Nintendo GameCube

Foi em 1996 que tive a minha primeira consola: uma Sega Master System III conforme mencionado uns posts atrás. Nessa altura a consola já era bastante ultrapassada e até 2002, juntamente com um PC bastante modesto (Pentium 133Mhz com 32MB de RAM) foi a minha única plataforma de gaming. Claro que quando descobri o maravilhoso mundo da emulação em 1998, o meu PC também me foi dando bastantes alegrias. No verão de 2002 aproveitei o tempo de férias para dar uma ajuda num negócio de família, o que me rendeu alguns cobres. Aproveitei esse dinheiro para comprar uma consola nova, e eu, grande fã de Sega desde que me lembro, e um fã cada vez mais interessado na Nintendo graças aos emuladores, deparava-me com uma escolha dura. Ou comprava uma Dreamcast por 150€ já com 5 jogos, e comprava mais alguns jogos à parte, ou então comprava a GameCube por 200€ e ainda me sobrava dinheiro para um jogo apenas (não tinha fé na Xbox e Sony na altura nem pensar). Ora a Dreamcast estava com um preço muito apetecível, vinha com 5 jogos, e haviam montes de jogos baratos em todas as lojas mas… a consola já tinha sido enterrada pela Sega e poucos jogos ainda iriam sair no mercado Europeu. A Nintendo GameCube prometia imenso e de bónus iria ter ports de alguns dos jogos mais interessantes da Dreamcast, pelo que acabei por optar por aí. Hoje em dia todos sabemos que a GameCube acabou por deixar muito a desejar face à concorrência, mas eu não estou nem um bocadinho arrependido da compra que fiz.

Gamecube
A minha GameCube

A GameCube foi apresentada oficialmente junto da Gameboy Advance no evento Nintendo Spaceworld 2000, no Japão. Demos técnicas mostrando 128 Marios movendo-se em tempo-real, ou um épico combate entre Link e Ganondorf fizeram as delícias de todos os fãs. A consola apresenta um bom hardware para a época, perdendo apenas para a Xbox. O design na minha opinião também é bastante apelativo, embora acho que a Nintendo errou ao ter apostado na cor roxa como a cor principal da consola. Vá lá que pelo menos no lançamento PAL também tinham a cor preta… A cor roxa e a pega na parte traseira da consola fizeram-na ser apelidada de “lancheira”, mais uma acha para a fogueira de “A Nintendo é para crianças” que muito se ouvia na época.

Ainda a nível de hardware, a Nintendo assumiu o erro de terem adoptado o formato de cartuchos como “media” principal na Nintendo 64 e introduziram uma variante proprietária do DVD. Os Nintendo Optical Disk, semelhantes aos mini-DVD, conseguem suportar 1.5GB de informação, ainda assim inferior aos DVDs, tecnologia utilizada nos seus concorrentes. A Nintendo optou por este meio de modo a reduzir a pirataria na consola e de certo modo conseguiram, só bem mais tarde é que surgiram os primeiros modchips que ofereciam a habilidade de correr cópias piratas de uma maneira confortável. Contudo esta escolha teve outra consequência pior, aos olhos dos consumidores. Não permitia correr DVDs, nem sequer ouvir CDs de música, algo que já desde a velhinha Mega CD se fazia (não que a mim fizesse falta). Uma outra funcionalidade interessante anunciada era a  interacção com a GameBoy Advance. Utilizando um cabo especial, seria possível ver no ecrã da GBA várias informações relativas ao jogo, ou até descarregar alguns mini-jogos para serem jogados na portátil. Uma jogada semelhante à que a Sega tinha apresentado com a ligação Dreamcast – VMU.

Ligação GC-GBA

Aos poucos e poucos foram sendo anunciados mais jogos para a consola e em 2002 já prometia bastante. Por parte da Nintendo já havia no mercado, ou então anunciado: Luigi’s Mansion, Super Smash Bros. Melee, o fenomenal Metroid Prime, Zelda, Wave Race, StarFox Adventures, Pikmin… só estes jogos já eram um alinhamento de luxo. Juntando-se ao graficamente impressionante Star Wars Rogue Squadron II, Sonic Adventure 2, Phantasy Star Online, Skies of Arcadia entre outras conversões de jogos da Dreamcast seriam mais entradas de peso no catálogo desta consola. Apesar de a Nintendo ter apostado numa cor mais “infantil”, lutaram um pouco para mudar essa imagem, principalmente nos primeiros tempos. Lançaram por intermédio da Silicon Knights um excelente survival horror “Eternal Darkness” e conseguiram trazer toda a série principal Resident Evil para a sua plataforma: um remake fantástico do primeiro jogo da série, um capítulo “zero” usando a mesma engine do remake, conversões directas de Resident Evil 2, 3 e Code Veronica e o novíssimo Resident Evil 4, então exclusivo, que só veria a luz do dia em 2005. Todo este catálogo pesou na minha escolha desta consola, pena que tenha passado ao lado de muita gente.

