Sam and Max Beyond Time and Space (Nintendo Wii)

Já cá falei no Sam and Max Season One, o muito benvindo regresso da carismática dupla de agentes policiais freelancers, trazido até nós pela Telltale Games no seu sistema episódico. Felizmente não se ficaram só por um jogo, pelo que ainda no mesmo ano de 2007 lançaram o primeiro episódio da segunda temporada, que acabou posteriormente por receber também um lançamento físico para a Nintendo Wii, que aqui acabei por trazer. O meu exemplar foi comprado algures durante o ano passado a um particular. Se bem me recordo foi comprado novo, selado, por 10€.

Jogo com caixa, manual e papelada

O jogo leva-nos algum tempo após os acontecimentos da última temporada, com Max ainda como presidente dos Estados Unidos da América (embora não faça nada para manter essa posição). A acção começa logo com a dupla a receber a visita de um robot gigante com a missão de os destruir, que começa por espalhar o pânico no bairro, ao destruir uma série de edifícios. Quando conseguimos finalmente travar o robot, vemos que o mesmo foi enviado pelo Pai Natal, partindo então ao Pólo Norte, onde vemos um Pai Natal aparentemente possuído por forças demoníacas, obrigando os seus elfos a construir apenas brinquedos violentos. A narrativa vai-se desenrolando por aí, embora desta vez não haja um fio condutor tão evidente de um episódio para o outro, que vão decorrendo em localizações completamente distintas, desde a ilha da Páscoa, a um castelo de vampiros na Alemanha (onde os mortos-vivos dançam numa discoteca), passando por uma nave espacial/máquina do tempo comandada por Mariachis, até culminar no Inferno, onde iremos enfrentar o próprio Satã e não só.

A narrativa começa logo com um robot gigante a desfazer o bairro

Como se devem aperceber, a narrativa continua bastante bizarra, o que é bom. Muitos das personagens introduzidas na Season anterior marcam o seu regresso, como o cada vez mais paranóico Bosco e a sua loja de (in)conveniência, o agente secreto Superball, ou os trigémeos dos Soda Poppers, que mais uma vez acabam por ter um papel determinante no jogo. São também introduzidas outras personagens hilariantes, como o Timmy Two Teeth, filho da ratazana Jimmy, que sofre de Tourette, os já referidos Mariachi que surgem do nada sempre que alguém faz anos, ou o vampiro emo alemão, que possui uma discoteca para zombies no seu castelo.

A jogabilidade é idêntica à do jogo anterior, que é a mesma dos point and click tradicionais. Ou seja, vamos ter de explorar cenários, falar com todas as pessoas e explorar todas as linhas de diálogo, procurar e interagir com todos os objectos no cenário, de forma a resolver pequenos puzzles que nos levem a progredir na história. Ocasionalmente lá teremos alguns minijogos para jogar, a maioria que envolvem DeSoto, o carro da dupla Sam e Max, onde teremos uma vez mais de conduzir e fazer algumas tarefas, desde atropelar um certo número de brinquedos maquiavélicos, ou jogar uma variante do Paperboy, onde teremos de atirar CDs de acesso à Internet para zombies. Sim, leram bem. Existem também outros minijogos que não envolvem conduzir o DeSoto, principalmente nos primeiros episódios, onde a Telltale quis fugir um pouco a essa tradição.

O Night of the Raving Dead é um dos meus episódios preferidos. E sim, eventualmente nos transformamos em Zombies

A narrativa como sempre é excelente. A história é muito bem humorada, seja na “reincarnação” de personagens de jogos anteriores, como nas novas personagens. Mais uma vez ficamos cheios de vontade de dar propositadamente respostas erradas só mesmo para ver onde a conversa vai evoluir, já que é impossível morrer ou chegar a um ponto sem retorno, tudo tem uma solução. Graficamente é um jogo interessante, embora eu tenha jogado mais a versão PC, pois apresenta gráficos bem mais polidos e com resoluções mais altas. Infelizmente a conversão para a Wii ficou um pouco abaixo das minhas expectativas, pois este não é um jogo que exiga propriamente gráficos em alta definição e na Wii os gráficos simplesmente não eram tão bons, até parecia que estava a jogar um título de lançamento da PS2. Para além disso, a versão Wii apresenta alguns slowdowns, provenientes dos loadings do DVD, algo que simplesmente não existe na versão PC.

