Phantasy Star Portable 2 (Sony Playstation Portable)

Phantasy Star Portable 2Que Phantasy Star é das minhas séries preferidas de RPGs já não deve ser segredo nenhum por aqui. Os Phantasy Star Universe apresentaram algumas boas ideias, mas tiveram uma execução não tão boa, e o Phantasy Star Portable conseguiu de certa forma adaptar bem o conceito da série para uma portátil, mas era algo curto e faltou-lhe o multiplayer online. Agora nesta sequela a Sonic Team conseguiu redimir-se, apresentando um jogo bem mais completo e com várias modificações interessantes à jogabilidade que irei referir. A minha cópia foi comprada algures no ano passado na Amazon UK. Está completa e em óptimo estado, não me terá custado mais de 12€.

Phantasy Star Portable 2 - PSP
Jogo completo com caixa e manual

A história decorre uns anos após os acontecimentos dos Phantasy Star Universe e Portable anteriores, com a ameaça SEED completamente erradicada. Desta vez, em vez de a nossa personagem pertencer aos GUARDIANs, uma força militar neutra ao serviço do sistema solar de Gurhal, pertence aos Little Wing, um pequeno grupo privado de mercenários a bordo de uma nave espacial gigante de nome Clad 6. Por esta altura os recursos naturais dos planetas de Gurhal estavam a escassear, pelo que a comunidade científica começou a desenvolver estudos nas tecnologias dos “sub-spaces“, que lhes permitiriam viajar rapidamente pelo espaço e colonizar outros planetas (onde será que já vi este filme?). Ao longo da aventura vamos conhecer várias novas personagens, entre as quais algumas dos jogos anteriores, sendo que a personagem principal é a jovem Emilia Percival, uma rapariga loira com uma personalidade muito irritante (sempre choramingas), mas que está no centro do conflito que se avizinha. Dentro da mente de Emilia vive Mika, o espírito de uma Ancient da antiga civilização de Gurhal, que havia sido dizimada pelos SEED milhares de anos antes. Acontece que esses Ancients tinham colocado as suas consciências em hibernação durante todo este tempo, estando agora a acordar e planeiam usar os corpos dos novos habitantes de Gurhal para regressarem. Mika é uma ancient que não concorda com este plano e quer ajudar o grupo a travá-lo.

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Emilia e Yut, dois dos primeiros companheiros que vamos conhecendo

Bom, para quem estiver habituado aos Phantasy Star Universe e Portable, várias coisas mudaram. A criação da personagem baseada em raças mantém-se idêntica, mas houve mudanças no sistema de classes. Desta vez existem menos classes que no jogo anterior, mas as mesmas são bem mais versáteis. Ao longo do jogo e das missões que vamos cumprindo, para além da experiência que a nossa personagem vai adquirindo, as classes também ganham pontos de experiência. Até aqui tudo igual, mas desta vez podemos utilizar esses pontos de experiência para evoluir a nossa aptidão para usar os vários tipos de armas e suas classes. As classes dividem-se em C-B-A-S, sendo então possível utilizar um Hunter, classe tipicamente criada para combates melee, e evolui-lo de tal forma que consiga utilizar armas mágicas que outrora apenas a classe Force o poderia, mesmo as armas de nível S, se assim o desejarmos. A variedade de armas é também maior, sendo que cada tipo de armas tem as suas propriedades que permitem variar o estilo de combate para qualquer tipo de situação.

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O “bicho” no centro do ecrã é o nanoblast de uma personagem qualquer

Algo que não referi nos jogos anteriores é o facto de a raças Beast e Casts poderem utilizar uns poderes ou armas especiais chamados Nanoblasts ou SUV-Weapons. Desta vez as outras raças também têm os seus poderes especiais que mais uma vez podem ser customizados. Estes poderes estão disponíveis sempre que se encher uma barrinha de energia própria ao longo dos combates. Falando nos combates, também aqui houve algumas mudanças. Existe um sistema de combos mais complexo que sinceramente não lhe dei muita atenção, o mecanismo de mudar de armas, utilizar items em tempo real também se encontra idêntico, sendo que desta vez também é possível trocar de armadura manuseando a palete de acções. Mas as grandes novidades no combate na minha opinião foi a inclusão de uma manobra de evasão e a utilização de escudos para defender alguns ataques inimigos. Bastante útil por sinal, melhoraram imenso o combate e a falta de um analógico extra para controlar a personagem. Algo que também mudou foram as missões. Anteriormente divididas apenas entre Story Missions (necessárias para progredir no jogo) e Free Missions (pequenas missões livres que podem ser realizadas quantas vezes se quiser), desta vez temos também as Tactical Missions – autênticas sidequests com histórias próprias e as Trade Missions, que apenas servem para trocar alguns items angariados nas missões por armas/equipamento raro. Para além do mais existem também uma série de Challenges propostos por alguns NPCs, consistindo em completar algumas missões num determinado intervalo de tempo, matar x monstros, etc. Existem dezenas de missões, cada uma podendo ser jogada em 4 graus de dificuldade e outras dezenas de challenges, portanto conteúdo neste jogo é coisa que não falta.

