Vamos voltaar a mais um jogo da Master System, desta vez não é uma rapidinha a um título desportivo, mas sim uma adaptação a um muito conhecido jogo de tabuleiro, o Trivial Pursuit, que visa em testar os nossos conhecimentos de cultura geral. Esta adaptação para a Master System, possui algumas falhas, mas não deixa de ser um título interessante. O meu exemplar foi comprado numa loja online algures em Março, creio que me custou uns 7€.
O Trivial Pursuit é um jogo de tabuleiro que deveria dispensar apresentações. Múltiplos jogadores (até um máximo de 6) podem participar, começando do centro do tabuleiro e vão percorrendo as restantes casas consoante o valor que lhes sair nos dados. Se caírem numa casa colorida, terão de responder a uma pergunta de cultura geral da área respectiva àquela cor, como geografia, história, arte e literatura, ciência, ou desporto. Acertando na pergunta temos direito a jogar uma vez mais, ou caso calhemos numa casa sem cor também poderemos jogar novamente. As casas mais importantes são as que ficam nas intersecções do círculo exterior com as outras linhas que cruzam no centro. Cada uma destas casas nos permite responder uma vez mais a uma pergunta de cultura geral associada ao tema/cor da mesma, mas se acertamos, ganhamos um “queijinho”. A ideia é recolher queijinhos de todos os temas e depois conseguir chegar novamente ao centro do tabuleiro e o primeiro que o fizer, ganha o jogo.

Muitas destas questões são direccionadas ao público britânico e geralmente a eventos das décadas de 70 e 80
Agora esta implementação da Master System, apesar de ser um jogo que nos permita jogar apenas com 1 jogador, é nitidamente um jogo feito a pensar em jogar em família. Em primeiro lugar, porque mesmo jogando sozinhos o jogo não coloca nenhuns bots a responder aleatoriamente a perguntas para competir connosco, mas a maneira como a Domark implementou o sistema de perguntas e respostas foi mesmo feito a pensar para se jogar em família ou com alguém a controlar-nos. Imaginem que fazem uma pergunta do género “Qual o primeiro presidente norte-americano que comunicou com os astronautas na Lua?”. Depois temos algum tempo para pensar na resposta (que pode ser customizado nas opções) e uma vez findo esse tempo o jogo pergunta: “A tua resposta foi Nixon?” e aí supostamente temos de ser honestos e dizer se sim ou não. Se acertamos na resposta temos o direito de jogar outra vez, falhando passamos a vez a outra. Ora se estivermos a jogar sozinhos poderemos perfeitamente fazer batota e dizer ao computador que acertamos todas as questões e eventualmente lá ganhamos o jogo. Já se jogarmos com outros jogadores humanos, certamente irá haver aquela pressãozinha social para não aldrabar. Na minha opinião seria mais interessante o jogo apresentar algumas respostas de escolha múltipla, mas compreendo que isso seria adulterar as regras do jogo.

No entanto se seleccionarmos outras líguagens no início do jogo, teremos perguntas direccionadas para esses países
Já no que diz respeito às perguntas… bom, este foi um jogo lançado em 1992, pelo que muitas das questões que vamos ter são relativas a eventos que aconteceram na década de 70 e 80, e muitas dessas perguntas são também mais vocacionadas para o público britânico. Portanto vamos ter imensas perguntas que são muito difíceis para nós respondermos. Mas um detalhe interessante é que me parecem que as perguntas são direccionadas a públicos diferentes consoante a linguagem seleccionada. Depois de ter jogado umas partidas em inglês resolvi experimentar o jogo em espanhol e já vi algumas perguntas mais focadas na cultura dos nuestros hermanos, pelo que assumo que o mesmo aconteça nas outras linguagens, nomeadamente no francês e alemão. Portanto acho que foi interessante a Domark não ter simplesmente traduzido as perguntas vocacionadas para o público britânico (até porque é a nacionalidade da própria empresa), mas terem-se esforçado em incluir perguntas mais vocacionadas para outros povos europeus.
No que diz respeito aos audiovisuais, devo dizer que achei este jogo uma bela surpresa nesse aspecto. Temos um pássaro todo bem vestido a servir de apresentador do jogo, e as suas animações são muito bem conseguidas, assim como os diálogos que vai mantendo connosco. Sempre que nos sai uma pergunta somos levados a uma de várias salas. Para uma pergunta típica somos levados a um escritório repleto de livros, para uma pergunta que envolva música, já somos levados para uma sala de música onde o pássaro irá tocar no piano uma pequena melodia relacionada com a pergunta que nos estão a fazer. Poderão ser melodias tradicionais (como o Frère Jacques), ou pequenos excertos de melodias de filmes conhecidos das décadas de 70 e 80. Outras vezes somos levados a uma sala de cinema onde nos mostram imagens relacionadas com alguma pergunta. Todas estas salas estão bem detalhadas e as músicas, como um todo, são agradáveis.
Portanto sinceramente até achei piada a este Trivial Pursuit, especialmente no cuidado que tiveram na sua apresentação. Jogá-lo hoje em dia acho que é uma perda de tempo, pois o trivia que aqui temos está completamente desactualizado e desajustado com a nossa realidade, mas não deixa de ter sido um jogo interessante para o seu tempo.