Renegade (Sega Master System)

Renegade foi talvez o primeiro beat ‘em up em pseudo 3D, que nos permitia mover livremente pelo ecrã enquanto defrontamos várias ondas de bandidos. Acaba então por ser um importante percusor de Double Dragon (também desenvolvido originalmente pela Technos Japan), Final Fight e Streets of Rage. Esta versão Master System já foi lançada algo tardiamente na consola, 6 anos após o lançamento original, em 1993. Aparentemente a conversão ficou a cargo da Natsume, que por sua vez já tinha feito um bom trabalho com a versão Master System do Sagaia, pelo que fiquei entusiasmado com esta conversão. O meu exemplar foi comprado no mês passado de Outubro, onde comprei a meias com um amigo meu um lote considerável de jogos e consolas lá para os lados de Lisboa.

Jogo com caixa e manual

Em Renegade a história segue a mesma trama cliché de muitos outros videojogos: Um gang de bandidos raptou a nossa namorada e temos de a resgatar, distribuindo muita lenha pelo caminho. Na verdade, no lançamento original japonês a história (e todo o aspecto do jogo, desde as personagens e cenários que atravessamos) são algo diferentes, com o protagonista a ser um estudante da escola secundária e os gráficos possuem um design mais japonês e condizente dessa realidade. Este Renegade é então o primeiro jogo da série de Kunio-Kun, que nos trouxe vários beat ‘em ups como River City Ramson ou mesmo jogos desportivos como os Super Dodgeball, ou Nintendo World Cup. Muitos desses jogos ficaram-se apenas no Japão e os poucos que sairam no ocidente eram adulterados para um público mais ocidental.

Até me habituar minimamente aos controlos, vi muitas vezes este ecrã

A nível de jogabilidade sinceramente sempre achei que este jogo possui controlos demasiado estranhos. Quando estamos voltados para a esquerda, um botão dá socos em frente e o outro pontapés para trás. Se mudarmos de direcção e voltar para a direita, os botões mudam, com o primeiro agora a dar pontapés para trás e o outro socos em frente. Como se isto já não fosse confuso o suficiente, por muito que nos movimentemos pelo ecrã, Kunio faz “lock” ao inimigo mais próximo, mantendo-se voltado para ele independentemente da direcção em que nos desloquemos. Depois temos algumas combinações de botões para saltar, correr e afins. Bom, sinceramente isto para mim é desnecessariamente complicado. Se por um lado Renegade foi um pioneiro do género, tanto nas arcades como mesmo na Famicom/NES, em 1993 a Natsume poderia e deveria ter adoptado um esquema de controlo mais tradicional. Afinal já tinhamos no mercado jogos como Final Fight ou Streets of Rage II.

No final de cada nível temos sempre um novo boss para derrotar

A nível audiovisual, tal como referi acima o jogo é algo diferente consoante jogamos a versão ocidental ou japonesa, o que no caso da Master System não existe. A Technos achou boa ideia remodelar o jogo um pouco à imagem do filme The Warriors, visto que a temática também envolvia gangs e lutas de rua, e isso é bem notório principalmente logo no primeiro nível onde começamos numa estação de metro que parece muito ocidental. Os níveis seguintes vão sendo variados, no segundo nível até temos uma parte em que conduzimos uma moto e temos de atacar os oponentes, também em motas, até que estes caiam. O terceiro nível coloca-nos a combater um gang inteiramente feminino e o último nível, bom esse é mais chato pois vamos tendo salas onde defrontamos todos os inimigos anteriores, incluindo os bosses, e um labirinto de portas para explorar. Optar pela porta errada pode-nos deixar num loop ou mesmo mandar de volta para o nível anterior. De resto, os gráficos até que são bastante coloridos e bem detalhados, esta versão acaba por ser bem mais bonita que a conversão da NES. As músicas também são agradáveis, mas aí acabo por preferir o chiptune da NES.

Portanto este Renegade acaba por ser um port bastante interessante do original arcade, apesar de ser tardio. E precisamente por ser uma conversão tardia, os seus controlos confusos e desnecessariamente complicados é algo que não se entende. Uma coisa é a Technos ter sido pioneira dentro do género e introduzido um esquema de controlo que acharam na altura ser o melhor. Outra coisa é ser 1993 e ainda ter de jogar um beat ‘em up assim.

Poker Night 2 (PC)

Depois do sucesso que foi o Poker Night at the Inventory, a Telltale lá decidiu desenvolver uma sequela à altura, que viu a luz do dia algures em 2013, uma vez mais em formato digital apenas, mas desta vez também as consolas PS3 e Xbox 360 foram visadas. Tal como o jogo anterior, o meu exemplar foi adquirido bem baratinho, através de um humble bundle ou similar. Já não consigo precisar quanto me custou, mas o histórico do Steam diz-me que o activei no dia 13 de Maio de 2016.