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Alguns inimigos são chatinhos com os seus ataques elementais

Outra grande novidade, algo que deveria ser até obrigatório mas que no primeiro jogo da PSP não o foi, é a jogatina online. Infelizmente a minha PSP está a ter alguns problemas com o Wi-Fi e não consegui experimentar o multiplayer online, sinceramente nem sei se os servidores ainda estão a funcionar, provavelmente não. De qualquer das formas foi uma adição muito importante, principalmente tendo em conta que não existia qualquer subscrição paga para usufruir do serviço, algo que não acontecia com os Phantasy Star das consolas de mesa/PC. É possível também jogar em multiplayer local com mais 3 amigos, mas mais uma vez não conheço ninguém que tenha o jogo sequer, mais uma funcionalidade desperdiçada.

A apresentação do jogo na minha opinião está muito bem conseguida. O artwork é algo diferente dos jogos anteriores, estando agora bem mais trabalhado. Embora eu tenha preferido a história dos jogos anteriores por ser bem mais épica, a verdade é que só neste jogo as personagens conseguiram ganhar mais carisma, sendo mais agradável por esse motivo. Infelizmente a Emilia, personagem principal, é uma menina chorona com complexos de inferioridade, em certos pontos a história irritou-me um pouco. Infelizmente também neste jogo existe muito menos voice acting. No Portable anterior, todos os diálogos principais tinham voice acting, aqui isto apenas acontece durante as CGs, que têm uma qualidade muito boa, por acaso. Outras coisas que mudaram na apresentação foi todo o interface com a “comunidade” de NPCs e o hub. Embora existam missões nos três planetas de Gurhal – Parum, Moatoob e Neudaiz, deixou de ser possível de visitar as cidades. Desta vez existe apenas um pequeno hub na nave Clad 6, onde é possível visitar poucas lojas e mais alguns outros locais. Embora o hub seja mais pequeno, tudo o que interessa acabou por ficar mais concentrado, o que me agradou.

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Alguns dos bosses são bastante imponentes, e muitos regressam desde os jogos anteriores, inclusivamente os do PSO

Haveria muito mais a dizer sobre este jogo mas o post já vai algo longo. Acho que a Sonic Team fez um excelente trabalho neste novo capítulo da já longa saga interestelar. Embora não seja perfeita – ainda existem alguns problemas com os controlos – conseguiram corrigir muitos dos problemas que o pessoal se queixava dos jogos anteriores, e acrescentaram imenso conteúdo, tornando este PSP2 bem mais próximo dos MMORPGs que vemos nos dias de hoje. Para quem gosta deste tipo de jogos, terá muito que jogar pois para além de um número considerável de missões e tarefas para fazer, existem várias outras coisinhas interessantes, como bosses e áreas secretas que surgem de forma aleatória na jogatina, um sistema interno de achievements, é possível catalogar as criaturas e armas encontradas, decorar “o nosso quarto” com centenas de adereços, entre outros. A Sega lançou em 2011 uma expansão deste jogo com o sobnome “Infinity”, que introduziu diversas coisas novas, incluindo uma continuação da história, e mais uma raça – os Dumans – seres humanos infectados pela SEED. Infelizmente, e como muitos bons RPGs tardios da PSP, ficou-se apenas pelo Japão, o que é pena, pois eu compraria essa versão com gosto.

Phantasy Star Portable (Sony Playstation Portable)

Phantasy Star PortableUltimamente tenho voltado a explorar a saga Phantasy Star, essencialmente o story arch de Phantasy Star Universe que nunca tinha jogado antes. Não contando com os spin offs Phantasy Star Gaiden e Adventure, exclusivos da Game Gear para o mercado japonês, Phantasy Star Portable foi o primeiro “grande” jogo da série especialmente para as consolas portáteis, trazendo consigo grande parte das mecânicas de jogo introduzidas em Phantasy Star Universe. A minha cópia foi adquirida na loja portuense TVGames, não me tendo custado mais de 7€, se a memória não me falha. Infelizmente é uma versão “Essentials”, mas pelo preço não me pareceu mau negócio.

