145 horas depois, lá terminei esta grande aventura. Há alguns meses atrás decidi finalmente jogar o The Witcher 2 e, mesmo sendo um jogo mais curto que o primeiro, deixou-me também completamente agarrado. Aproveitei o fim de semana prolongado da Páscoa para começar o terceiro, mas não estava mesmo à espera que fosse tão longo. Sendo um RPG open world, teríamos inúmeras sidequests para completar e naturalmente que eu fiz todas as que consegui! E tirando um ou outro tipo de eventos mais aborrecidos (sim, as inúmeras caixas de contrabandistas espalhadas pelos mares de Skellige) devo dizer que adorei todo este tempo passado no jogo. O meu exemplar foi-me oferecido pela minha namorada, já não me recordo se foi em 2015 ou 2016, ou se foi presente de aniversário ou de Natal. Posteriormente comprei também as expansões (que irei abordar separadamente) e a GOG acabou por converter o jogo na sua versão Game of the Year edition para todos os que possuíssem o jogo base e ambas as expansões.

Esta aventura começa pouco tempo após os eventos do último jogo, onde após terem sido levados a cabo uma série de assassinatos a reis de nações do Norte (e com Geralt a ser inicialmente o principal suspeito!), as nações vizinhas tentaram ocupar os países mais fragilizados, levando a conflitos entre todas as nações do Norte. A Sul, o poderoso império de Nilfgaard naturalmente aproveita todo o conflito e instabilidade política para invadir as nações do Norte e tentar expandir o seu império. Também no final do jogo anterior, Geralt acaba por finalmente recuperar a sua memória e recorda-se de Yennefer, o seu primeiro e maior amor, e Ciri, outrora uma criança com habilidades especiais, que acabou por ser sua aprendiz no tempo que passou em Kaer Morhen e que acabou por se tornar a sua protegida. Os três tinham uma relação muito próxima! E o jogo começa precisamente com Geralt e o seu mentor Vesemir, a viajarem a cavalo na província de White Orchard em Temeria, na esperança de encontrarem Yennefer, já que ela lhe tinha enviado uma carta a pedir que se encontrassem pois teria um favor muito especial e urgente a pedir. Pois bem, Yennefer está de momento a trabalhar precisamente para Emhyr, o poderoso imperador de Nilfgaard e também pai biológico de Ciri, que nos pede para encontrar a sua filha a todo o custo. Mas tal tarefa não vai ser fácil, pois Ciri tem sido constantemente perseguida pelas misteriosas forças da Wild Hunt, cavaleiros aparentemente demoníacos e de uma outra dimensão e que deixam um rasto de gelo e destruição por onde passam.

Sem contar com as expansões que irei detalhar em artigos separados (assim que as terminar!), iremos então explorar a tal província de White Orchard, com as suas planícies verdejantes e florestas, mas também a zona bem maior de Velen, igualmente repleta de montanhas e florestas, mas também com imensos pântanos e ruínas de batalhas sangrentas entre as forças de Nilfgaard e de Redania. As cidades de Oxenfurt e Novigrad são os seus principais pontos urbanos, mas teremos também inúmeras outras aldeias e localizações rurais a explorar nessa região. As ilhas de Skellige, com uma cultura muito similar à dos vikings (embora os seus habitantes tenham um sotaque norte-irlandês) e a fortaleza de Kaer Morhen e suas montanhas envolventes serão também outras regiões a explorar. Ao longo do jogo, para além das quests principais, teremos bastantes quests secundárias, que tipicamente, na sua maioria, servem para enriquecer melhor aquele universo e o de algumas das personagens importantes que iremos interagir ao longo da aventura. Mas sendo este um jogo open world, iremos também encontrar espalhados pelo mapa inúmeros pontos de interesse com eventos que tipicamente nos recompensarão com algum loot valioso. E claro, os habituais witcher contracts, que nos levam também a combater algumas criaturas poderosas.

