Power Rangers (Sega Mega Drive)

Power Rangers

Quando era miúdo adorava os Power Rangers, e outras séries “Super Sentai” japonesas que tinham passado na nossa televisão uns anos antes, como os Turbo Rangers e uma outra “Jet” qualquer coisa que agora não me recordo. Mas tal como gostava dos Power Rangers, não muito tempo depois fartei-me. Afinal a fórmula era sempre a mesma: lutam contra um monstro qualquer, o monstro cresce, chamam o MegaZord e fica tudo bem. Ainda assim lá acabei por arranjar este jogo, mesmo sabendo que não é nada do outro mundo, pois veio junto num bundle que me deixou cada jogo a cerca de 6€.

Jogo com caixa e manuais

Ao contrário do Power Rangers the Movie que é um beat ‘em up à lá Streets of Rage e geralmente mais bem aceite pelos fãs, este aqui é um jogo de luta 1 contra 1, mas que tenta replicar a fórmula da série televisiva. Ou seja, começamos com a vilã Rita Repulsa a criar um monstro novo, manda-o para a Terra, nós escolhemos qual o Power Ranger que queremos usar para lutar, vencemos o primeiro round e no seguinte a Rita faz o bicho crescer e passamos a usar o Megazord. Pelo meio temos o Ranger verde que se bem se lembram começou ao serviço da Rita e temos de lutar contra ele e o seu Dragonzord. Depois de o derrotar ele passa para o nosso lado e podemos também seleccioná-lo nos combates seguintes.

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Por acaso sempre achei o Dragonzord mais badass

A jogabilidade é que não me parece grande coisa, mesmo eu sendo um jogador mais casual deste estilo. Usamos apenas 2 dos botões faciais, um para ataques ligeiros e outro para fortes, para bloquear temos apenas de pressionar a direcção oposta ao nosso adversário e temos uma série de golpes especiais que podem ser desencadeados com várias combinações de botões. Ainda assim as coisas parecem-me todas um pouco desconexas e a jogabilidade no geral deveria ser mais fluída. Depois claro que temos também um versus para 2 jogadores, onde poderemos também jogar com os maus da fita.

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Rita Repulsa com um bigode branco. Can’t unsee.

A nível gráfico é um jogo competente, sendo colorido e detalhado quanto baste durante os combates. Mas nas cutscenes entre cada combate vamos vendo alguns diálogos e aí os visuais estão bons e tentam replicar o que víamos no programa, como a transformação do Mega Zord, ou o Power Ranger verde e a forma como ele chamava o seu Dragonzord… aquela melodia da flauta que ele usava para o chamar estava perdida nos confins da minha memória. As músicas não são más, reconheci algumas do programa televisivo, como logo a faixa título. Pareceram-me todas ser mais rockeiras o que sinceramente me agrada e a Mega Drive também consegue ser boa nisso. O jogo tem também vários voice samples, mas esses ainda soam um pouco arranhados.

Em jeito de conclusão, este jogo serviu mais pela nostalgia que outra coisa qualquer, pois o The Movie acaba por ser melhor jogo que este, mesmo para quem como eu rapidamente se fartou de todo o conceito por detrás dos Power Rangers e afins.

Goodbye Deponia (PC)

Goodbye DeponiaO artigo que escreverei hoje será uma vez mais uma rapidinha, pois apesar de ser um bom jogo que nos dá várias horas de divertimento, não é assim tão diferente das suas prequelas Deponia e Chaos on Deponia já aqui faladas. É na mesma um jogo de aventura point and click que continua a história dos anteriores, mantendo as mesmas mecânicas de jogo, bons visuais 2D e um humor corrosivo sem quaisquer pudores. Mas ao contrário dos anteriores, que tinham sido comprados em Humble Bundles, este veio da loja brasileira Nuuvem, tendo-me também ficado a um bom preço, não devendo ter sido mais caro que 3€.

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O humor negro a atacar de novo e desta vez nem as criancinhas se safam.

