Silpheed (Sega Mega-CD)

Continuando pelas rapidinhas, o jogo que cá trago agora é a versão para a Mega-CD do Silpheed, da Game Arts. A Game Arts é um estúdio japonês que começaram a sua carreira em meados da década de 80 a produzir videojogos para o vasto mercado de computadores nipónicos. A partir da década de 90 iniciam uma parceria estratégica com a Sega, lançando a maioria dos seus jogos para consolas da Sega. Este Silpheed acabou até por ser um remake, visto que o jogo tinha saido inicialmente para vários computadores diferentes em 1986. O meu exemplar foi comprado no mês passado numa loja online, tendo-me custado 15€ salvo erro.

Jogo com caixa e manual

Na sua génese, este jogo usa o mesmo cliché de sempre: há uma guerra no espaço e a esperança da humanidade recai no uso de uma nave experimental, a Silpheed, para combater esta ameaça e salvar o nosso planeta. O que distingue este jogo dos demais está precisamente no uso de gráficos poligonais em 3D e no seu sistema de power-ups. Inicialmente apenas combatemos com um modo de disparo simples, para a frente. À medida que vamos amealhando pontos, vamos desbloqueando novos modos de disparo para o canhão esquerdo e direito, que podem ser seleccionados entre cada nível. O mesmo acontece para os powerups especiais.

Antes de cada nível podemos escolher quais as armas ou itens especiais queremos equipar. Claro que temos de os desbloquear primeiro.

Os outros modos de disparo que vamos desbloqueando para cada canhão consistem em spread shots num arco de 120º para a esquerda ou direita, dependendo da asa em que os equipemos, outro que permite disparar projécteis em forma de V, atingindo mais naves inimigas que surjam à nossa frente, ou um outro modo de disparo com projécteis teleguiados. Sendo possível equipar diferentes armas em cada asa, dá para termos configurações muito invulgares em shmups. Os power ups opcionais consistem em diferentes tipos de escudos ou bombas que causam dano a mais que um inimigo ao mesmo tempo. Estes podem ser usados mediante a energia que tivermos disponível. Essa energia é gasta também sempre que sofremos dano, mas pode ser regenerada ao causar dano nos inimigos. Para além destes power ups que podemos equipar antes de cada nível, temos também outros que podem ser apanhados ao longo do jogo que nos dão pontos extra, um boost de energia ou recuperam alguns “pontos de vida” da nossa nave, por exemplo.

O que está a acontecer em background é sempre épico!

Mas claro, a coisa que mais salta à vista quando começamos o jogo são mesmo os seus gráficos impressionantes para a data, com o jogo a apresentar um (relativamente) grande número de polígonos no ecrã ao mesmo tempo, sem o jogo sofrer qualquer abrandamento com isso. Claro que aqui há truque! Na verdade a Mega CD apenas está a renderizar os polígonos da nossa nave, das naves que podemos destruir e de alguns asteróides ou outros pequenos obstáculos. Tudo o resto são clips de vídeo que estão a correr em background, criando a ilusão que está tudo a ser renderizado em real time. Para além disso existe um sistema de detecção de colisões com o que está a ser passado em filme, mas isso também acaba por ser um problema.

É pena que os bosses não sejam naves mais possantes.

Isto porque a acção que decorre em background é tão épica, com naves gigantescas a serem obliteradas em pedacinhos a qualquer instante, que por vezes se torna difícil distinguir entre o que está a decorrer no fundo e nos é inofensivo, do que realmente nos pode afectar. Isto e toda a confusão de balas, por vezes não é muito fácil distingui-las! De resto, a nível de som, também é um jogo muito bem conseguido. Ao longo da aventura vamos ouvindo comunicações rádio de nossos colegas que nos vão dando indicações de como sobreviver nos níveis e a banda sonora mantém a adrenalina sempre em cima!

Portanto, embora as comparações que por vezes se fazem a jogos como o StarFox não serem de todo justas pois a maior parte deste 3D é um mero truque, este Silpheed não deixa de ser um caso interessante em mostrar como se poderia realmente tirar partido das capacidades da Mega CD.

Formula 1 (Sony Playstation)

Continuando pela Playstation original, mas voltando às rapidinhas, o jogo que cá trago hoje é o primeiro Formula 1, lançado em 1996, mas que ainda aborda o campeonato mundial de F-1 de 1995. Este jogo, devidamente licenciado pela FIA, foi o primeiro de uma série desenvolvida/publicada pela Psygnosis, sendo que os primeiros jogos foram desenvolvidos pela Bizarre Creations, estúdio infelizmente já extinto mas que ficou conhecido por jogos como o Metropolis Street Racing ou Project Gotham Racing. O meu exemplar foi comprador algures em Janeiro deste ano, na feira da Vandoma no Porto. Está em muito bom estado, custou-me 4€.

