The Nightmare Before Christmas: The Pumpkin King (Nintendo Game Boy Advance)

Vamos agora voltar à portátil da Nintendo Game Boy Advance para mais um jogo que passou despercebido a muita gente, eu inclusive, até me ter sido recomendado por um amigo, que acabou mais tarde por me vender um cartucho do mesmo jogo. É que para além deste ser um dos videojogos baseados no universo de um dos mais aclamados filmes do Tim Burton, é também um metroidvania! Sim, leram bem, um metroidvania.

Cartucho solto

Este The Pumpkin King é na verdade uma prequela do filme, contando a história em como Jack Skellington conheceu o seu arqui-inimigo, Oogie-Boogie. Este último, invejoso por Jack ser a criatura mais temível da vila do Halloween, decide raptá-lo. Mas os seus minions acabam antes por raptar Sally, uma jovem rapariga recém-criada pelo Dr. Filkenstein lá do sítio. Ainda assim, Oogie-Boogie, o “rei dos insectos” decide libertar uma praga de insectos pela vila, o que acaba por semear o caos pelos seus residentes. Lá teremos de os ajudar, localizar e derrotar o vilão para no fim também salvar Sally.

No início e fim do jogo temos direito a cut-scenes destas com uma arte mais detalhada

E este é então um jogo de plataformas onde um botão salta e o outro ataca. É também no entanto um metroidvania na medida em que a exploração é completamente não-linear, obrigando-nos a revisitar áreas assim que tivermos adquirido algum item ou habilidade que nos permitam progredir e alcançar zonas previamente inalcançáveis. Esses itens e habilidades começam logo pelas diferentes armas que eventualmente viremos a coleccionar. Começamos por uma pistola de um sapo com mau hálito, podendo depois disparar morcegos que por sua vez também nos permitem girar algumas alavancas colocadas em sítios mais remotos. Eventualmente ganhamos abóboras que servem de bombas e podem destruir algumas paredes que de outra forma são indestrutíveis, bem como um pimento que nos transformam numa espécie de Super Jack flamejante, onde conseguimos voar temporariamente e destruir outro tipo de superfícies. Outras habilidades como caminhar sobre paredes, usar sanguessugas que nos deixam num estado gelatinoso e assim esgueirarmo-nos por buracos são apenas alguns dos exemplos.

Visualmente este até que é um jogo com um trabalho de sprites fantástico

Eventualmente ganhamos também power ups para a maioria das armas acima descritas, assim como poderemos também encontrar e coleccionar cabeças encolhidas que servem para extender a nossa barra de vida. Outros bónus que iremos desbloquear são também três mini-jogos que poderiam inclusivamente serem jogados em multiplayer fora da aventura principal. De resto este é então um metroidvania competente, embora por vezes seja difícil adivinhar para onde teremos de ir a seguir e muitos dos bosses (particularmente o último) serem autênticas esponjas, com as suas batalhas a arrastarem-se demasiado. Também espalhados pelo mapa (cujas semelhanças com os mesmos dos Castlevania não-lineares não são mera coincidência) encontraremos pontos para fazer save ou regenerar toda a nossa vida.

Quaisquer semelhanças com os mapas de Castlevania são mera coincidência. Ou não.

A nível audiovisual este é um jogo que consegue, numa portátil algo modesta como a Game Boy Advance, incutir toda a atmosfera do filme, ou seja, aqueles cenários spooky tipicamente de Halloween. Todos os cenários estão bem detalhados e ocasionalmente com boas animações de fundo, pelas múltiplas camadas de parallax scrolling que por vezes temos direito. As sprites são também muito bem detalhadas e animadas, particularmente as das personagens principais. A música também se adequa perfeitamente à atmosfera do filme e jogo, com melodias algo carnivalescas mas com aquele toque mais spooky do Halloween. Por outro lado, devo dizer que não sou o maior fã dos efeitos sonoros. Alguns são até bastante irritantes!

Cadeiras eléctricas regeneram-nos a vida e os espantalhos servem para fazer save.

