Thunder Jaws (Commodore 64)

A rapidinha de hoje leva-nos pela primeira vez ao Commodore 64, um computador de 8bit que até fez bastante sucesso tanto na Europa como na América. E este é um jogo que já tenho na colecção há uns quantos anos, por aí desde 2014, após o ter comprado numa feira de velharias ao desbarato. Estava a guardá-lo para um dia que finalmente encontrasse o hardware, o que infelizmente ainda não aconteceu, pelo que este teve mesmo de ser em emulação.

Jogo em cassete com caixa e manual

E mesmo que arranjasse um Commodore 64, confesso que teria de o acabar por jogar em emulação, pois o jogo, pelo menos esta conversão, é muito mau. Este Thunder Jaws foi lançado originalmente pela Atari nas arcades, com a britânica Domark a adquirir uma licença para produzir conversões para diferentes computadores, onde para além do Commodore 64, a Domark publicou também versões para o Commodore Amiga, Atari ST e Amstrad CPC. Na caixa está também ilustrada uma versão ZX Spectrum, mas aparentemente essa nunca chegou a ver a luz do dia.

Começamos a aventura a explorar o fundo dos oceanos onde tubarões e outros mergulhadores são a nossa maior preocupação

Thunder Jaws é um jogo de acção onde mistura níveis subaquáticos com outros níveis mais tradicionais de um 2D sidescroller, com bastantes influências do Rolling Thunder da Namco, não só pelos seus 2 planos de acção, mas também por existirem imensas portas de onde inimigos vão surgindo. E nós controlamos um agente secreto que terá de se infiltrar nas diferentes bases da Madame Q, que planeia dominar o mundo através das suas criaturas mutantes, e vamos precisamente alternando entre os tais níveis subaquáticos e os seus laboratórios que deveremos destruir.

Usar um lança chamas debaixo de água? Porque não?

A jogabilidade é teoricamente simples, pois é um jogo que está preparado para usar um joystick de um botão apenas. Podemos então movimentar o nosso personagem livremente com o joystick (incluindo saltar) e o único botão de acção serve para disparar a arma. Tanto nos níveis aquáticos, como nos laboratórios, começamos inicialmente com um lança arpões de munição infinita, mas poderemos encontrar outras armas como Uzi, uma arma que lança projécteis explosivos ou um lança chamas, mas a munição dessas esgota-se com alguma facilidade. O principal problema a meu ver é que o jogo é bastante difícil e de forma injusta, pois os inimigos surgem de todos os lados e tipicamente são bem mais ágeis que nós, o que nos deixa numa posição de completa desvantagem. Temos uma barra de vida, algumas vidas e continues para gastar, mas rapidamente eles são gastos! E ainda nos controlos, para saltar alto e subir para os níveis superiores, teríamos de pressionar para cima e o botão de fogo em simultâneo, o que também não resulta bem, infelizmente.

O jogo é frustrante pela quantidade e agilidade dos inimigos. Para além disso os arpões, apesar de terem munição infinita, não causam tanto dano quanto isso

Graficamente, o original arcade era de facto muito interessante, com cenários e personagens bem definidos, coloridos, com boas animações e detalhe! O Commodore 64 é um sistema 8bit muito mais modesto, pelo que já não tem o mesmo apelo. Ainda assim, comparando com outros sistemas 8bit da época, o Commodore 64 até me surpreende positivamente e isso é notório nas sprites bem detalhadas que o jogo apresenta. Mas a nível de cor e detalhe de cenários, é muito mais modesto sim. Nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e a música essa infelizmente apenas existe no ecrã título.

Portanto este Thunder Jaws para a Commodore 64 é infelizmente um jogo para esquecer. A sua dificuldade injusta e mau controlo especialmente com os saltos tornam-no numa experiência bastante frustrante! O original arcade até parece ser um jogo divertido, talvez as conversões para o Amiga ou Atari ST se tenham safado melhor, até porque suportam multiplayer cooperativo.

James Bond 007: The Duel (Sega Mega Drive)

Continuando pelas rapidinhas, agora para a Mega Drive, vamos para mais um jogo de acção que me surpreendeu pela positiva. Apesar de ter o Timothy Dalton na capa, actor que deu a cara a James Bond em apenas 2 filmes na década de 80, este videojogo acaba por não seguir a trama de nenhum desse filmes. O meu exemplar foi comprado no mês passado a um particular, tendo-me custado uns 10€.