Jogo com caixa e manual

Este é um jogo que inclui muitos elementos de simulação, que tipicamente não eram muito comuns em consolas, mas sim em computadores. Ainda assim, se seleccionarmos o modo Quick Race, não temos muito que nos preocupar com elementos de simulação, o jogo neste modo é tipicamente arcade, onde teremos um relógio em countdown entre vários checkpoints nas pistas. Para uma experiência mais duradoura, podemos escolher o modo Arcade ou o Grand prix. A maior diferença entre o quick race e o arcade é que este ultimo permite-nos correr em todas as pistas ao longo do campeonato, mas estamos restringidos a 3 voltas por pista. Ainda assim temos a hipótese de customizar algumas coisas, como o brake e/ou steering assist, a metereologia, ou a possibilidade dos carros sofrerem dano. No modo Grand-Prix podemos customizar mais coisas, incluindo o número de voltas por corrida que pode ser entre 5% a 100% do número de voltas oficial. Com corridas longas o uso dos pit-stops é algo a ter em conta, naturalmente.

A interface do jogo é muito semelhante às emissões televisivas da época

Depois, tanto o modo arcade como o grand-prix podem-se dividir em 3 diferentes sub-modos: o Single Race, ou seja, correr apenas num circuito à escolha, o modo Campeonato que nos leva ao longo dos 17 circuitos e competimos por pontos, tanto a nível individual, como a nível de construtores, ou o sistema de ladder. Este último acaba por ser mais desafiante, na medida em que nos obriga a terminar cada corrida numa determinada posição, posição essa que vai sendo cada vez mais alta à medida que vamos progredindo no jogo. De resto, sobra-nos a vertente multiplayer para 2 jogadores, onde podemos usar o Playstation Link Cable para ligar 2 consolas entre si, precisando também de duas TVs e duas cópias do jogo.

Podemos apanhar diferentes condições atmosféricas

No que diz respeito aos audiovisuais, este era um jogo já muito bem detalhado para a época. A apresentação do jogo no geral é muito similar à transmissão televisiva da altura. As pistas possuem um bom nível de detalhe, embora ainda seja notório muito pop-in dos cenários. A parte do som também me parece muito boa, com efeitos sonoros realistas e comentários bem agradáveis, que aparentemente são de um conhecido comentador britânico. Por outro lado, se jogarmos noutras línguas, os comentadores também mudam, o que foi um toque interessante. No que diz respeito às músicas, estas só existem nos menus e nas cutscenes de introdução ou de créditos. Estas são, no geral, repletas de guitarradas o que me agrada bastante. Até temos 2 músicas do Joe Satriani e uma do Steve Vai!

Portanto este jogo foi muito importante na história dos videojogos de Fórmula 1 nas consolas, pois para além de incutir muitos mais elementos de simulação na jogabilidade, foi também o primeiro jogo 100% licenciado pela FIA, por todos os pilotos e construtores. Foi um bom ponto de partida para a série, a ver como evoluiram nos jogos que se seguiram.

Syphon Filter 3 (Sony Playstation)

A Sony também tem no seu cardápio um número considerável de franchises que foi construindo ao longo dos anos. A série Syphon Filter, que tem as suas origens na primeira Playstation, é uma série de jogos de acção e espionagem que infelizmente desde a PS2 e PSP que não tem recebido nenhum novo jogo. E tendo em conta que os jogos de acção nunca saem de moda, é uma decisão que não se percebe! O jogo que cá trago hoje é o terceiro capítulo da saga, que saiu originalmente já em 2001, por alturas em que a Playstation 2 já dava cartas no mercado. O meu exemplar foi comprado algures em Fevereiro do ano passado, mas sinceramente já não me recordo onde nem quanto custou, mas certamente não terá sido mais de 10€.

Jogo com caixa e manual

O jogo mais uma vez coloca o agente Gabriel Logan, e os seus companheiros Lian Xing e Lawrence Mujari no centro de uma conspiração envolvendo serviços secretos norte-americanos, terroristas e armas biológicas conhecidas como Syphon Filter. O jogo começa com os três protagonistas principais a serem questionados por um membro do congresso norte-Americano que os tenta culpabilizar de acções terroristas. À medida que as personagens vão respondendo, vamos jogando os diferentes níveis como se as suas memórias se tratassem. Uma vez mais, sendo este um jogo dado a teorias de conspiração, esperem pelas reviravoltas do costume.