Ao longo do ciclo de vida desta consola foram sendo anunciadas várias outras cores e packs especiais (embora a maior parte não tenha saído do Japão). Também foram havendo algumas surpresas, umas melhores que outras. De mau, a venda da RARE a um rival directo, um estúdio muito talentoso que ao lado da própria Nintendo lançou alguns dos melhores jogos para as suas plataformas. O abandono da Silicon Knights e da Factor 5 também foram marcantes, embora tenham sucedido mais tarde. De bom recordo-me do anúncio dos Capcom 5, uma série de supostos exclusivos da Capcom para a consola, o “regresso” da SquareEnix às plataformas da Nintendo, o remake exclusivo de Metal Gear Solid, Zelda Twilight Princess…

O que falhou nesta consola? A Sony tinha um domínio impressionante com a Playstation 2, que tanto a Xbox como a GC tinham uma grande dificuldade em alcançar. Mas mesmo assim muitos jogos multi-plataforma apenas acabaram por sair na PS2 e Xbox. A Nintendo terá falhado ao cativar as software houses para desenvolverem para o seu sistema? A Nintendo terá falhado o marketing ao público? Penso que sim nas duas questões. Provavelmente o facto de terem novamente adoptado um formato inferior ao da concorrência (DVD) terá pesado? Recordo-me que muitos dos jogos multi-plataforma só saiam na Gamecube uns meses depois, o que obviamente se reflectia nas vendas. Ninguém ia comprar um jogo para a GameCube que já tinham comprado para PS2 ou Xbox uns meses antes…

Outro quesito redondamente falhado pela Nintendo foi o apoio ao jogo online. Com o lançamento da consola, foram disponibilizados no mercado um modem de 56kb/s ou um adaptador de banda larga para correr jogos online (ou em LAN para o último), e no entanto a Nintendo nunca adoptou esta tecnologia. Apenas a Sega (que lançou 3 versões diferentes do Phantasy Star Online) e a ChunSoft que lançou exclusivamente no Japão o RPG Homeland, é que aproveitaram esta funcionalidade. A Nintendo assumiu que não apoiou o jogo online pela insegurança que esta apresentava face aos menores (daí os infames “friend codes” utilizados posteriormente na DS e Wii). Uma decisão de tamanha estupidez. A Nintendo é uma excelente produtora de videojogos, mas é uma empresa muito teimosa que insiste em meter o pé na argola para levar as suas ideias à frente. Jogos como Super Smash Bros, Metroid Prime, Mario Kart, F-Zero tinham tudo para ser um sucesso online e a Nintendo desperdiçou. Talvez por isso as outras produtoras não tenham incluído os modos online existentes nos jogos multi-plataforma da Xbox e PS2. No entanto jogos como Mario Kart acabaram por receber suporte a jogar em LAN até 16 jogadores.

Em Portugal o marketing foi uma miséria. A Concentra sempre foi bastante incompetente face à Ecofilmes nos tempos da Sega e à própria Sony Portugal. As revistas de videojogos muitas vezes ignoravam a Gamecube quando analisavam os jogos multiplataforma, eu cheguei a escrever para uma delas e a razão que me deram foi que não tinham recebido a versão de Gamecube para analisar. Patético. Com toda esta incompetência, alguns dos últimos jogos da consola acabaram por não ter lançamento oficial cá. Uma pena, mas consegui na mesma o meu Zelda Twilight Princess através do miau.pt numa altura em que não custava um rim e 2 dedos do pé. Ainda bem que hoje em dia as coisas melhoraram (embora infelizmente devido ao boom do casual gaming).

