Race Days (Nintendo Gameboy)

Race DaysVoltando às rapidinhas, para mais um jogo da Gameboy clássica. Race Days na verdade não é um jogo apenas, mas sim uma compilação de 2 jogos de corrida das mãos da Gremlin Interactive / Gametek. Os 2 jogos em questão chamam-se Jeep Jamboree/4 Wheel Drive e Dirty Racing e possuem jogabilidades distintas. Este jogo também me veio entrar na colecção após ter-me sido oferecido por um colega de trabalho, num bundle Gameboy.

Race Days - Nintendo Gameboy
Jogo, apenas cartucho

Falando do jogo mais antigo desta compilação, o Jeep Jamboree/4 Wheel Drive de 1992 é um jogo onde tal como o título o refere, conduzimos um jipe. É um jogo jogado na primeira pessoa, onde conduzimos um jipe por terrenos acidentados, mediante as capacidades do hardware da Gameboy, claro está. É um jogo em que tanto podemos jogar sozinhos como contra um amigo, mediante a utilização do link cable. Jogando sozinho, podemos jogar uma practice race para, tal como o nome indica, jogar uma partida sem implicações, ou podemos enveredar pelo modo “Season” que, mediante o grau de dificuldade escolhido, terá de concorrer em diferentes circuitos e diferentes números no total (5, 7 ou 10 na dificuldade máxima). A jogabilidade é simples, e no quesito gráfico este parece-me ser o melhor dos dois, pois tal como referi anteriormente, é um jogo que decorre na primeira pessoa, com os interiores do jipe à vista e toda a pista a ser gerada à nossa volta, com os seus altos e baixos. Só a questão do framerate é que é lentinho. A nível de som e música, nada a apontar, não é algo que fique na memória.

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Jeep Jamboree / 4 Wheel Drive

Passando para o outro jogo, Dirty Racing, lançado originalmente em 1993, já é um jogo diferente, onde em vez de jipes, temos buggies. E onde o jogo anterior nos deixava correr na primeira pessoa, aqui joga-se numa perspectiva aérea, tal como nos Micromachines. E as coisas continuam ainda diferentes, pois em vez de termos uns campeonatos “fixos”, aqui podemos avançar de corrida em corrida, ou mais concretamente, de desafio em desafio num world map, tal como se o Super Mario World se tratasse. Em cada ponto do World Map é que teremos o desafio pela frente, que tanto pode ser uma só corrida num circuito, ou várias em seguida. Cada “desafio” exige que terminemos as corridas em pelo menos num determinado lugar, para podermos avançar para o “nível” seguinte. Também entre cada “nível” teremos acesso a uma oficina onde podemos comprar novas peças para melhorar o nosso veículo com o dinheiro que fazemos nas corridas.

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Dirty Driving

Graficamente é um jogo mais simples e, algo que eu não sabia, é que a edição original deste Dirty Racing saiu apenas no japão. E isso reflecte-se bem nas várias imagens de meninas em trajes e poses mais sugestivas. De resto, tal como o jogo anterior, os efeitos sonoros e músicas não são nada de memorável. No fim de contas esta é uma compilação que não contém nenhum jogo propriamente brilhante, mas para os fãs de jogos de corrida, certamente que dará para entreter um pouco.

Final Fantasy VI (Sony Playstation)

Final Fantasy VIInfelizmente, foi só após o lançamento de Final Fantasy VII para a Playstation que a Squaresoft decidiu abrir os olhos e presentear-nos humildes europeus, com os restantes jogos da série, e muitos outros do seu catálogo, apenas devido ao sucesso estrondoso que esse jogo teve em todo mundo e naturalmente a Europae Portugal não fugiram à regra. Ainda assim, mesmo nos dias de hoje, continuam a haver vários JRPGs que chegam apenas a solo norte-americano e nós somos deixados na obscuridade, mas felizmente tal já não acontece em larga escala como nos anos 90. Mas no que ao Final Fantasy diz respeito, até ao lançamento da sétima iteração, no mercado norte-americano também muitos ficaram de fora. Este Final Fantasy VI é um bom exemplo, tendo sido lançado originalmente para a SNES, e chegado a solo norte-americano como Final Fantasy III, devido aos norte-americanos não terem recebido alguns dos jogos anteriores. Mas adiante, a minha cópia deste jogo foi comprada há cerca de 2 meses atrás na feira da Vandoma no Porto, tendo-me custado 4€ e faltando-lhe apenas o demo do FFX para a PS2, tal como descrito no autocolante da caixa. Não me faz grande falta para ser sincero.