Antes de cada missão temos sempre um briefing da mesma

Tal como os seus predecessors, este é um jogo muito interessante, misturando vários conceitos diferentes. É um jogo na terceira pessoa, com uma mistura de shooter como os Duke Nukem Time to Kill, exploração como os Tomb Raider clássicos e infiltração como Metal Gear Solid. Teremos à nossa disponibilidade um vasto arsenal que nos permite responder às diferentes necessidades, desde armas não-letais e silenciosas, quando a descrição é recomendada, incluindo sniper rifles silenciosas que dão um jeitaço para abater alvos à distância. Nos combates de perto, uma vez mais podemos activar o mecanismo de lock-on e descarregar balas das nossas armas automáticas, ou controlar a mira de forma mais eficiente para aplicar headshots.

Se quisermos ter a vida mais facilitada, podemos fazer lock on nos inimigos

Para além do modo história, temos também uma vertente multiplayer e mini-jogos para experimentar. O multiplayer sinceramente não experimentei, mas pelo que vi são combates em deathmatch para 2 jogadores. Os minijogos são uma novidade nos jogos Syphon Filter, mas são practicamente pequenas missões. Temos missões de Assassinate, onde como o nome indica temos uma série de alvos a abater, mas de forma furtiva, ou seja, sem sermos descobertos. Por outro lado temos as missões Eliminate onde já podemos entrar à Rambo. Temos também as missões Demolition, onde temos de escoltar um NPC para desarmar uma série de explosivos em zonas de fogo inimigo. As missões Thief são uma espécie de Capture the Flag para um jogador, onde temos de ir roubar uma pasta com documentos à base inimiga e trazê-la a um porto seguro, mas sempre de forma furtiva e em contra-relógio. Por fim temos as missões Biathlon que sinceramente não sei porque têm esse nome. São basicamente missões de sniper, onde temos de abater uma série de alvos, e alternar entre diferentes posições de fogo.

A sniper rifle é uma das muitas armas que podemos usar

Passando para a parte audiovisual, mais uma vez este é um jogo sólido. Os níveis vão sendo variados, uma vez mais decorrendo em vários países, em zonas urbanas, rurais, no meio das florestas, montanhas ou bases militares. Os níveis estão num 3D muito bem detalhado para a Playstation, assim como as personagens e inimigos. Nada a apontar aqui! No que diz respeito aos efeitos sonoros e música também nada a apontar. As músicas tendem a ser épicas, ou mais tensas o que se reflete bem nos diferentes estilos de jogo: furtivo ou acção pura e dura. O voice acting uma vez mais é muito competente para um jogo desta época.

Graficamente até que é um jogo bem competente para uma Playstation!

Portanto, este Syphon Filter 3 é mais um excelente jogo de acção. Na sua essência, a nível de jogabilidade, tipos de missões, e temática da história, é verdade que não acrescenta muita coisa nova à fórmula. No entanto, a inclusão das pequenas missões foi um extra muito interessante. Depois deste Syphon Filter, a série entrou definitivamente noutras plataformas como a PS2 e PSP. Estou curioso em ver como a série evoluiu, mas isso sera tema para um próximo artigo.

Shinobi III: Return of the Ninja Master (Sega Mega Drive)

Gostam do Revenge of Shinobi para a Mega Drive mas acham-no duro que nem cornos? Este Shinobi III é a sua sequela directa e é um jogo melhor em todos os aspectos! Facilmente um dos melhores jogos de acção da era de 16bit. O meu exemplar foi comprado algures em Julho de 2016, numa das minhas idas à feira da Vandoma no Porto. Custou-me na altura 15€, felizmente que o reseller que chegou antes de mim não conhecia o jogo e achou caro, pelo que eu não dei hipótese.

Jogo com caixa e manual multilinguas

Aqui controlamos uma vez mais o ninja Joe Musashi, na sua luta contra o clã de crime organizado Neo Zeed, que uma vez mais está a tramar das suas. Uma vez mais iremos atravessar várias zonas de um Japão futurista e combater os guerreiros do grupo Neo Zeed e travar os seus líderes.

Todas as habilidades do Revenge of Shinobi estão aqui presentes e mais algumas!

Na sua essência, o jogo herda as mesmas mecânicas de jogo do Revenge of Shinobi, com o ninja a poder dar saltos duplos, atacar com a espada ou shurikens e usar magias – Ninjitsus. Estas são também as mesmas que no jogo anterior, como magias que nos dão invencibilidade temporária, ataques de fogo que atingem todos os inimigos no ecrã, ou um ataque suicida bastante poderoso, mas a custo de uma das nossas vidas. Mas agora somos um ninja ainda mais hábil, capaz de saltar entre paredes (algo que temos de dominar nos últimos níveis) e de usar um dash-kick, um poderoso ataque aéreo que nos vai ser bastante útil.

