X-Men: Gamesmaster’s Legacy (Sega Game Gear)

Continuando pelas rapidinhas e pelos jogos de plataforma, o título que cá trago agora é um regresso à Sega Game Gear para aquele que foi o único jogo dos X-Men exclusivo da Game Gear que acabou por sair na Europa. O Gamesmaster’s Legacy é o segundo jogo de uma série composta também pelo X-Men e Mojo’s World que acabaram por sair unicamente nos Estados Unidos. Sinceramente apenas conhecia o Mojo’s World pelo facto de ter sido convertido e comercializado para a Master System através da TecToy, pelo que quando vi este Gamesmaster’s Legacy na Feira da Ladra, algures na Primavera/Verão do ano passado, fiquei surpreendido e comprei-o por cerca de 3€.

Apenas cartucho

Mas infelizmente foi um jogo que acabou por me desiludir bastante pela sua jogabilidade, o que é pena pois até tinha potencial de ser um título bem sólido. Mas já lá vamos. Esta aventura leva-nos ao mundo dos X-Men, onde um poderoso vírus ameaça toda a raça mutante. O vilão Gamesmaster (não me lembro de ver este nas comics!) afirma ter uma cura e exige aos X-Men que viajem para vários locais diferentes. Gambit, Wolverine, Bishop, Rogue e Jean Grey fizeram-se então à estrada, mas nunca mais voltaram. Os X-Men restantes, nomeadamente o Cyclops e a Storm decidem então ir à procura dos seus colegas e descobrem que o Gamesmaster prometeu a mesma cura a vários dos maiores vilões dos X-Men, colocando-os lado a lado a combater pela sobrevivência.

Antes de cada nível somos recompensados com uma imagem de destaque de algumas personagens do jogo

Portanto este é quase um Megaman, onde temos a liberdade total para escolher a ordem pela qual queremos jogar os 5 primeiros níveis, onde em cada um desses níveis salvamos uma outra personagem dos X-Men, cada qual com as suas habilidades próprias e que podem posteriormente ser jogáveis nos níveis seguintes. Escolher o X-Men certo para cada nível/boss acaba por ser o maior desafio. Personagens como a Rogue, Jean Grey ou a Storm são bastante úteis pela sua capacidade de voar, embora possuam também outras características, sendo Rogue muito mais forte fisicamente do que as outras duas, no entanto estas últimas possuem ataques de longo alcancem, enquanto Rogue é uma lutadora de corpo-a-corpo. Personagens como o Wolverine para além de poderem usar as suas garras de adamantium têm também a habilidade de regenerar a sua vida, ou o caso do Bishop cuja habilidade é absorver os tiros e com isso não sofrer dano.

Graficamente é um jogo que até é muito bonito para um sistema como a Gamegear

Cada personagem possui então uma barra de vida que temos de ter em conta, bem como uma barra de poder, que serve pra podermos executar as habilidades mutantes de cada um. Aqui e ali vão existindo power ups para regenerar a vida ou o poder mutante, mas nem sempre isso nos ajuda, devido aos inimigos serem grandes esponjas e aguentarem com muita pancada, ou por muitos dos níveis serem bastante labirínticos, o que também não ajuda.

Felizmente, a contrastar com a jogabilidade que deveria ser muito melhor, este jogo possui bons gráficos, com sprites bem detalhadas e animadas, assim como níveis de backgrounds diversos, como ruínas antigas, pirâmides egípcias, ou mesmo glaciares de gelo. Infelizmente por outro lado a música não é mesmo naada de especial, aliás, devo dizer mesmo que é muito má, cheia de melodias mesmo muito poudo interessantes.

Astérix (Super Nintendo)

Até ao final dos anos 80, a presença dos intrépidos gauleses Astérix e Obélix sempre passou algo despercebida no mundo dos videojogos. Mas eis que chegam os anos 90 e estúdios como a Sega, Konami (nas arcades) ou a Infogrames fizeram maravilhas. Todas essas empresas tiveram a licença da personagem, com a Infogrames/Atari a detê-la até aos dias de hoje. E os primeiros jogos do Astérix lançados em consolas da Nintendo foram precisamente o Astérix, de 1993, com lançamento conjunto para a NES, Game Boy e esta versão Super Nintendo que cá trago hoje. O meu exemplar veio de uma troca que fiz com um amigo algures no mês passado.

