Sonic Spinball (Sega Mega Drive)

Sonic SpinballEra inevitável. Com níveis como Spring Yard, Casino Night Zone, entre muitos outros similares que colocavam o rápido ouriço azul a comportar-se como uma bola de pinball, certamente que não demoraria muito tempo até alguem tentar fazer um jogo só disso. E essa tarefa coube à Sega Technical Institute, um dos infelizmente já extintos estúdios norte-americanos da Sega, os mesmos que nos trouxeram jogos como Kid Chameleon ou Comix Zone. O meu exemplar foi comprado há uns meses atrás na feira da Vandoma, no Porto por 5€.

Jogo com caixa e manual
Jogo com caixa e manual

Como sempre, a nossa missão é impedir que o Dr. Robotnik faça alguma das dele. E desta vez temos uma fortaleza gigante para explorar, fortaleza essa que está construída como máquinas de pinball gigantes. Mas este também não é um jogo de pinball normal, já que existem alguns segmentos de platforming, onde Sonic pode andar, correr, saltar e até fazer o seu spindash, embora sejam curtos. Existem 4 níveis, separados por pequenos níveis de bónus que detalharei mais à frente. O objectivo em cada nível é coleccionar todas as esmeraldas caóticas lá espalhadas, para depois enfrentar um boss. Para isso, teremos de activar botões, alavancas, destruir obstáculos e afins até abrir caminho para mesas de pinball secundárias onde poderemos encontrar as esmeraldas. Os níveis de bónus são algo diferentes. Em vez de Sonic ser a bola, vemos o reflexo do Sonic a controlar uma máquina de pinball, com um pequeno Robotnik a navegar por lá. O objectivo é fazer o máximo de pontos possível e derrotar o pequeno Robotnik que por lá anda.

Embora não seja muito frequente, nem sempre andamos a fazer de bola de pinball
Embora não seja muito frequente, nem sempre andamos a fazer de bola de pinball

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo que eu aprendi a gostar. Por ter sido desenvolvido inteiramente pela vertente norte-americana da Sega, há aqui uma certa ocidentalização que não está inteiramente presente nos outros jogos. Isso nota-se pelos visuais não serem tão coloridos, mas mais sombrios. O Sonic, Robotnik e alguns dos inimigos que por lá vão aparecendo, têm também as feições vistas nas séries de animação do Sonic do início da década de 90, que também chegaram a ser transmitidos na RTP, ao Domingo de manhã. Para além disso, as músicas têm uma vertente rock muito acentuada e algumas faixas são mesmo bastante viciantes. Não me lembrava do jogo ter músicas tão boas, para ser sincero!

As esmeraldas por vezes estão à vista, mas chegar até lá é outra história.
As esmeraldas por vezes estão à vista, mas chegar até lá é outra história.

No fim de contas, acho este um título muito interessante, pois conseguiram fazer um bom jogo de pinball, onde somos mesmo obrigados a explorar caminhos e fazer pequenas tarefas para progredir. Mistura bem a habilidade e reflexos necessários de um jogo de flippers com a exploração e puzzle solving. Para além disso tem uma óptima banda sonora que só agora redescobri!

International Superstar Soccer Deluxe (Super Nintendo)

ISSCá vamos a mais uma rapidinha àquele que potencialmente é o melhor jogo de futebol das consolas de 16bit. Já antes o primeiro International Superstar Soccer, lançado também para a Super Nintendo, tinha sido um óptimo jogo de futebol, mas nesta versão Deluxe adicionaram muito conteúdo extra que a torna na versão definitiva. E este meu cartucho veio de uma Cash aqui pela zona de Lisboa há uns meses atrás, custou-me 5€.

Apenas cartucho
Apenas cartucho

ISS Deluxe tem uma grande desvantagem perante os FIFA da época. Bom, na verdade duas. A primeira é que apenas possui selecções, não clubes. A outra é que não possuí as licenças para o nome dos jogadores, o que sinceramente não me incomoda muito. Até é engraçado por vezes ver os nomes que eles inventam! De resto, pesando bem as coisas, acabam por ser 2 inconvenientes e pouco mais, isto porque a jogabilidade é excelente. Os controlos são simples e funcionais, e depois o jogo possui uma série de detalhes não muito vistos na época. Para além de cada jogador ter os seus próprios stats. têm também indicadores de fadiga e estado anímico, que acabam por ter repercussões durante o jogo em si. De resto, coisas como alterar esquemas tácticos ou o muito útil radar de jogo (no baixo-centro do ecrã) marcam também aqui a sua presença.