Ainda assim, a Gamecube teve vários jogos muito bons, desde exclusivos produzidos pela Nintendo ou estúdios ligados à mesma, passando por um bom apoio de algumas companhias como a Capcom, Namco e Ubi Soft. O legado da GameCube passou para a Nintendo Wii, que basicamente apresenta uma arquitectura interna muito semelhante, o que permite a Nintendo Wii correr nativamente software GameCube. Infelizmente a Nintendo teve a triste decisão de por a Wii à venda por 250€, o que é um absurdo para hardware que em 2002 saiu na Europa a custar 200€ e ainda assim a Nintendo lucrava.

A GameCube tem uma série de software que todo o fã de Nintendo (e não só) deveria conhecer. Ainda hoje continuo a jogar bastante e tenho vários jogos para terminar. Se não gostarem da Nintendo Wii, ou não tiverem muito dinheiro para gastar numa, encontram-se GCs muito facilmente em sites de leilões por essa internet fora a preços bastante razoáveis. De outra forma, recomendaria comprar a Wii para correr os jogos de GameCube, pela simples razão de ser uma plataforma mais actual e com suporte a mais jogos.

Billy Hatcher and the Giant Egg (Nintendo GameCube)

CapaUma das razões que me levaram em 2002, escolher a GameCube como a minha consola da geração anterior, foi o apoio da Sonic Team. Eu sempre fui grande fã da Sega e Nintendo old-school, e se a Sega não tivesse anunciado o fim prematuro da consola há uns tempos, provavelmente até teria comprado a Dreamcast, era bem mais barata e vinha com bastantes jogos (mas isso é outra história que poderá ser contada quando fizer uma análise ao hardware da Nintendo GameCube). Um dos jogos que a Sonic Team lançou foi este Billy Hatcher and the Giant Egg, em 2003. Comprei este jogo por uma pechincha no ano passado, no eBay UK e está impecável.

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O jogo completo

Comprei o jogo meio “às cegas” porque nunca o tinha jogado antes, nem mesmo ver uns vídeos decentes do jogo em acção, conhecia-o de ver algumas imagens na net quando o mesmo foi anunciado. Eu gosto de jogos de plataformas e a Sonic Team para o bem ou para o mal, é um estúdio de renome nessa área.

De que se trata Billy Hatcher and the Giant Egg? Ora, o nosso herói Billy Hatcher é um menino que é transportado para um mundo de fantasia onde vivem galinhas falantes, povo esse que foi invadido por um bando de corvos maléficos que, com base em magia negra conseguem ter a aparência de outros animais bem mais ferozes e perigosos. Sim, a história não faz sentido, mas isto é um jogo de plataformas todo colorido e cutxi-cutxi, não é suposto fazer muito sentido.  A música título é tão idiota, tão idiota que até é viciante e cheguei a andar durante algum tempo a cantarolar “la-la-la-la”.

Ora passando para o jogo em si: O Billy por si só é fraco. Não consegue atacar os inimigos, não consegue correr, etc. Apenas quando segura um ovo, é que tem o poder de atacar e fazer várias manobras com o mesmo ovo. Os inimigos derrotados largam frutas que só conseguimos “apanhar” com o ovo, essas frutas servem para fazer o ovo crescer até estar pronto a eclodir. Existem dezenas de diferentes ovos, cada um contendo items e animais diferentes. Esses animais podem ajudar o Billy a fazer várias coisas, desde atacar inimigos, activar objectos no cenário, ou mesmo poderão servir para levar o Billy às costas, embora sinceramente não tenha visto grande utilidade nisso. Uma coisa que achei curiosa foi as várias “influências” que foram buscar ao Mario 64/Sunshine. O mundo é dividido em várias zonas, cada uma contendo várias missões, decorrendo no mesmo mapa, mas com ligeiras modificações, cada nível é terminado quando se apanha um “emblema” especial, à semelhança das Stars em Mario. Existem também moedas especiais que podem ser coleccionadas, à semelhança das blue coins nos jogos do Mario. Na verdade, em Billy Hatcher também existem blue e red coins, mas servem para uns determinados tipos de níveis. A estrutura dos níveis é a seguinte: Na primeira missão de cada zona deve-se encontrar o galo/galinha chefe daquela região. É um ovo dourado que após o libertar deve-se procurar as frutinhas de modo o fazer eclodir. A dificuldade é que esses ovos dourados partem ao primeiro toque de um inimigo, ao contrário dos normais que partem ao 3º toque. A segunda missão é sempre encontrar o Boss da respectiva área e derrotá-lo. As restantes missões são aparentemente opcionais em quase todas as zonas. Existem sempre missões em que se tem de resgatar 8 galinhas feitas prisioneiras, outras para derrotar 100 inimigos, outras em que temos de coleccionar um determinado número de blue ou red coins, missões para resgatar os 3 amigos do Billy, etc. Existem no total 7 zonas, cada uma com 8 missões (5 para o Billy e uma para cada um dos 3 amigos que podem ser desbloqueados ao longo do jogo), o que perfaz um total de 56 níveis.