E tal como os seus predecessores, este é um action RPG com um sistema de combate bastante dinâmico e muito similar ao introduzido pelo Witcher 2. Aqui temos na mesma o mesmo tipo de magias, os mesmos conceitos das espadas de aço e de prata (estas últimas para enfrentar as criaturas sobrenaturais). O crafting está também de regresso, tanto de armas, armaduras, bombas, ou de poções e óleos para aplicar nas espadas. A grande diferença no crafting, e sem dúvida uma mudança mais “cómoda”, é que criando uma poção, óleo ou bomba uma vez com todos os reagentes necessários, não é necessário voltar a usar todos os ingredientes para criar mais, logo não precisamos de carregar reagentes às dezenas no inventário. Basta ter álcool forte e meditar, quanto mais não seja por uma hora, para as poções, óleos e bombas que tenhamos criado anteriormente serem restabelecidas. Ainda no que diz respeito ao crafting, as armadilhas que poderíamos criar em jogos anteriores ficaram de fora desta vez. Outra das novidades introduzidas neste jogo é que as armas e armaduras têm desgaste com os combates, podendo inclusivamente partir. Lá teremos então de vez em quando de ir aos ferreiros para reparar o equipamento, bem como carregar alguns kits de reparação, pelo sim pelo não, ou mesmo armas suplentes! E sendo este um jogo de natureza open world, outras novidades como a de montar cavalos ou conduzir barcos e usar um sistema de fast travel foram também muito benvindas.

A nível técnico é um jogo muito bom, pelo menos para os padrões de 2015. O mundo apresentado possui um óptimo nível de detalhe, desde a vegetação bem detalhada a abanar com o vento, as aldeias pobres com casas de madeira e telhados de palha, as cidades medievais sempre patrulhadas por guardas, mas também com bandidos à espreita em cada esquina, o ciclo de dia e noite, diferentes condições atmosféricas… só quando era pleno dia e estava mau tempo é que, pelo menos no meu PC, o mundo à nossa volta ficava bem mais escuro do que uma noite com luar, o que já não achei tão realista assim. As personagens são todas bem detalhadas, desde o soldado ou camponês mais genérico, bem como as personagens mais importantes. Aliás, isso já era algo que também acontecia no Witcher 2. O voice acting é bastante competente, com múltiplos diferentes sotaques de inglês a serem ouvidos dependendo da região que visitamos, mas também a língua dos elfos é ocasionalmente escutada. As músicas são na sua maioria temas mais acústicos, muitos bastante relaxantes, mas com músicas mais épicas e tensas durante os combates ou acontecimentos chave na história.
Mas é, uma vez mais, pela narrativa adulta que a série The Witcher se demarca de muitos outros RPGs. Sempre considerei estes jogos como uma espécie de Guerra dos Tronos, não só pelo seu setting medieval e fantasioso, pelo sexo, pela violência e atrocidades que íamos testemunhando, mas também, e acima de tudo, pelas tramas políticas e conspirações que acabamos por ser envolvidos. Tal como os seus predecessores, este é um jogo onde vamos tendo várias opções nos diálogos. Por vezes conseguimos evitar conflitos ao hipnotizar ou subornar os intervenientes, já noutras vezes as decisões que tomamos podem influenciar bastante o desenrolar da história. E as escolhas que temos que fazer muitas vezes não são moralmente fáceis de tomar, pois por vezes temos de optar por um de dois males. São escolhas difíceis numa escala de cinzento, e o facto de algumas dessas escolhas terem um tempo limite (à lá Walking Dead da Telltale) também não ajuda. Existem 3 finais principais que poderemos alcançar, e por principais refiro-me ao destino da Ciri no final do jogo, já que existem também outras variáveis que afectarão o mundo à nossa volta, nomeadamente o destino dos reinos do Norte, do império de Nilfgaard e das ilhas Skellige. Veremos como a história se desenrolará no futuro, caso a CD Projekt Red eventualmente produza alguma sequela. Sinceramente gostei da forma como as nossas escolhas no jogo anterior se reflectiram neste jogo, mas estou especialmente curioso como a CD Projekt Red fará nalguma eventual sequela.
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