O artigo que trarei cá hoje será mais uma rapidinha por duas razões. A primeira, e principal, é porque o tempo está curto. E este é um remake de um dos jogos clássicos de Mario que no início sempre desgostei, mas actualmente acabou por crescer e se tornar num dos meus preferidos. E isso leva-me à segunda razão pela qual este será um artigo curto. Faço questão de ter o original de NES mais tarde ou mais cedo, e aí entrarei em maiores detalhes. De resto, este cartucho entrou na minha colecção algures nos meses passados, após ter sido comprado na cash converters de Alfragide por 4€.
Jogo, apenas cartucho
Como muitos de vocês já devem saber, aquele jogo que nós ocidentais conhecemos como Super Mario Bros 2 é na verdade uma adaptação de um outro jogo japonês (Doki Doki Panic) que por sua vez também teve a mãozinha da equipa de Myiamoto no seu design. O verdadeiro Super Mario Bros 2 utilizava a mesma engine do original e era considerado muito difícil pela Nintendo Americana, pelo que acabamos antes por receber essa versão. O SMB2 original lá acabou por nos chegar na compilação Super Mario Allstars para a SNES, como Super Mario Bros. Lost Levels. Por alguma razão, a Nintendo decidiu ressuscitar esse jogo antigo e único no catálogo do canalizador bigodudo para o lançamento da sua portátil 32bit Gameboy Advance, com o nome de Super Mario Advance. Infelizmente tenho bastante pena que toda a linha “Advance” dos Super Mario tenha sido preenchida com conversões de jogos já existentes, e não tenha existido nenhum Super Mario Land novo, mas isso já seria outra conversa.
Bowser? Quem é esse?
As grandes diferenças face ao original da NES ou mesmo ao remake da SNES estão nos gráficos bastante coloridos, algumas sprites gigantes, novos inimigos e bosses, e eventualmente alguns tweaks nos níveis já existentes. A sua jogabilidade mantém-se aparentemente inalterada: podemos jogar com Mario, Luigi, Peach (porque o nome Toadstool já era) ou Toad. Cada um tem algumas características próprias, como os saltos mais altos de Luigi ou Peach a poder deslizar pelo ar com o seu guarda-chuva. Para derrotar os inimigos, não basta saltar em cima deles (embora o possamos fazer sem causar dano nenhum), mas sim pegar em objectos e atirar para cima deles. Desde vegetais no chão, caixas ou mesmo outros inimigos, tudo pode ser usado! O facto de este ter sido um jogo tão diferente da fórmula normal de Super Mario desagradou-me, mas com o tempo aprendi a gostar (e bastante!) deste jogo.
Uma das novidades deste jogo são mesmo as sprites grandes de alguns inimigos ou itens
Existe também um modo de jogo que desbloqueamos no final do jogo, o Yoshi’s Challenge. Aqui o objectivo consiste em descobrir 2 ovos de Yoshi escondidos em cada nível. Depois temos ainda também um remake do Mario Bros. original, aquele jogo arcade onde tudo decorre num único ecrã e é a origem do conceito de Mario se enfiar por tubos de canalização. Por algum motivo, a Nintendo achou boa ideia incluir este jogo em todos os outros Super Mario Advance, o que a meu ver não é assim nada de tão especial.
O Mario Bros. original também recebeu uma nova roupagem
Ainda assim, acho este um excelente remake de um jogo de plataformas clássico que já teria caído algo no esquecimento. É uma excelente entrada na biblioteca da Gameboy Advance, que reafirmo, só tenho pena que a mesma não tenha recebido um jogo de plataformas de Mario inteiramente original. Felizmente temos os Wario Lands, mas isso seria conversa para outro artigo. E o original de NES também.
