Vamos a mais uma rapidinha, desta vez para mais uma adaptação de filme para videojogo, algo que a certo ponto se tornou uma especialidade da britânica Ocean Software, em busca de ganhar mais umas coroas devido ao maior reconhecimento do produto por parte do público geral. A Ocean adquiriu os direitos para criar videojogos sobre o Robocop numa altura em que o filme estava ainda na sua fase conceptual. Entretanto, a Ocean sub-licenciou a nipónica Data East para produzir uma versão arcade, sobre a qual muitas das outras versões que saíram em seguida se basearam. Incluindo esta da NES, naturalmente. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Setembro por 5€.
Cartucho solto
O jogo segue muito levemente os acontecimentos do clássico filme de acção, que conta a história do surgimento de um cyborg super polícia, brutalmente eficaz na luta contra o crime, até que as coisas se complicam devido a uma conspiração que se vai formando. Nada disso interessa muito aqui, este é um jogo de acção 2D sidescroller com algumas semelhanças com os Contra, por exemplo. São ambos jogos difíceis, embora este não pelas melhores razões.
Tal como nos Castlevania temos escadas para subir ou descer da mesma forma. Os power ups do tipo P regeneram a barra de vida!
Portanto ao longo de 6 níveis iremos encarnar no papel de Robocop, onde teremos de limpar as ruas de Detroit de todo o crime. Bom, na verdade começamos pelas ruas de Detroit, mas tal como o filme iremos também explorar outros cenários como a Câmara Municipal, uma fábrica ou as instalações da mega corporação OCP. Os controlos são relativamente simples, com o D-Pad a servir para mover o cyborg, recolher objecto e até trocar de arma. Os botões faciais servem para dar socos ou disparar a arma de fogo que tenhamos equipada no momento. No entanto, nem sempre se podem usar as armas de fogo, pois como bom polícia que é o Robocop, não podemos colocar em risco a vida de inocentes. “Mas só há bandidos neste jogo” reclamam vocês e com razão, mas é o que é. Particularmente nos primeiros níveis vamos ter várias zonas onde usar armas de fogo é proibido e o seu botão serve então para dar socos também.
O segundo boss é de longe o mais interessante. Um bandido usa o presidente da câmara como refém e temos de disparar apenas na altura certa
Sendo este um jogo de origem arcade, é de esperar um grau de dificuldade algo elevado. E isso acontece porque para além de os inimigos surgirem de todos os lados e o Robocop não é propriamente a personagem mais ágil de sempre, os inimigos fazem respawn constante. Em baixo, à direita, temos uma barra de estado que nos apresenta várias informações. As barras T e P correspondem a Time e Power, a primeira vai-se esvaziando com o tempo, supostamente representando a carga das baterias do cyborg. A segunda esvazia-se sempre que sofremos dano. À medida que vamos jogando vamos encontrar diversos power ups como itens regenerativos (tanto de bateria como de armadura) ou outras armas que podemos vir a equipar. A arma que carregamos por defeito até tem uma boa taxa de fogo e possui munições infinitas, já as restantes possuem um número limitado de balas. À direita temos uma série de ícones que por vezes piscam. O primeiro, com a cara do Robocop, dá sinal sempre que estivermos perto de uma parede destrutível, que tanto pode representar um atalho, como acesso a alguns power ups como armas poderosas. O segundo, com a forma de um punho começa a piscar quando nos deparamos com algum inimigo ou obstáculo que apenas pode ser derrotado com os punhos. O terceiro é um radar que indica a presença de inimigos por perto e sinceramente é um bocado inútil pelas razões que já mencionei: os inimigos são bastante numerosos e com respawn infinito. O último alerta-nos para quando tivermos as baterias perto do fim, o que também é algo inútil pois temos essa indicação visual na barra de energia respectiva.
