Mega Turrican (Sega Mega Drive)

A série Turrican é muito interessante, consistindo numa série de jogos de acção bem competentes para uma série de sistemas 8 e 16bit. Produto original da empresa alemã Rainbow Arts para o velhinho Commodore 64, o primeiro Turrican foi, para além de um óptimo jogo de acção para a época em que saiu, um portento técnico tendo em conta as limitações da plataforma. Os Turrican são também uma colaboração muito criativa entre a Rainbow Arts e outro titã teutónico, a Factor 5, que trabalhou na conversão dos originais para o Commodore Amiga e Atari ST, mas também na criação de novos jogos nas consolas 16 bit da Sega e Nintendo. Já cá trouxe a versão Gameboy do primeiro jogo que é bastante modesta, mas gostaria um dia de trazer cá a sua versão Mega Drive também. Já o Turrican II, esse também teve uma conversão para a Mega Drive e Game Boy a cargo da Accolade, mas foi completamente chacinado ao levar com a licença do filme Universal Soldier em cima. Já o Turrican III, bom, é este jogo, que foi desenvolvido originalmente para a Mega Drive sobre o nome de Mega Turrican e posteriormente convertido para o Commodore Amiga como Turrican III (embora até tenha sido lançado antes). O meu exemplar foi comprado na CeX algures em Junho do ano passado. Custava 80€, mas com umas trocas inteligentes na loja acabou por ficar virtualmente de graça.

Jogo com caixa e manual

Ora aqui encarnamos uma vez mais num guerreiro equipado de um fato super poderoso e teremos novamente de enfrentar autênticos exércitos de robôs e destruir o vilão que os comanda. Tal como os seus predecessores, este é um jogo de acção com elementos de plataforma e exploração, embora seja bem mais linear que o original. Temos então um setup simples de controlo, com um botão para saltar, outro para disparar e um outro para lançar um gancho que nos permite balancear entre plataformas, ao estilo de Bionic Commando. No entanto, tal como nos outros jogos, a nossa personagem pode-se também enrolar numa bola como a Samus Aran, mas deixando-o quase invulnerável e permitindo-o também rodopiar rapidamente, o que é uma habilidade muito importante para evadir de fogo inimigo. No entanto não a podemos usar todo o tempo, pois de cada vez que a usamos há uma barra de energia que se vai esgotando. Também podemos usar umas bombas super poderosas capazes de limpar o ecrã de inimigos, mas o uso destas é também limitado, a 3 bombas por vida. Para usar estas habilidades temos de pressionar o d-pad para baixo mais o botão de lançar o gancho ou saltar, respectivamente.

Podemos lançar um gancho e usá-lo para balancear entre plataformas e alcançar zonas que de outra forma não conseguimos chegar lá

Para além disso iremos encontrar inúmeros itens que podemos coleccionar. Os diamantes que vamos encontrar espalhados pelos níveis dão-nos apenas pontos extra, enquanto que os corações restabelecem a nossa barra de vida. O S é um escudo que nos dá invencibilidade temporária, as esferas coloridas mudam-nos a arma primária e claro, teremos também vidas extra para encontrar. Temos então três modos de disparo distintos, um que dispara projécteis de energia numa única direcção mas mais concentrados e capazes de causar mais dano individualmente, um spread shot à lá Contra e um modo de disparo que também dispara projécteis em diferentes direcções e estes fazem também ricochete nas superfícies. Cada uma destas armas pode ser ainda melhorada ao coleccionar até 3 esferas da mesma cor, mas no meio da confusão é perfeitamente possível apanharmos uma esfera de outra cor por engano! De resto este é um óptimo jogo de acção que, mesmo não tendo o mesmo nível de sequências de acção over the top como noutros jogos icónicos da era de 16bit como os Contra ou Gunstar Heroes, tem também alguns belos momentos e é também um jogo que também se foca na exploração e platforming, pois os seus níveis possuem tipicamente um layout mais labiríntico nalguns casos. Mas tal como referi anteriormente, é um jogo que também possui alguns momentos de acção pura e é frequente termos de enfrentar vários mid bosses antes do boss final do nível/mundo onde estamos.