Phantasy Star Portable - Sony Playstation Portable
Jogo completo com caixa e manual – versão Essentials

A história de Phantasy Star Portable serve de ponte entre Phantasy Star Universe e a sua expansão Ambition of the Illuminus, introduzindo algumas personagens que mais tarde iriam  surgir na expansão, como a instrutora dos GUARDIANs Laia Martinez, a vilã Helga ou a CAST topo de gama Vivienne. Encarnamos então num herói criado à nossa medida, algum tempo após o primeiro ataque SEED, logo na altura em que “graduamos” de trainee GUARDIAN para o cargo em si. Com essa graduação ficamos também responsáveis por treinar Vivienne, uma CAST bastante avançada, com traits mais humanos, como sentir emoções. Ao longo da aventura e das missões que vamos cumprindo como GUARDIANs, Vivienne vai sendo mais “educada” do mundo que a rodeia, bem como lidar com as emoções que vai sentindo. Em relação ao plot em si, é neste jogo que os conflitos com a organização misteriosa Illuminus começam, com o primeiro aparecimento da vilã Helga. A título de curiosidade, para quem jogou ou está a pensar em jogar a expansão Ambition of the Illuminus, o envolvimento da Illuminus no conflito bem como o de Helga só se tornam claros no Episode 3, cujo está acessível apenas online. Visto que todos os servidores oficiais do PSU foram encerrados, os fãs ficaram por fora da melhor parte da história. Felizmente houve quem gravasse todas as cutscenes, estando as mesmas disponíveis no youtube.

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Um dos bosses que iremos enfrentar

Não me vou adiantar muito sobre a jogabilidade, leiam os posts do PSU e Ambition of the Illuminus para o efeito. Aqui irei apenas mencionar o que foi feito de diferente. Bom, em primeiro lugar as 4 cidades que podemos visitar passaram a ficar completamente estáticas. Para entrar em lojas ou outros edifícios temos de o fazer através de menus. Para interagir com outros NPCs, o mesmo é feito como se um point-and-click se tratasse. Para piorar as coisas, os NPCs não estão representados como sprites, mas como pontos com um smiley no ecrã. Contudo, ao tocar num NPC é aberta uma janela de diálogo separada, onde se mostram artworks 2D detalhados das personagens. Ao menos desta forma o mundo de PSU acaba por ter mais alguma variedade de caras. O fluxo do jogo está na mesma dividido entre Story Missions, necessárias para se avançar no jogo, ou as Free Missions, que à medida que vão sendo desbloqueadas, podem (e devem!) ser jogadas sempre que o jogador assim o quiser. Em ambas as missões é possível escolher o grau de dificuldade, que varia de C até S. Mediante a escolha, os inimigos são mais fortes e o loot que podemos encontrar também é mais valioso. Felizmente neste jogo eliminaram por completo o contador de tempo nos trials, permitindo ao jogador que explore os mapas de uma forma mais calma.

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Os Beasts podem activar o Nanoblast, transformando-se temporariamente em animais com elevado poderio físico

Tal como nos PSU, é possível criar jogadores de 4 raças diferentes, sendo que se pode ir alternando de classe (Hunter, Ranger ou Force) sempre que se queira. Neste jogo foram introduzidas algumas novas classes, sejam extensões das classes anteriores (permitindo utilizar novas e mais fortes armas e armaduras), ou classes que misturam um pouco das anteriores. O sistema de skills/bullets/tech também foi algo modificado: mediante a classe escolhida, apenas podemos “evoluir” as mesmas até um determinado nível. Foram também colocadas mais algumas restrições de equipamento, mediante a classe escolhida. Eu sempre joguei maioritariamente como Hunter, uma classe melee com grande porte físico e em jogos anteriores poderia na mesma utilizar algumas TECHs de Force, como a Resta que é bastante útil. Aqui como Hunter isso não é possível. A customização do nosso quarto também foi sacrificada neste jogo, não que isso me tenha interessado muito. No seu lugar implementaram uma série de outras coisas que me pareceram bem mais interessantes. Existe um bestiário que podemos consultar, com informação das criaturas/bosses que já tenhamos derrotado, bem como um logbook de todas as armas que nos vão passando pelas mãos. Ainda mais, o jogo tem um sistema interno de achievements que pode ser também lá consultado, sendo que o jogador é recompensado com bons items sempre que atinja um. A vertente multiplayer, especialmente o online, é o foco da série desde o lançamento de Phantasy Star Online em 2000, para a Dreamcast. Aqui o online foi inteiramente descartado, embora a PSP ter uma estrutura online que o permitisse. É possível jogar com até 4 jogadores, mas apenas numa rede local. Considerando que até o Phantasy Star Zero para a Nintendo DS (excelente portátil na minha opinião, mas com uma fraca estrutura online) suporta jogo online, é de estranhar que a Sega não tenha aproveitado esta característica, coisa que o fizeram nas sequelas Portable 2 e Infinity.