Final Fantasy VI - Sony Playstation
Jogo com caixa e manual – fica a faltar o demo do FF X para a PS2

E apesar de o Final Fantasy VII ter tido o sucesso estrondoso que teve, e tal é 100% merecido, muitos dos fãs mais hardcore do género afirmam que a história do seu predecessor é melhor. E eu concordo em absoluto. Essencialmente o jogo decorre num mundo com alguma tecnologia, governado por um império tirano com planos megalómanos de world domination. O costume portanto! Mas a origem dos conflitos vai bem atrás no tempo, onde houve uma grande guerra conhecida como a War of the Magi, que dizimou por completo a civilização como a conhecemos. E a magia, origem desse conflito, acabou por se perder com o tempo. Mas 1000 anos depois uma jovem por alguma razão tinha poderes mágicos. Ansiosos por poder, o Império deitou-lhe as mãos. E começamos assim a aventura ao controlo da misteriosa e inocente Terra, que em conjunto com mais 2 soldados imperiais tomam de assalto a cidade gelada Narshe, à procura de uma Esper, uma criatura com imensos poderes mágicos. Acontece que durante essa investida são atacados pelo grupo rebelde “Returners” e, após encontrarem a tal Esper, uma explosão de luz derrota os soldados imperiais e Terra vê-se livre do controlo que o Império tinha sobre ela. Depois iremos descobrir o seu passado misterioso, mas não antes sem encontrarmos primeiro várias novas personagens que nos irão ajudar na aventura, cada uma com personalidades muito vincadas e distintas.

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A introdução ao jogo é excelente e um dos melhores momentos

E o antagonista principal é um senhor chamado Kefka, que é simplesmente um dos melhores vilões que já vi num JRPG. Parafraseando alguém no podcast dedicado aos JRPGs da PS1 no Game-Chest, basicamente Kefka compara-se ao King Joffrey de Game of Thrones. E não podia estar mais de acordo! Se jogarem este Final Fantasy irão perceber o porquê. De resto devo dizer que gostei bastante da história deste Final Fantasy VI, tem imensos momentos com muita acção e até agora apenas o Chrono Trigger me conseguiu “colar” mais ao ecrã num JRPG.

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No início do jogo,Terra usa uma coroa imposta pelo império que a torna numa autêntica marioneta

A jogabilidade é a tradicional de um RPG em 2D da Squaresoft. Tanto podemos explorar cidades/aldeias, falar com NPCs e visitar lojas para comprar/vender items, como vaguear pelo world map ou dungeons onde teremos pela frente batalhas com encontros aleatórios e os bosses do costumer. Nas batalhas, este jogo herda as mecânicas do Active Battle System introduzido pela primeira vez no Final Fantasy IV. Aqui todas as nossas personagens possuem uma “barra de acção” que esvazia cada vez que desempenhamos uma qualquer acção em batalha, e apenas poderemos desempenhar outra acção quando essa barrinha voltar a encher. Isto claro que é válido para atacar, defender, usar items ou magias. E na questão das magias, inicialmente nem todas as personagens as podem usar. Mas depois, ao longo do jogo poderemos equipar várias magicites, que tanto nos darão novas habilidades não mágicas (como a capacidade de roubar os inimigos, ou equipar duas armas), a capacidade de invocar espers, ou aprender outras magias.

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As batalhas usam o já conhecidíssimo Active Battle System

Graficamente este continua a ser na sua essência um jogo de SNES. E como jogo de SNES, o Final Fantasy VI era um RPG bem detalhado. Mesmo as sprites pequenas vistas no overworld, dungeons ou cidades possuem diversos detalhes como expressões faciais que lhes permitiram mais facilmente transmitir diversos sentimentos com a história. Claro que na minha opinião isso foi muito melhor conseguido no Chrono Trigger, mas esse é de outro calibre. De resto, tal como um jogo de SNES, temos vários momentos a aproveitar os “fantásticos” gráficos em Mode 7, imagem de marca da 16bit da Super Nintendo. Essencialmente o que foi revisto aqui foram algumas cutscenes em CGI que foram adicionadas, muito à marca da Squaresoft. Se isso vale a pena para comprar esta versão do Final Fantasy? Na minha opinião não, devido aos tempos de loading do jogo no geral, e se quisermos ver as cutscenes o youtube é nosso amigo. Isto porque também não fizeram grandes revisões ao script dos diálogos, que tinha sido bastante modificado e censurado desde a sua versão norte-americana na SNES. Nesse capítulo a versão do Final Fantasy VI que saiu posteriormente para a Gameboy Advance acaba por ser uma melhor alternativa. Por outro lado, a banda sonora continua repleta de excelentes músicas, como é também habitual.

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As cutscenes em CG, apesar de serem uma novidade, não são tão boas assim.