Tal como o seu predecessor, este é um jogo de poker single player, onde podemos participar em partidas de póquer contra 4 ilustres oponentes e repleto de bom humor. Para além do habitual Texas Hold’em, temos também a variante Omaha para explorar, que eu sinceramente não conhecia. Mas para além disso, a maior diferença está mesmo no elenco de convidados que nos acompanham. O único protagonista de um videojogo da Telltale é o Sam, de Sam & Max, embora o Max o acompanhe, dando-lhe alguns “conselhos” ocasionais. Da Gearbox temos o cómico robot Claptrap de Borderlands. Do cinema, nada mais nada menos que o Ash de Evil Dead e da televisão temos Brock Samson, da série de animação The Venture Bros que sinceramente não conhecia. A servir as cartas, temos nada mais nada menos que GLaDOS, com todo o seu cinismo delicioso, a servir de personagem convidada da própria Valve.

Neste segundo jogo, o elenco de convidados é uma vez mais excelente

De resto, tal como no jogo anterior, vamos ter vários desbloqueáveis como cartas, tokens, e mesas temáticas de cada um dos convidados e assim que todos sejam activados em simultâneo, todo o club de Poker é transformado em homenagem à temática de cada personagem, resultando em algumas situações mais cómicas. Cada personagem possui também um objecto valioso que podemos tentar conquistar, mas ao contrário do jogo anterior, onde estes objectos eram disponibilizados de maneira algo aleatória, aqui o jogo obriga-nos a completar uma série de desafios antes de termos a oportunidade de conquistar um desses objectos. Os desafios podem consistir em coisas como ganhar uma ronda na parte dos blinds, drop, turn ou river, chegar ao fim de um partida num lugar mínimo, vencer uma ronda com uma combinação de cartas específica, como um flush ou superior, entre outras.

Por cada personagem, ao desbloquear e activar o seu conjunto de cartas, fichas e mesa, transformamos o clube por inteiro, dando oportunidade a mais situações cómicas

No que diz respeito aos audiovisuais e à apresentação, bom, estes continuam muito bons. O voice acting é excelente, as falas são muito boas, repletas de bom humor e vamos constantemente ouvir as personagens a mandar bocas entre si ou mesmo dirigidas a nós. Uma vez mais a Telltale procurou ter atenção aos detalhes das expressões faciais de cada personagem, o que nos deixa tentar adivinhar se os nossos oponentes têm uma boa mão ou não e consequentemente se estão a fazer bluff. Mas desta vez as coisas não são tão óbvias como no primeiro jogo e é aí que entram as bebidas. Ora, para além de comprar desbloqueáveis como novos baralhos, mesas e afins, nós podemos também gastar os créditos que ganhamos ao participar em torneios para comprar bebidas alcoólicas para os nossos oponentes. À medida que vão ficando alcoolizados, as suas reacções vão ficando mais honestas.

Portanto este é mais uma vez um jogo de póquer bastante divertido e que vale a pena mesmo se não forem grandes experts no jogo. Dica: se tiverem a jogar no PC, o jogo grava checkpoints no final de cada mão, pelo que podem sempre carregar em ALT+F4 para sair imediatamente do jogo. Se o fizerem antes da GLaDOS anunciar o resultado de cada mão, conseguimos escapar das consequências de algum mau assessment da nossa parte.

Wimbledon (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, agora pela Mega Drive, vamos ficar com mais um Wimbledon, mais um título de Ténis que usa a licença do famoso torneio britânico de Wimbledon. Na Master System tinham sido lançados dois jogos desta série, e em 1993 a Sega disponibilizou também uma versão para a Mega Drive. O meu exemplar foi comprado em Setembro na Play ‘n Play por cerca de 10€.

Jogo com caixa e manual

Aqui podemos participar em partidas individuais, que podem ser jogadas contra o CPU, contra ou com um amigo, no caso de optarmos pelos doubles, onde temos 2 tenistas contra 2. Também temos um modo torneio, onde iremos participar no torneio de Wimbledon, mas já lá vamos. A jogabilidade é relativamente simples, com os 3 botões faciais da Mega Drive a serem usados para realizar diferentes raquetadas: altas ou baixas, rápidas ou lentas. Tipicamente os jogos de ténis das eras 8 e 16bit são simples de aprender e este não é excepção. A única coisa que eu não gostei muito na jogabilidade é o facto de por vezes ser difícil adivinhar a que altura vai realmente a bola, o que nos pode induzir em erro e não conseguir dar seguimento a uma jogada.