Os bosses são típicamente bem grandinhos

A nível audiovisual, bom vamos começar pelo óbvio, a banda sonora! Esta é excelente, ao introduzir não só músicas bastante sonantes, mas com uma qualidade de som incrível e são poucos os na Mega Drive que produzem um som tão limpo (e com músicas tão boas) como este Mega Turrican! Há ali também espaço para algumas músicas mais experimentais/ambientais (como as dos níveis com água ou o mundo dos Aliens), mas regra geral gostei bastante da banda sonora. Já a nível gráfico, confesso que estava à espera de algo um pouco melhor, até porque é um jogo que veio da Factor 5 e esta é uma empresa responsável por imensos milagres de hardware em muitos dos jogos que trabalharam. Não que seja um mau jogo graficamente, longe disso, mas esperava ver níveis com mais variedade nos cenários. Uma grande parte dos níveis têm cenários industriais e em localizações fechadas e esperava mais alguma variedade aí. Mas confesso que o mundo dos aliens foi uma agradável surpresa, embora surpreenda-me como é que a Fox nunca os acusou de plágio. É certo que mesmo os próprios Contra também tinham certas influências “xenomorfas”, mas aqui as semelhanças são mesmo muito gritantes!

Quaisquer semelanças com os Alien são mera coincidência. Ou não.

Portanto este Mega Turrican é mais um óptimo jogo de acção para a Mega Drive. Mas estou curioso em ver os Super Turricans da Super Nintendo, que também foram trabalhados pela Factor 5 e pelo pouco que vi, parecem-me também serem tecnicamente impressionantes!

International Superstar Soccer Deluxe (Sega Mega Drive)

Vamos continuar na Mega Drive para mais uma rapidinha a um jogo desportivo. Este ISS Deluxe até merecia um artigo mais completo, é verdade, mas é na verdade uma conversão (pela germânica Factor 5) do clássico que tinha saído um ano antes para a Super Nintendo, pelo que recomendo que leiam esse artigo. O meu exemplar custou quase 5€, tendo vindo de uma loja no Norte do país algures no passado mês de Setembro.

Jogo com caixa e manuais

Aqui temos os mesmos modos de jogo da SNES, desde partidas amigáveis, bem como diversos tipos de torneios e campeonatos que poderão inclusivamente ser jogados com 1 a 4 jogadores. O modo Scenario é uma espécie de desafio para 1 jogador, onde teremos de completar diversas missões, como dar uma reviravolta a um resultado negativo com pouco tempo disponível. Temos também modos de treino e de cobrança de penalties. O jogo não possui qualquer licenciamento da FIFA, pelo que teremos apenas 36 selecções nacionais com jogadores fictícios, mais algumas equipas all stars para desbloquear. A jogabilidade é excelente, com controlos até relativamente complexos pela variedade de jogadas que podemos efectuar (um comando de 6 botões é recomendado para tal). Tal como muitos outros jogos da época, poderemos alternar tácticas e formações, bem como teremos uma boa perspectiva das estatísticas de cada equipa e jogador.

A Factor 5 converteu o jogo da melhor forma possível

A nível gráfico é um jogo muito semelhante à sua versão da SNES. Temos uma perspectiva algo oblíqua e com um radar no centro que é bastante útil, embora por vezes tenha dado algum jeito se a câmara estivesse mais longe. A Factor 5 converteu o jogo da melhor forma possível, tanto que até herda a resolução mais curta da Super Nintendo, o que é pena pois até dava jeito os píxeis extra para ver um pouco mais do campo. Vamos tendo também algumas animações interessantes sempre que há golos. A acompanhar as partidas vamos tendo ruídos do público e algumas frases curtas do relatador desportivo, sempre que há um remate, falta ou um corte da defesa. As músicas são óptimas, as apenas as ouvimos nos menus entre partidas.

Portanto estamos perantes um óptimo jogo de futebol na Mega Drive, apesar de já ter saído tardiamente no ciclo de vida da consola (1996). O FIFA 97, que curiosamente saiu no mesmo ano, é para mim o jogo de futebol da Mega Drive que mais impacto nostálgico tem em mim, pois foi o que mais joguei com amigos no seu tempo. Mas este ISS Deluxe é sem dúvida um jogo mais divertido. Certamente dos melhores da era 16bit.