Posto isto devo dizer que o Final Fantasy VI é um RPG obrigatório para todos os fãs de JRPGs no geral, ou da série Final Fantasy em particular. Mas tal como descrevi acima, recomendo a versão da Gameboy Advance por ser uma melhor conversão oficial e mais fiel ao original. Ou então joguem mesmo a versão originalíssima da Super Famicom com um patch de tradução feito por fãs. Há pequenos detalhes nas traduções que fazem a diferença.

Wimbledon II (Sega Master System)

Wimbledon IIVoltando à bela consola de 8bit da Sega, para mais uma rapidinha. Wimbledon II é a sequela do bom jogo de ténis que tinha saído no ano anterior. E apesar de continuar bom, não acrescenta nada de propriamente novo, daí o artigo não ser nada longo. Este Wimbledon II entrou na minha colecção já há uns aninhos, tendo sido comprado num bundle do Miau.pt com mais uns 6 jogos a um preço muito reduzido, senão de outra forma não teria entrado na colecção, pois não sou grande fã de videojogos desportivos.

Wimbledon II - Sega Master System
Jogo com caixa

Em Wimbledon II dispomos de 2 modos de jogo distintos: Free Match e Tour. O primeiro é um jogo amigável, onde tanto podemos jogar em singles ou doubles, com diversas opções de single ou multiplayer. Podemos jogar sozinho contra o computador, contra um amigo, ou nos doubles, tanto podemos ter um segundo jogador a fazer par connosco ou no duo adversário. Posteriormente podemos escolher qual o tipo de piso onde queremos jogar – Grass, Clay ou Hard, cada um com as suas diferentes características, o número de sets e por fim, podemos seleccionar a música que queremos ouvir.

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Os vários modos de jogo single e multiplayer no Free Match

No modo Tour, entramos num torneio de 8 jogadores, o que resulta em jogar uma série de 3 confrontos seguidos. Aqui podemo escolher mais uma vez o número de sets ou a dificuldade, bem como introduzir uma password ou gerar a nossa própria personagem, onde poderemos distribuir livremente 20 pontos em quatro distintas skills: speed, power, skill e stamina. De resto a jogabilidade é decente, onde dispomos apenas de um D-pad e 2 botões e pareceram-me que melhoraram bastante o pacing do jogo, agora não está tão frenético.

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O pitch, as personagens não estão mal detalhadas, tendo em conta o seu tamanho.

De resto, os audiovisuais não são assim tão diferentes do jogo anterior. As sprites e os campos estão minimamente bem detalhados para a consola e confesso que até gosto do efeito de scrolling que introduziram no jogo, com a “câmara” a movimentar-se pelo campo de forma algo dinâmica. Os efeitos sonoros e música não são nada de especial, mas cumprem bem o seu papel. Assim sendo este Wimbledon II é um jogo bem competente de ténis, para os possuidores de uma Sega Master System. No entanto não traz assim nada de propriamente novo, pelo que quem já tiver o primeiro, o Pete Sampra’s acaba por ser uma alternativa bem mais interessante.

Resident Evil Outbreak (Sony Playstation 2)

Resident Evil OutbreakVoltando à série Resident Evil, que teve uma altura muito prolífera em spin-offs, durante a era da PS2, com resultados mistos. Resident Evil Outbreak tinha um interessante conceito para a altura. É um jogo cooperativo, onde temos de guiar a nossa personagem bem como muitas outras para fora do perigo em vários locais de Raccoon City, quando a cidade foi assolada pelo T-Virus. Isto por alturas dos Resident Evil 2 e 3 portanto. Mas mais que isso, o jogo marcava pontos pela sua vertente online, que infelizmente foi deixada de fora na sua incarnação europeia. Esta minha cópia se não estou errado foi comprada algures neste ano na feira da Ladra, custando-me 2.5€ se bem me lembro.

Resident Evil Outbreak - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manual, papelada e um catálogo de uma Capcom que deixa saudades.

Começamos o jogo a escolher uma de entre 8 personagens masculinas ou femininas. Naturalmente, cada uma terá os seus pontos fortes e fracos, e aqui as diferenças são bastate notórioas. Temos um polícia que naturalmente tem uma maior aptidão para armas de fogo, ou um segurança grandalhão que, embora bem mais lento, consegue aguentar e distribuir mais porrada pelos zombies e outras criaturas fofinhas dos laboratórios da Umbrella, temos personagens como médicos que têm uma maior aptidão para misturar herbs para melhores efeitos curativos, ou mesmo a capacidade de curar outras personagens. Outra habilidade é a de David, que devido à sua profissão de canalizador possui uma caixa de ferramentas que lhe permite construir alguns items a partir de outros. Ou a habilidade de lockpicking de Cindy. Outro exemplo é o da Yoko, uma jovem universitária que devido ao trazer uma mochila, lhe permite carregar o dobro dos items do que os restantes. Sim, porque se há Resident Evil onde teremos de ter um cuidado muito especial com os items que carregamos é este. Cada personagem tem direito a 4 slots para items, seja uma arma e respectiva munição, herbs ou first aid kits, ou outros objectos necessários para resolver puzzles, como chaves ou válvulas. Para além desses 4 items, possuem também um item especial que lhes permite ter essas habilidades diferenciadas.