Apenas cartucho

Em todas as versões, a história base é a mesma, com Obélix a ser raptado pelos Romanos enquanto dormia uma soneca e vamos passar toda a aventura a persegui-los para resgatar o nosso companheiro. Com isso vamos atravessando as florestas Gaulesas, as montanhas helvéticas, atravessar os oceanos até ao Egipto, a Grécia antiga, terminando finalmente em Roma. A jogabilidade é simples, sendo este um jogo de plataformas. Um botão para saltar, outro para atacar e ainda outro para correr. Mas apesar dos controlos serem simples, a sua execução infelizmente não é a melhor, pois por vezes a detecção de colisões deixa-nos ficar mal e lá ficamos com menos um coraçãozinho na nossa barra de vida. Felizmente o que mais há são power ups, mas na recta final os níveis começam a ficar mais complicados, com obstáculos ou inimigos mais resilientes e em posições mais chatas teremos mesmo de avançar mais cuidadosamente. Só não digo que é um jogo muito difícil porque felizmente também é possível ganhar muitas vidas, ao coleccionar moedas e apanhar power ups para esse efeito.

Como é habitual, há sempre uma pitada de humor em Astérix

Outros power ups incluem poções de invencibilidade temporária ou que nos permitem também voar, ou itens que chamam a ajuda de outras personagens do universo Astérix. Um osso faz com que apareça o cão Ideafix e morda o rabo do primeiro soldado romano que apanhar, uma harpa faz aparecer o bardo que, com as suas melodias desafinadas paralisam temporariamente todos os inimigos no ecrã, deixando-os expostos. O design dos níveis também é mais amplo do que o que habitualmente se via nos jogos de plataformas da época. Nem sempre temos de andar só para a esquerda ou direita e nem sempre a saída do nível é muito visível, pelo que ainda nos obriga de certa forma a explorar os níveis de uma forma mais atenta. Os níveis nas pirâmides do Egipto são especialmente desafiantes pela sua natureza labiríntica, assim como os da Roma antiga, onde muitos possuem montanhas russas gigantes e onde teremos de saltitar entre vários “mine carts” que percorrem diferentes pistas e um salto mal calculado faz com que percamos uma vida. Aliás, não fazia ideia que a Roma antiga possuia arranha céus de vários andares e montanhas russas por todo o lado!

PAF! O som universal que faz um romano a ir pelos ares

Graficamente é um jogo colorido, com boas músicas e cenários variados e minimamente detalhados. Acho que a Infogrames possui jogos de plataforma na SNES ainda melhores do ponto de vista gráfico, pois acho que as sprites poderiam ser um nadinha maiores. As músicas são também agradáveis, mas se vocês um dia tiverem a oportunidade de jogar a versão NES deste Astérix, irão ficar muito surpreendidos. Para além de possuir excelentes gráficos, melhor jogabilidade, melhor design nos níveis (e até tem bosses ao contrário desta versão!), mas as músicas são mesmo qualquer coisa de fantástico para a NES.

Estes segmentos podem ser um pesadelo!

Não deixa de ser algo curioso, pois esta versão SNES foi desenvolvida internamente pela Infogrames, e as versões NES e Gameboy tenham sido subcontratadas para outro estúdio mais pequeno. Mas a versão NES acaba por ser um jogo muito superior, tendo em conta a plataforma onde corre. Espero um dia poder escrever mais sobre essa versão.

Overcast: Walden and the Werewolf (PC)

Continuando pelas rapidinhas no PC, o próximo jogo é um excelente exemplo do porque não se deveria apoiar qualquer jogo no Greenlight do Steam, mesmo que os seus criadores oferecessem chaves do jogo a quem votasse positivamente no mesmo. Foi o que eu fiz, lá recebi o joguito de graça, mas o resultado final é mau, muito mau mesmo.

A história leva-nos a encarnar em Walden, um caçador que pelos vistos quando era mais novo foi vítima de um assalto que quase o matou. Desde essa altura que tem vivido uma vida solitária e a certo dia quando sai de casa o céu escurece. É aí que começamos a aventura e ao longe vemos uma grande seta verde a apontar para uma ponte que atravessa um rio. OK, deve ser para ali que temos de ir e quando tento atravessar a ponte surge uma mensagem no ecrã avisando-nos que antes de continuar devemos primeiro procurar a nossa espingarda e carregá-la de munições. Ok, olhando para os lados lá vemos uma casa de madeira, mas que mais parece feita de borracha, tal são as texturas de tão boa qualidade. Aí podemos encontrar a nossa espingarda, munições, e o primeiro de muitos sustos que vão ocorrendo regularmente ao longo do jogo.

