Out Run (ZX Spectrum)

OutRun ZXMais um artigo blitzkrieg, uma “super rapidinha” se assim o preferirem. Apesar de o Out Run ser um excelente e revolucionário jogo, vou deixar a análise mais aprofundada para a eventual versão Mega Drive ou Master System, se acabarem por me parar às mãos. A versão Spectrum foi convertida pela Probe Software e publicada pela U.S. Gold. A minha cópia é literalmente uma cópia, proveniente do mercado cinzento, numa altura em que a pirataria não era legislada. Mas é uma cópia com qualidade e até traz um pequeno mapa do jogo, embora não esteja na fotografia. Foi comprada na Feira da Vandoma no Porto por 1€.

OutRun - ZX Spectrum
Bootleg do mercado cinzento. Inclui ainda um mapa que não ficou na foto.

Infelizmente o Spectrum não é a melhor máquina para receber um jogo deste calibre. Out Run para ser bem apreciado precisa de paisagens solarengas, coloridas e acima de tudo uma sensação de velocidade acompanhado por uma música bem relaxante. Bom, aqui apenas a música se aproxima aos originais, pois o scrolling infelizmente é muito lento. Os gráficos também são mais monocromáticos, mas isso já é algo expectável para um sistema com essas limitações. O Ferrari Testarossa até que está bem detalhado, e todo o esforço que a Probe colocou nesta conversão improvável deve ser reconhecido. No entanto existem outras melhores alternativas para se jogar este Out Run e é nessas que me focarei.

Ghouls ‘n Ghosts (ZX Spectrum)

DemonsDriversTempo para mais uma rapidinha a mais um jogo que apesar de ser daqueles clássicos que para mim são obrigatórios, a versão Spectrum não é de todo a definitiva, pelo que apenas escreverei um artigo mais longo um dia que a versão Mega Drive ou mesmo Master System desse jogo me venha parar às mãos. Este meu exemplar é dos poucos jogos 100% originais que possuo de Spectrum, fazendo parte da compilação Demons & Drivers, contendo também a conversão do Turbo Outrun da Sega. Infelizmente a caixa está em muito mau estado, foi comprada por 50 cêntimos na Feira da Ladra em Lisboa, há coisa de uns 2 meses atrás.

Demons and Drivers - ZX Spectrum
Compilação completa com 2 cassetes e folheto de instruções

Ghouls ‘n Ghosts é a sequela de Ghosts ‘n Goblins, o sidescroller da Capcom bastante desafiante, onde encarnávamos no corajoso cavaleiro Artur em busca da sua princesa que foi raptada por demónios. Esta sequela repete o mesmo conceito e uma vez mais teremos uma série de níveis desafiantes pela frente, lutando contra todas as hordas do inferno, desde zombies, bruxas, diabinhos a monstros enormes que servem de bosses finais. Tal como no primeiro jogo, apenas podemos levar com 2 ataques antes de perder uma vida. No primeiro ataque sofrido, Artur perde a sua armadura, ficando apenas com umas boxers com coraçõezinhos, no segundo não é muito difícil adivinhar o que acontece.

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Sempre gostei do design deste boss!

 

Ora isto, aliado ao facto de existirem alguns segmentos com platforming muito exigente, mais a quantidade absurda de inimigos que aparecem no ecrã, sempre deixaram esta série com fama de ser muito difícil. E aqui esta versão Spectrum inicialmente não tem esse desafio, com poucos inimigos de cada vez no ecrã, mas nos níveis seguintes a coisa começa a ficar mais difícil, embora ainda a anos luz da versão original de Arcade. E também tal como um certo Castlevania, poderemos encontrar uma série de armas secundárias, para além da lança com a qual começamos o jogo. Temos também faquinhas, machados atirados na diagonal, ou umas bombas de fogo com splash damage.

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Como seria de esperar, a versão Spectrum é bem mais modesta perante a original

Infelizmente no que diz respeito aos audiovisuais, já seria de esperar que esta versão fosse muito mais modesta, e de facto assim o é. Temos as habituais poucas cores em simultâneo no ecrã, os inimigos são pouco detalhados, e a música é inexistente durante o jogo, excepto no ecrã título e similares. Por motivos de coleccionismo acho esta uma versão interessante de se ter, mas não tendo a versão arcade (que certamente terá saído nalgumas compilações), ficarei bastante contente se um dia acabar por arranjar a versão Mega Drive ou Master System deste jogo.