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Infelizmente não podemos explorar os cenários com muito à-vontade

Com toda esta variedade de personagens e respectivas habilidades, o jogo acabará por tomar diferentes caminhos, mediante as habilidades de cada um. Isso significa que haverão diferentes salas a explorar, ou não, bem como outros diferentes eventos que poderemos ou não assistir. De resto é um jogo em que supostamente é muito importante o trabalho em equipa, mesmo no modo single-player (infelizmente não conheço outro), onde teremos constantemente de fazer algum babysitting aos colegas da equipa, ao fornecer-lhes munições ou items regenerativos, por exemplo. Claro que eles também poderão encontrar items por eles mesmos e nós também lhes poderemos requisitar alguns items se tal for necessário. E mesmo jogando na vertente single-player, o jogo simula como se estivéssemos num modo online, com todas as personagens a estarem constantemente a debitar frases do género “o que encontraste aí?” ou “isto não me soa bem”, e outras semelhantes. Dizerem isto de vez em quando até que teria a sua piada, mas estarem constantemente a bombardear-nos com essas frases é algo que cança ao fim de algum tempo.

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Os ângulos esquisitos continuam a ser uma constante

No entanto, ao fim de algum tempo a nos habituarmos ao jogo também podemos descartar por completo o trabalho de equipa e jogar apenas por nós próprios, se bem que as coisas assim ficam mais difíceis e em qualquer das alturas sempre que pudermos evitar combates, é a decisão certa a fazer. O que não quer dizer que o jogo não tenha alguns bosses para nós. Os puzzles muitas vezes consistem no costume de procurar chaves ou passwords para abrir portas, ou usar ferramentas como válvulas para nos desbloquear o caminho. Outros aspectos novos na série são as condições de sangramento ou infectados. Na primeira, vamos perdendo vida ao longo do tempo e podemos até ficar demasiado fracos para andar. Nessa altura podemos pedir ajuda aos nossos companheiros para nos levantarem e andarem connosco aos ombros (embora geralmente aconteça mais vezes o inverso), caso contrário é game over. A infecção do T-Virus, é algo que vai aumentando gradualmente ao longo do tempo, aumentando exponencialmente quando somos atacados. Se chegar a 100%, bom, não é difícil de adivinhar o que acontece. Felizmente existem alguns comprimidos antivíricos que podemos encontrar e tomar, para suster temporariamente o crescimento da virose.

Existem ao todo 5 diferentes cenários, todos eles decorrendo em secções completamente distintas da cidade de Raccoon City, desde um bar no meio da cidade, passando por laboratórios underground da Umbrella, um hospital em ruínas, entre outros. Os cenários estão bem detalhados, pena que nunca temos muito tempo para os apreciar realmente, mesmo quando estamos a ler algum ficheiro que encontramos, ou a preparar algum item, a acção no fundo continua a decorrer, e a qualquer momento podemos ser atacado por um zombie. Ora isto sim, começa a soar a survival horror. Os gráficos são OK por uma PS2, sendo gerados em tempo-real, não pré-renderizados como nos clássicos ou mesmo no Zero/REmake da Nintendo GameCube. Mas no quesito audiovisual, o melhor mesmo deste jogo é a sua cutscene inicial em CG, é verdadeiramente bonita e muito bem idealizada. Os efeitos sonoros e música de fundo cumprem o seu papel, mas tal como referi anteriormente, não consigo mesmo deixar de me cansar com tanta baboseira random que os NPCs estão constantemente a debitar.

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Todas as balas são preciosas, a menos que estejamos a jogar no modo easy, onde teremos mais algum à vontade.

No fundo, é uma pena este Resident Evil ter descartado a vertente online para nós europeus. Apesar de se poder jogar offline, e o jogo ter um elevado factor de replayabillity, seja pelos caminhos alternativos que podemos tomar, as diferentes abordagens de cada personagem ou as dezenas de items secretos, nota-se perfeitamente que é um jogo feito a pensar no offline e é uma pena nós europeus termos sido privados de tal. Jogar com mais 3 oponentes humanos, cooperando activa e estrategicamente, é algo bem mais interessante do que termos de lidar com uma IA não muito boa. Felizmente no Resident Evil Outbreak File #2 esse inconveniente foi ultrapassado e apesarde os servidores oficiais há muito terem desaparecido, existem agora uns quantos fan-made aos quais nos podemos ligar. Mas isso ficará para um outro artigo.