Star Wars: Rogue Squadron (Nintendo 64)

Tempo para mais uma rapidinha, agora para a Nintendo 64 e um dos seus clássicos. Não que o jogo não mereça um artigo com mais conteúdo, mas já cá trouxe a versão PC no passado, pelo que recomendo que lhe dêm uma vista de olhos. Este meu exemplar da Nintendo 64 foi comprado a um particular neste passado mês de Setembro e custou-me 10€. Está completo e é material new old stock.

Jogo com caixa, manuais e papelada

Ora a nível de conteúdo, pelo que me apercebi, não há grandes diferenças entre a versão Nintendo 64 e PC, todos os níveis parecem-me estar presentes em ambas as versões. A versão Nintendo 64 é no entanto mais modesta no que diz respeito aos gráficos, correndo num frame-rate muito inferior ao de PC e numa resolução também menor. Mas ainda assim não deixa de ser um título impressionante para a Nintendo 64, tanto pela complexidade de alguns níveis, como pela quantidade de vozes que a Factor 5 conseguiu meter no cartucho. O estúdio alemão desenvolveu um algoritmo de compressão muito eficiente que lhes permitiu colocar imensas vozes no cartucho, algo que foi licenciado e posteriormente utilizado noutros títulos da Nintendo 64, como os Pokémon Stadium ou mesmo o milagre do Resident Evil 2. A Factor 5 foi também responsável pelo tecnicamente impressionante Star Wars: Episode I: Battle for Naboo, mas isso será tema para um outro artigo, quando o conseguir arranjar.

Probotector 2 (Nintendo Gameboy)

Voltando às rapidinhas no Gameboy, o jogo que cá trago hoje é conhecido cá na europa por Probotector 2. Como muitos de vocês sabem, Probotector foi o nome que a Konami decidiu implementar em solo europeu, trocando os soldados humanos por robots, pois achavam que seria um jogo demasiado violento para alguns países europeus, que na altura tinham maiores restrições a conteúdo violento nos videojogos. Assim sendo este Probotector 2 acaba por ser uma adaptação para a Gameboy do excelente Contra Alien Wars para a SNES! O meu exemplar foi comprado a um vendedor na feira da Vandoma no Porto há uns meses atrás. Custou-me perto de 8€.

Apenas cartucho

O jogo segue então a história da versão SNES, onde mais uma poderosa entidade alienígena invade o planeta Terra, causando imensa destruição e ruína. A tarefa de salvar a raça humana recai uma vez mais numa dupla de mercenários, que terão de atravessar cidades em ruínas até ao alien nest, expulsando-os uma vez mais do nosso planeta.

Se jogado numa Super Gameboy, o jogo possui alguma cor

A jogabilidade é a típica de um Contra, onde teremos uma série de power-ups como diferentes armas ou escudos para apanhar, e como sempre a dificuldade está acima da média, com imensos inimigos a surgirem de todos os lados e basta um tiro certeiro para perdermos uma vida. Tal como na versão SNES, aqui também podemos disparar enquanto escalamos paredes, ou agarrar em barras que estejam em locais altos. Também tal como na versão SNES, aqui temos também alguns níveis que são jogados numa perspectiva aérea. A diferença é que a Gameboy não consegue apresentar gráficos em mode 7 como na SNES, pelo que não temos aqui a possibilidade de rodar os cenários, mas para compensar podemos fazer strafing de um lado para o outro.

Por acaso sempre achei estes robots bem badass mas não deixa de ser uma censura estúpida

A nível audiovisual, os gráficos deste Probotector 2 estão muito bem detalhados para uma Gameboy, até porque esta versão esteve a cargo da Factor 5. Naturalmente que não se conseguiu replicar o mesmo grafismo e detalhe da versão SNES, mas não está mau de todo. O nível 4 da versão SNES, aquele aéreo, é o único que falta e consegue-se perceber o porquê, pois a Gameboy não teria grande capacidade para o replicar da mesma forma. É também um jogo desenvolvido a pensar no acessório Super Gameboy, pelo que o mesmo apresenta gráficos melhor coloridos caso seja jogado na SNES. A nível de músicas, apesar de não achar tão boas quanto outros jogos da série, também não estão más de todo.