Fly & Drive (PC)

Hoje irei escrever mais uma rapidinha, mas desta vez a uma colectânea de 3 jogos e meio. Isto porque estupidamente um dos jogos aqui disponíveis é apenas a sua versão Shareware, o que não faz sentido nenhum anunciarem 4 jogos numa colectanea e um deles ser uma demo robusta. E logo o melhor do pacote! Este meu exemplar tem uma história por detrás. Eu tinha esta Big Box quando era miúdo, mas devido à falta de espaço deitei a maioria fora e manti apenas duas para guardar os manuais grandinhos dos outros jogos. O Fly and Drive foi um desses, tendo apenas sobrevivido o cd na caixa em jewel case à direita na foto e um manual idêntico ao da foto. Há uns meses atrás o Ivan Cordeiro acabou por me oferecer uma bigbox completa dessa compilação que ele lá tinha a mais, e ficou assim mais um pedaço da minha infância recuperado. Agora falta é o Carmageddon e o Mortal Kombat 3…

Fly and Drive - PC
Compilação completa com caixa, papelada e manual

Como o nome da compilação indica, a mesma é composta com jogos de corrida e de voo. Dos de corrida podem contar com o Power Drive, um jogo de rally meio arcade, mas com uma perspectiva overhead. Já o analisei para a Mega Drive e esta versão, apesar de ligeiramente melhor nos audiovisuais, acaba por ser bem semelhante. O outro jogo de corridas é um da Core Design, uma espécie de Mario Kart misturado com Road Rash e passado na idade da Pedra. É o B.C. Racers, que se passa no mesmo universo dos Chuck Rock. É um jogo de corridas engraçadinho em que conduzimos motos com sidecar, e a função de quem está no sidecar é unicamente a de atacar os outros concorrentes. É um jogo que foi também lançado para a Mega CD e 32X, versões que gostaria de as arranjar um dia. Nessa altura escreverei algo mais cuidado.

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Terminal Velocity é um shooter porreirinho para a altura, pena é que não seja o jogo completo.

Passando para a parte do Fly, o Terminal Velocity é o melhor jogo do bundle, sem dúvidas. Mas também é uma versão shareware que deveria ser gratuíta. E acabei de saber que o B.C. Racers também tinha sido lançado para o PC logo à partida como freeware, logo sinto-me ainda mais roubado. Ainda assim vou só escrever um pouco sobre o mesmo. Terminal Velocity foi o primeiro jogo publicado pela 3D Realms, a mesma empresa que produziu jogos como Duke Nukem 3D, Shadow Warrior e publicou outros tantos como o Prey ou o Max Payne original. A 3D Realms por si só já era uma derivada da Apogee, mas que se focaria apenas em jogos 3D. E este Terminal Velocity é um shooter na terceira pessoa de naves espaciais, onde vagueamos em vários planetas e destruimos outras naves ou bases. Foi produzido pela Terminal Reality, os mesmos que mais tarde se juntaram à Microsoft Game Studios e lançaram o Fury 3.

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BC Racers é um jogo que até é divertido, mas tenho mais curiosidade com a versão Mega CD

Por fim temos mais um jogo dos britânicos da Core Design, o Thunderhawk AH-73M, um shooter militar que me fez lembrar logo o excelente Desert Strike, embora a única semelhança seja mesmo usarmos um helicóptero. Aqui o jogo acaba por ser mais de simulação que outra coisa, e sinceramente sempre achei isso bem chatinho. Lembro-me que na altura o tentei jogar e não me estava a entender nada com os controlos, que já usavam um setup de teclado e rato e sinceramente passados estes anos todos não quis voltar a testar o jogo. Graficamente pareceu-me muito fraquinho, a usar gráficos poligonais bastante minimalistas. A versão da Mega CD pareceu-me ser bem mais interessante, por usar um estilo gráfico diferente e cheio de efeitos de rotação que muitos pensavam que a Mega Drive não poderia fazer. E também dado que o comando limitado a nível de botões da Mega Drive, muito provavelmente acabaram por simplificar mais a jogabilidade, o que poderá tornar essa versão mais agradável no geral.

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Em Thunderhawk, a jogabilidade aproxima-se à de um simulador, o que já não me agrada tanto

Por todas essas razões, mas principalmente pelo Terminal Velocity ser apenas um shareware, tornam esta compilação algo redundante, pois os outros jogos consegui-mo-los jogar noutras plataformas também.

Power Drive (Sega Mega Drive)

Power DriveVamos voltar às rapidinhas para mais um artigo da Mega Drive, o Power Drive, um jogo de corridas rally com uma perspeciva “top down view” e com um feeling completamente europeu, o que nem é por menos visto ser um jogo de origem britânica, com a Rage Software e U.S. Gold. Infelizmente os controlos não são os melhores, sendo muito fácil perder o controlo do carro, em especial em circuitos com neve ou solo mais “solto”, como nos circuitos australianos, por exemplo. E este jogo foi comprado no mês passado mais uma vez na feira da Ladra em Lisboa, ficou-me bastante barato, certamente a menos de 2€ tendo em conta que o levei juntamente com uma série de outros jogos de PC. Infelizmente não tem manual.