Entre cada nível vamos ter algumas pequenas cutscenes que apresentam os seus objectivos e/ou avançam na história
De resto, a nível audiovisual, este é também um jogo algo simples. Os cenários e inimigos não são lá muito detalhados, pecando pela reduzida palete de cores que a NES permite disponibilizar em simultâneo. Entre níveis vamos tendo pequenas cutscenes que vão progredindo a história e ocasionalmente alguns níveis de bónus, galerias de tiro que simplesmente nos aumentam a pontuação. As cutscenes até que estão bem detalhadas, apesar de se repetirem um pouco. No que diz respeito ao som, as músicas não são más de todo, mas pecam por existirem muito poucas. Iremos ouvir as mesmas duas músicas (nível e boss) ao longo de practicamente todo o jogo!
Portanto estamos aqui perante um jogo que, apesar de não ser mau de todo, também deixa um pouco a desejar na sua jogabilidade. Ainda assim o jogo foi um sucesso, tanto na arcade como nas restantes conversões produzidas para inúmeras plataformas diferentes. O filme recebeu algumas sequelas nos anos seguintes, cujas também tiveram direito a videojogos e também pela própria Ocean. Algumas versões do Robocop 2 ou Robocop 3 foram inclusivamente já trazidas aqui.
Durante as últimas semanas tenho jogado aos poucos este clássico da Sega Saturn. O Panzer Dragoon original foi sem dúvida o jogo de lançamento da Saturn mais imponente e original e foi rapidamente sucedido pela sua sequela Panzer Dragoon Zwei, que apresentou melhorias em todos os campos face ao seu antecessor. Ambos eram shooters tridimensionais e on rails, onde montávamos um dragão e teríamos de disparar sobre tudo o que mexesse, ao longo de um caminho pré-determinado, se bem que com alguns graus de liberdade. Neste Saga, a Team Andromeda decidiu explorar mais a fundo todo o misticismo do lore que criaram com esta série e o resultado é um RPG com mecânicas de jogo muito originais. Infelizmente a Sega já estava numa posição demasiado frágil no mercado quando este jogo saiu para as lojas no ocidente, algures na primavera de 1998. O resultado foram poucas cópias vendidas na época e, com o jogo a adquirir um estatuto de culto pelos poucos que o jogaram, os seus preços têm vindo a subir constantemente desde então. O meu exemplar foi comprado às prestações: primeiro comprei, num negócio do OLX há uns anos atrás, uma caixa do CD3 e 4 por 20€. O problema é que trazia o CD3 e 1… poucos meses depois consegui encontrar no ebay britânico a caixa dos CDs 1, 2 (com os discos certos!) e o manual por 80 libras. Faltava o CD4 que consegui finalmente arranjá-lo em Agosto após uma troca que fiz com um conhecido que aceitou trocar o meu CD1 repetido por um CD4. O total ficou então por pouco mais de 100€, um valor muito aquém do que pedem actualmente. Fica apenas a faltar a sleeve exterior de cartão, que sinceramente não faço assim tanta questão em ter, mas pode ser que um dia apareça!
Jogo com duas caixas, manual e 4 discos. Fica apenas a faltar a sleeve de cartão. Talvez um dia apareça!
O jogo decorre após os eventos dos seus antecessores, ainda num mundo algo desolador e deixado em ruínas após uma antiga, poderosa e avançada civilização ter colapsado há muitos, muitos anos atrás. Das suas cinzas nasce um império que tenta resgatar rélicas do passado e usar essa tecnologia para governar o mundo com mão de ferro. Nós controlamos um rapaz chamado Edge, ele é um hunter ao serviço do Império e estava, juntamente com o seu mentor, a guardar um local onde estavam a escavar ruínas antigas. Eis que surge um problema e os escavadores encontram uma criatura antiga. Após Edge os ter defendido, encontra o que parece ser uma rapariga fossilizada numa parede. Logo após essa descoberta, eis que surge uma facção rebelde do império, liderada por Crayman, que mata toda a gente no local e leva a rapariga com ele. Edge não morre e acaba por encontrar um dragão com o qual passa a ter uma ligação especial e o resto do jogo será passado às cavalitas da majestosa criatura! O nosso objectivo será claro o de vingança, bem como tentar descobrir algo mais sobre a estranha rapariga e o dragão. Sem me querer alongar mais neste ponto, digo só que a narrativa mantém-se sempre bastante interessante e Craymen é apenas um dos vilões com os quais teremos de lidar.
