Voltando aos RPGs da PSP e depois de ter terminado o Star Ocean First Departure, resolvi experimentar um outro RPG que tinha lá em fila de espera há já muito tempo. Este Astonishia Story, publicado pela Ubisoft no Ocidente, tem as suas origens na primeira metade da década de 90, tendo sido desenvolvido pelo estúdio coreano Sonnori para o PC. Em 2002 este título foi refeito para a GP32 (lembram-se dessa portátil??) e anos mais tarde convertido para a PSP, versão essa que cá trago hoje. O meu exemplar foi comprado numa CeX algures em Maio de 2016, tendo-me custado 6€.
Quando o comprei não fazia ideia se o jogo era bom ou mau, fiquei com a ideia que seria um pequeno indie RPG e só por isso já me tinha suscitado o interesse. Mas depois quando o comecei a jogar, a minha primeira impressão foi: “uau, este jogo é muito mau”. Mas por vezes possui momentos tão bizarros e originais que até lhe dão alguma piada. É uma espécie do “The Room” dos videojogos, e já passo a explicar o porquê. Simplificando as coisas, a história coloca-nos no papel do honrado cavaleiro Lloyd Von Rolental que se preparava para escoltar o bispo lá da terra e um valioso artefacto, quando é emboscado, toda a gente à sua volta morre e o artefacto é roubado por militares de uma nação vizinha. No encalço dos responsáveis pela emboscada, vamos conhecendo outras personagens e a história vai-se desenrolando. Mas tal como o The Room, para além de muitas vezes termos diálogos que não fazem sentido, por vezes são referidas algumas coisas que nunca mais são faladas novamente na história. Por exemplo: a certa altura, quando derrotamos um vilão qualquer, no seu leito de morte ele amaldiçoa uma das personagens da nossa party, que naturalmente fica preocupado. Mas nunca mais no jogo este tema é sequer mencionado! Os diálogos na sua maioria são muito maus, sem sentido e por vezes contraditórios, No entanto quero-me acreditar que são o resultado de más traduções e o original já seja mais coerente. Depois o jogo está constantemente a quebrar a quarta parede, e referir-se ao próprio com um videojogo e com bugs, o que até é algo original.
Mas vamos para a jogabilidade propriamente dita. Este é um strategy RPG bastante simplificado, com batalhas aleatórias e por turnos. Vamos tendo várias personagens para controlar, cada qual com as suas respectivas características. Temos um anão incapaz de usar magia, mas com algumas skills úteis, vários feiticeiros diferentes, uns capazes de usar magias de fogo, electricidade, outros de gelo e healing. Temos um monge praticante de artes marciais, ou um elfo que usa arco e flecha. No entanto há personagens que são bem mais overpowered que outras, poucos são os inimigos que têm fraquezas para o arco e flecha ou para os punhos do monge. Mas as falhas de design não se ficam por aqui: no início do jogo vamos pulando de localidade em localidade (e sem hipótese de regressar aos locais anteriores) e algumas dessas novas aldeias que visitamos não possuem estalagens para descansarmos ou lojas para comprar provisionamentos. Isto numa fase inicial de jogo, onde ainda temos pouco dinheiro e as personagens pouco evoluídas, é simplesmente mau design.
Indo agora para os audiovisuais, devo dizer que o jogo começa muito bem, com uma cutscene bem animada que não faz de todo antever a trapalhada que viríamos jogar minutos mais tarde. No que diz respeito ao jogo em si, bom, pensem nisto como um RPG clássico com visuais de 16bit, mas da primeira geração. Ainda assim, ocasionalmente vemos algumas animações nas sprites que não estava nada à espera e já não são tão básicas assim. As músicas são agradáveis e os efeitos sonoros competentes. Não há qualquer voice acting.
Portanto este Astonishia Story é um jogo que não consigo recomendar a não ser com algumas ressalvas. Por um lado é um RPG medíocre, mas por outro, dentro de tudo o de mau que tem, há ali qualquer coisa que até me agradou até ter chegado ao fim do mesmo. No entanto a história não se ficou por aqui e pouco tempo depois foi lançada uma sequela, também na PSP. Foi lançado nos Estados Unidos como Crimson Gem Saga e infelizmente não saiu aqui na Europa. Mas como todos me dizem que é muito melhor que este jogo, até estou curioso em dar-lhe uma oportunidade.
Nossa, que joguinho bizarro! ahahahahaha Mesmo tendo muita coisa desse estilo, o psp é um dos melhores video games (não só portáteis) que já tive!
Sim, tem muita coisa boa na PSP!!