007 The World Is Not Enough (Nintendo 64)

Goldeneye, desenvolvido originalmente pela Rare para a Nintendo 64, foi um first person shooter bastante revolucionário na altura em que foi lançado, pois não só introduziu uma sólida campanha single player, como possuía também uma diveridíssima componente multiplayer que tirava partido do facto de a Nintendo 64 permitir 4 jogadores em simultâneo nativamente. Nos filmes seguintes os direitos para produção de videojogos já ficaram com a Electronic Arts e no caso deste The World is Not Enough, dois estúdios diferentes desenvolveram a sua própria versão do jogo. No caso da Nintendo 64 foi o estúdio britânico Eurocom quem ficou com essa tarefa. O meu exemplar veio de uma feira de velharias em Fevereiro deste ano, tendo ficado muito barato, pois foi comprado em conjunto com uma consola e mais alguns cartuchos por 5€.

Apenas cartucho

A história leva-nos uma vez mais a encarnar no papel de James Bond, onde uma organização terrorista acaba por atacar as próprias instalações do MI6 e partimos no seu encalço, culmindando a bordo de um submarino Soviético e ter de evitar a todo custo um desastre nuclear em águas turcas.

A nível de jogabilidade, este jogo oferece-nos várias armas distintas para usar, desde diferentes revólveres (alguns com a possibilidade de usar silenciador), armas automáticas, explosivos ou mesmo o todo-poderoso relógio do Bond, que permite lançar dardos tranquilizantes, atordoar temporariamente os inimigos ou mesmo lançar cabos que nos permitam escalar para posições que de outra forma não conseguiríamos alcançar. Mediante as missões, também teremos outros gadgets à disposição, como os óculos de visão nocturna ou raio-x que nos poderão ajudar bastante em certas ocasiões. As missões em si vão sendo variadas, assim como os locais que podemos visitar, desde a cidade de Londres, passando pelas montanhas no Azerbeijão (onde teremos inclusivamente uma missão completamente on-rails a descer uma montanha de ski), bases militares no Casaquistão, entre outros.

Antes de cada missão temos direito a um briefing bastante completo, com a intervenção da M, do Chief of Staff e do R.

As missões vão tendo diversos objectivos, desde resgatar alguém, fotografar documentos comprometedores e evitar a todo o custo as baixas civis ou outros friendlies, sendo que os objectivos mudam um pouco consoante o grau de dificuldade escolhido em cada missão. Naturalmente que o dano infligido pelos inimigos também muda consoante a dificuldade escolhida, sendo que neste jogo não temos quaisquer medkits, pelo que devemos optar por uma jogabilidade mais cuidada sempre que possível. Podemos no entanto ir encontrando coletes à prova de bala que nos vão dando uma barra adicional de armadura. O jogo tem também um mecanismo de auto-aim, o que até dá algum jeito hoje em dia, visto que os controlos estão um pouco longe do standard que estamos habituados nos FPS em consolas. Mas lá está, em graus de dificuldade mais elevados esta funcionalidade fica desactivada.

Tal como no GoldenEye, podemos desviar a mira do centro do ecrã sem movermos a câmara.

Para além da campanha single player, temos também diversos modos multiplayer que uma vez mais tiram partido de um dos pontos mais fortes da Nintendo 64, o seu suporte nativo a 4 jogadores em simultâneo e splitscreen até 4 ecrãs. Confesso que não cheguei a testar isto, mas pelo que vi temos aqui as tradicionais variantes do deathmatch, capture the flag ou king of the hill.

A nível audiovisual confesso que gostei do que vi e ouvi. A Nintendo 64, por usar cartuchos enquanto as rivais estavam com o CD, sempre penou um pouco ao ter jogos com texturas muito básicas, pouco voice acting e practicamente zero de cutscenes em full motion video. E realmente as cutscenes existentes usam todas o motor gráfico do jogo, mas este parece-me ser bastante competente, a Eurocom fez um bom trabalho. Os níveis são bastante diversificados, mas sempre bem detalhados, algo acima da média comparando com outros jogos de acção 3D dentro da mesma plataforma. Temos também muitos mais clipes de voz do que aqueles que eu estaria à espera. Algures nos créditos vi referências à saudosa Factor 5, que para além de excelentes jogos também trabalhou nalgumas tecnologias utilizadas para desenvolvimento de videojogos para as consolas da Nintendo, especialmente técnicas de compressão de audio e vídeo (que permitiram o milagre tecnológico do Resident Evil 2 na Nintendo 64), o que pode explicar o porquê deste The World is not Enough ter tantos clipes de voz.

Não convém jogar como se fôssemos o Rambo, pois não convém atingir inocentes.

Portanto este é um FPS bem sólido, com missões agradáveis e bastante diversificadas tanto nos locais a explorar, como nos seus objectivos. Infelizmente, como muitos outros FPS para consolas da sua era, os controlos estão longe de estar perfeitos, mas não deixa de ser um óptimo jogo. Fica também a curiosidade da versão Playstation foi desenvolvida por um outro estúdio, resultando num jogo bastante diferente e que planeio trazer cá no futuro.

Sobre cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.
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