O início do jogo é riquíssimo em cutscenes, esperem por uns bons 20 minutos antes de jogar!
No que diz respeito às mecânicas de jogo, estas são bastante diferentes do habitual em JRPGs da época. A maior parte do tempo andamos às costas do dragão, que podemos controlar totalmente enquanto exploramos os cenários livremente. Mas também podemos andar a pé, algo que será necessário quando exploramos aldeias, vilas ou outras localizações pequenas como o nosso próprio acampamento. Mesmo quando andamos a pé o jogo traz algumas influências dos Panzers anteriores pois interagir com personagens ou outros objectos não é tão simples como chegar ao pé dos mesmos e pressionar um botão. Tal como quando viajamos nas costas do dragão temos de carregar nos botões A ou C para entrar no modo lock-on onde surge um cursor no ecrã que podemos mover livremente com o d-pad e aí sim interagir com as pessoas/objectos desejados. Esta foi talvez a mecânica de jogo que achei mais estranha, mas tendo em conta que a mesma se mantém quando viajamos nas costas do dragão, até faz algum sentido.
Uma das razões pelas quais nos podemos mover durante as batalhas é para encontrar os pontos fracos dos inimigos, onde sofrem muito mais dano
Quando exploramos os cenários com o dragão, iremos ter de travar inúmeros combates e o sistema de batalha é também bastante original. Estas são maioritariamente aleatórias e usam uma espécie de active battle system introduzido pelos Final Fantasy. Ou seja, para efectuarmos qualquer acção temos de esperar que uma barrinha de energia se encha. Na verdade temos 3 barras de energia que se vão enchendo com o tempo, existindo acções que requerem uma, duas ou três dessas barras de energia para serem usadas. Naturalmente os inimigos também têm o seu próprio timing para atacar, embora nós não tenhamos visibilidade de quando isso acontece, a não ser pequenas dicas visuais nas suas animações que possam antecipar algum ataque. As acções que temos disponíveis em batalha são: atacar com a pistola de Edge, que permite disparar sobre um único alvo, atacar com os raios laser do dragão que permitem atacar múltiplos alvos em simultâneo, usar itens, habilidades especiais (os berserks), customizar a nossa arma ou alterar o “tipo” de dragão. Este último é interessante, pois permite-nos alternar entre um dragão com mais foco em ataque, defesa, espiritual (usar os berserks), agilidade ou neutro, que rebalanceia as características de ataque, defesa, etc consoante o tipo de dragão seleccionado. Disparar com a nossa arma ou com o dragão está directamente mapeado para os botões A e B, enquanto que as restantes acções têm sempre de ser chamadas através de um menu.
Enquanto usar a nossa arma ou os lasers do dragão têm botões directos, as restantes acções em batalha têm forçosamente de ser seleccionadas num sistema de menus
A única acção que podemos fazer e que não consome nenhuma das barras de tempo do sistema de batalha é movimentarmo-nos pela área de batalha. Com o d-pad podemo-nos mover em ângulos de 90º à volta dos inimigos e há várias razões para o fazer. Em baixo, no centro, vemos uma espécie de radar com o inimigo no centro e o dragão numa das extremidades. As zonas a vermelho são zonas de perigo onde estaremos especialmente vulneráveis a ataques inimigos, enquanto que as zonas verdes são seguras. Para além disso todos os inimigos possuem pontos fracos que se forem atingidos causam muito mais dano. Então vamos ter de nos ir movendo ao longo das batalhas, não só para procurar os tais áreas seguras, mas também para procurar os pontos fracos dos inimigos que muitas vezes estão nas zonas de perigo. De resto convém também referir que a experiência e dinheiro que recebemos no final de cada batalha varia consoante a nossa performance. Para além disso mediante o tipo de dragão que temos seleccionado no momento, evoluímos mais rapidamente certas habiliadades. E o próprio dragão vai também evoluindo e passando por metamorfoses, que vão melhorar algumas das suas habilidades, como a capacidade de disparar mais lasers em simultâneo.