Graficamente é um bom jogo para a PSP. Ainda assim os assets são inteiramente partilhados com o PSU e sua expansão, o que pode acabar por cansar um pouco quem já tiver jogado os jogos anteriores até à expansão. Existem alguns inimigos novos, mas novas paisagens nem por isso. As cutscenes em 3D são mínimas, tanto em CG como utilizando o motor gráfico do jogo. A grande parte da história é contada através de balões de diálogo em conjunto com imagens 2D dos intervenientes, como se uma visual novel se tratasse. Contudo, todos os diálogos importantes possuem voice acting, algo que não foi feito em Ambition of the Illuminus. Para o bem ou para o mal, os actores que deram as vozes aos personagens parecem ser os mesmos (excepto para o Headmaster Nav que me parece ter uma voz diferente).

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Existem imensas armas, umas menos convencionais que outras…

Apesar de não possuir uma estrutura online, é um jogo que recomendo vivamente aos donos de uma PSP, seja para fãs da série Phantasy Star, como para fãs de RPGs hack and slash no geral. Ainda assim, comecei há pouco o Phantasy Star Portable 2 e a evolução é bem mais evidente, sendo aparentemente um jogo mais extenso, com mais possibilidades de customização e mais inovações à fórmula. Mas isso fica para outro dia.

Phantasy Star Universe: Ambition of the Illuminus (Sony Playstation 2)

PSU Ambition of the IlluminusDe volta ao sistema solar de Gurhal, para mais uma aventura no universo de Phantasy Star Universe (passe a redundância). Ambition of the Illuminus foi a primeira expansão que a Sega lançou para o jogo original, não sendo o mesmo necessário para se jogar este capítulo. Contudo, visto que a jogabilidade é idêntica ao original, não me irei alongar nesse aspecto, consultem o artigo referente ao jogo original para mais detalhe aqui. A minha cópia foi adquirida algures em 2011, no ebay UK, não me tendo custado mais de 10€. Está aparentemente completa e em bom estado.

Phantasy Star Universe - Ambition of the Illuminus - PS2
Jogo com caixa e manual

A história coloca-nos na pele de um jovem GUARDIAN, como aprendizes da experiente e irreverente Laia Martinez, da raça Beast. A acção decorre pouco tempo após os eventos do último jogo, em que a ameaça da SEED embora esteja mais controlada ainda não foi completamente erradicada e Ethan Waber, herói da aventura anterior, é acusado de tentar assassinar o actual presidente dos GUARDIANs. Laia Martinez, sendo rebelde e irreverente, coloca na sua mente a todo custo que deve capturar Ethan e, no meio de todos os acontecimentos surge uma nova ameaça sob a forma de uma organização secreta chamada Illuminus, cujo propósito consiste em erradicar todas as raças do sistema solar de Gurhal, excepto a raça humana. Apesar de os diálogos em si estarem algo pobres tal como no jogo anterior, a história pareceu-me interessante quanto baste. Infelizmente o jogo termina num cliffhanger jeitoso, e a SEGA foi um bocado mázinha com os fãs neste aspecto. Isto porque existe um “Episode 3” que segue imediatamente os acontecimentos do Ambition of the Illuminus (Episode 2). Visto a PS2 não ter condições de receber grandes updates dos seus MMOs, isto porque são pouquíssimos os jogos que dão suporte ao disco rígido externo da consola (e mesmo este não é compatível com todos os modelos da consola), o rico conteúdo deste Episode 3 (muito diálogo, novas cutscenes, inimigos e áreas a explorar) está bloqueado no disco do Ambition of the Illuminus, forçando os jogadores a usufruirem do serviço online para o desbloquear. Para além desse serviço online ser originalmente pago, hoje em dia os servidores deste jogo foram encerrados globalmente, dando destaque ao novo Phantasy Star Online 2. Portanto quem estiver interessado em saber o resto da história, enquanto não são criados servidores privados, a única solução está em ver algumas playthroughs no youtube.