Power Drive - Sega Mega Drive
Jogo com caixa

Inicialmente podemos escolher entre um Mini ou um Fiat e somos largados numa espécie de campeonato mundial de rally, onde teremos de vencer várias provas em cada circuito, desde simples provas de contra-relógio, corridas 1 contra 1 ou mesmo provas de habilidade, onde teremos de fazer uma série de manobras. Isto tudo ao longo de 8 países diferentes, cada um com diferentes terrenos e naturalmente a física de condução do carro também se altera um pouco. E é aqui onde o Power Drive é um jogo difícil, exigindo ao jogador muita perícia e os erros cometidos, mesmo que sejam poucos, muitas vezes paga-se caro. De resto, vamos ganhando dinheiro consoante a nossa progressão nas provas, que pode ser utilizado para reparar os danos que o nosso veículo recebeu no circuito anterior. Em alguns pontos do jogo poderemos adquirir carros mais poderosos, tendo sempre uma escolha de um em 2 carros disponíveis. No final do jogo, quero dizer, neste modo “campeonato”, temos os desafios finais. Aqui temos de correr num circuito de cada país, contra um adversário conduzindo um carro igual ao nosso. Infelizmente o jogo não tem qualquer modo multiplayer, o que até é de estranhar.

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Em vez de termos um co-piloto a berrar-nos ao ouvido quais as curvas que nos esperam, temos estes sinais visuais

Os visuais são competentes, tendo em conta que estamos a falar de uma consola de 16bit e a perspectiva é de top-down, tal como os Micromachines das antigas. Nota-se bem as diferenças de paisagens e própria qualidade das estradas nos vários países. Nos circuitos nocturnos estamos completamente às escuras, mas gostei do pormenor dos “efeitos de luz” dos faróis frontais. Infelizmente não é o suficiente em especial no circuito da Austrália, que mesmo nas estradas existem diversos obstáculos que devemos contornar e mal os vemos. Os efeitos sonoros são OK tendo em conta as possibilidades da Mega Drive, mas as músicas estão realmente muito boas e os estúdios britânicos sempre foram muito fortes nesse aspecto, na minha opinião.

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Apesar de não existir nenhum modo multiplayer, o que não faz sentido, ao menos lá teremos um modo de treino que bem dará jeito

No fim de contas este Power Drive é um jogo OK, é competente mas os seus controlos deveriam ter sido melhor afinados, ainda assim gostei de alguns detalhes como as indicações das próximas curvas e sua curvatura, ou mesmo as músicas como ainda agora referi. Algures perdido na minha colecção também tenho este jogo para o PC, numa compilação manhosa da ecofilmes lançada algures durante os anos 90 e que propositadamente não listei na colecção, que para além de ter uns audiovisuais naturalmente melhores, não me recordo se os seus controlos foram melhor implementados.

Indiana Jones e a Última Cruzada (Sega Master System)

IndianaJonesAndTheLastCrusade-SMS-PTVamos lá para mais um lançamento para a Master System que por uma razão ou outra levou com esta edição “Portuguese Purple”. Este jogo do Indiana Jones como pode ser visto no título é baseado no terceiro filme com o mesmo nome, e devo dizer desde já que era daqueles jogos dignos de aparecer num dos vídeos do Angry Videogame Nerd, de tão injogável que é. Ah, mas afinal sempre apareceu, na sua versão NES, que por muito má que seja ainda vai sendo mais completa que esta pois inclui bosses e outras coisas que falarei mais à frente. Este jogo foi-me oferecido por um particular, está em bom estado, mas falta-lhe o manual.

Indiana Jones e a Ultima Cruzada - Sega Master System
Jogo com caixa – edição Portuguese Purple com o título em Português

O jogo tenta seguir os acontecimentos dos filmes, dentro dos limites impostos pelo hardware da época. Começamos o jogo numa caverna onde podemos encontrar a cruz de S. Coronado, o segundo nível já nos coloca a escapar dos bandidos num comboio circense, mas ao contrário dos filmes, em vez destes níveis serem jogados com o jovem escuteiro Indiana Jones, é a sua forma adulta que aparece durante todo o jogo. Prosseguindo com o jogo, vemo-nos numas catacumbas onde procuramos o escudo de um cavaleiro templário que nos dá mais pistas sobre a localização do Santo Graal, o quarto e quinto níveis já são passados com Indy à procura do diário do seu pai, um deles nas muralhas do castelo Brunwald e o seguinte num Zeppelin em primeiro voo. Por fim o sexto e último nível decorre na caverna onde se acaba por descobrir o Graal, tendo nós de guiar o Indy por uma série de armadilhas, incluindo o famoso “puzzle” IEHOVA.