Agora a parte pior: a jogabilidade. Eu literalmente acabei de completar as missões todas deste jogo e foi uma autêntica prova de fogo à minha sanidade mental. Para completar o jogo mesmo a 100%, ainda teria de coleccionar todas as moedas, descobrir todos os ovos e mini-jogos (existem alguns mini-jogos que podem ser desbloqueados para se jogar na GBA) e completar TODAS as missões com um rank S (o máximo). No way Jose, não o vou fazer. O jogo começa bem, uma pessoa habituando-se aos controlos vai fazendo as primeiras missões à vontade, até que se chega a um ponto em que as coisas complicam mesmo. A Sonic Team desde os Sonic Adventure na Dreamcast que tem uma estranha fixação por abismos sem fundo. Um descuidozinho e ops, lá se vai o Billy para o c******. Preparem-se para isto acontecer muitas, muitas vezes, e os 1ups não são abundantes. E muitas das vezes quando se cai ao abismo tem-se de recomeçar o nível num sítio bem lá atrás, onde se tem de fazer muitas manobras arriscadas novamente. Muito, muito chato, principalmente quando existem partes em que se tem de fazer saltos ao milímetro de precisão, e isso abunda por aí. Outra coisa que achei chata é o facto de ser muito frequente ao subir uma pequena “ravina” através dum truque com o ovo (é a única maneira de o fazer), o ovo ficar preso na ponta da ravina e o Billy cair ao chão. Se não houver mais ovos na área, não há nada a fazer senão esperar que o ovo que ficou preso volte a ficar disponível no seu local de origem. Isso também me aconteceu muitas vezes, infelizmente.

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Uma das partes "frustrantes" (por acaso esta até é bem simples)

Bottomline, gostam de jogos de plataforma? Têm uma GameCube ou Wii? Acham que eu sou é um mariquinhas que não consegue jogar jogos de plataforma decentemente? Não custa nada experimentar. Aqui em Portugal raramente o vejo à venda por menos de 20€, mas no ebay é comum arranjar por menos de metade. Se vos aparecer uma oportunidade de o comprar baratinho força nisso. Mas preparem-se para muitas horas de frustrações.

Desert Strike (Sega Master System)

Desert Strike
Caixa Desert Strike Master System

Lembram-se no início dos anos 90 onde Electronic Arts era sinónimo de qualidade e inovação? Desert Strike é definitivamente um jogo que entra nessa categoria. Criado por Mike Posehn para a Sega Mega Drive, foi um sucesso imediato, tendo sido posteriormente convertido para várias outras plataformas. Uma delas foi a Sega Master System, tendo a conversão ficado ao cargo da Domark que por sua vez a relegou para o seu estúdio interno “The Kremlin”. Estes “The Kremlin” foram responsáveis por várias conversões de software para a Master System, como o Prince of Persia de Jordan Mechner, por exemplo, bem como a versão de Game Gear deste mesmo jogo.

Desert Strike é uma óptima simbiose entre simulação militar e acção mais descomprometida. Contextualizado na guerra do Golfo dos inícios dos anos 90, somos introduzidos a um ditador lunático de um país do Médio Oriente (inspirados em Saddam Hussein) em vias de iniciar um conflito internacional. A bordo de um helicóptero AH-64 Apache das Forças Armadas dos E.U.A. somos postos à prova de modo a colocar um fim nos planos do general.

Durante o jogo é-nos incumbido executar várias ordens, sejam de resgate de prisioneiros de guerra, soldados desaparecidos em combate, destruição de vários alvos militares, escolta de VIPs, etc. As missões estão bem pensadas e seguem alguma lógica, tanto na atribuição, como na ordem de execução das mesmas. Antes de entrar “à Rambo” nas bases inimigas, convém destruir os radares e as centrais energéticas, reduzindo assim a capacidade de retaliação do inimigo. A componente estratégica não se fica por aqui, sendo que as munições e o combustível não são limitados, pelo que têm de ser bastante racionados. Uma coisinha que eu sempre gostei foi que, sempre que se pausasse o jogo, veríamos para além das estatísticas do nível e do helicóptero, tínhamos um mapa e uma série de descrições com figuras ligadas às missões, veículos inimigos ou até items como munições.

