Mais uma rapidinha no PC, desta vez para um jogo que o GOG ofereceu há uns tempos, o Cayne. Depois de o ter jogado e ler um pouco mais sobre o jogo é que me apercebi que o mesmo continua gratuito, tanto no GOG, como no Steam. E aparentemente este jogo era para ser um DLC/expansão de Stasis, a sua prequela, mas acabaram por o lançar de forma stand-alone e torná-lo gratuíto!
E tal como o Stasis, que não conhecia de todo, este Cayne é também uma aventura gráfica point and click, com uma temática sci-fi, terror e muito gore. Nós controlamos Hadley, uma rapariga que engravidou “acidentalmente” e desloca-se a uma clínica gerida pela mega corporação Cayne para fazer um aborto. E depois de adormecer no procedimento de anestesia, Hadley acorda numa sala completamente diferente, muito sinistra e com um braço biomecânico gigante prestes a esventrá-la para remover o feto, já com Hadley numa fase de gravidez avançada. E então lá teremos de lutar pela nossa sobrevivência e à medida que vamos progredindo no jogo, vamo-nos também apercebendo de todas as experiências que andavam por ali a fazer.
A perspectiva isométrica até que funciona bem. E o gore está muito bem conseguido!
A nível de mecânicas de jogo, esta é uma aventura gráfica do estilo point and click, ou seja, onde com o ponteiro do rato não só indicamos os locais para Hadley se mover, bem como vamos interagindo com os cenários e coleccionando itens. Vamos ter alguns puzzles para resolver, bem como muitos itens para apanhar e eventualmente combiná-los entre si no inventário, para que depois possam ser usados de forma a ultrapassar algum obstáculo.
Como é habitual neste tipo de jogos, podemos aceder a um inventário que nos permite examinar, usar e combinar objectos
Já visualmente é um jogo interessante na medida em que todos os cenários são apresentados numa perspectiva isométrica, algo que aparentemente já acontecia no Stasis. E sendo um jogo sci-fi esperem por cenários futuristas, mas também com muito gore à mistura. Tendo em conta que escolheram uma perspectiva isométrica, graficamente o jogo está bem conseguido e com um look moderno. Ocasionalmente teremos também algumas cutscenes em CGI, mas essas infelizmente já não ficaram tão boas quanto o resto. Uma das coisas que mais gostei, para além daquele gore asqueroso na simbiose de carne e máquina, foi mesmo o voice acting. Não há assim tantas personagens (vivas) com as quais vamos interagindo, mas uma ou outra acabou por me surpreender pela positiva.
De resto é um jogo curto! Mas tendo em conta que é gratuito, acho que ninguém se pode queixar mesmo. Para os fãs de sci fi, terror e aventuras gráficas, dêm-lhe uma oportunidade! Eu pessoalmente fiquei entusiasmado para um dia jogar o Stasis, algo que farei assim que o encontrar numa boa promoção.
O jogo que vos trago hoje é um título indie de aventura na primeira pessoa que me surpreendeu bastante! Com a premissa de passar num passado distópico e retro-futurista, onde na segunda-guerra mundial o Japão conseguiu conquistar uma boa parte da américa do Norte e o clima de guerra fria está ao rubro, com espiões por todo o lado. Nós encarnamos precisamente num desses espiões, o Polyblank, que foi enviado por correio para uma agência secreta que nos dará uma série de missões. O meu exemplar digital do steam foi comprado seguramente nalgum indie bundle a um preço muito convidativo, mas já não me recordo quando.
A primeira missão que recebemos é a de invadir o consulado soviético e recolher documentação importante de um laboratório secreto, mas temos, a qualquer momento, liberdade total de explorar os níveis à nossa volta, algo que recomendo vivamente que o façam. É que este Jazzpunk é dos jogos mais bizarros e bem humorados que tive o prazer de jogar. Para terem uma noção do nonsense que teremos pela frente, quando conseguimos finalmente nos infiltrar no consulado soviético e para ultrapassar o sistema de segurança que de reconhecimento facial que abre uma certa porta, poderemos fazer uma de duas coisas: ou pegamos no quadro de alguém importante que está pendurado numa parede lá perto e o sistema deixa-nos passar, ou, de uma forma mais criativa, tiramos uma fotocópia ao nosso rabo e usamos essa foto. O sistema reconhece a foto como sendo o Dr. Buttley e deixa-nos entrar! Esse é apenas um dos exemplos dos puzzles e diálogos surreais que temos pela frente, sempre com temáticas cliché de filmes de espiões dos anos 60!
Os diálogos (e objectivos de cada missão) são apresentados de uma forma muito interessante!