Comparativamente com os FIFAs da época, este jogo apenas perde pelo facto de só ter selecções e a falta de licenças para os nomes dos jogadores
Comparativamente com os FIFAs da época, este jogo apenas perde pelo facto de só ter selecções e a falta de licenças para os nomes dos jogadores

A nível de modos de jogo, para além das partidas particulares, que claro, podem ser também jogadas em multiplayer, incluindo o multiplayer cooperativo (uma das novidades da versão Deluxe), temos também outros modos de jogo mais longos como torneios e ligas. Temos também o Scenario, onde teremos de cumprir uma série de missões, como dar a reviravolta a um resultado negativo com pouco tempo disponível até à partida acabar. Outros modos de treino como os Penalty Kicks (auto explanatório), ou mesmo um Training Mode onde podemos practicar uma série de jogadas, desde fintas, pontapés livres, tácticas defensivas, etc.

Este Allejo joga para caraças!!
Este Allejo joga para caraças!!

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um excelente jogo do seu género. A começar pelo detalhe dos estádios (que vão sendo variados), mas particularmente para o detalhe e animações dos jogadores, onde cada qual possui o seu próprio número na camisola e vão tendo sprites diferentes entre si. As músicas, geralmente existentes nos menus, intervalos e afins, são geralmente bastante upbeat. A acompanhar o ruído do público e da bola a ser chutada de um lado para o outro estão também várias frases curtas de comentadores desportivos, que vão sendo repetidas a cada vez que há um passe, um corte, um remate, uma defesa, e por aí fora.

As celebrações de golo estão também muito bem representadas!
As celebrações de golo estão também muito bem representadas!

Resumidamente, International Superstar Soccer Deluxe é para mim um dos melhores, senão mesmo o melhor jogo de futebol da era 16bit. Tanto pela jogabilidade, como pela variedade de modos de jogo oferecidos, ou pura e simplesmente pelos seus audiovisuais.

Cibele (PC)

Tal como o Her Story, este Cibele também foi um jogo que deu entrada na minha conta do steam após ter sido comprado por uma bagatela num Humble Bundle, dedicado a videojogos com foco na narrativa. É possivelmente o jogo mais curto do pacote, pelo que esta será também uma rapidinha.

headerCibele coloca-nos na vida de uma jovem nerd de 19 anos com baixa auto-estima, com os típicos passatempos de outras da mesma faixa etária: anime, videojogos e blogues com entradas idiotas que não interessam a ninguém. Sim, estou a ser mauzinho porque Cibele é acima de tudo um jogo lamechas. Supostamente baseado numa história real, mostra a vida de Nina que se envolve com um rapaz com o qual joga um MMORPG chamado Valtameri. À medida que vamos progredindo no jogo, Nina apaixona-se, as coisas começam a escalar, e terminam abruptamente. O jogo é curto, mas não vou fazer aqui o spoil óbvio que se topa a milhas nos primeiros minutos de jogo.

Este é o desktop de Nina. Como é que alguém gosta de tanto cor-de-rosa assim é para lá da minha compreensão
Este é o desktop de Nina. Como é que alguém gosta de tanto cor-de-rosa assim é para lá da minha compreensão

Há aqui alguma originalidade no entanto. No início de cada acto, podemos explorar livremente o desktop de Nina. Ver as suas fotografias, logs de chats com outras amigas, ou rascunhos das suas entradas desinteressantes do seu blogue. Abrir o e-mail ou posts de um fórum qualquer também é uma possibilidade. O ícone no canto inferior esquerdo leva-nos para o videojogo Valtameri, onde se simula uma partida online e é aí que a história se desenvolve. Nina vai jogando sempre com um rapaz com a alcunha de Ichi, que lá lhe vai mandando uns piropos do tipo: “ah e tal eu sou tão anti social e envergonhado, mas tu até que és bem gira”. Paralelamente podemos acompanhar pequenos chats dentro do jogo, ou mesmo actualizações de novos e-mails, fotos e afins. Enquanto estamos no mundo de Valtameri, parece que estamos a jogar, mas apenas temos de ir clicando nos monstros que nos aparecem à frente. Nina nunca sofre dano, nem quando surge o boss. Quando finalmente derrotamos o boss, a história desenrola-se um pouco mais, através de pequenos vídeos. Passamos para o capítulo seguinte que pode ser dias ou meses depois e o processo repete-se.

É durante as partidas de Valtameri que a maior parte do romance se desenrola. Podemos ainda participar nalguns chats que geralmente não nos levam a lado nenhum e consultar algumas aplicações como o e-mail
É durante as partidas de Valtameri que a maior parte do romance se desenrola. Podemos ainda participar nalguns chats que geralmente não nos levam a lado nenhum e consultar algumas aplicações como o e-mail

Infelizmente o conceito não é muito bem aproveitado. Os níveis de Valtameri, mesmo que apenas cliquemos nos monstros e não sofremos dano nenhum, os controlos poderiam ser melhores. Por vezes é difícil Cibele (a persona de Nina) mover-se pelo mapa, enquanto que o marmanjo facilmente voa por tudo quanto é sítio. Depois este romance lamechas não é propriamente algo que me agrade particularmente, mas vai-se acompanhando, até porque de certa forma o meu “eu” adolescente também se relaciona um pouco com o que ali se passa. Mas termina de uma forma completamente idiota, sem que se tire nada dali. Parece que a autora do jogo fica contente de ter sido enganada e levar uma tampa! Ooops, afinal spoilei um pouco.