Portanto estamos aqui perante um jogo interessante desenvolvido pela Tose, que para quem não sabe é um dos maiores estúdios fantasma do mundo, tendo trabalhado em centenas de videojogos até à data, na maior parte de forma secreta. É um bom metroidvania, embora ache que teria potencial para ser um pouco melhor, principalmente se não nos sentíssemos tão perdidos em certas alturas. Não deixa de ser um bom jogo, embora a GBA esteja repleta de metroidvanias bastante superiores como os próprios Metroid e Castlevanias que recebeu. De resto só mesmo deixar a referência que este jogo de GBA sai mais ou menos na mesma época que um outro para a PS2 (este já com o selo da Capcom) intitulado de Oogie-Boogie’s Revenge e também ouvi falar bem dele.

Aoi Blink (PC Engine)

Vamos voltar às rapidinhas na PC Engine para um interessante jogo de plataformas baseado no anime Blue Blink (Aoi é azul em japonês) que foi produzido nada mais nada menos que Osamu Tezuka (Astro Boy) precisamente no ano do seu falecimento, em 1989. O videojogo, apesar de ter sido publicado pela Hudson, foi desenvolvido nada mais nada menos que pela Westone (Wonder Boy), daí ter despertado o meu interesse. O meu exemplar foi comprado algures em Junho deste ano, tendo vindo de um lote de jogos PCE que importei directamente do Japão. Este custou-me menos de 20€.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Presumo que a história do jogo seja baseada na série televisiva que sinceramente nunca vi, mas o que interessa reter aqui é que a personagem principal é o jovem Kakeru que procura o seu pai. A acompanhar Kakeru teremos não só o Blink, um pónei azul com poderes mágicos que terá um papel importante ao longo do jogo, mas também 4 outros amigos, todos eles com diferentes características como irei detalhar mais à frente.

Inicialmente somos presenteados com um mapa mundo tal como no SMB 3

Bom e como funciona mesmo este jogo? Inicialmente temos um mapa onde poderemos explorar vários níveis à lá Super Mario Bros 3 e para passarmos ao “mundo” seguinte teremos de derrotar o boss desse mundo. Para isso precisamos no entanto de encontrar uma chave vermelha, que poderá estar em qualquer um dos níveis anteriores. Muitas vezes no final de cada um desses níveis (que por sua vez até poderão ter saídas alternativas) vamos encontrando alguns NPCs que nos vão dando algumas dicas, umas úteis, outras algo irrelevantes, mas ocasionalmente lá nos dizem onde está a tal chave vermelha. Quer isto dizer que se conhecermos bem o jogo não precisaremos de explorar todos os níveis para chegar ao seu final, se bem que muitos dos seus itens secretos, incluindo as chaves, obrigam-nos a disparar em lugares vazios na esperança que os mesmos surjam, algo que não é assim tão incomum em certos jogos da Hudson ou mesmo nalguns Wonder Boy da Westone.

Para além de Kakeru, o jogo atribui-nos mais 2 dos seus companheiros em cada nível, cada um com diferentes características.

Uma vez começando um dos níveis vemos que a jogabilidade está longe de ser a tradicional de um jogo de plataformas. Acima referi que o personagem principal era o jovem Kakeru, acompanhado de 4 amigos. Pois bem, desses 4 amigos, em cada nível teremos dois que nos seguirão para todo o lado e repetem todos os nossos movimentos. Kakeru é o líder, mas a qualquer momento poderemos alternar entre os restantes, cada qual com diferentes ataques e capacidades de salto. Por exemplo, o marinheiro tem um ataque capaz de atirar projécteis em arco que é bastante útil em certas ocasiões, por outro lado os seus saltos são péssimos. Já a menina é a que mais e melhor salta, mas não consegue atacar! A personagem líder é a única capaz de sofrer dano, mas outra curiosidade é que apesar de todos eles possuírem diferentes características, todos acabam por absorver as características da personagem líder, herdando os seus ataques e agilidade. É um sistema de jogo interessante mas sinceramente acaba por ser algo subaproveitado pois Kakeru serve perfeitamente na maioria do tempo.