Para além disso, existe imenso conteúdo adicional que apenas conseguimos descobrir se explorarmos bem cada nível. E inúmeras referências a outros videojogos, muitas vezes na forma de mini-jogos, sendo que a maioria destes são completamente opcionais e só os encontramos após alguma exploração. Space Invaders, Frogger, Wave Race 64 ou até o Mario’s Tennis da Virtual Boy são apenas alguns dos exemplos. Ou a sátira do Quake, com a temática de casamentos (Wedding Cake, é o nome do jogo).
Tantos trocadilhos deliciosos!
A nível audiovisual esperem por um jogo simples. Pensem em cartoons dos anos 50/60, com personagens não mais detalhadas do que personagens de um South Park ou Minecraft. Os diálogos são hilariantes com bom voice acting e as músicas vão sendo também algo variadas entre si. Mas se conseguem imaginar uma banda sonora tipo as dos filmes do Austin Powers, já dá para ter uma ideia.
Existem inúmeras referências a outros videojogos, incluindo mini-jogos de cenas tão obscuras como a Virtual Boy
Portanto este Jazzpunk foi uma óptima surpresa. É um jogo curto, mas todo o seu bom humor, bizarrices e surrealismo da história e das personagens com as quais vamos interagindo, bem como as inúmeras referências a outros videojogos, tornam este Jazzpunk numa experiência altamente recomendável.
Vamos voltar à Playstation 2 para uma interessante compilação que infelizmente não chegou a sair cá na Europa, pelo menos na PS2, já que a Xbox a recebeu, vá-se lá entender o porquê. Mas o que traz aqui? Bom, um dos jogos é o Hyper Street Fighter II, que nós chegamos a receber em standalone e eu já cá o trouxe também ao burgo. Talvez por termos antes recebido este Hyper Street Fighter II em separado não chegamos a ter o 3rd Strike? Quem sabe… no Japão ambos os jogos receberam lançamentos separados. Este artigo irá então forcar-se unicamente no Street Fighter III 3rd Strike e o meu exemplar veio dos Estados Unidos há uns valentes meses atrás, por cerca de 12 dólares mais portes, se bem me recordo.
Jogo com caixa e manual, versão norte-americana
Ora o Street Fighter III 3rd Strike é, como o nome indica, a terceira versão do Street Fighter III, que adiciona umas quantas novidades, a começar por novas personagens jogáveis. A Chun-Li é a única personagem “antiga” que retorna, mas teremos aqui mais algumas caras novas como a Makoto, Remy, Twelve (mais uma criatura estranha) e o enigmático Q. Já no que diz respeito à jogabilidade, a principal novidade desta iteração está na introdução dos Guard Parry, uma técnica que nos permite deflectir combos, após bloquear pelo menos um dos seus primeiros golpes. Naturalmente que o timing tem de ser bastante preciso! Para além disso, no final de cada combate a nossa performance é avaliada e se formos excepcionais (não perder nenhum confronto, terminar uns quantos rounds com Super Arts) vamos encontrar o Q como mini-boss. No que diz respeito aos mini jogos, para além do mini jogo de deflectir bolas atiradas pelo Sean, temos antes um outro mini jogo mais clássico, o de destruir um carro dentro de um tempo limite. De resto, no que diz respeito aos modos de jogo, as coisas são simples, com o modo arcade, o versus e um modo de treino. Interessante de referir também que teremos acesso às System Directions, onde poderemos customizar muitos dos parâmetros do sistema de combate.
O mini-jogo de destruir um carro está de volta!
Já no que diz respeito aos audiovisuais, sinceramente fiquei um pouco desiludido. Continua a ser um jogo excelente, principalmente no que diz respeito aos detalhes das personagens e as suas animações fluídas (as pernas da Elena são hipnóticas). No entanto, os cenários, apesar de serem inteiramente novos (pois este jogo é considerado uma sequela do 2nd Impact, enquanto esse é uma revisão do New Generation), devo dizer que os achei uns bons furos abaixo das versões anteriores. São cenários bonitos, mas falta-lhes a vida e animação em background que existem nas primeiras versões do SFIII. A banda sonora é também ainda mais eclética, com música electrónica, jazz, algum hip-hop e ocasionalmente algumas músicas a roçarem o rock. Nem todas as músicas agradam-me, confesso, mas o que estranho mais é que muitas músicas nem sequer condizem minimamente com a atmosfera que o jogo tenta passar em alguns momentos. Por exemplo, imaginem um combate épico contra o Akuma, num cenário todo tenebroso e ouvimos uma música meio jazz e electrónica, mas com uma toada algo alegre…
A Chun-Li é a única cara “nova” conhecida a regressar no 3rd Strike
Portanto este Street Fighter III 3rd Strike é mais um excelente jogo de luta, com uma jogabilidade bem fluída, sólida e com complexidade suficiente para exigir muitas horas de treino. No entanto reafirmo, a nível audiovisual, prefiro de longe os dois primeiros lançamentos. Já no que diz respeito à compilação Street Fighter Anniversary Collection em si, é interessante e é pena que não tenha saído cá na Europa. Aparentemente a versão Xbox tinha suporte online e talvez a Capcom não se queira ter dado ao trabalho de incluir o mesmo na PS2. De qualquer das formas é uma pena pois seria uma alternativa mais barata à versão de Dreamcast. Mas a Capcom redimiu-se ao lançar a compilação Street Fighter 30th Anniversary Collection no ano de 2018. Essa compilação traz todos os lançamentos principais (nas suas versões arcade) da saga, desde o primeiro Street Fighter, até este SF III 3rd Strike, incluindo também os Alphas. Será certamente uma compilação que irei comprar quando a encontrar a um bom preço.