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Laia, à esquerda, e a personagem principal que pode ser customizada

A jogabilidade é idêntica ao jogo anterior, mas ao invés de se jogar a história principal com uma personagem pré determinada, temos a liberdade de criar uma personagem à nossa medida, podendo alternar entre as 4 diferentes raças. Podemos também importar a personagem do Extra Mode do Phantasy Star Universe original, com toda a sua experiência, dinheiro e equipamento. Suponho que o mesmo fosse possível no modo Network, mas como nunca o experimentei não posso estar a assumir coisas. Para os saudosistas de Phantasy Star Online, alguns inimigos ou bosses regressaram em secções específicas do jogo, como o boss De Rol Le que ficou ainda mais chato. Existe também uma variedade muito maior de armas, equipamento e técnicas especiais, conforme seria de esperar.Ainda no modo história, o jogo segue na mesma dinâmica como se um anime se tratasse, mas de forma mais contida. Isto porque no início de cada novo capítulo é feito um resumo dos eventos do capítulo anterior, seguido de uma música tema a anunciar o jogo. Desta vez não são incluídas cenas “não percam o próximo episódio”, nem outro genérico para encerrar o capítulo. Durante o jogo existe também uma interacção muito menor com os NPCs disponíveis nas várias cidades do jogo. Não que no jogo anterior os mesmos tivessem diálogos lá muito interessantes, aqui continuam a dizer coisas completamente desinteressantes, simplesmente os NPCs são em muito menor quantidade que no jogo anterior. Uma coisa que melhoraram neste jogo foi a questão dos Trials. No original, era bastante comum existirem imensos Trials temporizados para concluir uma determinada missão, aqui acontecem apenas em algumas Story Missions. As Free Missions, no jogo original todas tinham timers, neste não possuem nenhum. Ainda bem. Uma outra diferença face ao jogo original é que neste é possível rejogar as Story Missions sempre que se queira, sendo também possível escolher a dificuldade pretendida para a missão, com o nível dos inimigos a variar na escolha. O mesmo é possível para as Free Missions.

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Magashi, um dos vilões do jogo anterior, volta a aparecer nesta aventura.

A música e os efeitos sonoros são identicos ao Phantasy Star Universe, pelo que não há nada a dizer neste campo, a não sei que o voice acting é practicamente nulo desta vez. Não que no PSU fosse exemplar, mas era melhor que nada. Aqui os diálogos são todos apresentados na forma de balões de banda desenhada. Graficamente pareceu-me haver algumas melhorias face ao original, com os modelos a apresentarem-se mais detalhados e os cenários com menos aliasing. Mas também pode ter sido wishful thinking da minha parte. De qualquer das maneiras as quebras de framerate mantêm-se, em secções mais povoadas de inimigos e “party members“. No fim de contas acaba por ser um jogo que mais uma vez recomendo aos fãs acérrimos da série Phantasy Star. As melhores versões são mais uma vez as versões PC e X360, mas visto actualmente os servidores estarem todos desligados eu diria que a versão PC é a que tem maior probabilidade de vir a obter servidores privados, pelo que recomendaria essa versão entre todas as restantes.

Phantasy Star Universe (Sony Playstation 2)

Phantasy Star Universe

A série Phantasy Star sempre foi uma das minhas preferidas e em especial o Phantasy Star IV para a Mega Drive, que juntamente do Chrono Trigger e Pokémon Yellow foi dos jogos que despertou o meu interesse em JRPGs há uma data de anos atrás. Entretanto a série clássica fechou mesmo com esse PS IV da Mega Drive, sendo que com o lançamento da Dreamcast, Phantasy Star se tornou num RPG mais de acção com uma componente online muito forte. Este Phantasy Star Universe foi lançado algures em 2005/2006, após o lançamento de várias iterações do Phantasy Star Online, tentando aproximar os elementos de RPG clássico dos velhos tempos com o “modernismo” trazido por PSO. A minha cópia foi o primeiro jogo que comprei para a PS2, algures em Janeiro de 2011, no ebay UK, não me tendo custado mais de 10€.