As chaves azuis são usadas para abrir baús que por sua vez poderão ter outros itens interessantes… ou nem por isso

Mas e o Blink? O tal pónei com capacidades mágicas? Bom, sempre que confrontamos um boss acabamos por o fazer montados no próprio Blink, mas para além disso, sempre que pausamos o jogo num dos níveis normais, podemos invocar o Blink para nos regenerar a barra de vida, a troco de uma vida do próprio. De resto só mesmo para referir que como devem calcular vamos poder encontrar toda uma série de itens, como dinheiro que ao fim de coleccionar 100 nos extende a barra de vida, corações que regeneram parcialmente a nossa barra de vida, itens que nos dão maior agilidade, invencibilidade temporária, entre outros.

No final de cada nível poderemos falar com alguns NPCs que nos vão dando dicas

A nível audiovisual é um jogo interessante para a PC Engine. Por um lado é certo que as sprites são pequenas e com pouco detalhe, mas por outro lado há um uso fantástico de cor, resultando em níveis bastante coloridos e até bem distintos entre si. A banda sonora é também toda ela composta por músicas bastante alegres, agradáveis e que ficam no ouvido.

Portanto este Aoi/Blue Blink é um jogo de plataformas que apesar de estar longe dos grandes clássicos da era 8 e 16bit possui algumas mecânicas de jogo interessantes. Ainda assim, sinto que haveria potencial para melhor se aproveitar as mecânicas das diferentes características de cada personagem! De resto só mesmo para referir que apesar de este ser um título exclusivo de solo nipónico, existe no entanto um patch de tradução que nos permite jogá-lo em inglês.

Teenage Mutant Ninja Turtles: The Cowabunga Collection (Sony Playstation 4)

Ao longo dos últimos meses tenho jogado aos poucos esta compilação de jogos das Tartaruga Ninja. Produzida pela Digital Eclipse, esta compilação é uma verdadeira lição em como se deve fazer material deste tipo. Traz quase todos os jogos TMNT clássicos da Konami lançados entre 1989 e 1993 (faltando apenas o TMNT Manhattan Missions exclusivo de DOS), sendo que todos esses jogos possuem também uma série de extras e melhoramentos como reduzir sprite flicker e lentidão nos jogos de NES, save states, rewind, vidas extra, entre outros como o suporte multiplayer inclusivamente online em certos jogos. Para além de todos os extras de conteúdo adicional como imensos scans das caixas e manuais de todos os jogos desta compilação e suas variantes, revistas de banda desenhada, publicidades, e muito mais. Foi notoriamente um labor of love. O meu exemplar foi comprado na Amazon por pouco mais de 22€ algures em Dezembro do ano passado.

Jogo com caixa

Irei aproveitar este artigo para me focar mais nos jogos que não tenho na minha colecção, pelo que não me vou alongar muito no Teenage Mutant Ninja Turtles da NES. É o primeiro jogo da Konami com esta propriedade intelectual e apesar de ser na minha opinião o pior, não é um mau jogo de todo, devido a nos permitir trocar de tartaruga a qualquer momento no jogo e alguma não linearidade da exploração. Sim o nível subaquático continua incrivelmente difícil e com tempo reduzido, mas os save states e rewind são uma ajuda preciosa.

A inclusão de inúmeros extras como manuais, publicidades, documentos de desenvolvimento ou artwork é uma excelente adição a esta compilação.

O TMNT Arcade Game, na sua versão arcade, está também aqui disponível para ser jogado. Este sim, um grande clássico da Konami por nos permitir jogar em multiplayer local com até mais 3 amigos e isso também está aqui presente na compilação, para além de permitir inclusivamente jogar online, algo que eu não experimentei. Para um jogo de 1989, tinha gráficos incríveis para a época e apesar de achar que a jogabilidade ainda esteja longe de ser refinada (os bosses são autênticas esponjas, por exemplo) não deixa de ser um óptimo jogo e que este sim, abriu portas para o sucesso dos restantes jogos da Konami das Tartarugas. O arcade game foi também trazido para a NES, que apesar de ser uma versão bem mais modesta, não deixa de ter sido uma conversão do arcade bem impressionante. Alguns dos extras incluídos desta versão incluem a opção de retirar o sprite flicker e alguns abrandamentos da versão original, deixando o jogo mais fluído. Mas sejamos sinceros, apesar desta versão NES possuir um ou outro nível adicional, a versão arcade é de longe superior.