Como sempre, no final de cada nível temos um boss para enfrentar

Assim sendo, este Probotector 2 acaba por ser uma entrada bem sólida no catálogo da Gameboy, mas sendo uma adaptação do Contra da SNES, acabo sempre por recomendar jogar antes essa versão, que é um dos melhores jogos de acção da era 16bit.

Star Wars Rogue Squadron 3D (PC)

star-warsEscrever sobre o primeiro Star Wars Rogue Squadron é uma tarefa algo ingrata pois já escrevi artigos para as suas duas sequelas, exclusivas da Gamecube. O primeiro Rogue Squadron já incorporava muitas das várias características e mecânicas de jogo vistas na consola da Nintendo. E para além desta versão PC, também tínhamos a versão de Nintendo 64 que, por motivos de coerência, era a versão que pretendia originalmente ter, visto as sequelas serem exclusivas da Nintendo. Mas naturalmente a versão PC acaba por ser a melhor pelos melhores gráficos e quando o apanhei na feira da Ladra em Lisboa por 1€, nem pensei duas vezes.

Jogo com caixa e papelada
Jogo com caixa e papelada

A saga X-Wing para os PCs era por vezes muito técnica, e Star Wars Arcade para a 32X já mostrava bem a sua idade. O Rogue Squadron é um jogo de acção e combate aéreo, mas com uma jogabilidade nada complicada. Ao longo do jogo teremos várias missões para cumprir, desde destruir instalações estratégicas do império (como bases militares ou industriais), escoltar veículos rebeldes em missões de transporte ou salvamento, ou defender cidades de ataques imperiais. Tudo no ar, a bordo de naves como X-Wing, Snowspeeder ou a Y-Wing. Algumas naves, para além dos lasers normais possuem também armas secundárias como mísseis ou bombas e no caso dos Snowspeeders podemos também amarrar as pernas dos AT-AT e faze-los tombar. De resto, tal como nas sequelas poderemos encontrar também alguns upgrades às armas ou escudos, bem como ter a nossa performance avaliada no final de cada missão. As missões vão tendo diferentes objectivos ao longo das mesmas, que podem também ser consultados no radar, na forma de uma indicação da sua direcção e/ou localização. São todas missões algo inéditas, não foram inspiradas nos filmes mas sim nalguns dos livros da saga. Existe no entanto algum conteúdo escondido, como missões extra (estas já retiradas de algumas cenas famosas dos filmes) e naves adicionais a desbloquear, incluíndo o Naboo Starfighter introduzido mais tarde pelo Star Wars Episode I, embora essa só possa ser desbloqueada com recurso a passwords.

Podemos alterar o ângulo da câmara de várias formas. Até ver o que se passa nas traseiras!
Podemos alterar o ângulo da câmara de várias formas. Até ver o que se passa nas traseiras!

Depois, melhor que a jogabilidade e as missões que temos de desempenhar, é mesmo a apresentação geral do jogo. A nível gráfico a Factor 5 fez um trabalho excelente para a época, e a apresentação em geral das missões e dos diálogos que vamos ouvindo ao longo do jogo estão a meu ver muito bem conseguidas. Claro que para quem depois foi jogar as sequelas da Gamecube então não mudou muita coisa assim e ainda bem, pois em fórmula vencedora não se mexe (se bem que aquelas missões “em pé” do Rogue Squadron III foram um pouco desnecessárias). As músicas são excelentes, para quem já estiver habituado aos filmes da saga então não há muito que enganar.

Embora as missões principais não sejam inspiradas nos filmes, há coisas que continuam indispensáveis!
Embora as missões principais não sejam inspiradas nos filmes, há coisas que continuam indispensáveis!

Em resumo este é um excelente shooter espacial, quer se seja um fã da série Star Wars ou não. Mas claro que se o forem então ainda sabe melhor jogá-lo! Para além dos Rogue Squadron II e III que são exclusivos da Gamecube, este jogo teve ainda outro sucessor espiritual, um novo shooter passado no universo do Episode 1, também disponível no PC e Nintendo 64. A versão Nintendo 64 desse jogo é um marco técnico impressionante, mas isso ficaria para um eventual artigo futuro.