Como vem sendo habitual na série, temos vários segmentos de condução para atravessar

No entanto esta versão Wii tem uma vantagem, assim como a versão PC que acabou por sair posteriormente em formato físico, pois possui uma série de extras, incluindo pequenos clips de making of e afins, algo que eu aprecio bastante. De resto, no que diz respeito ao audio, ambas são equiparáveis. O voice acting é muito bom e as músicas também, tendo na sua maioria aquele feel muito jazzy, típico dos filmes policiais clássicos.

Portanto, para os fãs de jogos de aventura point and click, principalmente para os que gostam de bom humor, este é mais um título a explorar. A dupla Sam & Max é realmente excelente e pelo menos até esta segunda temporada a Telltale não defraudou as expectativas. Veremos depois no Devil’s Playhouse.

Maximum Force (Sega Saturn)

maximum-forceContinuando com as rapidinhas, o jogo que vos trago agora é um daqueles tesourinhos deprimentes que eu não fazia ideia da sua existência e de certa forma se calhar até era melhor manter-me na ignorância. Lembram-se dos jogos da série Lethal Enforcers da Konami? Eram light gun shooters bastante interessantes por serem construídos a partir de cenários e personagens digitalizadas, um pouco como os lutadores do Mortal Kombat que eram actores reais. Ora isto em 1992 nas arcades era um feito impressionante, mas em 1997 já nem tanto. Maximum Force é um jogo com um conceito similar, mas desenvolvido pela Midway, que infelizmente deixa muito a desejar. A minha cópia foi comprada por acaso na Cash Converters de Benfica por cerca de 2€. Só o trouxe por ser muito barato e me parecer um jogo maravilhosamente mau. Fiquei surpreendido depois ao descobrir que é um lançamento nada comum para a Saturn.

Jogo completo com caixa e manual
Jogo completo com caixa e manual

Em Maximum Force tomamos o papel de um ou dois agentes anti terroristas e somos levados a cumprir 3 missões em cenários completamente distintos desde uma missão que começa num navio da Marinha e termina evitando que terroristas roubem plutónio, para outra em plena cidade onde um enorme assalto a um banco está a decorrer, até que somos levados a uma mansão no meio da selva, para destruir um poderoso cartel. A jogabilidade é simples, devemos matar todos os bandidos que aparecem no ecrã, antes que os mesmos nos matem a nós! Temos de ter também em atenção às balas disponíveis na arma e recarregá-la regularmente, de forma a evitar surpresas desagradáveis. Claro que ocasionalmente lá aparecem uns civis vindos do nada, mesmo a pedirem para serem baleados, o que é de evitar. Por vezes também aparecem umas mulheresem trajes menos próprios também vindas do nada… Para além disso podemos também destruir vários objectos dos cenários, resultando em pontos extra, ou alguns power ups como rapid fire ou balas mais poderosas. Também poderemos desbloquear uma série de pequenos níveis de bónus que são na realidade galerias de tiro onde teremos de fazer o máximo número de pontos possível dentro do tempo limite. Algumas dessas galerias são bastante ridículas, como uma em que vemos moçoilas a nadar de bikini no meio de tubarões, ou outra onde as cabeças dos produtores do jogo vão passando pelo ecrã.

A nível de opções não há muita coisa que se possa mudar.
A nível de opções não há muita coisa que se possa mudar.

Graficamente é um jogo muito estranho. Os cenários são pré-renderizados em 3D, já os bandidos e civis que vão surgindo no ecrã são sprites digitalizadas de actores reais. As suas animações são muito estranhas (especialmente as dos civis que tentam passar despercebidos, essas chegam até a ser cómicas) e para contrastar com tanto “realismo” o gore parece ser desenhado no paint! De resto, tanto como os cenários como as personagens estão em baixa resolução, quando comparado com o original de arcade que apresenta visuais bem mais nítidos (mas não menos hilariantes). As músicas não são nada de especial, sinceramente. Algumas melodias em sintetizador que parecem retiradas de filmes duvidosos da década de 80.

Matar os bandidos, não disparar sobre os inocentes. Não há muito mais a explicar.
Matar os bandidos, não disparar sobre os inocentes. Não há muito mais a explicar.

Em suma, Maximum Force é para mim um daqueles jogos que são francamente maus, mas de uma forma algo cómica que até se tornam algo indispensáveis numa colecção, para mostrar junto de outras bizarrices. Já tenho o Area 51 debaixo de mira!