Em vez do Pokémon Blue, gostaria antes de estrear uma rubrica sobre a famosíssima série de RPGs da Nintendo com o Pokémon Yellow. Isto por uma razão muito simples. Antes de as animações de Pokémon terem chegado ao nosso país, eu não gostava de RPGs. Bastava jogar uns 5 minutos daquilo que me fartava logo de tamanha lentidão, pelo que me deixei sempre ficar com os meus platformers, first person shooters e outros géneros com mais acção. Mas com a moda de Pokémon a tomar Portugal inteiro de assalto, e consequentemente os seus 3 jogos de Gameboy a receberem excelentes pontuações em todo o lado, resolvi finalmente embrenhar-me nesse mundo dos RPGs nipónicos que outrora foram tão estranhos para mim. Não o fiz unicamente com o Pokémon Yellow, mas também com o Phantasy Star IV na Mega Drive (adorava aquelas cutscenes anime) e o Chrono Trigger, por ter Akira Toryiama como designer das personagens. A partir daí passei a gostar bastante de RPGs japoneses e muito mais tarde, passei também a gostar dos “nossos” RPGs mais maduros e complexos. Mas enquanto não tenho um cartucho do Pokémon Yellow na minha gaveta (oportunidades não faltaram, eu é que vivia num mundo de fadas onde achava que facilmente conseguiria comprar qualquer jogo de Gameboy completo a um bom preço), deixei-me desleixar. Até que vi este Pokémon Blue a 4€ na Cash converters de Alfragide e o levei para casa. Era só o cartucho, mas eventualmente acabei também por encontrar numa loja do porto a caixa e os manuais por um preço irrisório.
Jogo completo com caixa, manual e papelada
Isto tudo para dizer que eventualmente quando arranjar um Red ou Yellow, não me irei alongar nos seus artigos, este acabará por ser o principal para representar essa primeira geração do fenómeno que ainda são os Pokémon. Reza a lenda que o pessoal da Gamefreak encontrou a sua inspiração para este jogo com as brincadeiras de infância que tinham ao procurar e coleccionar diferentes insectos nos quentes verões japoneses. Eventualmente a ideia de fazer um jogo deste género surgiu, mas não se deixaram ficar unicamente com insectos (se bem que isso não impediu a Sega de o fazer já neste milénio com os seus MushiKing), pelo que a Gamefreak deu azo à sua imaginação, apresentando-nos um set de 151 diferentes criaturas dos mais variadíssimos géneros para serem coleccionadas. Tanto “mamíferos”, como peixes, aves, insectos, plantas e até fantasmas fazem parte deste elenco. Os animais podem ser catalogados em diferentes tipos, como os elementais básicos de fogo, terra, água e ar, mas também outros como os eléctricos, rocha, neutros ou outros bem mais extravagantes, como os psíquicos, fantasmas e dragões. Todos estes tipos de pokémon possuem fraquezas ou vantagens perante outros tipos e isso é um factor determinante em todas as batalhas que travamos.
Sempre gostei destas pequenas cutscenes de abertura.
Como RPG, Pokémon não é um jogo propriamente complicado, até porque o seu público alvo é o infantil. No entanto também consegue ser bastante complexo na sua comunidade mais hardcore. Isto por vários motivos: cada Pokémon apenas pode aprender 4 golpes para usar em batalha. Com a experiência e níveis ganhos ao longo do jogo, cada bichinho aprende bem mais do que 4 golpes, pelo que teremos necessariamente de escolher para descartar se quisermos aprender o golpe novo. Para além disso, existem vários golpes que os podemos comprar em lojas e ensiná-los aos bichos, aumentando ainda a componente estratégica. Ao longo do jogo em si nunca precisamos de nos preocupar muito com isto, mas nas batalhas multiplayer, ter os mesmos Pokémons mas com diferentes técnicas poderá realmente fazer a diferença. Depois apenas podemos carregar com 6 pokémons de cada vez, podendo trocá-los entre si livremente nas batalhas, com o custo de um turno. Para além disso, alguns Pokémons evoluem para outros Pokémons mais fortes, como por exemplo o Charmander, Charmeleon e Charizard serem 3 evoluções da mesma “espécie”. Mas podemos optar por não os deixar evoluir, o que por sua vez também pode trazer as suas vantagens.
O número de pokémons que os nossos oponentes têm é variável, mas nunca lutamos contra mais de 6.