Derrotado o boss, é FMV time
Derrotado o boss, é FMV time

Cibele é um jogo que até tem algumas boas ideias, embora seja mais um filme interactivo que outra coisa. O voice acting está bem representado, as músicas são calmas e a qualidade das filmagens parece-me OK. Mas acho que os segmentos de Valtameri, que são na realidade a única coisa que o fazem aproximar de um jogo propriamente dito, deveriam ser mais bem aproveitados. E claro, a história é demasiado curta e termina de uma forma abrupta. Se é mesmo baseada em factos reais que aconteceram com a autora do jogo, então sinceramente não consigo entender o que é que ela tirou dali, pelo menos da forma como termina.

Her Story (PC)

Continuando com as rapidinhas, recentemente comprei um Humble Bundle. Já era algo que não fazia há muito tempo, por um lado porque a minha biblioteca do steam já está grande demais com jogos que nem conheço e nem sequer instalei. Por outro lado porque não tenho tido muito tempo para estar devidamente informado dos títulos indie mais recentes. No entanto, este Humble Bundle era relativo a jogos com uma óptima narrativa, algo que eu aprecio bastante. Com o Broken Age de Tim Schaffer e mais meia dúzia de jogos que não conhecia de lado nenhum mas me pareciam ser curtos o suficiente, lá acabei por comprar o pacote por uma bagatela. E um dos ilustres desconhecidos para mim era este Her Story.

Her StoryEscrever sobre este jogo é muito complicado sem estar a revelar demasiado da sua história, pelo que vou abordar apenas o seu conceito. Nós somos alguém com acesso de convidado a uma base de dados policial, onde teremos acesso a uma série de vídeos de entrevista a uma mulher, aparentemente suspeita do assassinato do seu marido. Começamos o jogo já com a janela da base de dados aberta e o resultado da querymurder” no ecrã. Vemos esses vídeos, cada um gravado em dias diferentes e ficamos algo intrigados. Ao explorar o desktop lá encontramos instruções de utilização do programa. Todos os videos existentes na base de dados foram transcritos para texto e podem ser procurados pelas palavras faladas pela senhora. E então lá nos aventuramos num jogo de pesquisa, onde vamos procurando diferentes termos de forma a tentar montar esse puzzle do que terá acontecido. Isto porque por algum motivo não temos forma de ver os vídeos de forma sequencial, e pesquisando por termos algo genéricos poderá resultar num número de resultados superior àqueles que conseguimos aceder com uma query, neste caso 5. Um dos ícones do desktop, algo escondido por detrás da janela, podemos consultar o número de vídeos já visualizados, e o seu lugar na sua sequencia. Na verdade há uma maneira engenhosa de dar a volta ao sistema e ver os vídeos pela sua ordem, mas isso tira toda a piada ao jogo.

A interface que usamos
A interface que usamos

A isto se deve à performance da actriz, que consegue representar bem o seu papel. Vemos calma, vemos alegria, vemos pânico. Ela nunca deixa de ser misteriosa, mesmo os seus sinais corporais nem sempre parecem ser legítimos, e por vezes lá vemos alguns sinais de contradição. Depois os vídeos apenas contêm as respostas da entrevistada, nunca chegamos a ouvir as perguntas colocadas pelo detective, mas pelo teor da resposta dá sempre uma ideia do que foi perguntado. É daqueles jogos em que cuja história fica sempre aberta a teorias, mesmo se arranjarmos forma de ver todos os vídeos de forma sequencial.

Todos os vídeos estão legendados e podem ser pesquisados pelas palavras ali ditas
Todos os vídeos estão legendados e podem ser pesquisados pelas palavras ali ditas

Her Story é um jogo muito diferente do habitual pelo seu conceito de estarmos a tentar montar estas peças de um puzzle que foi o seu testemunho, a sua história. Acho que está bem executado, acompanhado de músicas minimalistas e de ocasionais reflexos no ecrã que quase nos permite ver quem nós encarnamos. Tem alguns extras, como um Reversi para 2 jogadores escondido na reciclagem. No geral gostei, foi uma boa surpresa, é para mim o jogo em Full Motion Video mais bem conseguido, mas acaba por ser mais um daqueles exemplos que certamente não irá agradar a toda a gente.