No modo torneio a nossa personagem vai evoluindo os seus atributos à medida em que formos progredindo na competição

Mas voltando ao tal modo de torneio, aqui podemos optar entre jogar em torneios masculinos ou femininos, sendo que começamos sempre com um jogador com stats baixos. À medida que vamos avançando no jogo e completando partidas, os stats do nosso jogador vão aumentando, o que vai dar jeito pois os oponentes também vão sendo cada vez mais habilidosos. Mesmo se chegarmos a vencer um torneio, somos convidados a participar na temporada seguinte, onde poderemos continuar a evoluir a nossa personagem.

A nível audiovisual confesso que é um jogo bastante simples e estava a contar com algo mais elaborado, principalmente por ter vindo da própria Sega. Os jogadores são genéricos, assim como os estádios, parece que a SIMS pegou na versão Master System e acrescentou-lhe uns pózinhos mágicos só. Por outro lado, no som, já é um jogo bem mais elaborado principalmente nos voice samples, que são bastante nítidos. As músicas no entanto apenas tocam entre partidas e são agradáveis, mas nada de especial.

Confesso que estava à espera de algo graficamente um pouco melhor nesta versão

Portanto este Wimbledon, apesar de não ser propriamente um mau jogo, e como muitos outros jogos de ténis desta época serem bastante fáceis de pegar e viciar, não deixo de ficar um pouco desiludido com esta iniciativa da Sega. Para uma consola 16bit esperava algo um pouco melhor.

Forgotten Worlds (Sega Master System)

Antes de ser a própria Capcom a trabalhar directamente em jogos para a Mega Drive, como aconteceu no Street Fighter II, por exemplo, era a Sega que obtinha as licenças para converter alguns dos seus clássicos arcade, o que aconteceu com Strider, Ghouls ‘n Ghosts e este Forgotten Worlds. Estes 3 jogos foram convertidos em versões 16 e 8bit, não deixando a Master System de fora. O meu exemplar foi comprado no mês de Setembro, onde fui a Paris em trabalho e lá consegui arranjar umas horas para visitar as lojas de Boulevard Voltaire, onde este jogo me custou 10€.

Jogo com caixa

Forgotten Worlds é um interessante shmup com as suas origens nas arcades, decorrendo num futuro pós apocalíptico onde a raça humana foi quase extinta devido a uma ameaça misteriosa que invadiu o planeta. O futuro da humanidade fica então a cargo de dois super-soldados criados pelos humanos que irão sozinhos efrentar Bios, o tal “deus” invasor.

Graficamente o jogo não está nada mau para uma plataforma 8bit

Ora no original arcade para além de controlarmos a posição da nossa personagem com um joystick, existia também uma track-ball que nos permitia apontar as armas em 360º. A jogabilidade obrigava-nos então a ter reflexos rápidos não só para nos desviarmos dos inimigos e seus projécteis, mas a usar também a bola para apontar aos inimigos. Na Master System por acaso existe um comando com uma track ball, mas ficou-se apenas pelo Japão e mesmo assim, para este jogo o ideal seria um duplo analógico como temos hoje em dia. Portanto nesta versão, que infelizmente é single player apenas, a nossa personagem dispara automaticamente, sendo que o D-Pad controla a posição e os botões 1 e 2 controlam a rotação, fazendo a mira rodar no sentido dos ponteiros do relógio ou ao contrário.

Ocasionalmente podemos entrar em lojas e comprar uma série de power ups com os créditos que vamos amealhando

Ao destruir os inimigos vamos poder apanhar moedas, dinheiro esse que pode ser gasto ao visitar certas lojas que vão surgindo ao longo dos níveis. Aqui temos um tempo limite para fazer compras, que podem ser novas armas, itens regenerativos para a nossa barra de energia, armaduras melhores que aguentam com mais dano, ou as Cluster Bombs, bombas que causam dano em todos os inimigos no ecrã em simultâneo. Na versão Master System, no entanto, teremos de pressionar os botões 1 e 2 em simultâneo para activar estas bombas. A jogabilidade é então relativamente simples, mas exige muita práctica para controlar efectivamente a nossa personagem, onde para além de nos preocuparmos em desviar dos inimigos e seus projécteis, devemos também apontar-lhes em cheio.

Entre cada nível vamos tendo também algumas cutscenes, pena que nesta versão o segundo herói seja completamente esquecido.