Mas na verdade, em que consiste o jogo? Até agora só disse que existem 151 Pokémons, divididos nos seus tipos e possíveis evoluções, bem como podem andar à pancada entre eles. Nós encarnamos numa criança que desde muito pequeno sonha em viajar pelo país fora, conhecer o máximo de Pokémons e tornar-se a si mesmo num treinador de Pokémon de referência. Então a nossa mãe acha isso uma boa ideia, não estranhando nada quando um adulto (Professor Oak) nos entrega uma Pokedéx (um catálogo/enciclopédia portátil sobre todos os Pokémon conhecidos), um Pokémon inicial à escolha (Charmander – fogo, Bulbasaur – erva ou Squirtle – água) e nos manda viajar pelo país, procurando descobrir e catalogar todos os Pokémons conhecidos. Mas não estamos sozinhos nesta aventura, pois Gary, um outro puto ranhoso com os mesmos sonhos também recebe a mesma “missão”, tornando-se nosso rival até ao final da aventura. Gary por sua vez escolhe sempre o Pokémon que é forte perante o nosso, por exemplo, Charmeleon se tivermos escolhido o Bulbasaur.
Tendo em conta o público alvo, a história e bem levezinha.
O resto do jogo é então passado literalmente a atravessar o país todo em busca de aventura, derrotar todos os gym leaders de certas cidades e finalmente vencer os Elite Four, o conjunto de melhores treinadores Pokémon que iremos defrontar. Pelo meio temos sempre alguma história, até porque há por aí uns certos vilões a fazer das suas, bem como várias batalhas contra outros NPCs espalhados pelas estradas, cavernas e rios que interligam as várias cidades. Mas tão ou mais importante que isso é mesmo o coleccionismo destas criaturas. A maioria dos Pokémons podem ser encontrados nas cavernas, ervas altas nos caminhos normais ou na água, sendo alguns bem mais raros que outros, o que nos levará a gastar muitas horas em batalhas aleatórias até que nos apareça o Pokémon que desejamos. Mas o grinding também não é mau, pois deixa-nos mais fortes. O truque para os apanhar consiste em enchê-los de pancada até estarem quase a desmaiar, depois usamos um item específico (a pokébola) para os capturar. Alguns Pokémons mais fortes exigem pokébolas mais caras para uma maior probabilidade de captura e alguns o melhor mesmo é adormecê-los ou paralizá-los, pois têm uma maior tendência para fugirem das batalhas. Mas podemos apanhar todos os 151 Pokémons assim? Não, nem por sombras. Alguns, os lendários, apenas aparecem em sítios específicos, outros como o Mew, são tão secretos que apenas se podiam “apanhar” oficialmente em eventos da Nintendo.
Através da SNES (ou simplesmente jogando-o numa gameboy color), o jogo torna-se mais colorido.
Mas muitos outros pura e simplesmente não existem neste jogo. A Nintendo deu uma jogada de génio para nos sugar o máximo de dinheiro possível: lançar duas versões do mesmo jogo! Há Pokémons que aparecem só nesta versão, enquanto outros só aparecem na Red. A maneira de os ter é trocando-os com os amigos que tenham o outro jogo, bastando para isso sermos donos do cabo que interliga as duas portáteis. Alguns Pokémons até só evoluem se forem trocados com os amigos! Para além disso, os 3 Pokémons que podemos escolher inicialmente são únicos em cada partida, pelo que apenas podemos deitar as mãos aos outros 2 (e suas evoluções) ao trocar com alguém. Para mim, essa foi mesmo a jogada de génio da Nintendo, embora a minha carteira não tenha a mesma opinião.
Entre outras coisas, a Pokédex dá-nos informações sobre os pokémon que apanhamos.
Os audiovisuais são bons tendo em conta que nos estamos a referir a uma Gameboy clássica. As sprites são bem detalhadas, embora os Pokémon ainda não tenham exactamente o mesmo design como visto no anime. Convém também referir que este é dos jogos com suporte ao acessório Super Gameboy, permitindo-nos jogá-lo com algumas cores por intermédio da nossa SNES. As músicas também são todas bem compostas e alegres e a música título é mais um dos clássicos hinos da Nintendo, que tem sido reaproveitada ao longo dos restantes jogos da saga.