Vamos voltar à Mega Drive e para mais um dos muitos shmups que existem na sua biblioteca. Desenvolvido pela Toaplan originalmente para as arcades, a PC-Engine e a Mega Drive acabaram por receber uma conversão. No caso da Sega, é ainda um título relativamente do início do ciclo vida dessa plataforma, pelo que não esperem por um jogo visualmente tão apelativo quanto outros shmups que a Mega Drive viria ainda a receber. Mas é um jogo bastante desafiante e com algumas particularidades que vale a pena falar. O meu exemplar é, até ao momento, a sua versão japonesa Tatsujin que comprei no mês passado numa loja no Norte por 30€. Um dia que arranje a versão PAL a um bom preço irei actualizar este artigo também. Edit: e tal acabou por acontecer! Um amigo meu trouxe-me um exemplar europeu, completo e em bom estado, que veio originalmente do Reino Unido e custou umas 30 libras.
Jogo com caixa e manual, na sua versão japonesa
Truxton leva-nos uma vez mais a participar numa batalha intergaláctica entre duas forças. Tal como é habitual neste tipo de jogos, a história recai no cliché de um piloto sozinho enfrentar um autêntico exército. O piloto que controlamos é o Tom, que terá de enfrentar o império de Gidan e destruir as suas bases militares, instaladas numa série de asteróides.
Versão europeia, com caixa e manual
E este é um shmup vertical com controlo simples. Os botões A e C servem para disparar a nossa arma primária (embora o C tenha auto-fire activado, pelo que podemos simplesmente deixar o dedo lá pressionado), já o botão B serve para descarregar uma bomba que causa uma explosão ao longo de todo o ecrã, destrói todos os inimigos normais e absorve também todos os seus projécteis. Mas, sendo que estas bombas existem em número limitado, temos de dosear o seu uso. De resto podem contar com os power ups habituais, bem como diferentes armas principais que poderemos apanhar. A arma com a qual começamos (item laranja) é um canhão que dispara projécteis em 3 rajadas ligeiramente dispersas, mas poderemos apanhar um item verde que nos muda a arma para um canhão ainda mais poderoso, cujos projécteis atravessam os inimigos, ou um item azul que activa uma arma que dispara raios eléctricos que se “colam” aos seus alvos. Os outros itens que poderemos encontrar são as tais bombas especiais, cujos ícones têm a letra B. Os itens com a letra S servem para melhorar a agilidade da nave e os que contém a letra P servem para aumentar o seu poder de fogo. Outros itens que podemos também apanhar são vidas extra.
Como seria de esperar, vamos encontrar vários power ups. Estas armas na forma de um raio, quando melhoradas ao máximo, disparam 5 raios em simultâneo que causam dano contínuo no alvo que apanharem
Mas a parte da evolução da nossa nave é que é um dos conceitos mais interessantes. As armas primárias começam com o nível 1, mas quando coleccionarmos 5 itens de power up, as mesmas evoluem para o nível 2, aumentando o seu poder de fogo. Já ao coleccionar mais uns 10 itens de power up, as armas evoluem para o nível 3, com ainda mais canhões a serem usados e no caso do spreadshot, as options que nos acompanham ainda activam um precioso escudo, cada vez que disparamos. Mas desenganem-se os que pensam que basta manter este power up activo e o auto fire e está feito… o escudo não nos protege dos projécteis, mas sim das naves inimigas suicidas, que ainda são bastantes nalguns níveis. De resto, é possível ir acumulando itens de power up e é bom que o façamos, pois caso percamos uma vida, se tivermos no nível 2 perdemos 5 itens de power up, caso se estivermos no nível 3 de upgrades, perdemos 10 itens de power up. Se tivermos reservas suficientes, isto pode querer dizer que a nossa nave não sofre downgrade de poder de fogo!