As versões arcade aqui também suportam multiplayer local com até 4 jogadores em simultâneo!

Segue-se o primeiro jogo da Game Boy, o Fall of the Foot Clan. E este é um simples jogo de acção/plataformas onde teremos 5 níveis distintos para explorar e poderemos escolher com que tartaruga queremos jogar antes de os começar. É um jogo totalmente 2D e simples na sua jogabilidade, com um botão de salto e um outro para atacar. Pressionando baixo e ataque permite-nos disparar shurikens que, apesar de serem mais fracas que um golpe normal, permitem-nos atacar com segurança a média distância. Cada tartaruga tem a sua barra de vida que pode ser restabelecida ao comer pizza, mas caso morramos, a tartaruga que controlamos é capturada e somos obrigados a rejogar a zona onde estamos desde o início com outra tartaruga. Pode-se então dizer que este jogo possui 4 vidas ao todo! Em certas zonas poderemos encontrar níveis de bónus que servem contêm diferentes mini-jogos onde poderemos amealhar mais pontos, embora nem todos sejam assim tão interessantes quanto isso. De resto é um título ainda muito simples e lançado numa fase muito embrionária da Game Boy, com gráficos e animações simplistas, mas com uma banda sonora bem competente no entanto.

A Digital Eclipse deu-se ao trabalho de construir também estes pequenos guias para cada jogo, mesmo como se fossem páginas de revista!

Segue-se o Turtles in Time, o segundo jogo arcade presente nesta compilação, lançado originalmente em 1991. É um beat ‘em up absolutamente fantástico e com uma jogabilidade melhorada perante o seu antecessor, até porque temos muitos mais golpes distintos que podemos executar. É também um jogo que pode ser jogado com um máximo de 4 jogadores em simultâneo e deve ter sido absolutamente incrível ser jogado com amigos numa arcade, até porque se jogado sozinho isto come imensos créditos. Gráficos e som incrível, uma boa variedade de níveis (até porque como o nome indica o jogo envolve viagens no tempo), um excelente jogo. Este Turtles in Time acabou mais tarde por ser relançado para a Super Nintendo, que é também uma conversão bem interessante. Graficamente fica uns furos abaixo do original como seria de esperar, mas não deixa de ser bem competente nesse departamento e traz ainda uns quantos extras. Como seria de esperar essa versão está também aqui representada, pelo que vos convido a ler esse artigo para mais detalhes.

Podemos também optar por dimensionar a imagem da forma que quisermos, assim como activar ou desactivar bordas no ecrã

A Game Boy recebeu ainda em 1991 o seu segundo jogo, o Back from the Sewers. Apesar de ser superior ao seu predecessor, mantém-se um jogo de acção relativamente simples, onde antes de cada nível podemos escolher qual a tartaruga com a qual queremos jogar e os controlos são simples com um botão de salto e outro de ataque. Os níveis são mais longos, muito melhor detalhados graficamente e apesar de a maioria do jogo se apresentar como um título 2D de plataformas/acção num único plano, alguns níveis (ou excertos) já apresentam aqueles visuais típicos de um beat ‘em up, onde teríamos uma maior liberdade de movimento. Caso percamos uma vida teremos de rejogar o nível com uma das outras tartarugas e, quando chegamos ao final do mesmo, somos levados a um nível de bónus com um boss que se o conseguirmos derrotar, libertaremos a tartaruga que havia sido feita prisioneira antes. Se mantivermos todas as tartarugas em jogo, teremos então um outro nível de bónus para jogar, onde teremos de apanhar uma série de pizzas num período de tempo algo apertado. A nível audiovisual é um jogo simples devido às limitações técnicas da Game Boy original, mas bem mais detalhado visualmente que o seu predecessor, com níveis mais detalhados e sprites maiores. As músicas são óptimas e temos ainda alguns clipes de voz digitalizada.