The Witcher Enhanced Edition (PC)

The WitcherNa última PUSHSTART aproveitamos para escrever um especial da franchise The Witcher, com análises aos 3 RPGs da polaca CD Projekt Red. Eu aproveitei e escrevi um artigo sobre o primeiro jogo, cujo até tinha terminado recentemente. A série The Witcher foi algo que apenas descobri há relativamente poucos anos atrás, já com o Witcher 2 no mercado. O que me chamou à atenção, após ter visto um ou outro trailer e vídeo de gameplay, foi a maturidade que o jogo nos apresentava, tanto nos seus reinos repletos de intrigas políticas, como pela narrativa abordar temas não muito usuais, politicamente correctos e claro está, a violência e erotismo. Não quis ver mais nenhum vídeo enquanto não me enveredasse pelo menos pelo primeiro jogo, pois tive mesmo a sensação que iria adorar.

The Witcher - PC
Jogo completo com caixa, manual e mapa

E lá acabei por comprar esta edição do jogo, a Enhanced Edition que já traz uma série de patches, melhorias e algum conteúdo extra digital. Se a memória não me falha, ficou algo aproximado dos 10€ através de algum site britânico, já a contar com os portes. Poderão ler o artigo na íntegra aqui.

Gauntlet (Sega Master System)

GauntletMais uma rapidinha a um jogo que eu tinha bastante curiosidade em experimentar mais aprofundadamente para a Master System. Gauntlet é um jogo originalmente lançado nas arcades, onde se tinha o objectivo de percorrer várias dungeons em busca de tesouros, e sobreviver o máximo de tempo possível, pois os inimigos eram às dezenas. E isto com a possibilidade de ser jogado com 4 jogadores em simultâneo, o que em 1985 deve ter sido algo muito porreiro de se fazer. Este meu exemplar foi comprado a um particular e custou-me cerca de 7€ se não estou em erro.

Gauntlet - Sega Master System
Jogo com caixa apenas

Mas a verdade é que eu nem sei muito bem que port esta versão Master System se encaixa! Não há assim muita informação sobre isso na internet, infelizmente. De qualquer das formas como a Master System não tem nenhum multitap, apenas poderemos no máximo jogar com 2 jogadores em simultâneo. Podemos escolher um herói no meio de 3 classes diferentes: o guerreiro, o elfo, a valkyria e o feiticeiro. Como seria de esperar, cada classe tem as suas vantagens e desvantagens, mas todas elas possuem ataques melee e de longo alcance ou magia, com dano variável mediante a classe escolhida. E atacar à distância acaba por ser bastante útil, pois muitas vezes temos autênticas multidões de inimigos para lidar! Até me surpreendeu, acho que nunca vi tanta sprite junta num jogo de Master System.

Alguns mapas são bastante abertos, acabando por ser normal alguns inimigos tentarem nos rodear
screenshot

Depois este é daqueles jogos que não têm fim. Na parte detrás da caixa diz que tem 512 níveis, mas na memória do jogo tem apenas cerca de 100, que a certo ponto se começam a repetir. O objectivo é avançar para o nível seguinte, marcado como um buraco no ecrã. Para além dos inimigos, temos de ter em conta a nossa saúde/fome, que se vai gastando lentamente com o movimento, ou mais rápido se levarmos com dano. E dada à natureza labiríntica dos níveis, muitas vezes acaba por não ser uma boa ideia explorar cada nível a 100% pois poderemos perder pontos de vida que poderão se tornar valiosos. Felizmente temos também alguns power ups para apanhar (cuidado para não os destruir!), que nos regeneram alguns pontos de vida, outros que nos aumentam vários stats como armadura, ataque, velocidade, magia, ou outros que nos deixam temporariamente invisíveis, por exemplo.

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Os tesouros servem apenas para nos aumentar a pontuação. Por vezes não vale o risco.

Graficamente é um jogo bastante simples, cenários com pouco detalhe visual, apenas um chão e várias paredes e com os inimigos também pequenos. Também pudera, com a quantidade deles que por vezes vemos no ecrã, não poderia ser de outra forma. A nível de som também é um jogo muito minimalista, com a música apenas a tocar entre cada nível, já o núcleo do jogo propriamente dito acaba por ser jogado todo em quase silêncio, não fossem os efeitos sonoros. Resumindo, apesar de não achar este um dos jogos de topo da Master System, devo dizer que esta conversão até que nem me pareceu nada má e satisfez plenamente a minha curiosidade com a série Gauntlet, que me pareceu interessante mas com imenso potencial para melhorar. A ver eventualmente como se safaram os restantes!

