Este jogo foi mais um daqueles que comprei como se estivesse em 1994, ou seja, completamente às cegas sem o conhecer de lado nenhum. Tinha uma vaga ideia de a capa do jogo me ser algo familiar, provavelmente vi nalguma revista ou catálogo da época, mas ao ver os nomes de Eidos e Core, resolvi arriscar e trazer este jogo para casa. Tal como muitos outros desde que me mudei para a zona de Lisboa, foi comprado na feira da Ladra, por uma quantia entre os 2 e os 3€ se a memória não me falha.

A história do jogo é simples, duas facções distintas de lordes feudais japoneses andavam em guerra já há muitos anos, mas as suas forças eram bastante equilibradas e a guerra não chegou a lugar nenhum. Então lá decidiram assinar umas tréguas de forma a trazer a paz ao Japão novamente. Mas um desses lordes feudais, o espertinho lá do sítio, tenta tirar partido da situação, ao invocar demónios para lutarem ao lado dele. O plano saiu furado e os demónios invadiram por completo o Japão. O outro lorde lá envia o seu melhor ninja para resolver a situação e o resto não será difícil de adivinhar.

O jogo mistura os conceitos de um beat ‘em up em 3D, com elementos de platforming. A jogabilidade é simples, mas a dificuldade é elevada. O jogo está dividido em vários níveis grandinhos e obriga-nos muitas vezes a derrotar todos os inimigos de forma a progredir, inimigos esses que teimam em nos cercar e atacar “aos magotes”. Como beat ‘em up, podemos executar algumas combos de pontapés e murros e temos também um ataque de longo alcance, onde podemos atirar kunais/shurikens. Mas voltando aos ataques melee, nos cestos que encontramos ao longo do jogo, ou nas lojas que visitamos entre cada nível, podemos encontrar/comprar outras armas (e demais powerups). Existem várias armas diferentes como katanas ou machados, sendo umas mais fortes que outras. Dos outros powerups disponíveis, para além de itens que restabelecem saúde, vidas e powerups de ataque, dispomos também de outros items especiais como as bombas ou ataques mágicos, bastante úteis em lutas contra bosses ou grupos de inimigos.

Como referi acima, estes itens podem ser comprados em lojas que visitamos no final de cada nível, onde também podemos fazer savegame, ou podem ser encontrados em cestos espalhados ao longo dos níveis. Este cestos podem também ter chaves necessárias para abrir portas de forma a que consigamos progredir no jogo, ou então podem também estar armadilhados, pelo que é sempre recomendada caução ao abri-los. Para além da vertente beat ‘em up, o jogo tem também um grande foco no platforming, onde temos também de nos esquivar das mais variadas armadilhas, como no Tomb Raider. Mas isto tem uma grande desvantagem face à câmara do jogo que passo a explicar: O jogo tem maioritariamente uma perspectiva isométrica com uma câmara que não podemos controlar. A câmara vai-se movimentando de forma simples, fazendo scroll em várias direcções à medida em que vamos avançando no caminho e vai mudando o ângulo mediante a complexidade do nível. Ora isto dificulta bastante o platforming, pois o ângulo muitas vezes não é o melhor. Quem jogou o Landstalker sabe do que falo.

Graficamente é um jogo minimamente competente. O jogo utiliza o mesmo motor gráfico visto nos Tomb Raiders, embora isso possa não ser imediatamente perceptível devido à câmara ser mais fixa e não ser possível de controlar. No entanto ao olhar com atenção dá para perceber algum clipping nos polígonos do chão e plataformas, todos eles blocos “quadrados”, tal como em Tomb Raider. Os cenários vão tendo alguma variedade, desde bosques, cavernas, fortalezas até chegar às profundezas da terra, onde a lava é um perigo constante. Não gostei muito do design tanto da personagem principal como dos próprios inimigos (excepto aqueles com trajes mais samurai ou ronin, esses gostei). Os efeitos sonoros também não são nada de especial e a música, apesar de ter alguma variedade, não é algo que fique na memória.
No fim de contas, este é um jogo que na minha opinião não envelheceu muito bem. Não propriamente pela dificuldade elevada, que muitos jogadores mais hardcore até possam apreciar, mas pela “linearidade” e simplicidade que nos acompanha ao longo de todo o jogo. É sempre “arroz”durante todo o jogo, não há grande variedade, e por isso não fica a vontade de lhe voltar a pegar. A Core já fez jogos muito melhores.