A direcção artística deste jogo é incrível e uma das razões pelas quais o jogo merece um remake
Mas vamos agora para os audiovisuais. De um ponto de vista meramente técnico, o jogo tem tanto de bom como de mau, devido às limitações da própria Sega Saturn que não foi de todo um sistema desenvolvido para renderizar gráficos 3D de alta qualidade. Tal como nos outros Panzers da Saturn, o jogo tem os seus melhores momentos naquelas áreas mais abertas. Outras, particularmente as aldeias e vilas que vamos explorando, ficam bastante aquém das expectativas com cenários com muito poucos polígonos. O jogo tem também algumas cutscenes em CGI mas sejamos honestos, a qualidade dessas CGI estão longe do que a Squaresoft nos habituou nessa época. Passando esses aspectos mais técnicos, vamos ao que interessa: Este jogo é fantástico na sua direcção artística. O mundo de Panzer Dragoon sempre foi bastante bizarro e esotérico com todas as suas ruínas antigas e a estranha tecnologia e criaturas que os acompanham. E nisso este Saga marca muitos pontos! A narrativa está também bastante boa, apesar de ser um jogo mais curto que outros RPGs seus contemporâneos, a história vai-se mantendo sempre interessante, apesar de por vezes não ser muito claro o que temos de fazer para progredir, mesmo não havendo assim tantos locais para explorar. De resto todos os diálogos são acompanhados de voice acting, o que é algo notável para um RPG da época. Tirando algumas cutscenes em CGI, cujos diálogos são falados naquele dialecto estranho e especialmente criado para esta série, os restantes diálogos são narrados em japonês, com legendas a acompanhar. A banda sonora é outro ponto muito forte deste jogo. Temos músicas calmas e ambientais (o tema Water Ruins é simplesmente hipnótico), outras mais orquestrais e outras até com um toque de electrónica. No fundo, é uma banda sonora bastante cinemática e que se adequa perfeitamente à narrativa e às diferentes zonas que vamos explorando.
O jogo é curto mas felizmente a narrativa vai sendo sempre interessante.
Portanto este Panzer Dragoon Saga revelou-se uma excelente surpresa. É de facto um RPG bastante interessante, não só pela originalidade do seu sistema de combate e mecânicas de jogo como um todo, mas também pela sua história e direcção artística. Se há jogo que precisa de um remake a sério, não é nenhum The Last of Us, Resident Evil ou Assassin’s Creed… É este jogo! Toda a direcção artística, lore e misticismo que criaram nesta série, merece sem dúvida um remake de alta qualidade! Para além da escassez que são as versões Saturn ocidentais… A Sega até agora nunca teve muito interesse em que isso se concretizasse. Em 2020 um pequeno estúdio lançou, com o aval da Sega, um remake do primeiro Panzer Dragoon, que eu planeio comprar em breve. Aparentemente o remake do segundo está em desenvolvimento e espero que isso seja motivo para a Sega lembrar-se que tem esta pérola no seu catálogo à espera de ser revisitada.
A parceria entre Michael Jackson e a Sega não é nenhum segredo e este Moonwalker é provavelmente a primeira interacção entre o artista e a empresa nipónica que surge precisamente no auge da sua popularidade. Moonwalker é originalmente um filme de Michael Jackson lançado em 1988 que eu nunca vi, mas em 1990 a Sega lança um jogo arcade sobre o mesmo. É essencialmente um jogo de acção isométrico. Mais tarde, no mesmo ano (ou em 1991 no caso dos territórios PAL) a Sega lança também um Moonwalker para os seus sistemas da época: a Master System e Mega Drive, que por sua vez são versões bem distintas do original arcade. Já cá trouxe no passado a versão Master System, pelo que irei focar nas diferenças desta versão. E o meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Setembro por 5€.