No caso dos jogos de Game Boy podemos também optar por escolher os vários tons de monocromático do ecrã original de Game Boy, GB Pocket ou até um modo Game Boy Color que lhe acrescenta alguma cor.

A NES recebeu em 1992 um outro beat’ em up, o Manhattan Project. Infelizmente este é um jogo que nunca chegou a sair na Europa o que é uma pena pois nessa altura a franchise das tartarugas ninja ainda era bem popular e a NES ainda detinha uma quota considerável do mercado. Comparando com a versão NES do Arcade Game, este é de longe um título superior. A jogabilidade mantém-se simples com um botão de ataque e outro de salto, embora seja agora possível desencadear diferentes golpes como atirar inimigos uns contra os outros ou usar um special (ao pressionar ambos os botões faciais em simultâneo) que apesar de poderoso, retira-nos alguma da vida de cada vez que o usamos. Os níveis são longos, bem detalhados (para um sistema 8bit) e com uma maior variedade de inimigos. As músicas são como tem sido habitual, excelentes! A versão aqui emulada conta uma vez mais com funcionalidades extra que podem remover os abrandamentos e sprite flicker da versão original.

Foi mesmo uma pena este Manhattan Project não ter recebido um lançamento europeu nos anos 90. Ao menos muita gente poderá jogá-lo pela primeira vez aqui!

Em 1992, para além da Super Nintendo ter recebido a conversão do Turtles in Time que eu já mencionei acima, foi também a altura da Mega Drive receber o seu primeiro jogo desta série, o Hyperstone Heist, que também já cá o trouxe no passado, pelo que não me vou alongar nesse título, até porque esta versão não inclui nenhum extra de relevo. O ano seguinte começa com um novo jogo para a Game Boy, o Radical Rescue. Esse também já cá trouxe no passado, pelo que também não o irei detalhar, apenas deixar a dica que, tal como os outros jogos Game Boy presentes nesta compilação, o jogo inclui alguns melhoramentos incluindo um modo “a cores” muito rudimentar, supostamente idêntico ao que uma Game Boy Color apresentaria.

É inegável que o Tournament Fighters da Super Nintendo não seja superior ao da Mega Drive, tanto em jogabilidade como em gráficos. A banda sonora já é bem mais discutível, na minha opinião.

Para fechar a compilação, seguem-se então os Tournament Fighters, a começar pelo lançamento da Super Nintendo que, para a minha surpresa depois de ter jogado a versão Mega Drive, me apercebi que era um jogo inteiramente diferente e sinceramente também o achei melhor em todos os aspectos. A começar pela jogabilidade que é mais fluída e o uso de quatro botões faciais dá-nos também uma maior variedade de diferentes golpes que podemos executar. Graficamente, apesar de eu achar os cenários da versão da Sega por vezes bastante originais, na verdade acho que os gráficos mais coloridos e apesar de os cenários urbanos não serem tão originais, acabam por resultar melhor como um todo, até por se adequarem mais a um estilo mais urbano da própria série. De resto, para além do modo história esta versão traz também um modo arcade e versus, onde temos uma maior liberdade de escolha das personagens jogáveis.

Outros dos extras, podemos consultar todas as bandas sonoras dos títulos aqui presentes!

Segue-se então a versão Mega Drive deste Tournament Fighters que também já cá a trouxe no passado, pelo que não me vou alongar aqui. Para além destas versões 16bit a Konami decide também lançar uma versão para a NES já em 1994 e, por incrível que pareça, até a Europa a chegou a receber, ao contrário do Manhattan Project que é de longe um jogo melhor e mais interessante. E este é na mesma um jogo de luta de 1 contra 1, mas com uma jogabilidade bem mais simples devido aos poucos botões faciais disponíveis. Um detalhe interessante na jogabilidade é o facto de ocasionalmente surgir no ecrã um aparelho voador e a personagem que o conseguir partir e apanhar a esfera brilhante que o mesmo larga, pode posteriormente utilizar um poderoso golpe capaz de retirar uma percentagem generosa da vida do nosso oponente. De resto, a selecção de personagens e cenários também é bastante reduzida e no que diz respeito aos modos de jogo temos o modo história, versus e um torneio que não cheguei a experimentar.