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Antes de cada nível temos um ecrã deste género

Mas ao contrário do que seria de esperar, não é necessário apanhar nenhum desses itens para progredir no jogo, esses só nos servem para aumentar a pontuação. De resto o objectivo de cada nível é então ir do ponto A ao ponto B, evitando ou derrotando os inimigos que nos atravessam à frente e esquivar de todos os obstáculos. Bom, até aqui nada de especial, não fossem os controlos uma miséria. É impossível controlar os saltos, ou damos um salto vertical ligeiro, ou um salto em comprimento fixo mediante a direcção por onde nos estamos a movimentar. O mau que isto tem é que o jogo está repleto de precipícios e não tendo maneira de controlar os saltos, teremos de ter uma precisão milimétrica para saber onde saltar. Depois o Indiana Jones tem uma barra de energia que baixa muito rapidamente: tocar nuns espinhos ou tecto, lá se vai parte da vida. Levar um tiro ou uma facada, igualmente. Cair de uma altura elevada? Também. Mas se apenas tocarmos num inimigo é logo morte certa.

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Estas bolas de fogo são outro dos perigos mortais e ainda por cima têm uma cadência difícil de adivinhar.

E o pior é que inicialmente apenas podemos atacar utilizando os punhos, o que nos dá logo uma grande desvantagem face aos ataques de longo alcance dos inimigos. Depois lá vamos apanhando chicotes espalhados pelos níveis, mas estes podem apenas ser utilizados 5 vezes, depois lá teremos de procurar outro. Um outro item que podemos encontrar espalhado pelos níveis é uma ampulheta que para além de regenerar o tempo limite, serve de checkpoint no nível. Ao morrermos, poderemos recomeçar daquele ponto no nível. Os níveis acabam por ser bastante labirínticos e por vezes com timers bem apertados, pelo que conjugando os maus controlos, a facilidade em sofrer dano, o tempo apertado e uma munição limitada de chicotes vão tornar este jogo muito, mas mesmo muito frustrante. Bastava melhorarem os saltos e tornar o chicote com uso ilimitado que o jogo acabava por se tornar bem mais divertido.

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Mesmo com o chicote, temos de atacar os inimigos com o timing e distância certa.

No entanto, apesar de possuir apenas 6 níveis, há algo que capta a atenção deste jogo: os seus visuais bem trabalhados e sprites com boas e fluídas animações, tendo em conta as limitações da Master System, claro está. Mas de que serve um jogo com gráficos bonitos se é injogável? Admito, apenas consegui chegar ao final através do save state, e mesmo assim ainda foi preciso muita paciência. As músicas é outro ponto fraco do jogo, isto porque existem apenas 3 músicas ao longo de todo o jogo: temos a música temática do Indiana Jones a tocar durante o título e duas outras pequenas músicas que tocam sempre que começamos/terminamos um nível ou perdemos uma vida. Só isso, durante do jogo somos deixados com os efeitos sonoros também simples e nada mais.

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O foco dado nos highscores é influenciado pelos sidescrollers arcade da velha guarda

De resto, há imensa confusão em relação a este jogo, pelo menos para mim. Essencialmente existem 2 vertentes diferentes de jogos Indiana Jones and the Last Crusade – uma aventura gráfica desenvolvida pela própria LucasArts e com lançamento em vários computadores da época, e o jogo de acção, onde esta versão da Master System se insere, desenvolvido pela Tiertex e publicado pela U.S. Gold. Dentro deste jogo de acção, existem lançamentos para imensas outras plataformas como o PC, Commodore 64 e Amiga, Zx Spectrum, MSX, Game Gear ou Mega Drive, cada versão com as suas peculiaridades nos níveis e pontos fortes/fracos na jogabilidade e audiovisual. Mas chegando à NES, vemos 2 versões com o mesmo nome, uma produzida pela Taito e uma outra pela Ubisoft que, numa primeira vista parece herdar imensas coisas deste jogo, como os gráficos. Mas por outro lado, e apesar de ter a mesma (in)jogabilidade, parece-me ser um jogo mais completo. Não sei se a Ubisoft reaproveitou os mesmos assets deste jogo, não consegui encontrar informação disso na Internet, se alguém souber agradeço a informação.

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A sprite do Indiana Jones em particular está muito bem trabalhada para uma Master System

No fim de contas este é daqueles jogos que apesar de ter tido pontuações altas para a altura em que saiu, não consigo mesmo perceber o porquê dessas mesmas pontuações, visto que o jogo tem tantos problemas tantos nos controlos como no level design que para mim é practicamente injogável. Mas não deixa de ser um jogo com lançamento Portuguese Purple e só por aí já vale a pena ter.