Jogo com caixa, manual e catálogo/póster
Ora tal como as outras versões este jogo é baseado no filme de 1988, onde Michael Jackson tem de salvar uma série de crianças das garras do vilão Mr. Big. Ora em retrospectiva, fazer um filme (e posteriormente videojogos) onde o Michael Jackson “salva” crianças provavelmente não seria a melhor ideia de sempre, mas adiante. Tal como na versão 8bit este é então um jogo de acção/plataformas onde teremos de explorar uma série de distintos cenários (os mesmos que na versão MS) e procurar crianças escondidas na maior variedade de locais: por detrás de portas, janelas, em cavernas, dentro de caixotes do lixo, em malas de carros, etc. Tudo isto enquanto combatemos uma série de inimigos que vão surgindo infinitamente. Uma vez encontradas todas as crianças, surge um macaco que se coloca às nossas cavalitas e nos indica o local do boss do nível. Quando lá chegamos, na verdade temos não um boss, mas uma série de inimigos para derrotar.
O jogo até que possui um bom nível de detalhe para 1990, mas é pena que muitos dos cenários sejam bastante escuros
O que nos leva a falar da jogabilidade e esta é um pouco diferente da versão Master System, pois apesar de termos as mesmas habilidades, a maneira como as podemos usar é diferente. Aqui o jogo utiliza o esquema de 3 botões da Mega Drive com as configurações por defeito a usarem o botão C para saltar, B para atacar e A para usar habilidades especiais. B ataca com socos ou pontapés que, dependendo de quão cheia estiver a barra de vida de MJ, poderão lançar ou não também uns pozinhos mágicos que extendem o seu alcance. A barra de vida é partilhada também com a barra de “magia”, onde pressionando o botão A desencadeia algumas dessas habilidades especiais. Aliás, a duração do tempo em que mantemos o botão A pressionado é que define quais as habilidades a usar. Inicialmente MJ faz uma pirueta que causa dano aos inimigos na sua proximidade, o ataque seguinte consiste em MJ atirar o seu chapéu para a esquerda ou direita, servindo assim de arma e por fim, o último ataque é uma dança. Sim, uma dança que obriga todos os inimigos no ecrã a dançarem compulsivamente com MJ e depois sofrerem bastante dano. Mas como referi acima, usar cada uma destas habilidades também consome alguma da barra de vida, com o ataque mais poderoso a consumir metade. Na versão Master System, para usar algumas destas habilidades teríamos de apanhar alguns power ups para o efeito.
Por os inimigos todos a dançar em uníssono e de forma compulsiva pode ter o seu custo elevado, mas é surreal!
Mas há mais a ter em conta. Ocasionalmente quando libertamos algumas crianças desce um meteorito do céu. Se o apanharmos, então MJ transforma-se num robot que lhe permite voar, disparar raios laser ou mísseis teleguiados, embora estes últimos também consumam da sua barra de vida. De resto não temos qualquer power up nesta versão, com a barra de vida de MJ a regenerar gradualmente com cada criança salva. O último nível já tem mecânicas de jogo completamente distintas. Aqui aparentemente pilotamos, na primeira pessoa, uma nave em pleno espaço onde teremos várias naves inimigas para destruir, particularmente a que contém o vilão principal.
Nalgumas circunstâncias especiais podemo-nos tornar num robot poderoso e com diferentes habilidades, para além a de localizar todas as crianças escondidas
A nível audiovisual é um jogo interessante. As músicas são, naturalmente todas retiradas da discografia do artista, podendo ouvir temas como Smooth Criminal, Beat It ou Billie Jean e a qualidade do som não ficou nada má. Os efeitos sonoros já não são tão bons. Por um lado temos os vários gemidos característicos do MJ e outras vozes digitalizadas, por outro lado alguns efeitos sonoros ficaram bem aquém do esperado. Por exemplo, em alguns níveis vamos combater alguns cães e se por um lado eu estava à espera de ouvir um latido digitalizado, ou algo que se aproximasse disso, ouço antes um outro efeito sonoro muito fraquinho. De resto a nível gráfico é um jogo interessante. Os níveis vão sendo variados com cenários bem detalhados, pelo menos para um jogo de 1990, embora sejam um pouco escuros de mais, por vezes. As animações de MJ estão muito boas, o que no caso dele devido a ter sido um artista que prezava muito as suas coreografias, as animações aqui introduzidas conduzem bem esse espírito. Até os ataques como socos e pontapés parecem movimentos de dança! Então quando activamos o ataque da dança e vemos MJ mais uma carrada de inimigos a dançarem a mesma coreografia em uníssono é impagável!