Portanto esta Cowabunga Collection é uma excelente compilação de videojogos mais antigos e a meu ver a Digital Eclipse está de parabéns pois elevaram bastante a fasquia do que seria expectável numa compilação deste género. Para além de suportes a save states, rewinds, multiplayer online em certos jogos e vários outros melhoramentos (incluindo melhorar a performance e eliminar o sprite flicker de todos os jogos da NES, por exemplo), a Digital decidiu também incluir pequenos guias com algumas dicas para cada jogo, construídos como se tivessem sido retirados de uma revista de videojogos dos anos 90 e estes podem também serem consultados a qualquer momento no jogo. Depois temos todo o “museu” com scans de alta qualidade das caixas e manuais de cada lançamento as suas versões americanas e japonesas, assim como muitos outros registos interessantes, como anúncios, galerias de arte, capas de banda desenhada, entre outros. Só tenho mesmo pena de os manuais não poderem ser consultados a qualquer momento dentro dos jogos tal como os pequenos guias.

Vengeful Guardian: Moonrider (Nintendo Switch)

Vamos voltar à Nintendo Switch para mais um indie que teve direito a um lançamento físico neste sistema. Produzido pela Joymasher, que já nos trouxe vários outros videojogos inspirados em clássicos retro como Oniken (que tenho cá para jogar um dia destes), Odallus e Blazing Chrome, este Vengeful Guardian: Moonrider é um belo tributo aos melhores jogos de acção da era 16bit. Referências a títulos como Shinobi, Mega Man X ou Turrican são mais que evidentes! O que só descobri há pouco é que a Joymasher é um estúdio brasileiro, pelo que lhes devo dizer que estão de parabéns pelo óptimo trabalho! O meu exemplar foi comprado numa loja online algures no passado mês de Julho por cerca de 30€.

Jogo com caixa e papelada

E este é um jogo com uma história de vingança, decorrendo num futuro algo sombrio, onde o planeta é governado por uma ditadura militar e opressora da população. Nós controlamos um cyborg criado precisamente por esse sistema opressor, mas que se revolta contra os seus criadores, após ter sido obrigado a disparar sobre uma multidão de civis inocentes. E este é um jogo de acção que tal como referi acima, herda conceitos de títulos como Mega Man X, Turrican ou Shinobi III, não fosse o nosso protagonista uma espécie de ninja e todos os visuais gritarem Mega Drive com todas as letras.

Correr por uma floresta e despedaçar inimigos com uma espada? Onde é que eu já vi isto…

Podemos começar a aventura por um nível tutorial onde nos são introduzidas as mecânicas de jogo base como os diferentes ataques, mecânicas de dash e saltos (incluindo wall jumping) que teremos de utilizar para ultrapassar todos os obstáculos que o jogo nos colocará à frente. No que diz respeito aos ataques, o nosso ataque principal é a espada, que pode desencadear um combo de 3 golpes se pressionado o botão consecutivamente, ou um golpe fortíssimo se o pressionarmos enquanto estivermos a correr. Ao saltar podemos também activar um dive kick que pode ser direccionado com o analógico e a melhor parte é que se atingirmos com sucesso um inimigo desta forma, somos lançados novamente para o ar, podendo repetir o processo. Temos também as armas especiais, e é aí que começam as semelhanças com jogos como Mega Man X. Isto porque ao começar o jogo vemos primeiro um mapa onde poderemos escolher que nível queremos jogar. Inicialmente apenas temos um nível disponível, que também serve como uma espécie de introdução ao jogo em si. Uma vez conquistado esse nível, os restantes seis níveis à sua volta ficam desbloqueados e poderão ser jogados em qualquer ordem, tal como nos Mega Man. Em cada um desses níveis (que vão tendo um ou mais midbosses) herdamos também a arma especial do boss final do nível, outra das semelhanças com essa série. Até as barras de vida e energia da arma especial são idênticas, embora a barra de energia seja partilhada para todas as armas especiais que viremos a herdar. Para além disso, poderemos encontrar ao longo dos níveis, em vários locais escondidos, diferentes chips que nos oferecem diferentes habilidades ou perks, sendo que poderemos ter apenas dois destes chips equipados em simultâneo. Estes dão-nos bónus como melhorar a nossa armadura, poder de ataque, ter vida ou energia regenerativa, entre outros!