A nível audiovisual, bom estamos perante uma conversão modesta, visto que o original arcade corre num sistema bem mais poderoso. Infelizmente não dispomos de todos os níveis na versão Master System, mas os que existem estão bem detalhados perante as limitações da consola. Percorremos cidades em ruína e outras localizações mais futuristas, culminando sempre num confronto contra um boss que tipicamente estão bem detalhados mesmo nesta versão 8bit, se bem que a custo de se perder todos os cenários de fundo enquanto o combatemos. Algo que é habitual em shmups 8bit. Já as músicas, bom, essas sinceramente não gostei. Não sei se já as músicas originais arcade não sejam grande coisa e a conversão directa também não ajudou, ou se a Sega resolveu inventar. Seja como for, infelizmente o resultado fica aquém do desejável.

Portanto, este Forgotten Worlds é um interessante shmup, um que já há muito gostava de ter na colecção. É louvável a Sega ter mantido o suporte para a Master System e trabalhado numa conversão que se adivinhava algo difícil e o resultado não é nada mau de todo. Ainda assim gostava um dia de ter também a versão Mega Drive que é mais fiel ao original. Ou a PC-Engine, mas isso são outros campeonatos.

Tarzan: Lord of the Jungle (Sega Game Gear)

Continuando pelas rapidinhas, ficamos agora com um dos lançamentos europeus da Game Gear que são mais difíceis de encontrar. Na verdade, algures em 2010, tinha encontrado na extinta PressPlay no Porto uma cópia completa que tinha comprado pela módica quantia de 9.5€. Na altura já sabia que era um jogo raro e que rendia um bom dinheiro se o vendesse lá fora. E sendo eu um aluno universitário sem dinheiro nenhum, foi o que acabei por fazer, sabendo que mais tarde ou mais cedo me iria arrepender. E adivinhem, arrependi-me mesmo. Anos mais tarde, mais concretamente em Dezembro de 2016, acabei por encontrar um cartucho solto numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto, tendo-me custado 5€. Curiosamente um reseller tinha passado pelos mesmos jogos minutos antes e levou os títulos mais sonantes, certamente não conhecia este jogo. É a vida.

Apenas cartucho

Este Tarzan, desenvolvido pela Gametek, é um simples jogo de plataformas com o famoso herói das selvas como protagonista, anos antes do filme de animação da Disney ter saído nos cinema. Em cada nível temos objectivos diferentes, por exemplo no primeiro nível temos de curar um gorila agressivo. Para isso temos de coleccionar uma série de flores, levá-las ao curandeiro na outra ponta do nível para nos fazer uma poção mágica, voltar ao início do nível onde temos de defrontar o gorila como um boss, mas usando a poção como arma. Já no segundo nível temos de coleccionar uma série de moedas e depois defrontar um crocodilo que comeu outras tantas moedas. No terceiro nível temos uma selva em chamas onde temos de salvar uma série de animais e no fim defrontar um leão. E por aí fora… como podem ver os níveis seguem sempre um padrão de coleccionar objectos e quando os juntarmos todos, temos de nos dirigir ao boss e derrotá-lo.

Antes de cada nível temos uma pequena cutscene que serve de introdução ao mesmo

A jogabilidade é simples, com um botão para saltar e outro para atacar. Vamos tendo no entanto é diferentes armas, algumas com munição infinita mas que dão pouco dano, outras com munição limitada, com mais dano, porém teremos de ir procurando mais munições ao defrontar inimigos. Estes vão deixando também outros power ups como peças de fruta que nos regeneram a barra de vida, continues, vidas extra ou tempo extra! Este é capaz de ser o power up mais valioso pois muitas vezes o tempo que nos dão para completar um nível não é suficiente. Felizmente costumamos ter sempre pelo menos um checkpoint a meio de cada nível que nos facilita um pouco a tarefa.

A nível audiovisual é um jogo simples, com sprites pequenas e pouco detalhadas. Os níveis no entanto até que vão tendo detalhe quanto baste. As músicas são agradáveis mas nada particularmente memorável.

Ocasionalmente lá teremos de nos balancear entre lianas

Este Tarzan não é nada de especial portanto, mas também não acho um jogo tão mau quanto isso. Tem alguns pontos a melhorar claro, como o facto de o tempo que temos disponível para completar um nível ser escasso, o facto de ficarmos momentaneamente paralizados sempre que sofremos dano, ou o facto de alguns bosses serem umas autênticas esponjas. Se vale as centenas de euros que pedem no mercado? Certamente que não. Existe também uma versão para a Gameboy que me parece em tudo idêntica, excepto na questão de ser inteiramente a preto-e-branco.