O último nível já é quase um simulador espacial, por esta não estava à espera
Portanto este Michael Jackson’s Moonwalker é um jogo interessante. Não só pela inédita parceria entre a Sega e o próprio artista (que viria a dar mais frutos ao longo dos anos seguintes), mas também pela maneira em que a Sega conseguiu criar um videojogo com alguma originalidade nas suas mecânicas de jogo. Uma outra curiosidade a apontar é que existem diversas versões deste jogo em circulação na Mega Drive. A música Thriller era para ter sido incluída na íntegra neste jogo, mas como a mesma não foi escrita pelo MJ, a Sega decidiu removê-la caso viessem a ter problemas de copyright. No entanto, quando usamos o ataque especial da dança, trechos da Thriller podem ser ouvidos durante as coreografias. As versões mais recentes do jogo já não incluem esses trechos também.
Lançado originalmente nas arcades pela Taito em 1989, este Cadash é um action RPG que aparentemente permitia jogo cooperativo com até 4 jogadores, com duas máquinas arcade ligadas entre si. Em 1991 chega a primeira conversão para uma consola doméstica, esta mesma versão para a PC Engine, que recebeu inclusivamente, no mesmo ano, uma versão norte-americana localizada pela Working Designs. Sim, a mesma empresa que localizou muitos JRPGs e outros jogos de nicho, embora a esmagadora maioria infelizmente nunca tenha saído do solo Norte Americano, como foi o caso dos Lunars, Popful Mail ou Albert Odyssey da Saturn. O meu exemplar foi comprado algures em Julho em bundle a um particular, custou-me cerca de 40€.
Jogo com caixa e manual embutido na capa
A história segue o cliché habitual. O jogo decorre num mundo de fantasia medieval e eventualmente lá surge um vilão que rapta uma princesa. Nós representamos um aventureiro genérico que recebe a tarefa de resgatar a princesa e derrotar a besta que a raptou. Enquanto a versão arcade poderia permitir multiplayer até 4 jogadores, esta versão PC Engine permite apenas 2 jogadores em simultâneo, embora sinceramente não o tenha experimentado. Ainda assim, antes de começarmos a aventura temos a hipótese de escolher uma de 4 personagens distintas para representar: o guerreiro, o típico bárbaro musculado com muita força física e que ataca com uma espada, porém não é o mais ágil nem pode usar magia. O feiticeiro por outro lado é mais fraco fisicamente, mas pode aprender e usar vários feitiços. A “priestess” (é estranho usar a palavra padre no feminino) que apesar de ser fraca fisicamente, ataca com uma espécie de chicote à lá Simon Belmont, tendo assim um alcance considerável e tem também a vantagem de aprender feitiços regenerativos. Por fim a última classe é um ninja, que é ágil e ataca com projécteis. A curandeira é de longe a personagem mais acessível para se jogar devido ao longo alcance da sua arma (que pode inclusivamente ser usada para atacar na diagonal) e pelos seus poderes regenerativos. O ninja com a possibilidade de atirar projécteis rapidamente também dá jeito! O guerreiro e o feiticeiro são talvez as classes mais difíceis de jogar, pelo menos no início. O guerreiro é forte fisicamente mas o seu ataque de curto deixa-nos muito a jeito para sofrer dano. O feiticeiro é fraco e a sua arma tem um alcance ainda mais curto. É certo que eventualmente iremos desbloquear feitiços poderosos, mas esses têm também um custo, para além que usar magia não é tão simples e directo como atacar normalmente.
