O terceiro título da série Ace Combat a chegar à Playstation foi também o último a sair nesta consola. E de certa forma foi uma óptima despedida da Namco em território japonês, mas infelizmente deixou um sabor amargo na sua localização para o Ocidente. É que o lançamento original vem em 2 discos, possuindo uma história bem mais trabalhada, repleta de cutscenes anime, e com variações no progresso do jogo medidante algumas escolhas que possamos fazer à medida que vamos jogando, resultando em diversos finais diferentes. Na versão ocidental muito disto foi cortado, mas entrarei em mais detalhes posteriormente. O meu exemplar algures em Abril do ano passado, numa loja a norte do país. Creio que me custou algo próximo dos 7.5€.
A história retrata um planeta Terra distópico e futurista, onde os governos tradicionais foram ultrapassados por mega corporações que ditam os poderes económicos mundiais. Destas, há 2 gigantes, os colossos General Resources e Neucom, que a certa altura se envolvem em conflitos armados. Nós encarnamos num piloto da UPEO (Universal Peace Enforcement Organization), uma organização independente que procura mediar conflitos armados, e lá teremos uma série de missões onde iremos combater forças de ambos os lados, de forma a tentar alcançar um cessar-fogo. À medida que vamos avançando no jogo deparamo-nos com uma terceira entidade, a verdadeira causadora deste conflito e que manipulou as outras duas a combaterem entre si.
No que diz respeito à jogabilidade, esta não é muito diferente dos Ace Combats anteriores, embora seja mais linear, pois não teremos a hipótese de escolher que missões queremos jogar primeiro, nem “caminhos alternativos” tal como no jogo anterior. Inicialmente um número reduzido de caças disponíveis para usar, mas à medida que vamos progredindo no jogo, iremos desbloquear muitos mais e desta vez não temos de nos preocupar em amealhar dinheiro para os comprar. Alguns caças, como vários MiG ou F18, F16 e Blackbird são inspirados em modelos reais, mas também teremos muitos outros caças completamente fictícios para usar. As missões vão possuindo objectivos diversos, apresentando vários objectivos primários para abater (assinalados a vermelho no radar), outros secundários (assinalados a branco), amigáveis (assinalados a azul) ou neutros (assinalados a amarelo) que tipicamente teremos de proteger. Os alvos a abater serão tipicamente outros aviões, baterias antiaéreas, radares, bases inimigas, navios ou submarinos.

Para disparar os mísseis, devemos primeiro trancar os adversários na mira e esperar que não tomem manobras evasivas
A jogabilidade em si é muito semelhante à dos jogos anteriores, oferecendo-nos um controlo bastante fluído e ainda algo arcade, na medida em que poderemos carregar com um generoso número de mísseis em cada missão. Aliás, antes de cada missão, não só poderemos escolher o avião que queremos pilotar, mas sim equipá-lo com diferentes possibilidades de armamento. O interface gráfico dá-nos várias indicações visuais, como a velocidade, altitude, direcção, o nível de dano sofrido e claro, indica-nos quando temos alvos inimigos trancados no sistema de mísseis, sendo que também teremos de evitar fogo inimigo ao realizar manobras evasivas. Desta vez não temos no entanto de nos preocupar com o combustível restante, mas o tempo que levamos é contado e será tido em conta na nossa avaliação de performance no final de cada missão. Para além das missões normais, eventualmente vamos ser desafiados a cumprir uma série de manobras adicionais, como aterrar o avião em segurança, alinhá-lo com outro avião para ser abastecido, ou mesmo planear a descolagem a partir de um porta aviões.