Jogo com caixa e manual

Este James Bond the Duel é um jogo de acção/plataformas, onde os nossos objectivos são sempre os mesmos ao longo dos vários níveis: resgatar uma série de mulheres espalhadas ao longo dos níveis, detonar uma bomba algures e em seguida procurar a saída dentro de um tempo limite, antes que tudo exploda. Os controlos são simples, com um botão para saltar, outro para disparar o nosso revólver, e um outro para atirar granadas, algo bastante útil para defrontar alguns mid bosses que nos apareçam à frente, como é o caso do Dentes de Aço. Podemos disparar para a esquerda, direita e diagonais, mas infelizmente não conseguimos disparar para cima ou para baixo, o que até dava jeito em certas alturas. Ainda sobre a jogabilidade, convém também ter em conta que este é daqueles jogos onde se cairmos de uma certa altura perdemos uma vida.

Temos diferentes localizações para explorar, mas os objectivos são sempre os mesmos

A nível gráfico, é um jogo bonitinho, mas deixa um pouco a desejar. As sprites são pequenas porém bem animadas, o jogo até que é colorido e detalhado quanto baste, mas como é tudo tão pequeno, fica sempre a sensação que estou a jogar num sistema 8bit. Tendo em conta que a mesma equipa também lançou o mesmo jogo para a Master System e Game Gear, pode estar aí a explicação do porquê de ambas as versões serem diferentes, porém muito parecidas. As músicas sinceramente até que as achei bastante agradáveis, embora um tema ou outro também me tenha soado saído de uma Master System.

O jogo até que é bastante colorido, mas por vezes parece que estou num sistema 8bit

Portanto este James Bond 007 The Duel até que nem o achei um mau jogo de todo. A série Rolling Thunder dá-lhe 10 a 0, é verdade, mas ainda assim achei-o suficientemente divertido e confesso que até fiquei curioso em experimentar a versão Master System que quero ver se a arranjo no futuro.

Pit-Fighter (Sega Master System)

Continuando pelas rapidinhas, vamos ficar com mais uma adaptação do Pit-Fighter, um clássico arcade cuja conversão para a Mega Drive eu já cá trouxe. As mecânicas de jogo e o nosso objectivo final são muito similares, pelo que recomendo a leitura desse artigo para mais detalhes. O meu exemplar foi comprado a um particular no mês de Junho por 5€.

Jogo com caixa e manual

Infelizmente esta conversão fica muito aquém da original. A nível audiovisual isso já seria perfeitamente expectável, pois o original arcade foi pioneiro no uso de sprites digitalizadas e a pobre Master System estaria muito longe de replicar isso. Aqui temos na mesma arenas fechadas para lutar, ocasionalmente com alguns objectos que podemos usar no adversário, ou alguns power ups para apanhar. A falta de um botão de salto, obriga-nos a usar combinações de botões para saltar. O problema é que a jogabilidade em si é muito má, principalmente na detecção de colisões, pois vamos muitas vezes dar socos ou pontapés em falso.

Temos os mesmos 3 lutadores para escolher, se bem que agora com muito menos detalhe

Graficamente é uma versão muito modesta, com arenas com muito menos detalhe e as sprites dos lutadores a serem minúsculas. No entanto, se conseguirem chegar ao final do jogo, vão ver aqueles que são talvez os melhores ending credits da plataforma, de tal forma que acredito que a equipa tenha perdido mais tempo nisso do que no resto do jogo em si. As músicas existem apenas entre lutas e sinceramente até que nem desgostei delas.

Prince of Persia (Sega Master System)

Por incrível que pareça, ainda não tinha na minha colecção nenhuma versão do Prince of Persia, esse grande clássico de Jordan Mechner e que tantas horas me fez perder ao jogar a sua versão de DOS quando era criança. Bom, se não contarmos com o desbloqueável que vem junto do Prince of Persia Sands of Time, claro. As conversões para as consolas da Sega (excepto a da Mega CD) ficaram a cargo da Domark que a meu ver até fizeram um bom trabalho, até porque eles já tinham lançado a conversão deste jogo para o Commodore Amiga. O meu exemplar foi comprado a um colega no passado mês de Janeiro por 5€.

Jogo com caixa e manual

Prince of Persia é um jogo inspirado nos contos das 1001 noites, onde algures num reino das Arábias, o sultão lá do sítio foi comandar uma guerra e deixou o seu reino ao cuidado do seu Vizir, Jaffar. Ora como aprendemos no Aladdin, um Vizir com o nome de Jaffar não pode ser boa pessoa e claro, coisas aconteceram. Jaffar toma então poder e confronta a princesa, obrigando-a a casar-se com ele. Como a jovem recusa, Jaffar lança-lhe então um feitiço, dando-lhe 60 minutos para mudar de ideias, caso contrário morre. As esperanças da princesa estão no seu amado que a vá salvar, mas Jaffar antecipa-se, prende o protagonista e atira-o para o fundo dos calabouços do Palácio.