Ocasionalmente teremos também alguns segmentos de condução, mas por vezes estes parecem demasiado longos

No que diz respeito à dificuldade, o jogo não é tão difícil como supostamente são os títulos anteriores da Joymasher. Temos alguns segmentos de platforming um pouco mais exigente e claro, convém sempre aprender os padrões de movimento e ataque dos bosses para ter sucesso. No entanto alguns deles são especialmente susceptíveis a certas armas especiais, pelo que é possível abusar disso e por vezes optar por uma abordagem mais agressiva, especialmente se tivermos o power up da armadura activo. E claro, temos continues infinitos e mesmo que tenhamos de gastar algum continue, por vezes os checkpoints até são generosos, especialmente se morrermos ao defrontar um boss, o jogo costuma recomeçar no checkpoint imediatamente anterior. Quem quiser um desafio maior poderá procurar e activar um chip que nos faz perder uma vida ao mínimo toque, mas claro que nem sequer me atrevi a fazê-lo. Depois de aprendermos todas as manhas vemos que o jogo até é curto e pode ser terminado em relativamente pouco tempo, mas sinceramente achei toda a experiência bastante agradável e fico agradecido por não nos colocarem numa boss rush antes dos confrontos finais. De resto, convém também referir que para além dos níveis de acção/plataformas teremos também alguns segmentos de condução e que apesar de os ter achado uma lufada de ar fresco, por vezes também achei que se prolongavam demasiado tempo.

Alguns dos bosses estão incríveis a nível de detalhe!

Visualmente este é um jogo que me agradou imenso, pois me fez constantemente lembrar a Mega Drive com a sua paleta de cores mais reduzida e tons escuros que se adequam perfeitamente à atmosfera futurista e cyberpunk que o jogo nos introduz. Até os níves de veículos têm todo aquele aspecto de terem saído de um sistema de 16bit! De resto os níveis vão sendo bastante variados entre si, atravessando cavernas, cidades, enormes instalações militares, interiores de comboio ou até termos de saltitar entre aviões para nos infiltrarmos numa enorme base aérea! Os inimigos também vão sendo algo variados e todos eles com boas animações e detalhe. A banda sonora é mais focada em música electrónica que também se adequa bem ao contexto e me fez abanar a cabeça frequentemente enquanto jogava. O único defeito a apontar é mesmo o seu baixo volume!

Portanto este Vengeful Guardian: Moonrider foi uma excelente surpresa e, apesar de curto, não deixa de ser um título bem interessante para quem gostar de jogos de acção da geração 16bit. Fiquei satisfeito e irei seguramente experimentar os restantes trabalhos da Joymasher!

Super Star Soldier (PC Engine)

Vamos voltar às rapidinhas e à PC Engine para um dos shmups mais conhecidos do seu catálogo. Na verdade a série Star Soldier até teve as suas origens nos sistemas MSX e Famicom, com o primeiro jogo intitulado de Star Soldier a ser lançado em 1986. Quatro anos depois sai então esta sequela para a PC Engine, embora esta até tenha tido a mão da Kaneko (Aero Blasters) no seu desenvolvimento. O meu exemplar foi comprado em Junho numa loja japonesa, tendo-me custado cerca de 30€.