Sinceramente acho este um dos jogos essenciais numa qualquer colecção de Nintendo Gameboy. Não é preciso ser-se um fanático de Pokémon (eu definitivamente não sou) para se entender que este jogo é um clássico absoluto e com um sucesso inteiramente merecido pela sua fórmula então original. Agora se justifica o lançamento de tanta sequela com poucas mudanças no seu core? Bom, isso já é outra discussão.
Voltando à PSP e novamente para mais uma aláise a um jogo que infelizmente me acabou por desiludir. A série Brothers in Arms consistem em vários first person shooters sobre a segunda guerra mundial, mas com um maior realismo, tanto a nível táctico, onde temos de comandar da melhor forma o nosso esquadrão para conseguirmos atingir os nossos objectivos em segurança, mas também a nível histórico, com a Gearbox a tentar recriar o mais fielmente possível os campos de batalha e as posições inimigas, de acordo com os relatórios de combate dos próprios soldados que participaram no conflito. E com o lançamento da PSP, que acabou por receber os seus próprios Call of Duty e Medal of Honor, a Gearbox e Ubisoft lá decidiram trazer também o Brothers in Arms para a sua portátil. Este jogo entrou na minha colecção durante o mês passado, tendo sido comprado a 4€ na cash de Alfragide.
Jogo com caixa e manual
A primeira coisa que me desiludiu foi o facto deste jogo não possuir nenhum conteúdo original na sua campanha single player. Todas as missões já foram jogadas quer no Road to Hill 30, quer no Earned in Blood, ambos jogos que eu já tinha jogado na PS2 há muito. Aqui não estava propriamente à espera de um capítulo da história inteiramente novo (aliás isso é algo que ainda aguardo nos dias de hoje mas a Gearbox prefere o Borderlands), mas sim uma espécie de spin-off, como os Medal of Honor Heroes o são. Quando finalmente me apercebi que o que teria pela frente seria rejogar todas aquelas missões que já tinha jogado anteriormente, perdi quase toda a vontade de jogar, por um único motivo: os controlos. Mas os controlos já estaria à espera que fossem mauzinhos. A falta de um segundo analógico na PSP dificulta bastante o trabalho em qualquer FPS que se preze, e o que dizer de um Brothers in Arms com esta componente estratégica acrescida?
Infelizmente “já vi este filme”
O analógico controla o movimento em várias direcções, já para fazer o strafing (andar para os lados) precisamos de carregar no L. Os restantes botões faciais, incluindo os do próprio D-Pad, têm várias outras funções assignadas, como usar granadas, agachar/levantar, recarregar as armas, mudar de arma, aiming down the sights, ou dar ordens aos nossos companheiros. E para dar ordens aos companheiros, a menos que sejam de fall in/fall out que basta carregar no botão respectivo, obrigá-los a procurar cover num determinado local, ou atacar certas posições inimigas temos de carregar no triângulo e direccionar um cursor para o que queremos fazer. E em momentos calmos isto até é fazível, embora custe um pouco. Mas quando estamos meio de um combate intenso a história já é outra. Apontar a arma também é um desafio considerável, e o uso do aiming down the sights/zoom é mesmo algo practicamente obrigatório se quisermos efectivamente acertar em alguém. Mas lá está, com estes controlos a precisão nunca é boa.