Morrer empalado por espinhos é só uma das coisas que nos pode acontecer se não tivermos cuidado

Cabe-nos a nós então atravessar uma série de níveis labirînticos, repletos de armadilhas, guardas e outros puzzles. Tudo isto com 60 minutos de tempo limite para terminar a aventura. Ao longo do jogo encontramos imensas armadilhas como plataformas que caem, espinhos que saem disparados do chão, ou mesmo lâminas que nos cortam em dois se não tivermos cuidado. Temos também montes de precipícios que temos de ter em conta para não cair. É que a partir de uma certa altura é morte certa. Para além disso também vamos vendo algumas portas que temos de destrancar, ao pressionar algumas plataformas específicas que servem de interruptor. Por outro lado, também temos de evitar tocar noutros interruptores que nos podem dificultar mais a vida. Tudo isto junto, para além dos combates que referirei em seguida, obriga-nos a explorar bastante cada nível, até que consigamos finalmente resolver estes puzzles. Certamente 60 minutos não são suficientes para as primeiras tentativas, mas eventualmente lá chegamos. O jogo está dividido em 12 níveis, sendo que entre cada nível nos fornecem uma password, onde para além de nos permitir começar no novo nível em questão, também são guardadas outras informações, como a vida que temos disponível e o tempo restante.

Graficamente é uma conversão impressionante pois as sprites continuam muito bem animadas

Os controlos são simples, depois de nos habituarmos. Já o original de PC nos obrigava a esse treino, pelo que aqui, com um comando ainda com menos botões, as coisas não poderiam ser tão simples assim. O botão direccional faz com que Prince se agache, suba ou desça plataformas, ou corra para a esquerda ou direita. O botão 2 serve para saltar, já o botão 1 possui outros usos. Se o pressionarmos enquanto nos movimentamos de um lado para o outro faz com que andemos devagar, passo a passo, em vez de começar a correr. Por outro lado, também nos deixa agarrar em plataformas quando as estamos a descer, ou simplesmente a cair em queda livre, pressionar o botão 1 na altura certa pode-nos salvar a vida! Quando encontramos um guarda, se não tivermos nenhum botão pressionado faz com que o Prince saque da sua espada e se ponha numa posição de guarda (mas antes disso temos de a encontrar!!). O botão 1 serve para atacar, o botão 2 serve para defender, embora não seja muito fácil acertar com os tempos para nos defendermos com sucesso. O botão direccional para a esquerda ou direita faz com que nos afastemos ou aproximemos do nosso oponente, enquanto que ao pressionar para baixo faz com que guardemos a espada, algo que só recomendo fazer caso queiramos fugir do confronto, pois se somos atingidos sem estar numa posição de guarda, é morte instantânea.

Se acharmos que 60 minutos não é desafio suficiente, podemos sempre reduzir o tempo limite nas opções

Do ponto de vista audiovisual devo dizer que fiquei bastante impressionado com o resultado obtido pela Domark/The Kremlin. A versão original era bastante impressionante pela qualidade das animações do Prince, que foram gravadas através de actores reais, neste caso o irmão do criador do jogo, Jordan Mechner. Não sei como, mas conseguiram fazer sprites também muito bem animadas aqui, todas as animações estão bastante fluídas e credíveis. Os cenários também possuem mais cor e detalhe, quando comparados com o original ou mesmo a versão DOS, embora eu prefira o detalhe das partes mais luxuosas do palácio na versão DOS, se bem que a Master System possui cores mais vivas nessa parte. As músicas são poucas, todas elas com melodias árabes que estão muito bem implementadas aqui também. A parte principal do jogo é jogada sem qualquer banda sonora, com alguns pequenos arranjos a serem ouvido ocasionalmente quando algo de importante acontece. Sinceramente é algo que contribui bastante para a óptima atmosfera introduzida pelo jogo.

Portanto esta adaptação do Prince of Persia para a Master System surpreendeu-me bastante pela positiva. É certo que os controlos não são tão bons na parte do combate, e mesmo a maneira como o Prince acelera antes de começar a correr pode-nos causar algumas dificuldades no início. Ainda assim é uma conversão muito sólida, principalmente pela parte audiovisual. A meu ver é dos jogos da Master System mais bonitos que joguei até hoje. A versão Game Gear é idêntica, já a da Mega Drive está uns furos acima no audiovisual mas tenho de a jogar melhor. Outra versão que vale bastante a pena é também a da Super Nintendo, que practicamente duplicou o conteúdo do jogo face ao original. Mas isso é tema para outro artigo no futuro.