Jogo com caixa e manual embutido na capa

E este é então um frenético shmup vertical onde sozinhos teremos de lutar contra todo um exército de forças invasoras. Os controlos são simples, o d-pad serve para movimentar a nave, o select para definir a agilidade com que nos podemos mover e o botão II para disparar. O botão I tem uma função específica que já irei detalhar em seguida. Como sempre nós começamos o jogo com um poder de fogo muito limitado, mas rapidamente teremos acesso a uma série de itens e power ups coloridos que nos darão diferentes armas. A saber, os itens vermelhos melhoram a vulcan com a qual começamos, permitindo-nos disparar até 5 direcções distintas. As esferas azuis por sua vez mudam-nos a arma para um conjunto de círculos que dispersam e aumentam de tamanho com a distância, permitindo-nos assim alcançar uma área de fogo maior. Os verdes activam uns raios laser que no seu upgrade máximo permitem-nos dispara 3 lasers em simultâneo, todos eles capazes de atravessar os inimigos que atingem. Os amarelos são um lança-chamas que apesar de ser a arma mais poderosa do nosso arsenal, é também a que representa um maior risco devido ao seu curto alcance.

Temos 4 armas que poderemos utilizar, todas elas com diversos níveis de potência

Mas existem mais itens a ter em conta. Por exemplo se apanharmos uma esfera colorida da mesma arma que estamos a usar no momento e esta já tiver com o seu poder máximo, esse power up transforma-se antes numa bomba que é usada no momento e causa dano a todos os inimigos no ecrã. Esferas multicoloridas e a piscar causam o mesmo efeito! Outros itens importantes que poderemos apanhar são os mísseis teleguiados ou as options, mas estes não podem ser usados em simultâneo. Ou temos uns, ou outros. As options, dois satélites adicionais que navegam ao nosso lado não nos aumentam o poder de fogo mas são invencíveis, sendo então usados como escudos adicionais. Com recurso ao botão I podemos alternar a disposição das mesmas na horizontal e vertical e se apanharmos vários upgrades desses satélites as mesmas poderão até rodar automaticamente. Por outro lado, os mísseis poderão ser melhorados para termos quatro mísseis a serem disparados em simultâneo assim como a sua velocidade.

Alguns níveis obrigam-nos também a manobrar por entre o caos e evitar obstáculos

De resto este é um jogo difícil como seria de esperar. Os níveis vão tendo vários bosses para enfrentarmos e ocasionalmente alguns segmentos onde nos temos também de esquivar de alguns obstáculos dos cenários. As coisas começam com um nível de dificuldade acessível, mas a partir do quarto nível começam a complicar bastante, com inimigos cada vez mais numerosos, agressivos e com padrões mais complexos. O último nível então é de bradar aos céus, com a sua sequência de bosses! Para além do modo de jogo normal, convém também mencionar que este Super Star Soldier dispõe ainda de um Caravan mode, ou seja, um modo de jogo onde jogamos apenas um trecho (de 2 ou 5 minutos de duração) e o objectivo é mesmo o de fazer o máximo de pontos possível.

O boss do nível 4 é talvez o primeiro grande desafio que o jogo nos apresenta!

A nível audiovisual, este HuCard é uma autêntica relíquia. Os cenários vão sendo algo variados entre si, embora os seus 8 níveis decorram predominantemente em pleno espaço. Ainda assim os cenários estão muito bem detalhados, tal como os inimigos e é um jogo com uma óptima performance, pois podemos ter muitos projécteis e inimigos no ecrã, mas não reparei em qualquer abrandamento. E claro, ocasionalmente temos também alguns efeitos de parallax scrolling, o que é sempre de louvar pois o hardware da PC Engine não suporta isso nativamente. A banda sonora é igualmente fantástica, repleta de músicas enérgicas e que nos ficam no ouvido.

O lança chamas é talvez a arma mais poderosa, mas também a que nos deixa mais vulneráveis devido ao seu curto alcance

Portanto estamos aqui perante um clássico da PC Engine / TurboGrafx e que ainda recebeu umas quantas sequelas na mesma plataforma. Seguiu-se em 1991 o Final Soldier e em 1992 (afinal o Final foi tudo menos final) o Soldier Blade. Existem também uns lançamentos mais recentes (incluindo um jogo para a Nintendo 64 que eu não fazia ideia que existia pois não saiu cá na Europa). Pelo menos o Final Soldier ainda é um jogo que se arranja a preços minimamente decentes, pelo que o deverei jogar em breve. Aliás, já está a caminho do Japão para cá.