Phantasy Star Universe - PS2
Jogo completo (acho eu) com caixa e manual

Quando o jogo foi anunciado, a SEGA suscitou o interesse de muita gente, pois ao anunciarem o “U” de Universe ficou na dúvida se não seria antes um V, o que iria agradar a imensos fãs da velha guarda que há muito ansiavam por um RPG “a sério” desta série. Acabou por se tornar um misto dos 2 conceitos que não agradou completamente os fãs, mas já lá vamos. A história decorre no sistema solar de Gurhal, onde existem 3 planetas e uma colónia espacial. Cada planeta tem uma raça em específico em maior número, onde os humanos estão maioritariamente na colónia, o planeta de Parum onde a maioria dos CASTs (seres cibernéticos) habitam, Neudaiz, onde predomina a raça Newman – humanos geneticamente melhorados com grandes aptidões para o uso de magia e por fim o planeta Moatoob, que alberga uma nova raça – os Beasts – seres humanóides com traços animais, mais dotados para combate directo. O sistema solar esteve em guerra durante muitos anos, onde as 4 raças lutavam pela sua supremacia, até que as raças chegaram a um entendimento e passou-se a viver num clima pacífico durante vários anos. Até que a uma dada altura surge uma ameaça misteriosa, os SEED. SEED é uma espécie de arma biológica com origem desconhecida, que passou a atacar o sistema solar de Ruhgal, povoando-o de diversos monstros, mutando os animais já existentes e dizimando os recursos naturais dos planetas. O jogo coloca-nos no papel do jovem órfão Ethan Waber, que se vê apanhado no meio dos primeiros ataques da SEED, decidindo juntar-se aos Guardians, uma organização não governamental de caçadores de prémios, que tem o objectivo de auxiliar a população. A história vai-se desenrolando desta forma, com a mesma a adquirir alguns contornos políticos e religiosos, com a inclusão de uma Divine Maiden, que serve +/- o mesmo propósito do Papa da religião deles. Oficialmente não há ligação entre os universos de Phantasy Star, Online e Universe, mas através de algumas quests é possível verificar que a SEGA deixou alguns hints que de facto interligam as séries. Isso é um assunto muito interessante para mim, mas sai do âmbito deste artigo, pelo que para quem se interessar aconselho a lerem estes posts no blog Ultimecia’s Castle.

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Peço desculpa por grande parte dos screenshots serem da versão japonesa do jogo, mas tem sido difícil encontrar screenshots da versão PS2 ocidental. De vez em quando o jogador pode usar outros veículos ou animais, este é um dos casos.

Inicialmente podemos experimentar dois modos de jogo: Story e Network. O Story é auto explanatório, onde vivemos a história que PSU tem para oferecer, já no segundo modo é algo semelhante ao Phantasy Star Online, onde temos a liberdade para criar uma personagem à nossa medida, e depois poderemos explorar o mundo à vontade, com uma party de até 4 jogadores. Sinceramente não cheguei a experimentar este modo, pois os servidores da PS2 estão desligados há muito tempo. Após algum tempo no modo história também desbloqueamos o extra mode, que a meu ver é algo semelhante ao network mode, mas offline. Criamos uma personagem e podemos fazer algumas quests que também existem no story mode. Agora se podemos usar essa personagem para o jogo online sinceramente não o sei, mas por uma questão de segurança a nível de hacks/cheats suponho que não seja possível. Sei que podemos importar a personagem do extra mode para o modo offline da expansão Ambition of the Illuminus, coisa que eu fiz e estou a jogar de momento. Uma diferença muito grande face ao PSO é que apenas podemos escolher a raça da nossa personagem, já a “classe” (Hunter para combate directo, Ranger para combate à distância e Force para uso de magias) é algo que podemos alternar sempre que quisermos. Outra diferença face ao PSO e que os fãs desgostaram é a exclusão do sistema de Mags, pequenos aparelhos que nos acompanhavam nos combates, que os poderíamos alimentar com diversos items, o que os faria ter características diferentes no auxílio à personagem. Aqui os Mags foram de certa forma substituídos pelas partner machines, uns robozinhos que estão no nosso quartinho que para além de servirem de storage de items, permitem também a criação de novos items, uma espécie de alquimia moderna, onde através do uso de boards e alguns items que podem ser encontrados no jogo ou comprados em lojas, permitem a criação de outros items ou equipamento. Essas partner machines também podem ser alimentadas à semelhança dos Mags, e chegando a um nível máximo podem vir a ser seleccionados na party, combatendo ao lado do jogador.

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Alguns inimigos são bem chatos