Antes de iniciarmos a aventura podemos escolher representar uma de quatro personagens, cada uma com as suas vantagens e desvantagens
A nível de jogabilidade as coisas são relativamente simples: um botão salta, o outro ataca. Mas como fazemos para o feiticeiro ou a curandeira para activarem os seus feitiços? Bom, temos de manter o botão de ataque pressionado que surge no ecrã uma janela onde poderemos seleccionar o feitiço a usar, que será despoletado assim que larguemos o botão. E que outras mecânicas de RPG temos? Bom, ao matar monstros ganhamos dinheiro e experiência, que por sua vez nos faz subir de nível e eventualmente aprender novas habilidades. O dinheiro poderá ser utilizado em lojas para comprar itens de conveniência como poções ou antídotos (que são usados automaticamente se estiverem em nossa posse), ou para dormir em estalagens para recuperar os pontos de vida (e mana) da nossa personagem. Claro que também teremos lojas que vendem equipamento como novas armas, armaduras ou acessórios para cada classe. E sim, todas estas lojas estão em aldeias repletas de NPCs com os quais podemos (e devemos) interagir. A versão arcade tinha ainda um tempo limite, o que é normal pois nas arcades o que interessa é que os jogadores continuem a debitar moedas. Felizmente esta versão não tem isso, pelo que podemos (e uma vez mais devemos) perder algum tempo a fazer grinding de experiência e tornar as nossas personagens o mais fortes possível rapidamente. Até porque apenas temos uma vida e nenhum continue! Caso jogássemos com um amigo, o jogador sobrevivente tem sempre a hipótese de ressuscitar o amigo nas aldeias.
Os inimigos fazem respawn constante e devemos aproveitar isso para ganhar o máximo de experiência e dinheiro possível
Visualmente é um jogo bem apelativo e muito convincente para uma PC-Engine, particularmente notando que é um jogo que corre em HuCard. As zonas que exploramos vão sendo variadas entre si nos seus cenários, que nos levam a castelos, aldeias, cavernas, florestas entre outros locais como um cemitério repleto de zombies que até têm algum gore quando são derrotados. Os níveis rapidamente ficam é bastante labirínticos e obrigam-nos a algum backtracking, mas podia ser pior. As personagens são bem detalhadas e gosto do detalhe das suas sprites modificarem quando equipamos novo equipamento. Os inimigos são também bem detalhados e animados, particularmente os bosses que tipicamente são imponentes. E é também um jogo bastante colorido! Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e as músicas são também agradáveis. Ambos cumprem bem o seu papel.
Os cenários por vezes possuem alguns detalhes deliciosos, como é o caso destas estátuas.
Portanto este Cadash foi um jogo que me surpreendeu bastante pela positiva. É um RPG de acção algo ligeiro nas suas mecânicas de jogo e curo, ambas em virtude das suas raízes arcade, mas a sua execução técnica, aliado à variedade de classes com as quais podemos jogar, tornam este um óptimo jogo. Convém também referir que em 1992 sai uma conversão para a Mega Drive que se fica apenas pelos Estados Unidos. Esta versão apesar de ter mais efeitos de parallax scrolling, sprites maiores e algum melhor detalhe gráfico no geral, acaba por perder para a versão PC-Engine. Não só esta versão é mais colorida, tornando-a bem mais agradável apesar de perder alguns detalhes, mas a versão da Mega Drive inclui apenas suporte para o guerreiro e feiticeiro, descartando por completo duas classes que são até bem agradáveis de se jogar.
Tempo de voltar à Sega Master System para um jogo de plataformas que não é lá muito conhecido. A série The Ottifants é uma série de animação germânica, produzida por um comediante alemão aparentemente conhecido no sue país. E essa série deve ter tido um sucesso considerável nos anos 90 visto que acabaram por ser produzidos videojogos para pelo menos os principais sistemas da Sega em 1993: a Mega Drive, Game Gear e claro, na Europa a Master System ainda tinha uma presença de mercado considerável. E é justamente essa versão que cá trago hoje, que ironicamente foi comprada numa loja alemã aquando da minha visita a Munique no Outubro passado. Custou-me cerca de 11€ e está como nova.
