deixar o clã em boas mãos. Kiryu muda-se então para Okinawa, onde toma conta de um orfanato para ajudar aquelas crianças desafortunadas. Tudo corria às mil maravilhas, tirando o ocasional drama causado por tanta criança junta, até que a certa altura o governo japonês decide investir em dois mega projectos para as ilhas de Okinawa: uma nova base militar em conjunto com os EUA que iria albergar um novo super sistema de defesa aérea e um luxuoso resort de férias. O problema? O orfanato de Kiryu está na localização desse futuro resort, pelo que este começa a ser pressionado para o abandonar. Existe um interesse financeiro de muitos milhões que naturalmente desperta o interesse de organizações mafiosas, tanto de Okinawa, como do próprio clã de Tojo. Daigo Dojima, pelo respeito que tem com Kiryu, decide não perseguir esses interesses financeiros, mas acaba por ser alvejado por uma entidade desconhecida. E o mesmo acontece com o líder de um clã da Yakuza de Okinawa, com o qual Kiryu tinha acabado de travar uma certa amizade. Está então lançada mais uma trama, onde iremos explorar uma pequena zona urbana de Okinawa e uma vez mais a região de Kamurocho em Tokyo para desvendar quem está por detrás de ambos os atentados.

Edição limitada da remastered collection com sleeve exterior de cartão, caixa de cartão desdobrável com uma arte interessante, um pequeno manual, autocolante e uma caixa vazia do Yakuza 5 para a PS3, cujo lançamento físico ocidental nunca se concretizou.

A nível de mecânicas de jogo confesso que foi um pouco estranho pegar neste Yakuza 3. Isto porque eu já vinha habituado a um sistema de combate mais fluído e alguns outros pequenos detalhes de melhoria de qualidade de vida que foram introduzidos nos Yakuza 0 e Kiwamis, como por exemplo a falta de um botão que nos levasse directamente a consultar o mapa da zona que estivéssemos a explorar no momento, ou o facto de termos menos save points. Mas na verdade, tirando uma ou outra mecânica que irei detalhar em seguida, não há assim tanta coisa que muda nas mecânicas de base. Continua a ser um jogo de exploração em mundo aberto em áreas urbanas com combates aleatórios nas ruas, muitas sidequests e conteúdo opcional para explorar se assim o quisermos. Tal como no Yakuza 2/Kiwami 2, não existem múltiplos estilos de luta para alternarmos com 4 categorias distintas a poderem ser evoluídas com pontos de experiência e que nos irão aumentar as barras de vida ou heat (a que nos permite fazer specials), melhorar certos atributos físicos ou aprender novos golpes. A experiência é ganha com combates, comer em restaurantes, ou ao completar sidequests e outros desafios opcionais, como os combates no coliseu, assim que o desbloquearmos.

A história anda à volta de Kiryu e o orfanato que gere em Okinawa que está em perigo de deixar de existir

Uma das mecânicas novas aqui introduzida são as perseguições. Durante várias alturas iremos ter de perseguir algum oponente pelas ruas de Kamurocho, onde teremos de ter cuidado com as outras pessoas ou objectos na rua, pois se colidirmos com eles perdemos segundos preciosos. Teremos também de ter em atenção ao nosso nível de fadiga, que também baixa sempre que colidimos contra alguma coisa ou alguém. De resto contem com imenso conteúdo adicional, como vários mestres espalhados pelo jogo que nos irão ajudar a aprender novas técnicas, podemos ir às arcades jogar qualquer coisa (embora infelizmente sem nenhum jogo clássico da Sega), jogar casino, mahjong, shogi e outros jogos tradicionais ou até pescar em Okinawa! E claro, podemos também engatar hostesses em bares, fazer massagens duvidosas ou até treinar algumas hostesses num clube em Okinawa. Uma versão bem mais aborrecida do que o mini jogo dos Cabaret que a Sega viria a introduzir mais tarde, diga-se de passagem.