Desert Strike
Screenshot do jogo

Quem conhecer as versões superiores 16Bit e PC, irá ficar impressionado com a qualidade da conversão do jogo na Master System.  Quase todo o conteúdo está lá. Todos os inimigos e edifícios com um bom grau de detalhe, todas as missões. A nível de som é que não se pode fazer milagres, toda a gente sabe que o som na Master System (e mesmo na Mega Drive) não é grande espingarda, comparando com as consolas da concorrência. Graficamente mantém-se a perspectiva isométrica, de modo a simular um efeito 3D. A nível de jogabilidade simplificou-se as coisas um pouco devido ao comando da Master System ter menos botões. O botão 1 serve para disparar a metralhadora pesada, o botão 2 serve para disparar os mísseis Hydra (projécteis de média “potência” explosiva, mas com uma taxa de disparo muito elevada), e os botões 1+2 ao mesmo tempo para disparar os escassos mísseis Hellfire (bastante potentes, porém lentos).

A minha cópia do jogo foi-me oferecida por um amigo de infância num dos meus aniversários, juntamente com o Global Gladiators (um dia destes falarei sobre ele). São ambos os jogos em 2ª mão e não trazem o manual, infelizmente. Fora isso estão em óptimo estado.

Desert Strike SMS
A minha cópia do jogo

Infelizmente a Master System não recebeu mais nenhum jogo da saga “Strike”, enquanto a “prima” Game Gear recebeu também conversões das sequelas Jungle Strike e Urban Strike (também disponíveis na Mega Drive, SNES, PC, etc). A série “Strike” viria a receber ainda mais 2 jogos nomeadamente o Soviet Strike e o Nuclear Strike, já na era dos 32/64bit.

Após o Nuclear Strike, e sem contar com o gorado “Future Strike” que nunca chegou a ver a luz do dia com esse nome, não se ouviu mais falar na série até 2002, altura em que converteram o primeiro jogo da saga para a Game Boy Advance. Infelizmente até à data nada mais se falou da série.

Concluindo, Desert Strike é um óptimo jogo para quem gosta de dar uns tiros, mas também com um twist de estratégia militar. Apesar de gostar muito da versão da Master System, recomendaria que jogassem as versões superiores de 16Bit ou PC/Amiga. Se não tiverem essas versões disponíveis, ainda assim ficam com um bom jogo entre mãos.

Sonic the Hedgehog (Sega Master System)

Sonic 1 capa
Sonic the Hedgehog (capa Sega Master System)

Na primeira crítica deste blog, apresentei a minha primeira consola, a Sega Master System III Compact. Esta consola traz um jogo embutido na consola, o Sonic the Hedgehog, tendo sido este o meu primeiro jogo. No ano passado comprei no miau.pt uma cópia física deste jogo, infelizmente não veio com o manual, mas complementei com o manual que vinha com o Sonic da consola.

Enquanto a Sonic Team se preparava para lançar para a Mega Drive aquele que provavelmente é o jogo mais importante da sua carreira, a Sega relegou para o estúdio independente Ancient Corp. a versão 8-bit do Sonic the Hedgehog. A Ancient é uma companhia liderada por Yuzo Koshiro, uma personalidade bem conhecida na indústria devido aos milagres que fez com o chip de som da Mega Drive (vão ouvir as músicas dos Streets of Rage).

A versão 8-bit saiu também em 1991, uns meses depois do seu “primo” de 16Bit, para as consolas Sega Master System e Game Gear. A versão Game Gear saiu em todos os mercados, enquanto que a Master System, por já estar nas horas da morte em quase todo o lado excepto na Europa e Brasil, saiu para esses 2 mercados e também para os Estados Unidos, onde foi o último jogo da Master System lançado oficialmente por lá. O Japão ficou de fora. As versões Master System e Game Gear são idênticas, diferindo apenas na resolução bem como alguns pequenos detalhes.