As mecânicas do suppression fire continuam iguais a si mesmas e ainda bem
A componente estratégica em si parece-me ok. O objectivo consiste sempre em dividir as nossas forças em duas equipas. Uma delas deixamos posicionada num local relativamente seguro a abrir fogo sobre o inimigo, deixando-os suprimidos. A outra equipa (onde preferencialmente nos devemos enquadrar), tem a responsabilidade de flanquear os inimigos e atacá-los numa posição vantajosa, enquanto eles estão suprimidos. A supressão é dada por uns ícones circulares acima das cabeças dos inimigos, que enquanto estiverem vermelhos, os mesmos estão sempre a disparar contra nós, mas à medida em que lhes retribuimos o favor, esses ícones vão ficando gradualmente cinzentos. Quando estiverem completamente cinzentos, os inimigos vão ficando abrigados durante alguns segundos, sendo essa a altura ideal para atacar, ou mudar de posição. Para nos ajudar a perceber onde estão os inimigos, o que em certas alturas pode ser útil, basta carregar no select. Aqui a acção pausa, e a câmara transita para uma perspectiva de topo, onde podemos ver o mapa do campo de batalha e informações da localização de tropas inimigas e também os nossos companheiros.
Carregando no select vemos o mapa estratégico que mostra as posições inimigas e por vezes a melhor forma de as atacar
Para além do modo campanha, este Brothers in Arms traz também um “skirmish mode“. onde se pode jogar em multiplayer cooperativo por ad-hoc bem como ser jogado sozinho. Aqui tanto podemos jogar partidas de defesa ou ataque, onde numas temos como objectivo defendernos contra várias waves inimigas, na outra já teremos de matar todos os nossos inimigos no menor tempo possível. Para além disso temos ainda 2 outros modos de jogo com pequenas missões com objectivos definidos, onde tanto podemos jogar com americanos ou alemães. O “Campaign Mode” é apenas jogado na categoria “authentic”, onde um tiro é na maior parte das vezes fatal e não há indicador de supression nos inimigos.
Por vezes os gráficos parecem mesmo próximos aos das versões PS2
Graficamente é um jogo impressionante para uma Playstation Portable, cujo hardware se aproxima, mas não tanto assim, das capacidades de uma Playstation 2. E à primeira vista, pegando nos 2 Brothers in Arms da Playstation 2 e deixá-los lado a lado com este da PSP, não há grandes diferenças, mas certamente o ecrã pequeno mascara algumas imperfeições. Noto algum slowdown por vezes, mas sinceramente isso também acontecia nas versões PS2, se bem me recordo. O voice acting parece-me também semelhante ao original, o que é ok na minha opinião. O mesmo posso dizê-lo das músicas épicas e orquestrais, mas sinceramente já me passaram um pouco mais ao lado precisamente por ser um jogo portátil e não tão envolvente.
Concluindo, não consigo recomendar este jogo por todas as razões já referidas. É preferível jogarem os primeiros Brothers in Arms na PS2 (ou melhor ainda na Xbox ou PC), pois para além de não irem jogar nada de novo na PSP, os próprios controlos são infinitamente melhores no PC ou restantes consolas devido ao uso dos 2 analógicos.
Mais um indie, mais uma rapidinha pois quero manter os spoilers no mínimo absoluto. McPixel em pouquíssimas palavras pode ser descrito como um point and click com pequenas sequências onde temos 20 segundos para desarmar uma bomba em cenários completamente bizarros. Qualquer acção que façamos a partir daí tem resultados absolutamente imprevisíveis, que tanto podem resultar no “nível” completo, ou avançamos para o seguinte. Mas já explico melhor. Este jogo foi adquirido em um dos vários humble indie bundles por uma bagatela, para não variar muito.