Tal como referi acima, e desta vez para não “spoilar” muito a história, este é mais um capítulo na aventura de Rufus, a bonita Goal e restantes amigos na sua luta contra o Organon para impedirem que os mesmos destruam o planeta extreamamente poluído de Deponia e alcancem Elysium, a cidade suspensa no ar de onde Goal e os restantes sortudos que conseguiram um lugar nessa cidade idílica vivem. As mecânicas de jogo são exactamente as mesmas, com alguns puzzles lógicos a surgirem de vez em quando e uma vez mais podem ser avançados apenas com a penalização de não ter um achievement. A história tem os seus momentos muito bons, com coisas completamente inesperadas a acontecer (como a possibilidade de a certo ponto podermos jogar com 3 Rufus com inventários diferentes), e mais uma vez a Daedalic a ousar em pisar o risco do humor negro, onde podem acontecer coisas menos agradáveis a criancinhas e não só.

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Se viram um certo filme da Sharon Stone, vão reconhecer a paródia

No entanto, não sei se foi por ter jogado logo este depois de terminar o Chaos on Deponia, mas houve alguns momentos menos conseguidos na aventura. Mas por outro lado, os twists que iam acontecendo de vez em quando eram realmente inesperados e faziam esquecer os outros momentos menos bons. Nos visuais não tenho nada a apontar, óptimos como sempre, já nas músicas achei o Chaos on Deponia melhor conseguido. O voice acting continua muito competente e mais uma vez temos uma série de personagens carismáticas e bem representadas. Mais um óptimo point and click da Daedalic, cuja trilogia recomendo vivamente. Existe uma “edição de coleccionador” digital com uma série de conteúdo extra que talvez valha a pena caso apareça a um bom preço.

Goldeneye 007 (Nintendo 64)

Goldeneye 007Sempre fui um grande fã de FPS, mas no PC. E mesmo quando era mais novo, apesar de ter jogado Quake, Duke Nukem 3D e Doom na Sega Saturn, não era bem a mesma coisa, mesmo numa altura em que o esquema de controlo “WASD+rato” ainda não era o standard. Mas eis que sai Goldeneye que, apesar de não ser de todo o primeiro FPS exclusivo para uma consola, é possivelmente dos exclusivos o primeiro que deixou os donos de PC com alguma inveja. O meu exemplar, do qual possuo apenas o cartucho, entrou na minha colecção algures há uns meses atrás, vindo num bundle juntamente com outros jogos em cartucho e uma N64 com 2 comandos que me ficou por 40€.

Goldeneye 007 - Nintendo 64
Apenas cartucho

Tal como o título do jogo indica, o mesmo é baseado no filme de James Bond do mesmo nome, o Goldeneye protagonizado por Pierce Brosnan, que coloca o agente britânico mais uma vez no encalço de algum grupo terrorista que se preparava para aprontar das suas. E o jogo era de facto muito sólido, e embora não tenha envelhecido da melhor forma, os seus controlos já eram um protótipo do que viriam a ser os controlos standard de FPS em Gamepads. O gamepad da Nintendo 64 sempre foi bizarro, mas o Goldeneye tenta tirar o máximo partido possível do mesmo. Com o analógico central a servir para mover em todas as direcções e tanto o D-Pad como o C-button (esquema ambidestro) a permitir olhar para cima ou para baixo e sidestep para a esquerda ou direita. Não é de todo perfeito, até porque o eixo dos Ys é invertido e seria melhor usar o analógico para apontar livremente, mas já é alguma coisa. O botão de disparo é o Z, como se um gatilho se tratasse, e os restantes faciais são para desempenhar acções. Os botões de cabeceira L e R servem para mirar livremente de uma forma estática ou seja, manter o ecrã fixo e mover a mira de um lado para o outro. Mas isto é apenas a configuração standard, existem várias outras configurações diferentes, uma delas utiliza 2 comandos para controlar apenas uma personagem (utilizando os 2 analógicos em separado).

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A barra da esquerda é a da nossa vida e não pode ser regenerada. À direita temos a armadura e essa sim, pode ser regenerada ao encontrar novas armaduras.