Acção non-stop, até a cavalo!

Este Shinobi III é na mesma um jogo desafiante, embora não tão difícil quanto o primeiro. Ainda assim é um jogo repleto de momentos de acção pura, com muitos sub-bosses para enfrentar e alguns segmentos com bastante adrenalina, como a parte em que montamos um cavalo, ou surfamos com uma prancha toda futurista, enquanto temos muitos outros ninjas para combater. Nesse aspecto é um jogo bem mais dinâmico e com bosses ainda mais memoráveis.

O design dos bosses é sem dúvida um dos pontos altos do jogo

No que diz respeito ao audiovisuais, esta é também uma obra prima. Graficamente é um jogo excelente, com níveis muito bem detalhados e variados entre si. Há uma vez mais uma interessante dicotomia entre o Japão antigo e o futurista, ao atravessar bosques ancestrais e/ou edifícios tradicionalmente japoneses, com as grandes metrópoles ou indústrias futuristas do Japão. Os gráficos estão muito bem detalhados, principalmente as lutas contra os bosses que estão fenomenais. No que diz respeito à música e efeitos sonoros, estas também são excelentes. Os efeitos sonoros, nada a apontar. Já a música, esta esteve mais uma vez a cargo do mestre Yuzo Koshiro e uma vez mais não desapontou. A música tem sempre um ritmo acelerado, que se enquadra perfeitamente na acção! As melodias são uma vez mais uma mistura de rock com melodias tradicionais japonesas que se adequam perfeitamente ao estilo de jogo.

Surf, essa técnica ninjitsu ancestral

Portanto reafirmo, este Shinobi III é um dos melhores jogos de acção da era 16bit que deve mesmo ser jogado! Pena ser um jogo caro, pois merece figurar em qualquer colecção de Mega Drive que se preze.

Chuck Rock II: Son of Chuck (Sega Master System)

Voltando à Master System e às rapidinhas, o jogo que cá trago hoje é a adaptação para esta consola da sequela do Chuck Rock da Core Design, um jogo de plataformas com a temática da idade da pedra, desenvolvido originalmente para o Commodore Amiga, tendo sido posteriormente convertido a uma grande panóplia de outros sistemas. E nesta sequela a mesma ordem de ideias manteve-se, o que mudou foi o protagonista, mas já lá vamos! O meu exemplar foi comprado no mês passado numa das Cash Converters. Ficou-me por 12€.

Jogo com caixa

Neste jogo Chuck Rock foi raptado e quem o tenta salvar é nada mais nada menos que o seu filho de 6 meses! Na sua essência, este é um jogo de plataformas tradicional, com um botão para atacar e outro para saltar. Enquanto Chuck usava a sua barriga para atacar, o seu filho felizmente está equipado com um taco de madeira, que nos permite alcances ligeiramente superiores. De resto, as mecânicas de jogo são simples, temos de procurar a saída em cada nível, atravessando uma série de obstáculos e combatendo alguns inimigos pelo caminho. A nossa arma, para além de atacar também serve para interagir com os cenários em algumas situações, como a de “arrastar” pedras sobre espinhos, de forma a que consigamos alcançar algumas plataformas que de outra forma seriam inatingíveis. Isso ou interagir com alguns animais como um tigre ou uma tartaruga!

A nossa barra de energia é medida pelo nível de leite no biberão do canto superior esquerdo e pode ser restabelecida ao procurar mais biberões!

Tal como os Flintstones, o mundo de Chuck Rock decorre numa pré-história alternativa, com uma sociedade muito avançada como a nossa em tempos modernos. Portanto esperem por visitar localizações como subúrbios citadinos, zonas algo industriais, entre outras mais naturais como florestas, rios e vulcões. No final de cada zona temos um boss para defrontar e tipicamente o nível seguinte é diferente dos restantes, com um foco em corridas em vez de platforming. A nível audiovisual é um jogo colorido e muito bem detalhado para uma Master System, embora seja perfeitamente notório que o jogo nas suas versões 16bit tenha potencial para ser muito melhor. Isto porque aqui várias animações foram cortadas e os backgrounds são mais simplificados. Ao menos, ao contrário da versão Master System do jogo anterior, este já vem com música, que apesar de não ser nada de especial, também não incomoda e dá para entreter.