Então, McPixel. Antes de começar o jogo temos a hipótese de escolher várias opções ou modos de jogo, mas para já vamo-nos concentrar no story mode. Este é dividido em quatro capítulos, que por sua vez são divididos em 4 níveis. Cada nível tem seis segmentos com situações completamente distintas para resolver em 20 segundos e o último nível de cada capítulo está inicialmente barrado. Para ilustrar a bizarrice que é este jogo, vou tentar descrever o primeiro segmento do capítulo 1, nível 1. Aqui estamos numa pequena ilha deserta, com um vendedor de hotdogs e vemos no chão um hotdog com uma barra de dinamite no lugar da salsicha. Ok, a bomba está ali então vamos pegar nela. Ok, McPixel tem a bomba na mão. E agora? Se clicarmos no carrinho dos cachorros quentes, McPixel pega no Ketchup, espalha-o no seu cachorro explosivo e mergulha-o na sua própria cara. Segundos depois vemos a ilha a explodir com “MCPIXEL” a surgir em letras garrafais e avançamos para o segmento seguinte. A minha primeira reação foi: OK… ganhei? Mas depois ao avançar para o cenário seguinte, que era num hospital, com um machado no chão, uma médica mamalhuda, um paciente cheio de dores numa maca e eu ter feito algo inacreditavelmente estúpido, com o consultório a explodir e mais uma vez as letras garrafais “MCPIXEL” a surgirem no ecrã continuaram-me a deixar confuso. Isso aconteceu com os 4 segmentos seguintes e quando vi que voltei à ilha deserta é que me apercebi que não ganhei coisa nenhuma. Então novamente nessa ilha apercebi-me de uns olhos sinistros por entre as àrvores. Clicando neles, McPixel espreita pelo arvoredo e vemos um extraterrestre a fumar um grande tarolo. E depois a ilha explodiu, mandando-me uma vez mais para o consultório médico. Então ao rejogar todos os outros segmentos, quando voltei à ilha peguei no cachorro bomba e cliquei em seguida nos olhos do ET. O que aconteceu a seguir não digo, mas finalmente resolvi o puzzle, pois para além de aparecer MCPIXEL mais uma vez no ecrã, a ilha não explodiu e surgiu-me um quadradinho branco no ecrã.
A primeira sequência quie jogamos. Atirar com um cachorro com dinamite para a própria cara é sem dúvida uma acção inteligente.
Então resumindo, todos os outros segmentos vão ter situações bastante caricatas para resolver, onde a jogabilidade muitas vezes é completamente por tentativa-erro, pois as coisas mais lógicas muito raramente funcionam. Muitas vezes a bomba está escondida dentro de algum objecto ou alguém, contribuindo ainda mais por essa jogabilidade de tentativa-erro. Mas quando os resultados são hilariantes, mesmo quando se perde, não posso dizer que achei este jogo frustrante. Por cada segmento que completemos ganhamos um quadradinho branco, se perdermos o segmento seguinte, os quadradinhos brancos que tinhamos amealhado desaparecem. Por outro lado se conseguirmos juntar 3 quadradinhos brancos em seguida, somos levados para um nível de bónus que geralmente são muito, mas mesmo muito mais bizarros que os normais. Os últimos níveis de cada capítulo apenas podem ser completados quando conseguirmos completar todos os segmentos anteriores a “dourado”. Para isto, temos de os rejogar várias vezes e ver todas as combinações possíveis de acções para executar. Terminando os 4 capítulos com tudo a 100%, lá vamos ter acesso aos extras.
Existe um conjunto de níveis repleto de referências a videojogos
Dos extras temos um editor de níveis, um extra ending que conta o porquê de todas estas aventuras (pelo menos em parte), uma opção para socialização que sinceramente não percebi qual o seu intuito pois mais ninguém a estava a usar, e at last, but not the least um mini-jogo rítmico. O instrumento? Nada mais nada menos que as flatulências de McPixel. Palavras para quê? De resto temos também uma série de DLCs gratuitos para experimentar com vários novos níveis, alguns deles desenvolvidos pelos próprios fãs do jogo.
Em McPixel não há impossíveis!
McPixel tem um audiovisual propositadamente retro e propositadamente minimalista, o que me parece resultar na perfeição com tamanha bizarrice que vamos vendo. Outra coisa que gostei bastante foram mesmo as inúmeras referências que encontramos a outros jogos ou filmes, existindo mesmo alguns níveis inteiramente dedicados a ambos. As músicas são bastante simples mas mais uma vez adaptam-se perfeitamente a toda a parvoeira de McPixel. São músicas electrónicas com uma batida foleira, mas são suficientemente rápidas para nos manterem focados no nosso objectivo e não desistirmos enquanto pelo menos não completarmos o nível em questão.