Jogo com caixa e manual
Eu não conheço a série dos The Ottifants, mas a história até tem o seu quê de originalidade. Nós encarnamos no jovem elefante Bruno, que acha que o seu pai foi raptado por extraterrestres. Mas não, o pobre coitado está só a trabalhar até mais tarde no escritório. Mas Bruno quer reencontrar-se com o seu pai e segue então um rasto de doces que este deixou até ao seu trabalho e iremos assim atravessar diferentes cenários como a sua casa, uma cave, zonas em construção, etc. A diferença é que esses locais estão repletos de perigos e diferentes inimigos mas, de acordo com o manual, tudo isso está na imaginação fértil de Bruno.
Apanhando conjuntos de 3 gelados coloridos, desbloqueamos diferentes efeitos temporários
Os controlos são simples, com um botão para saltar e o outro para que Bruno dispare projécteis (doces) da sua tromba. Alguns inimigos são também susceptíveis a dano caso lhes saltemos em cima. Para além disso, mantendo o botão de ataque pressionado faz com que Bruno aspire objectos com a sua tromba. Pressionando outra vez o mesmo botão, faz com que disparemos esses objectos de volta. Isto é ocasionalmente necessário para aspirar certos blocos que nos sirvam posteriormente de plataforma e ultrapassar alguns obstáculos, ou simplesmente usá-los como arma de arremesso para o combate. Acho que são mecânicas de jogo interessantes e que poderiam eventualmente ter sido melhor exploradas do que foram.
Coleccionar estes ursinhos é mandatório para conseguirmos desbloquear a saída do nível
De resto, é claro que sendo este um jogo de plataformas europeu, o que não faltam são itens e power ups para apanhar. Os mais comuns são as típicas gomas em forma de urso que nos aumentam a pontuação de cada vez que apanhamos um. O problema é que, para conseguir saír do nível actual, temos de apanhar um número mínimo destes itens caso contrário o portal de saída não se activa. Biberons de leite regeneram a nossa vida e ocasionalmente vemos também umas folhas de papel a caírem suavemente pelo ecrã. Estas são na verdade páginas de algum relatório em que o pai de Bruno está a trabalhar e se queremos chegar ao melhor final, teremos de as apanhar todas. Os outros itens mais comuns são gelados coloridos e aí é que entra outro sistema interessante pois a cada 3 gelados que apanhemos desbloqueamos prémios diferentes. Caso apanhemos 3 gelados vermelhos seguidos, todos os inimigos ficam congelados no ecrã durante algum tempo. Caso sejam verdes ganhamos velocidade adicional, caso sejam amarelos podemo-nos transformar num super elefante e voar temporariamente. Mas caso façamos misturas de cores, poderemos ainda ter outro tipo de habilidades como ficar temporariamente invisível, destruir todos os inimigos presentes no ecrã ou multiplicadores de pontos.
No final de cada conjunto de níveis temos sempre um boss para enfrentar
Visualmente é um jogo bastante colorido e com níveis bem distintos entre si. O primeiro é uma casa cheia de brinquedos e que sinceramente até me fez lembrar um pouco o James Pond II: Robocod. Em seguida passamos para os subterrâneos com níveis naturalmente mais escuros, depois para um arranha céus em obras e os últimos níveis já são escritórios (se bem que se parecem tudo menos isso) e uma selva. Todos possuem um bom nível de detalhe e com inimigos distintos entre si. Já as músicas, bom, são mesmo aquelas típicas de estúdios do Reino Unido que programavam para sistemas 8bit. Não são própriamente más, mas temos apenas duas músicas que iremos ouvir ao longo de todo o jogo: uma para os níveis normais, outra para os bosses. Poderia então haver uma maior variedade.
Portanto este é então um jogo de plataformas minimamente competente, com algumas boas ideias, como a dos power ups que serão diferentes mediante a cor dos gelados que vamos apanhando, ou a possibilidade de sugar e expelir objectos com a tromba do elefante, embora sinceramente acho que esta poderia ter sido bem melhor aproveitada. A versão Game Gear parece-me idêntica, já a da Mega Drive é naturalmente superior do ponto de vista técnico. Mas já vi vários comentários a indicar que a versão 8bit tem uma melhor jogabilidade!