De resto os combates são algo semelhantes ao PSO, na medida em que o jogo é um hack ‘n slash, e várias acções podem ser alocadas numa palete de acesso rápido no comando. Para quem esteve habituado ao PSO no comando da Gamecube durante muitos anos, a nova palete pode parecer algo confusa de início, mas acaba por ser mais útil pois podem-se alocar muitos mais items, equipamento e golpes especiais de uma vez só. A variedade de equipamento é, como em todos os RPGs online vastíssima, assim como alguns golpes/técnicas/magias especiais que podem ser alocados às armas seleccionadas. Para além de uma barra de energia, existe também uma barra de PP por cada arma, que é gasta sempre que se utiliza um desses golpes especiais. Esses golpes também vão sendo melhorados à medida em que os usamos, ou seja, têm um sistema de experiência próprio. O jogo está estruturado em capítulos, sendo os mesmos separados de uma maneira curiosa. A história do jogo é contada como se um anime se tratasse. No início de cada capítulo é apresentado um pequeno genérico que ilustra o mundo de PSU, seguido de uma música de abertura. Em contrapartida no final de cada capítulo é mostrado um outro genério e “cenas do próximo episódio”. O capítulo é dado como encerrado quando se completa a “Story mission” do mesmo. Antes de começar essas missões, o jogador tem liberdade de explorar as diferentes cidades, fazendo as compras que quiser, criar items, ou treinar cumprindo “Free Missions”, que podem ser repetidas indefenidamente. Infelizmente ambos os tipos de missões possuem secções chamadas “Trials”. A certo ponto da missão começa um temporizador a contar e o jogador tem de percorrer uma determinada área ou cumprir alguns objectivos. No final é atribuído um ranking, mediante o número de inimigos que derrotou e o tempo levado. Quanto melhor o ranking, melhor a recompensa, que pode passar por receber items/equipamento raros e dinheiro. Ora isto é muito bonito, mas o PSU sofre o mesmo mal do PSO, mesmo jogando online, é impossível pausar. E depois há uns trials específicos que de vez em quando surgem, em que o objectivo é purificar uma área das SEED, obrigando o jogador a vasculhar a área utilizando um visor em 1ª pessoa, após encontrar uns objectos invisíveis tem de mudar o inventário para uma ferramenta que inutilize essas SEED. Isto, no meio dos combates e da pressão do timer, acaba por ser uma experiência frustrante.

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Existem 3 tipos de cutscenes: animadas em CG, com a engine do jogo e voice acting, ou com a engine do jogo e os diálogos em forma de balões de BD.

O post já vai longo, pelo que farei uma referência breve ao aspecto técnico. Não sei como são as versões PC ou X360, mas a versão PS2 apresenta imensos slowdowns, em especial quando usamos uma party de 4 personagens e o ecrã enche-se de inimigos. O framerate chega quase ao nível de um slideshow. Em relação aos gráficos, a versão PS2 não é muito superior ao PSO da Dreamcast, apresentando personagens muito pixelizadas, e texturas pobres. Excepção feita para alguns cenários que achei bem conseguidos, nomeadamente algumas secções do planeta Neudaiz, e dungeons mais futuristas, como as RELICs ou a dungeon final. A nível de som, não é muito diferente do Phantasy Star Online, apresentando uma banda sonora futurista, com muita música electrónica. Quem gostou das músicas do PSO, não irá desgostar deste. Outra novidade é a inclusão de algum voice acting em certas cut-scenes. Infelizmente as personagens não são carismáticas o suficiente, ou eu se calhar fiquei mal habituado depois de jogar o excelente Dragon Quest VIII umas semanas atrás.

Finalizando, acho que é de louvar o facto de a SEGA ter dado ouvidos aos fãs mais antigos que pediam um Phantasy Star com uma história mais concreta. Infelizmente, apesar de terem melhorado alguns aspectos da jogabilidade, nomeadamente a paleta de acções rápidas, deram uns passos atrás em muitas outras coisas. É um jogo que só recomendo a quem for realmente um fã acérrimo da série e gostar da ambiência que a mesma transmite. E recomendar por recomendar, acho que fariam melhor em comprar a versão PC, pois para além de parecer melhor tecnicamente, existem alguns servidores privados que podem ser usados para jogar o jogo online, tirando o máximo partido do mesmo. Se no entanto preferirem gráficos, a versão X360 parece-me ser a melhor escolha, pois a versão PC foi feita com a PS2 em mente. Ainda teria mais para dizer, mas fica para a expansão Ambition of the Illuminus.

Sonic Adventure 2 Battle (Nintendo GameCube)

Sonic Adventure 2 BattleHá coisa de 15 anos atrás (nem isso) se me dissessem que um jogo do Sonic iria sair nalgum dia numa consola da Nintendo, provavelmente mandava essa pesssoa para um sítio não muito simpático. Contudo, com a decisão da SEGA de descartar a Dreamcast e o mercado de hardware nesta arte, os seus estúdios passaram a ter a autonomia de lançarem os jogos que quisessem para qualquer plataforma à escolha. Nos primeiros tempos, a Sonic Team decidiu dar preferência às consolas da Nintendo, e ainda bem que o fez. Na altura em que comprei a GC e sendo eu um grande fã da Sega, o facto de a GC ter os jogos do Sonic e outros como Phantasy Star Online foi um factor preponderante na minha compra. Este Sonic Adventure 2 foi o primeiro jogo que comprei juntamente com a minha GC, em Setembro de 2002. Custou-me na altura os 60€ que um jogo novo de GC  custava.