Se o mapa do radar não nos dá informação suficiente, podemos chamar o mapa completo a qualquer momento
A nível audiovisual acho um jogo interessante, na medida em que os gráficos estão bem detalhados, tendo em conta que estamos a falar de uma Playstation, um máquina com recursos bastante limitados para apresentar um mundo em 3D tão vasto como a vista aéria a partir de um avião. E o jogo consegue, dentro do possível, renderizar uma área bastante considerável de polígonos à nossa volta. Os cenários em si vão sendo algo variados, onde teremos missões que sobrevoamos cidades e outras áreas urbanas, mas também teremos missões nos oceanos, florestas, os típicos níveis em desfiladeiros, mas também algumas missões ocasionais na estratosfera, ou mesmo já em pleno espaço, onde teremos de abater uma série de satélites. A “electrosfera” abordada no subtítulo do jogo é também algo que iremos entrar numa das missões finais e aqui confesso que andava bastante perdido no ecrã… Já no que diz respeito à música e efeitos sonoros, nada a apontar a estes últimos. A banda sonora é bastante agradável, sendo constituída por várias músicas electrónicas, algumas bem calmas e relaxantes, outras bem mais mexidas, particularmente na recta final do jogo, onde os inimigos começam a ficar bem mais agressivos e evasivos aos nossos ataques.
Mas lá está, sabendo que esta versão foi altamente adulterada face à original japonesa acaba por ser bastante decepcionante. Esta versão, mesmo com os cortes que sofreu, é mais longo que os jogos anteriores, consistindo em 36 missões (sendo que a última é desbloqueada ao cumprir todas as anteriores com um ranking de A), mas o lançamento original japonês veio em 2 discos, com 52 missões no total, onde ao longo do jogo teríamos várias escolhas a tomar que decidiriam o rumo da história e consequentemente, quais as missões que iríamos jogar a seguir. Seriam 5 finais ao todo, com 36 missões em cada caminho, pelo que me parece que a Namco optou por incluir apenas as missões de um caminho específico da história para esta nossa versão. Para além disso, teríamos imensas cutscenes anime que contariam a história de uma forma bem mais empolgante e isso, também foi aqui cortado, sendo essas substituidas por várias paredes de texto que nos vão sendo apresentadas entre algumas missões chave no progresso do jogo. O mesmo pode ser dito dos diálogos que teríamos durante as batalhas com outros pilotos… Aparentemente o jogo não vendeu bem no Japão, pelo que a Namco acabou por ficar com um orçamento mais reduzido para a sua localização no ocidente, pelo que acabamos por levar com todos estes cortes. É de facto uma pena.

A versão japonesa possui uma história bem mais interessante e repletas de cutscenes anime. Felizmente já há um patch de tradução feito por fãs.
Tirando isso, este Ace Combat 3 não deixa de ser um jogo bem sólido. Para quem gostou dos títulos anteriores, provavelmente ficaria decepcionado apenas no facto desta nossa versão ser uma experiência completamente linear. Seria muito interessante a Namco revisitar este jogo e dar-lhe o mesmo tratamento que deu ao Ace Combat 2 que saiu na Nintendo 3DS sob o nome de Ace Combat: Assault Horizon Legacy. Entretanto, enquanto isso não acontece, existe felizmente um patch de tradução da versão japonesa, algo que eu só vim a descobrir bem mais tarde, infelizmente. De resto, e para já, não possuo mais nenhum jogo desta série, mas planeio ir remediando isso com tempo, à medida que me forem aparecendo baratinho. Foram jogos que, em tempos, me passaram pelas mãos inúmeras vezes ao desbarato, mas não os tinha comprado porque queria começar pelos jogos da PS1. Agora, alguns dos títulos da PS2 têm vindo a encarecer um pouco, mas estou confiante que os encontrarei todos a 5€ ou menos a médio prazo, após a nossa vida voltar a normalizar com o pós-covid19.
Zerei muito a versão Americana e a Japonesa em todos os finais!!!! Jogo bem trabalhado, bons gráficos, boa jogabilidade e músicas dukralho!!!! Está no meu top 10 clássicos jogos PS1 da vida!!!! Bons tempos!!!! valeu galera!!!
Consegui a versão japonesa desse jogo traduzida para o inglês…agora sim ficou interessante jogar esse clássico!!!