Por vezes a câmara fica propositadamente desfocada, o que também não resulta muito bem

Depois lá atravessamos o rio e descobrimos a nossa aldeia em chamas, cadáveres dilacerados e após alguma exploração à procura de chaves lá encontramos um bilhete misterioso que nos desafia a ir às montanhas, acender uma fogueira, e defrontar o ser mais venenoso da região. Bom, não me vou alongar muito mais na história, pois a mesma é tão má que quase vale a pena experimentarem o jogo só para se rirem um bocadinho.

Mas infelizmente não é só na história, ou nos sustos regulares e baratos que o jogo nos tenta impingir (é que só pelo barulho altíssimo que fazem assustam mesmo, mas não acrescentam rigorosamente nada de valor à experiência), que o jogo seja mau. A nível técnico também deixa muito a desejar. A maior parte das texturas são muito más (a madeira parece borracha) e as animações são quase inexistentes. Só na cutscene de abertura dá para perceber que os bonecos estão quase estáticos porque não saberiam como os animar, e isso é perfeitamente notório em eventos como o combate contra o principal oponente, o lobisomem mencionado no título do jogo. Ou mesmo quando Walden tenta recarregar a arma, com a espingarda a desaparecer lentamente de vista e alguns segundos depois já aparecer recarregada. O que é muito chato visto ser preciso a recarregar em cada disparo. Depois a própria posição da espingarda na primeira pessoa… até parece uma bisnaga de água, tal é a sua leveza.

O combate é bastante lento devido ao tempo que demoramos a recarregar a arma depois de cada disparo

As músicas felizmente são um pouco melhores, recorrendo muitas vezes a ambiências sinistras, mas também algumas melodias acústicas que até soam bem, mas destoam bastante do resto do jogo, pois são bastante tranquilizadoras, quando o jogo nos tenta é assustar ou esgotar a nossa paciência.

Portanto volto ao que disse no início. Jogos como este Overcast no steam, mostram o porquê do Greenlight estar prestes a ser descontinuado, se é que já não foi. É para passar longe, ou para oferecer como partida a algum amigo!

Kaptain Brawe: A Brawe New World (PC)

Voltando às rapidinhas dos jogos indie no PC, o título que trago hoje é mais uma aventura gráfica point and click em 2D. Produzida pelo estúdio croata da Cateia Games, esta até que foi uma obra que me agradou, apesar da sua curta duração. O meu exemplar digital foi comprado nalgum indie bundle por uma ninharia, sinceramente já não me recordo. Mas já cá estava no meu backlog há uns bons tempos, isso é certo.

O jogo decorre num passado distópico, parecendo ter sido retirado de algum clássico do Julio Verne. Algures no século XIX, o notório cientista e inventor James Watt criou o Polar Ion Drive, uma tecnologia que catapultou a raça humana para a exploração e colonização espacial. Portanto, apesar do jogo ser de certa forma futurista, as naves e muitos dos utensílios que vamos encontrando acabam por parecer bem mais vintage. E aqui somos levados para as aventuras do Kaptain Brawe, um polícia espacial algo ingénuo que subitamente recebe um pedido de ajuda de uma nave que se despenhou num planeta ali perto. E ao tentar resgatar eventuais sobreviventes, lá vamos inadvertidamente ser arrastados para uma trama que envolve conspirações e crime organizado.

O jogo tem o seu charme, com aquele futurismo do século XIX!

As mecânicas de jogo são aquelas mais tradicionais, com o foco na exploração de cenários, e interacção com personagens e objectos, permitindo inclusivamente combinar objectos entre si no inventário, para depois os usar nas mais variadas situações. Ocasionalmente lá teremos também alguns puzzles para resolver. Nada que reinvente a roda, mas para quem gosta deste tipo de videojogos, também não é algo que incomode.

Ao longo da aventura não iremos jogar só com o Brawe, mas também com outras personagens que vamos conhecendo

A história até que está engraçada, existem algumas personagens bem carismáticas, mas no fim sabe a pouco principalmente por duas razões. A primeira é a duração da aventura, que é bastante curta, existindo inclusivamente um achievement para o terminar em menos de 3 horas. A minha segunda queixa está na falta de voice acting, todos os diálogos são apenas em texto. É uma pena, pois os gráficos até que estão muito bem detalhados e todo aquele aspecto gráfico muito “Júlio Verne” resulta mesmo muito bem. É aí que se nota que o jogo veio de um estúdio indie, embora existam muitos outros, com gráficos piores, mas com voice acting. Outra das coisas que pode chatear é mesmo o sistema de achievements internos, que não se traduz em achievements para o Steam propriamente dito.