Sonic Adventure 2 Battle GCN
Jogo completo com caixa e manual

A história de Sonic Adventure 2 é um pouco complicada de contar sem estar a correr o risco de contar mais do que devia. Basicamente existem 2 lados, o lado “Hero” com Sonic, Tails e Knuckles, e o lado “Dark”, com Robotnik e 2 novos personagens: a morcego Rouge e o ouriço negro “Shadow”. Robotnik descobre um diário do seu avô e a sua maior criação: Shadow. Após Shadow ser reanimado por Robotnik, este aceita trabalhar com Eggman no seu mais recente plano de conquistar o mundo. Temos assim 2 diferentes histórias onde poderemos jogar, seja do lado bom ou mau. Para obtermos o final real do jogo teremos de completar os 2 lados da história.

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Metal Sonic e Amy a competir na vertente multiplayer

No que diz respeito à jogabilidade, SA2 aproveita vários modos de jogo da sua prequela. Sonic e Shadow têm a jogabilidade clássica, com níveis bastante rápidos, repletos de acrobacias como loops, rails e vários inimigos para derrotar. Já Knuckles e Rouge mantêm a jogabilidade de Knuckles em Sonic Adventure 1, com mapas abertos à exploração, de forma a encontrar 3 peças da Master Emerald. Um radar com a indicação de “Frio-Morno-Quente” é utilizado para ajudar à sua localização. Já Tails e Robotnik comandam um pequeno “mecha”, com uma jogabilidade semelhante à de E-102 Gamma, misturando componentes de shooter com plataformas simples. Para além disso existem lutas mais dinâmicas com bosses. O que também retornou foram os Chao Garden, jardins onde poderemos criar vários Chao, uns animais de estimação virtuais. A sua criação é mais complexa, com vários tipos de Chao diferentes, e mesmo novos “Good and Evil” Chao e jardins. Para além disso, o jogo oferecia a hipótese de transferir os Chao para o Sonic Advance de GBA e continuar a criá-los lá. O Chao Garden tem também vários mini jogos como Chao Racing e Karate que podemos participar. Existem vários modos de jogo multiplayer, alguns deles exclusivos da versão GC (daí o nome Battle), de entre os quais um modo de jogo de corridas de Karting (tal como Mario Kart), e versões multi-jogador dos vários modos de jogo que existem na história principal. Para além das personagens normais, também poderemos usar várias outras como Amy, Tikal ou Metal Sonic, por exemplo.

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Uma das várias coisas que podemos fazer com os nossos Chao

Tendo em conta que é um jogo original de Dreamcast, não é um jogo que puxa a Gamecube ao seu limite, mas ainda assim tem uns visuais agradáveis, com ligeiros melhoramentos da versão original, tal como mais objectos no ecrã e texturas mais bem definidas. Para além disso a Sonic Team incluiu suporte a Progressive Scan, para quem tivesse uma HDTV, tornando os gráficos ainda mais bem definidos. O framerate também é a 60fps sólidos. Infelizmente a câmara não viu grandes mudanças desde o Sonic Adventure 1 da Dreamcast, continuando mázinha. Os níveis de exploração do Knuckles ou Rouge sofreram muito com esta câmara defeituosa. O design dos níveis (principalmente os de Sonic e Shadow) já tinham a sua quota de abismos sem fundo, algo que sempre me irritou, mas não ao nível de um Sonic Heroes, felizmente. Já a nível de som, a Sega teve aqui um óptimo trabalho na banda sonora. Músicas como a de City Escape ou a própria “Live and Learn” são músicas rockeiras bastante catchies. Já o voice-acting não é nada de especial, mas para um jogo infanto-juvenil não se pode pedir muito mais.

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Knuckles no espaço, armado em Indiana Jones

Apesar dos seus defeitos, Sonic Adventure 2 nem é um mau jogo. Corrigiram algumas falhas que trouxeram da prequela como o Big the Cat e uma componente “RPG” muito fraquinha, mas mantiveram vários modos de jogo que poderiam ser muito melhores se a câmara colaborasse. Ainda assim é dos poucos Sonic 3D que não são maus de todo, principalmente pelos níveis de Sonic e Shadow. A versão GC não tem assim tanto material novo, mas continua a ser a versão definitiva até à data. De qualquer das maneiras para quem já tiver a versão Dreamcast poderá não justificar a nova compra.