Continuando com as rapidinhas, recentemente comprei um Humble Bundle. Já era algo que não fazia há muito tempo, por um lado porque a minha biblioteca do steam já está grande demais com jogos que nem conheço e nem sequer instalei. Por outro lado porque não tenho tido muito tempo para estar devidamente informado dos títulos indie mais recentes. No entanto, este Humble Bundle era relativo a jogos com uma óptima narrativa, algo que eu aprecio bastante. Com o Broken Age de Tim Schaffer e mais meia dúzia de jogos que não conhecia de lado nenhum mas me pareciam ser curtos o suficiente, lá acabei por comprar o pacote por uma bagatela. E um dos ilustres desconhecidos para mim era este Her Story.
Escrever sobre este jogo é muito complicado sem estar a revelar demasiado da sua história, pelo que vou abordar apenas o seu conceito. Nós somos alguém com acesso de convidado a uma base de dados policial, onde teremos acesso a uma série de vídeos de entrevista a uma mulher, aparentemente suspeita do assassinato do seu marido. Começamos o jogo já com a janela da base de dados aberta e o resultado da query “murder” no ecrã. Vemos esses vídeos, cada um gravado em dias diferentes e ficamos algo intrigados. Ao explorar o desktop lá encontramos instruções de utilização do programa. Todos os videos existentes na base de dados foram transcritos para texto e podem ser procurados pelas palavras faladas pela senhora. E então lá nos aventuramos num jogo de pesquisa, onde vamos procurando diferentes termos de forma a tentar montar esse puzzle do que terá acontecido. Isto porque por algum motivo não temos forma de ver os vídeos de forma sequencial, e pesquisando por termos algo genéricos poderá resultar num número de resultados superior àqueles que conseguimos aceder com uma query, neste caso 5. Um dos ícones do desktop, algo escondido por detrás da janela, podemos consultar o número de vídeos já visualizados, e o seu lugar na sua sequencia. Na verdade há uma maneira engenhosa de dar a volta ao sistema e ver os vídeos pela sua ordem, mas isso tira toda a piada ao jogo.
A isto se deve à performance da actriz, que consegue representar bem o seu papel. Vemos calma, vemos alegria, vemos pânico. Ela nunca deixa de ser misteriosa, mesmo os seus sinais corporais nem sempre parecem ser legítimos, e por vezes lá vemos alguns sinais de contradição. Depois os vídeos apenas contêm as respostas da entrevistada, nunca chegamos a ouvir as perguntas colocadas pelo detective, mas pelo teor da resposta dá sempre uma ideia do que foi perguntado. É daqueles jogos em que cuja história fica sempre aberta a teorias, mesmo se arranjarmos forma de ver todos os vídeos de forma sequencial.
Her Story é um jogo muito diferente do habitual pelo seu conceito de estarmos a tentar montar estas peças de um puzzle que foi o seu testemunho, a sua história. Acho que está bem executado, acompanhado de músicas minimalistas e de ocasionais reflexos no ecrã que quase nos permite ver quem nós encarnamos. Tem alguns extras, como um Reversi para 2 jogadores escondido na reciclagem. No geral gostei, foi uma boa surpresa, é para mim o jogo em Full Motion Video mais bem conseguido, mas acaba por ser mais um daqueles exemplos que certamente não irá agradar a toda a gente.