Super Space Invaders (Sega Master System)

Super Space Invaders

Deixando um pouco de lado os jogos indie para o PC, vou então voltar à minha querida Sega Master System para um pequeno artigo. O jogo que trago hoje é a adaptação para a consola 8bit da Sega de um dos mais importantes videojogos da indústria, o mítico Space Invaders da Taito. Este Super Space Invaders é na verdade a conversão caseira de uma das sequelas do original, o Super Space Invaders ’91 cujo lançamento ficou a cargo da Domark. Empresa essa que lançou o jogo para quase toda a máquina que vendia bem em solo europeu, desde as consolas 8bit da Sega aos velhinhos ZX Spectrum, Commodore 64 e restantes computadores domésticos. Mais uma vez a conversão para a Master System ficou a cargo dos estúdios The Kremlin e/ou Tiertex. Ora a minha cópia veio-me parar às mãos junto com um pack de 7 jogos que comprei no Miau por 5€, infelizmente não vem com manual, mas pelo preço que foi não me posso queixar.

Super Space Invaders - Sega Master System
Jogo com caixa, infelizmente falta o manual, pelo que já vi, é muito interessante.

Após uma introdução retirada de uma prompt de comandos como os terminais da velha guarda faziam, ficamos a saber que a terra está a ser alvo de uma invasão alienígena, e um briefing de quais as armas que temos ao nosso dispor, e quais as naves aliens que iremos defrontar, com os respectivos detalhes técnicos. Um pormenor interessante, e de facto nada mais é preciso saber acerca do Space Invaders, onde controlamos um veículo terrestre que se move da esquerda para a direita e vai disparando vários tiros para o ar de forma a destruir os aliens que ameaçam destruir o nosso planeta.

Screenshot
Este title screen é mesmo à jogo europeu dos anos 90…

Mas este Super Space Invaders tem várias diferenças face ao original, embora muitas das mecânicas originais se mantenham. O jogo coloca então o jogador a enfrentar uma matriz de várias naves alienígenas que se movem em conjunto e disparam contra o jogador, movendo-se cada vez mais rápido quanto menos naves estiverem disponíveis. Consoante o jogo vai progredindo, a dificuldade também aumenta, pelo que os inimigos ficam cada vez mais “ferozes”, multiplicando-se ou mudarem o seu padrão de movimento. Felizmente este não é um dos shooters 1 hit kill, o jogador possui um escudo que permite absorver algum dano antes de se perder uma vida, de qualquer das formas sempre que uma nave consiga aterrar em terra firme perde-se uma vida. Também existem alguns powerups que podemos ir apanhando, dando ao jogador diferentes armas que se tornam bastante úteis, entre outros como por exemplo paralizar temporariamente os inimigos. Algumas das outras novidades introduzidas neste jogo face ao original é a implementação de um modo de 2 jogadores em simultâneo, a inclusão de bosses gigantescos no final de alguns níveis ou mesmo de níveis de bónus algo remeniscientes de um outro clássico das arcades, o Galaga. Nesses níveis de bónus chamados “Cattle Mutilation”, temos de proteger uma série de vaquinhas que estão tranquilamente a pastar no campo, de uma série de OVNIs que as tenta raptar – é bom ver algum sentido de humor no jogo. O progresso no jogo também é algo que fica a cargo do jogador, podendo este escolher o nível seguinte a jogar, totalizando 12 níveis distintos.

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Algumas naves inimigas não explodem ao primeiro contacto, umas duplicam de tamanho, outras multiplicam-se… é uma festa!

Visualmente, longe estão os níveis monocromáticos do Space Invaders original. Aqui todos os níveis têm uma paisagem de fundo, sendo que alguns incluem também scrolling. Óbvio que o detalhe gráfico está longe do original Super Space Invaders ’91 da arcade, ou mesmo das conversões para os computadores mais poderosos como o Commodore Amiga ou a Atari ST. Uma coisa interessante de mencionar é que pelo menos estas 3 edições possuem cutscenes de abertura (e de fecho, presumo eu) completamente diferentes e todas bastante originais. Tal como a versão arcade, practicamente não existe música nesta adaptação para a Sega Master System, apenas no final do jogo e, por sinal, é uma música muito bem conseguida, aproveitando da melhor forma os recursos limitados que a Master System oferece neste campo. De resto, ao longo do jogo, os “barulhinhos” que vamos ouvindo são os típicos de uma arcade dos anos 80, neste aspecto conseguiram recriar um clima mais nostálgico. A acompanhar esses efeitos sonoros existe uma espécie de batida que vai acompanhando o ritmo do jogo. Cada vez que o bloco de naves se move, ouve-se um som grave, à medida em que vamos destruindo as naves, as restantes vão-se movendo cada vez mais rápido, o que aumenta também o ritmo da batida, o que cria algum ambiente mais tenso.

screenshot
Ecrã de selecção de níveis

Concluindo, a versão Sega Master System apesar de estar tecnicamente longe do Super Space Invaders 91 da Arcade ou as suas adaptações para os computadores de 16/32 Bit Atari ST e Commodore Amiga, ainda assim é um port interessante que consegue reter todo o sentimento nostálgico do Space Invaders original.