E os níveis são na sua larga maioria baseados em acontecimentos do filme, decorrendo em diferentes anos, desde a introdução em 1986 numa União Soviética gelada, passando por várias cidades europeias e uma selva cubana. Existem ainda outros níveis baseados noutros filmes clássicos, como “O Homem da Pistola Dourada” ou “Aventura no Espaço” que podem ser desbloqueados. E tal como um autêntico espião, muitos segmentos no nível requerem algum stealth, com o jogo a fornecer-nos armas com silenciadores para o efeito. Aliás, neste jogo cada nível tem os seus objectivos que muito raramente são “destruir tudo que mexa”, mas sim “destruir equipamento x”, “resgatar pessoa y”, ou “infiltrar na base z”, o que é sempre refrescante tendo em conta os restantes jogos do género da época. Mas voltando ao stealth, teremos também de destruir algumas câmaras de vigilância ou alarmes, pois em certas alturas caso sejamos descobertos, iremos despoletar uma infinidade de inimigos gerados aleatoriamente e tendo em conta que não existem itens de regeneração de saúde, não é uma boa ideia sujeitarmo-nos a esse perigo.

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Apesar de existirem alguns níveis inéditos, o jogo segue de uma forma relativamente fiel os acontecimentos do filme

Apesar de não ser de todo o meu caso, uma das razões pela qual este jogo foi muito bem recebido e ainda hoje provoca reacções de entusiasmo pelos mesmos que o viveram na sua época, é a sua vertente multiplayer em split screen que poderá ir até 4 jogadores em simultâneo. Bom, sinceramente não sou uma das pessoas que perdeu muito tempo com isto, apesar de o meu primeiro contacto com este jogo ter sido precisamente uma partida multiplayer em casa de primos meus, já há uns bons anos atrás. Todos os modos de jogo são baseados em deathmatch ou capture the flag, com variantes como team deathmatch, ou outras em que só podemos morrer 2x, ou onde nos podemos transformar no Scaramanga e usar a sua super-poderosa pistola dourada. Interessante e acredito perfeitamente que tenha sido algo bem divertido mas eu em 1997 estava bem mais entretido com outras consolas e hoje em dia pegar neste Goldeneye já não é a mesma coisa.

Do ponto de vista técnico este Goldeneye era bem sólido. Os inimigos eram bem detalhados e inclusivamente o jogo possuia um sistema de detecção de colisões bem interessante, afinal acertar numa perna é muito diferente de um headshot limpo e este Goldeneye foi dos primeiros FPSs a ter atenção a detalhes desses, ou mesmo a vista zoom de algumas armas que hoje é bem conhecida como “aiming down the sights“. E se jogarem jogos como o Turok, o “nevoeiro” é bem cerrado e aqui neste Goldeneye a Rare conseguiu atenuar bastante esse efeito, embora em alguns níveis mais amplos ainda seja notório o aparecimento “do nada” de alguns inimigos. Os níveis estão muito bem detalhados, assim como os modelos poligonais de James Bond e seus inimigos. Os cenários também estão bons, embora um ou outro nível acuse o eterno problema da N64 e das suas pobres texturas devido ao pouco espaço de armazenamento de um cartucho. As músicas também são óptimas, utilizando por base vários temas do filme ou da própria franchise. Só é pena por não haver voice acting, mas lá está, o cartucho não aguenta com tudo, já foi muito bom o que conseguiram espremer em 12MB.

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Graficamente é um jogo que aproveita muito bem as capacidades da N64

É por estas razões que o 007 Goldeneye é um clássico da Nintendo 64 e com razão. Conseguiram desenvolver um FPS revolucionário para a época, conseguia rivalizar com os colossos de PC, com uma boa jogabilidade, variedade de objectivos a cumprir e um multiplayer local muito competente. Também foi o jogo que abriu as portas a uma enxurrada de FPS sobre a série do James Bond que pelo menos os que experimentei foram todos bem competentes.