Os bosses são grandes e com padrões de fogo que teremos de memorizar
De resto esperem por um jogo muito exigente. À medida que vamos avançando, os inimigos vão ficando cada vez mais numerosos e agressivos e por vezes os seus projécteis até acabam por se misturar um pouco com os cenários de fundo, o que pode levar a algumas mortes acidentais. Os bosses são gigantes e vão-nos obrigar a memorizar os seus padrões de movimento. Mas assim que derrotamos o boss final, temos direito a uma pequena cutscene só para o jogo começar de novo, agora com Round 2 escrito no ecrã. Uma vez mais derrotado o boss final temos direito a uma cutscene diferente… mas siga para o round 3! E por aí em diante! Para chegar ao final verdadeiro, teremos de passar este Truxton ao longo de 5 runs, cada uma mais desafiante que a outra! Sinceramente acho um exagero, pois para além da dificuldade e cutscenes diferentes, nada muda.
As bombas, para além deste bonito efeito gráfico, causam dano em todos os inimigos presentes no ecrã e absorvem os seus projécteis
A nível audiovisual confesso que estava à espera de melhor. É um jogo muito simples, os cenários alternam entre o espaço vazio e os tais asteróides que vão tendo cores diferentes entre si. A nossa nave e inimigos (tirando alguns bosses) não são lá muito interessantes também. Mas tem alguns bons detalhes como a nave no seu poder máximo e a disparar 5 raios eléctricos que ocupam o ecrã quase todo, ou o facto dos inimigos mais fortes começarem a ter pequenos focos de fogo quando sofrem dano suficiente, ou as explosões das bombas especiais que criam uma caveira gigante no centro do ecrã. As músicas sinceramente não sou um grande fã, mas tendo em conta que as vamos ouvir durante muito, muito tempo (o jogo é desafiante à brava, mesmo com emulação e save states), lá acabam por encaixar um pouco mais no ouvido.
Tempo agora de uma super rapidinha a um jogo que o GOG.com ofereceu há uns meses atrás. Este Wanderlust: Transsiberian é uma visual novel sobre uma viagem no mítico comboio transsiberiano (algo que eu confesso que já ando a pensar em fazer há algum tempo). E depois de ter jogado o Go! Go! Nippon!, até fiquei com alguma vontade de o experimentar.
Mas este Wanderlust não é nada como o Go! Go! Nippon. Obviamente que já esperava que não fosse uma visual novel japonesa, até porque este jogo foi desenvolvido por um estúdio ocidental e tem um aspecto bem mais realista. Mas estava à espera que, tal como no Go! Go! Nippon, o jogo para além de nos deixar levar pela sua narrativa, debitasse muitas informações que pudessem ajudar um eventual turista. E de facto iremos “visitar” algumas localizações na Sibéria, bem como diferentes tipos de comida, mas para além de uma ou outra breve curiosidade acerca do local em questão e eventuais fotos, o foco está mesmo todo na narrativa.
Tirando estas pequenas curiosidades dos locais que visitamos, estava à espera de mais fotos e informação turística!
E essa também não é a melhor, sinceramente. Encarnamos no papel do britânico Henry que, após um acidente que ceifa a vida da sua esposa e leva o seu cunhado Vernon para o hospital, estes decidem fazer uma viagem juntos pelo transsiberiano, não só para esquecer o acidente, bem como reatar laços entre ambos. E sendo esta uma visual novel, teremos muito para ler e decisões para tomar. No canto superior direito temos também alguns campos importantes a ter em conta: o estado de fadiga, stress e a quantidade de dinheiro. Muitas das decisões que vamos tomar irão afectar todos estes valores e algumas alternativas irão também surgir mediante o nosso estado de espírito. O jogo termina-se em cerca de uma hora e, tirando um ou outro contratempo, a história acaba por ser bastante ligeira. Sendo um jogo curto, voltei a jogá-lo e escolher outras respostas alternativas (incluindo a primeira escolha, decidir que percurso de comboio percorrer), mas, tirando um ou outro pormenor, a narrativa acaba sempre por convergir para os mesmos eventos chave, o que é pena.
Portanto vejam este Wanderlust meramente como um jogo que se joga rápido, e uma história que até teria potencial para se tornar mais interessante, mas infelizmente a narrativa parece que nunca vai a lado nenhum. Se tiverem a oportunidade de o obter gratuitamente, porque não? Aparentemente a Different Tales tem mais uns quantos jogos deste tipo, mas sinceramente não fiquei com vontade de os explorar.