A nível de performance, a Master System é nitidamente uma geração atrás da Mega Drive, o jogo é bem mais simples e lento. Ainda assim, é um dos melhores jogos da consola. Fica a faltar os loops e o design de níveis mais “insano” que a versão 16bit é conhecida, mas isso foi corrigido no Sonic 2. Este jogo é constituído por 6 zonas, algumas delas também presentes na versão Mega Drive. Cada zona tem 3 actos, 2 de exploração e um de boss.

Green Hills zone, é a primeira zona em ambas as versões, famosa pela sua flora verdejante e rocha quadriculada (não é por acaso que escolhi este nome para o blogue…). Segue-se a Bridge Zone, uma zona ligeiramente semelhante à Green Hills onde se sobe um rio ao longo de uma série de pontes. Entra-se de seguida na Jungle Zone, que como o nome indica é uma zona passada na selva. É uma das zonas mais elaboradas do jogo, principalmente o 2º acto, onde se tem de subir uma enorme cascata.

Em seguida mais uma zona igualmente presente na Mega Drive. A Labyrinth Zone, uma área inteiramente subaquática passada nas ruínas de um templo qualquer. Quem já não disse montes de vezes “f0d@-se, fiquei sem ar!”? E eis que se chega à “civilização”, com uma zona altamente industrializada chamada “Scrap Brain”. Mais uma zona igualmente presente na Mega Drive, onde teremos de escapar a vários perigos “tecnológicos”. A zona final é a Sky Base Zone. Mais uma zona inédita na versão 8-bit, é uma espécie de “aeródromo”, onde está localizado um Zeppelin do Dr. Ivo Robotnik. É sem dúvida a zona mais complicada do jogo. No primeiro acto temos de ter cuidado com uma série de cabos electrificados que dão choque a cada intervalo de tempo, tendo em conta que muitas vezes tem de se deslocar em plataformas móveis sobre as quais não temos nenhum controlo, é normal perder algumas vidas aí. No 2º acto já não há toda essa “trovoada”, mas é um acto sem qualquer “ring”, o que quer dizer que cada erro é fatal. O boss final deu-me algum trabalho em derrotá-lo nas primeiras vezes, mas depois de se lhe apanhar o jeito é simples.

Os níveis seguem uma progressão lógica, consegue-se perceber bem a transição das diferentes zonas, onde um riacho em Bridge Zone se transforma num enorme rio em Jungle Zone e num templo aquático em Labyrinth Zone. À semelhança da versão Mega Drive o jogo dá a sensação de se passar todo ao longo de um dia, onde em Green Hills Zone é de manhã e vai entardecer progressivamente até chegar à Sky Base Zone, onde é “escuro como o breu”.

Ao contrário das versões 16bit, em quase todas as versões 8bit dos jogos de plataforma do Sonic (e neste não é excepção), as esmeraldas fazem algum sentido ao serem coleccionadas. Aqui, as esmeraldas não fazem parte de níveis de bónus, elas estão espalhadas pelos níveis e têm de ser encontradas (1 por zona). Mas isso não quer dizer que não existem níveis de bónus neste jogo, existem sim e são uns níveis bastante coloridos repletos de molas e outros obstáculos semelhantes às máquinas de “pinball”. Estes níveis servem para adquirir montes de anéis, vidas e continues.

Durante vários meses foi o único jogo que eu tive e já lhe perdi a conta das vezes que o acabei. Uma curiosidade é que o final do jogo nas suas versões cartucho e embutido na consola é ligeiramente diferente. Na versão cartucho, após a pontuação é mostrado este ecrã onde aparece uma imagem do Sonic a cantar. Ora, eu na minha inocência de criança, após terem-me dito que aparecia esse ecrã final cheguei a estar cerca de meia hora a olhar para o ecrã da pontuação a ver se isso acontecia…

Sonic 1 Credits
Ecrã final dos créditos

Concluindo, para quem gosta dos Sonic clássicos, as versões 8bit geralmente também são bastante boas e esta não é excepção. Peca apenas por uma jogabilidade mais lenta e com menos manobras “mirabolantes” que se encontram presentes noutras iterações da série, como Sonic 2 e Sonic Chaos. As músicas são muito boas (Yuzo Koshiro style). Este jogo encontra-se também disponível na Virtual Console da Nintendo Wii, e, na versão Game Gear, nalgumas compilações como Sonic Mega Collection Plus para Xbox e PS2, ou no Sonic Adventure DX para Gamecube.