No fim de contas, o artigo até acabou por ser um pouco mais longo do que eu inicialmente previa, pois McPixel não é um jogo nada vulgar. Escusado será dizer, sendo eu um ferveroso adepto de humor em videojogos, que recomendo a toda a gente que o joguem. Nas feiras de Natal ou verão da Steam este jogo costuma estar em promoção e à venda por meros cêntimos. Se foram como eu e o obtiveram num dos indies bundles em que ele foi posto à venda, então não sejam preguiçosos e instalem-no. Vão gostar.
Continuando com a Konami, mas desta vez virando as agulhas para a Sega Mega Drive, para mais uma rapidinha. Este Buster’s Hidden Treasure é um interessante e competente jogo de plataformas produzido pela Konami e baseado na série de animação televisiva algo popular durante a primeira metade da década de 90. Tiny Toons é uma espécie de modernização dos Looney Tunes clássicos da Warner Bros, com várias das novas personagens a serem inspiradas nos clássicos Bugs Bunny, Wile E. Coyote ou Daffy Duck, por exemplo. Este jogo foi comprado algures durante o mês passado na feira da Ladra em Lisboa, tendo-me custado 7.5€.
Jogo com caixa, manual e papelada
Apesar de este não ser o primeiro jogo de plataformas que a Konami lançou com esta licença (essa honra vai para o Tiny Toons Adventures da NES), este foi certamente o primeiro que joguei. E aqui a história coloca-nos no papel de Buster Bunny, na sua busca de um tesouro secreto, mas também para resgatar os seus amigos que foram feitos “prisioneiros” de Montana Max e Dr. Gene Splicer, que deixou todos os amigos de Buster com um mecanismo qualquer de lavagem cerebral, tornando-se até em vários dos bosses que Buster irá defrontar.
Alguns dos níveis são bem coloridos e detalhados
As mecânicas de jogo são simples, com um botão para saltar e um outro para fazer uma manobra de sliding que sinceramente nunca achei assim muito importante. Os inimigos (e a maioria dos seus projécteis) podem ser atacados à boa maneira dos jogos de plataforma, ou seja, saltando-lhes em cima. Ao longo de cada nível podemos apanahar uma série de items, desde alguns regenerativos, ou os coleccionáveis que nos dão vidas extra a cada 100 que apanhemos. Enquanto que em Mario são moedas e em Sonic são anéis, aqui são nada mais nada menos que cenouras. Por vezes também podemos encontrar alguns items em especial, como o Lil’ Beeper ou o Concor Condor que servem de ataques especiais, eliminando todos os inimigos do ecrã quando são usados. As outras habilidades de Buster consistem em saltar de parede em parede, embora por vezes não seja tão fácil assim de desencadear saltos múltiplos desses, bem como correr bem rápido, quase como um jogo do Sonic se tratasse. De resto devo também dizer que à semelhança de Super Mario World, podemos ver os níveis num overworld e rejogá-los as vezes que quisermos, algo que pode ser bem útil para ganhar o máximo de vidas possíveis para nos safarmos mais calmamente nos níveis mais avançados.
Ao longo do overworld, vamos poder rejogar os níveis anteriores sempre que quisermos
Os níveis em si vão sendo algo variados, com o jogo a mostrar vários tipos de diferentes zonas, mas todas elas algo tradicionais em jogos de plataforma. Coisas como florestas, jardins verdejantes, zonas com neve, outras subaquáticas ou mesmo cavernas. Mas apesar de não ser o jogo mais original neste campo, os gráficos não deixam de ser bem detalhados e coloridos para uma Mega Drive. As músicas em si são bastante agradáveis e festivas, fazendo lembrar e bem os desenhos animados que representam.
Por vezes temos algumas cutscenes. Entre os bosses são ingame.
Buster’s Hidden Treasure, apesar de não ser um dos melhores jogos de plataforma de sempre, não deixa de ser uma boa proposta para quem tem uma Mega Drive e gosta do género. Por mim, só tenho pena que a Konami não tenha apostado mais na Mega Drive ao longo desta época, mas dos poucos jogos que lançou, o saldo é bem positivo.