Como se já não houvessem distracções que cheguem, alguns dos novos mini jogos consistem no golf e pesca

O lançamento original do Yakuza 3 no ocidente causou alguma polémica pois foi-lhe retirado imenso conteúdo pela equipa responsável pela sua localização para o ocidente, nomeadamente várias sidequests e mini jogos, nestes últimos incluiu-se o mahjong, shogi, as massagens e um jogo arcade chamado Answer X Answer, uma réplica dos quizz games que os japoneses por algum motivo gostam. De certa forma entende-se terem retirado alguns desses mini jogos, pois mahjong e shogi são intrisecamente asiáticos e têm pouca relevância no ocidente, mas visto que os jogos anteriores na PS2 os tinham, poderiam perfeitamente terem sido incluídos na mesma. O dos quizz também se entende pois as questões provavelmente apenas fariam sentido para o público japonês e seria algo difícil de localizar, até porque se as questões fossem mais genéricas de cultura ocidental saía um pouco do contexto. Já as massagens e sidequests achei uma decisão estúpida. Ainda houve mais conteúdo cortado, como as Haruka Requests e modos de jogo adicionais, que acabaram por ser reintroduzidos através de DLCs gratuitos. Já a versão remastered para a PS4 inclui todo esse conteúdo cortado, excepto o jogo dos quizz (que também não existe na versão remastered japonesa) e algumas sidequests novas. A excepção está no entanto num conjunto reduzido de sidequests que envolviam uma mulher trans que perseguia o Kiryu em situações hilariantes e essas foram cortadas nas versões remastered (em todos os territórios) devido ao tema ser algo sensível nos dias que correm. Sinceramente tenho pena que o tenham feito, mas compreendo. Outras das diferenças em relação ao lançamento original está nas hostesses que foram alteradas, visto que as do lançamento original eram baseadas em pessoas reais que tinham licenciado a sua imagem para o efeito.

É sempre um prazer explorar Kamurocho!

A nível visual, bom, suponho que para um jogo de PS3 esteja ok? Este foi outro dos impactos que senti ao pegar neste jogo depois de ter jogado o Yakuza Kiwami 2, que por sua vez utilizava o mesmo motor gráfico do Yakuza 6 e aí já se sentia um feeling bem mais next-gen quando comparado aos lançamentos anteriores. Quer isto dizer, quando comparado com esses jogos, o Yakuza 3 Remastered vai parecer pouco polido, com personagens e cenários com menos polígonos, texturas mais simples e piores efeitos de luz. Mas sinceramente ao fim de algum tempo lá me habituei e acabou por não fazer assim tanta diferença. O Yakuza 0, por exemplo, é um jogo cross-gen que sai tanto na PS3 (no Japão apenas) como na PS4 e restantes sistemas contemporâneos e já aí se notava que as personagens genéricas tinham um detalhe gráfico bem abaixo das principais. Aqui é practicamente a mesma coisa, embora as personagens principais não estejam muito melhores que as genéricas. A nível gráfico, este remaster a única coisa que faz é o upscale para a resolução 1080p e pouco mais. De resto, a banda sonora, apesar de agradável, pareceu-me um pouco mais contida que a banda sonora do Yakuza 0 e Kiwamis. Aqueles temas mais rock que ouvimos principalmente durante as batalhas são menos pujantes. Já a nível de som, absolutamente nada a apontar, pois o voice acting é inteiramente em japonês e pareceu-me bastante convincente.

As hostesses são diferentes da versão PS3 por questões de licenciamento das suas imagens

Portanto, e apesar deste ter sido o Yakuza que menos gostei de jogar até agora, continua a ser um excelente jogo, com uma narrativa empolgante e que dá muitas voltas e uma jogabilidade que já se começa a tornar familiar. Acredito que o impacto de ter jogado o Yakuza 3 na Playstation 3 na altura do seu lançamento tenha sido bem melhor, mas o facto de essa localização para o ocidente ter muito conteúdo cortado acaba por ser um factor determinante para jogar antes esta versão remastered que restaura muito desse conteúdo cortado.

Chuck Rock II: Son of Chuck (Sega Mega CD)

Depois de ter jogado a versão Master System deste Chuck Rock II, a minha expectativa era um dia comprar a versão da Mega Drive e escrever um novo artigo salientando as suas diferenças perante as versões 8bit. Mas uma versão Mega Drive deste segundo Chuck Rock até ao momento ainda não me apareceu a um preço convidativo, pelo que quando me surgiu a oportunidade, algures no final de Novembro, de arranjar antes a versão Mega CD a um preço não tão caro quanto isso, não pensei duas vezes em fazer o negócio, até porque esta versão possui alguns extras que valem a pena serem mencionados.