No fim de contas, este até que é um jogo de aventura point and click bastante agradável, apesar da sua curta duração e da falta de voice acting que poderia dar muito mais charme à aventura. Mas vale bem a pena ser jogado se forem fãs do género. Estejam atentos nas próximas steam sales, pois este é um daqueles jogos que se arranjam bem baratinhos.

Rocket Knight Adventures (Sega Mega Drive)

Um dos estúdios que mais brilhou durante a era dos 8 e 16bit sem dúvida que foi a Konami, ao introduzir séries como Castlevania, Contra/Probotector, Metal Gear, Gradius, são apenas alguns dos nomes bem sonantes de franchises que foram criadas nessa altura. A Mega Drive felizmente também não ficou de fora do catálogo de jogos da Konami e foi berço de uma série bastante interessante, o Rocket Knight Adventures. O meu exemplar actual foi comprado numa loja online, algures há uns meses atrás, tendo-me custado uns 15€.

Jogo com caixa e manuais

A aventura leva-nos a encarnar no papel de Sparkster, um roedor marsupial envolto numa armadura e munido de uma espada e de um jet-pack. A sua missão é a de resgatar a princesa do seu reino, que foi raptada por um Império de porcos maléficos que está também a aterrorizar a região. Com criadores responsáveis por jogos como o Contra III na equipa, seria de esperar que esta fosse uma aventura repleta de acção, e nisso não saímos nada desapontados. Sparkster pode disparar bolas de fogo de médio alcance a partir da sua espada, mas se acertarmos directamente em alguém com a espada fazemos muito mais dano. O jetpack é também parte integral da jogabilidade, com o botão de ataque ao ser mantido pressionado vai carregando um medidor. Ao largar o botão, se Sparkster estiver parado, então rodopia no seu lugar e solta um ataque capaz de causar dano a todos os inimigos que estejam à sua volta. Se largarmos o botão ao mesmo tempo em que pressionamos o d-pad numa direcção, então saímos disparados e levamos tudo à nossa frente. Se batermos nalguma parede também fazemos ricochete, algo que teremos de usar em vários pontos do jogo. Ocasionalmente lá teremos um ou outro segmento de jogo onde Sparkster está a voar, e a jogabilidade a assemelhar-se muito mais à de um shmup clássico.

Graficamente é um bem bonito e repleto de detalhes

Para além da jogabilidade ser excelente, o jogo está também repleto de acção, com muitas coisas diferentes a acontecer. Tanto temos segmentos muito bons de platforming onde temos de alternar entre 2 diferentes planos, outros com autoscrolling e obrigar-nos a escapar de explosões, defrontar comboios, um assalto a uma fortaleza voadora ou mesmo conquistar e destruir uma estação espacial. Até há um segmento em que controlamos um mecha gigante! Acção é mesmo algo que não falta, com bosses muito bem detalhados e variados entre si. Do mesmo género só a Treasure fazia melhor!

É também um jogo que transpira originalidade e acção non-stop!

Graficamente é um jogo com excelentes animações e muitos bons detalhes, onde apenas fica a perder na reduzida paleta de cores da Mega Drive. Um pouco mais de cor só lhe dava a ganhar, como podemos comprovar nas suas sequelas, tanto para a SNES como na Mega Drive. As músicas são também excelentes, quase sempre com um feeling mais orquestral, o que é notável para uma Mega Drive. Nos confrontos com os bosses a banda sonora torna-se um pouco mais agressiva, o que também acaba por resultar muito bem nesses momentos, ao criar uma atmosfera bem mais tensa.

Rocket Knight Adventures é um grande clássico da Mega Drive que todos os coleccionadores deveriam ter na sua colecção. E depois de mais dois jogos lançados para a SNES e Mega Drive respectivamente, foi uma série que ficou adormecida muitos anos, o que é bastante injusto. Mas em 2010 lá saiu um título digital simplesmente intitulado Rocket Knight, para plataformas digitais como a Xbox Live Arcade ou PSN. Apenas joguei o demo e pareceu-me bastante interessante, talvez um dia o acabe por comprar de vez.