Ghost Vibration (Sony Playstation 2)

ghost-vibration-coverContinuando com as rapidinhas, desta vez vamos voltar à Playstation 2, essa notável consola da Sony que no meio do seu imenso catálogo de videojogos, existem umas quantas hidden-gems que passaram despercebidas a muita gente, incluindo a mim próprio. Este Ghost Vibration da Artoon é um desses jogos que nos passou despercebidos, mas de hidden-gem não tem nada. Comprei-o na Feira da Ladra em Lisboa algures durante o Verão no ano passado, por volta de 2 ou 3€. Foi uma compra por engano, pois achei que este era um outro jogo de PS2 que tinha lido vagamente no Hardcoregaming 101 e até hoje ainda não me recordo que jogo seja. A única coisa que me lembro é que era um jogo na terceira pessoa e a parte do “Vibration” era elemento fulcral na jogabilidade.

Ghost Vibration - Sony Playstation 2
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Ghost Vibration é um pseudo-survival horror. A história começa quando George, caçador de fantasmas por hobby, recebe um telefonema da sua amiga Alicia a pedir-lhe um dos seus kits para caçar fantasmas. Sem querer dizer mais, George decide viajar até à Europa e, juntamente com Alicia ver no que ela se estava a meter. Como de costume, somos deixados numa enorme mansão abandonada que se encontra infestada de fantasmas e cabe-nos a nós, como George, capturar o máximo de fantasmas possível para que, ao reter as suas memórias, consigamos entender qual o mistério por detrás da mansão e a causa-raiz de todas as suas assombrações.

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Alicia tem uma espécie de ligação a todo este mistério, mas só mais tarde percebemos porquê

A jogabilidade é muito simples, onde nós vamos apenas alternando entre a primeira e a terceira pessoa. Geralmente estamos na terceira pessoa, onde podemos explorar a mansão. O problema é que apenas nos podemos movimentar numa direcção, como se estivéssemos on-rails. Quando vimos um fantasma, então mudamos para a primeira pessoa e é aí que começa o combate. A arma que temos é parecida com a dos Ghostbusters, mas lança uma espécie de arpão para os fantasmas e se lhe acertarmos, então é que os começamos a “sugar”. O problema é que a arma sobreaquece muito rapidamente e teremos de deixar de puxar com alguma frequência para fantasmas mais poderosos. Para além dessa arma temos também uma sub-weapon que podemos utilizar, mediante a energia restante no respectivo medidor no topo do ecrã. Esta arma é uma espécie de shotgun, que enfraquece e paralisa temporariamente os espíritos à nossa frente. Ao atacar os fantasmas vamos também encontrar uma série de items, que podem ser regeneradores de vida, energia, ou outros especiais, que não deixem a nossa arma sobreaquecer, por exemplo.

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Os fantasmas que começam a ficar amarelos intermitentes, estão em vias de nos atacar e devemos concentrar-nos nesses primeiro

Graficamente o jogo não é nada de especial, mas também é normal visto ser um jogo de 2002 para uma Playstation 2, mesmo nas cutscenes a Artoon tentou dar um aspecto mais cartoony aos personagens principais, o que retira logo alguma da suposta atmosfera a terror. A câmara segue-nos muitas vezes em ângulos estranhos e temos de estar especialmente atentos a movimentos e barulhos estranhos se quisermos capturar alguns fantasmas mais escondidos. E isso será mesmo necessário caso queiramos completar o jogo a 100%, capturando todos os fantasmas e suas memórias e com isso obter o final verdadeiro do jogo. A música e efeitos sonoros também não são nada de outro mundo, mas adequam-se bem a um jogo que tenta ser tenso.

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Nem todos os fantasmas se mostram livremente, em muitos outros teremos de estar bastante atentos ao que se passa em background

Ghost Vibration não é propriamente um must-have na consola e percebe-se bem o porquê de ter passado despercebido aos olhos gerais dos jogadores. Na internet há pouca informação do mesmo, incluíndo reviews e os grandes sites apontam que o jogo foi inclusivamente cancelado em solo europeu, existindo apenas no Japão. E se calhar até foi mesmo cancelado em alguns países europeus, ou com lançamentos muito reduzidos, mas Portugal lá deve ter ficado de fora dessa blacklist pois este Ghost Vibration já não é o primeiro que vejo por cá.