Jogo com caixa e manual

Bom, tal como a versão Master System, neste segundo jogo temos o filho de Chuck Rock (um bébé com poucos meses ainda) como protagonista principal. Isto porque Chuck ganhou uma fortuna a produzir carros de pedra, o que levou à inveja do seu rival Brick Jagger (qualquer referência ao músico dos Rolling Stones é uma mera coincidência, ou não) que acaba por raptar Chuck. A sua esposa entra em pânico, pelo que o bebé decide sair do seu berço e fazer-se à aventura para salvar o seu pai. A primeira grande diferença desta versão Mega CD perante a de Mega Drive é que a mesma é acompanhada por uma cut-scene de animação de excelente qualidade, provavelmente a melhor que alguma vez vi na Mega CD!

O vídeo de introdução é das melhores cut-scenes que já vi numa Mega CD!

As mecânicas de jogo são interessantes, com um botão para saltar, outro para atacar e um outro para usar “veículos”, ou seja, outros animais que vão tendo habilidades distintas como a saltarem mais alto ou mais longe e assim nos permitirem ultrapassar certos obstáculos. O bébé ataca com um taco de madeira gigante, o que por si só já nos dá um maior alcance ofensivo, já que o seu pai atacava com a barriga. Pressionando o botão de “montar” algum animal noutras circunstâncias faz com que o bébé se balanceie no próprio taco, o que teremos de utilizar em algumas circunstâncias para nos evadirmos de certos perigos também. Para além do platforming normal deste tipo de jogos, vamos tendo também alguns elementos de puzzle aqui e ali, com o bébé a precisar de dar bastonadas em certos objectos para progredir no jogo, como mover pedras para cima de obstáculos ou simplesmente para servirem de plataformas para alcançar zonas mais elevadas. Há uns níveis na selva que estão repletos de macacos e por vezes temos também de dar umas bastonadas em bananas para as levar até a certos macacos, que por sua vez também nos desbloqueiam de alguma forma. Ou nos últimos níveis onde teremos de activar/desactivar certos interruptores que controlam válvulas de vapor.

Ocasionalmente podemos montar em vários animais que nos ajudam a atravessar certos obstáculos

A nível gráfico acho este jogo muito bem conseguido, a começar pela óptima cut-scene de abertura que já mencionei acima. O jogo em si é muito bem detalhado e colorido, com os níveis repletos de bonitos efeitos de parallax scrolling, rotação e ampliação de sprites, algo que a Mega CD suporta nativamente e está aqui representado de uma forma bastante fluída. Muitos desses efeitos especiais estão também representados na Mega Drive, o que torna o jogo por si só já bastante impressionante. Por exemplo, há um nível onde temos de escalar uma árvore que vai sendo consumida por lava e esta vai baloiçando de um lado para o outro. Ou os bosses que são tipicamente gigantes e, tal como em jogos como o Gunstar Heroes, são muitas vezes compostos pela união de várias sprites mais pequenas, o que também é um efeito muito interessante. Os níveis em si vão sendo algo variados, onde vamos atravessando florestas, cascatas, cavernas, vulcões ou até zonas “industriais” tendo em conta que é um jogo que decorre na Idade da Pedra. A banda sonora é toda em CD Audio e sinceramente achei-a de grande qualidade e os efeitos sonoros são também bons, especialmente as vozes que são bem mais nítidas que as que ouvimos na versão Mega Drive.

Visualmente o jogo está repleto de momentos graficamente bem bonitos, especialmente nesta versão Mega CD

Portanto este Chuck Rock II é mais um excelente jogo de plataformas produzido pela Core Design e que foi trazido do Amiga para as consolas da Sega. Não só tipicamente os jogos da Core costumam vir para as consolas da Sega com alguns melhoramentos gráficos e de jogabilidade, a própria Core também foi das empresas que melhor aproveitou a Mega CD, seja com conversões um pouco mais musculadas de jogos da Mega Drive (como é o caso de ambos os Chuck Rock), seja para lançamentos como o Jaguar XJ220, Thunderhawk, Battlecorps ou Soul Star, que apesar de nem todos serem jogos excelentes, tiram partido da tecnologia adicional que a Mega CD possui, para além do leitor de CD. Esta versão do Chuck Rock II é apenas talvez comparável à versão Amiga CD32, que possui a mesma cut-scene inicial agora com mais qualidade, mas o restante jogo é idêntico ao original Amiga, que visualmente não tem o mesmo brilho.