Orcs & Elves (Nintendo DS)

Orcs and elvesO nome de John Carmack e Nintendo DS na mesma frase era algo que eu sinceramente não estaria à espera de um dia ouvir/ler. Mas eis que a certa altura compro este Orcs & Elves, sabendo que era um RPG dungeon crawler na primeira pessoa, algo simples, mas com algumas das mecânicas da velha guarda e só depois vejo na DS o símbolo da mítica id Software a surgir no ecrã. Após uma breve pesquisa na internet é que me apercebi que este jogo era baseado nos projectos Doom/Wolfenstein RPG para os dispositivos móveis, cujo Orcs & Elves original também tinha sido produzido. O meu exemplar foi comprado na New Game do Norteshopping por cerca de 5€, estando completo e em bom estado.

Orcs and Elves - Nintendo DS
Jogo com caixa, manual e papelada

A primeira coisa que vemos é que isto não tem um décimo da complexidade de um Ultima Underworld, mas os princípios estão lá. A nossa personagem é um elfo, acompanhado de uma varinha mágica falante chamada Ellon, que nos incumbe de uma “simples missão”: resgatar o rei Brahm, da cidade dwarf de Zharrakarag enfiada dentro de uma enorme montanha, que tinha sido tomada de assalto por um exército de Orcs. Mas à medida em que vamos progredindo na aventura, os únicos dwarfs que vamos vendo são espíritos que tinham morrido nos combates, o que não é um bom sinal para o que viríamos a enfrentar de seguida.

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Por vezes interagimos com alguns NPCs que nos vão pondo ao corrente das coisas

Este é daqueles jogos em que cada acção que façamos corresponde a um turno. Seja atacar alguém (ou simplesmente a atmosfera), dar um passo em qualquer direcção ou utilizar um item, sempre que fizermos alguma acção os inimigos que estão ao nosso redor também fazem algo. Isso dá-nos sempre todo o tempo do mundo para planearmos as nossas estratégias o melhor possível, embora a movimentação dos inimigos nem sempre seja assim tão fácil de se prever. De resto vamos poder encontrar poções que nos regenerem a vida, curem veneno, aumentem temporariamente qualquer um dos nossos stats e por aí fora. Também existem algumas passagens secretas que nos levam a mais itens ou tesouros, pelo que interagir com todas as paredes é sempre uma boa ideia. Inicialmente apenas temos uma pequena espada e a tal varinha mágica como armas de ataque, mas eventualmente poderemos visitar um grande dragão na montanha que serve também de shopkeeper, vendendo-nos poções, outras armas ou armaduras e respectivas munições. Uma coisa engraçada é a possibilidade de negociarmos os preços, e apenas ao derrotar alguns dos bosses é que o dragão nos “oferece” algumas das armas mais poderosas.

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Infelizmente os inimigos não são muito variados, existindo vários palette swaps

Graficamente é um jogo muito simples, e as suas origens em plataformas mobile dos idos de 2006 são bem notórias. Pensem que este jogo é uma espécie de Wolfenstein 3D medieval, com uma jogabilidade lenta pautada pelos turnos e com texturas melhoradas. Os inimigos são na mesma sprites em 2D. Infelizmente no som é um jogo que deixa um pouco a desejar, existem algumas músicas mas apenas tocam em certos momentos chave do jogo e os efeitos sonoros não são nada por aí além.

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O ecrã debaixo tanto serve para explorar o nosso inventário, como para ver o mapa do nível actual

Em suma Orcs & Elves é um pequeno jogo que sem dúvida irá entreter os fãs de RPGs na primeira pessoa. Mas têm de o jogar logo com a mentalidade que será um jogo curto e simples, sem as complexidades de inventários com limite de peso, fome, puzzles complexos ou enormes labirintos para desvendar de outros jogos bem conceituados do mesmo género. E as limitações técnicas que se calhar deveriam ser melhoradas com a conversão para a DS, pois basta olhar para os jogos da série Etrian Odyssey ou os Shin Megami Tensei dessa consola para ver que a mesma consegue apresentar RPGs na primeira pessoa bem mais detalhados.