Warlock (Sega Mega Drive)

WarlockVoltando às “rapidinhas” que o tempo é apertado, para um jogo não muito conhecido para a Mega Drive. Warlock é um sidescroller inspirado numa série de filmes de terror com o mesmo nome, que por acaso nunca tinha ouvido falar, mas talvez seja falha minha. Essencialmente narra a profecia de que em cada 1000 anos o Evil One manda à terra um poderoso feiticeiro (Warlock) para recolher uma série de runas mágicas que lhe darão poder absoluto capaz de eliminar a Terra da existência. Para prevenir tal coisa, existe uma ordem de Druidas que sempre que necessário agem de forma a prevenir que o Warlock leve a cabo os seus planos maléficos e é com um desses heróis que jogamos este jogo. O Warlock entrou na minha colecção após me ter sido vendido por um particular por 5€, estando completo e em bom estado.

Warlock - Sega Mega Drive
Jogo com caixa e manual europeu

Tal como referido acima o objectivo do jogo é ir percorrendo uma série de níveis e capturar essas runas mágicas, bem como defrontar o Warlock no final. Na capa do jogo podemos ler “Beware the Ultimate Evil of Warlock” e isso assenta que nem uma luva à dificuldade deste jogo, não só pelos inimigos que se tornam cada vez mais agressivos, mas também pela jogabilidade algo complexa. Senão vejamos: o botão B serve para disparar um raio de energia que é a nossa arma principal. O botão C serve para saltar. Até aqui tudo bem. Se pressionarmos baixo e C ao mesmo tempo podemos rebolar, o que é bastante útil para nos esquivarmos dos inimigos. A seguir-nos temos uma orb mágica que também pode ser usada como arma e é aqui que os controlos começam a ficar estranhos. Ao carregar no botão A ficamos estáticos e controlamos a orb, onde podemos atacar os inimigos ou apanhar items que estejam fora do nosso alcance utilizando para isso o direccional. O problema é que por vezes temos tantos inimigos e obstáculos a chatear que ficar estático não é grande ideia.

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Inicialmente o jogo até que é bem colorido, mas isso muda rapidamente

 

Depois temos uma série de poções mágicas que podemos coleccionar ao longo dos níveis, essas poções correspondem a diferentes feitiços que podemos e devemos usar ao longo do jogo. Embora no inventário apenas apareça um máximo de 9 itens do mesmo feitiço, podemos coleccionar muito mais. Existem então poções/feitiços para regenerar vida, causar dano em todos os inimigos, ou spells de protecção, entre outros. Infelizmente os controlos aqui também não ficaram grande coisa. Para seleccionar o feitiço a utilizar temos de carregar em START e baixo ao mesmo tempo para circular entre eles e START e cima para utilizar o feitiço seleccionado. Mais uma vez é algo desnecessariamente complicado a meu ver.

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Gosto do aspecto gloomy dos visuais, pena que se tornem bastante repetitivos

Graficamente é um jogo com visuais algo austeros, afinal estamos a lutar contra forças das trevas. Infelizmente apesar de até gostar dos gráficos, tirando o primeiro nível que é bem variado e diferente dos outros, os restantes são muito semelhantes entre si. As músicas também não são nada de especial, tirando uma ou outra faixa que achei mais bem conseguida. Os efeitos sonoros são bem competentes e ouvir o riso sinistro do Warlock enquanto vamos sendo sodomizados à bruta pelo jogo tem o seu quê.

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É frequente sermos atacados ferozmente. Felizmente há passwords e checkpoints!

No fim de contas Warlock é mais um sidescroller que apesar de ter boas ideias, a sua execução não é a melhor e a pouca variedade nos níveis também dá a entender que o jogo foi um pouco apressado. Não é um jogo que recomende, mas também não digo que seja assim tão mau de todo.

Wrestlemania The Arcade Game (Super Nintendo)

Wrestlemania - The Arcade Game - SNESNão sou fã de wrestling. Talvez tenha sido um pouco quando andava na escola primária e a RTP transmitia alguns combates ao Sábado, bem como umas séries animadas com o Hulk Hogan. Mas mais do que isso nunca fui. E como tal os videojogos baseados em wrestling também nunca foram a minha praia, pelo que este será um artigo mais rápido. Este Wrestlemania The Arcade Game foi un jogo lançado originalmente nas arcades, produzido pela Midway, a mesma empresa que nos trouxe Mortal Kombat. E tal como Mortal Kombat está repleto de lutadores digitalizados e as versões caseiras deste jogo sairam para uma panóplia de diferentes sistemas. A minha versão veio junto com um bundle SNES que comprei a um colega de trabalho, tendo-me ficado barato no total. Está completo e relativamente em bom estado tendo em conta que estamos a falar de caixas SNES.

Wrestlemania The Arcade Game - Super Nintendo
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Sendo uma conversão de um jogo arcade, a jogabilidade também é algo diferente dos restantes jogos de wrestling existentes no mercado, com golpes completamente irrealistas, como o Undertaker invocar demónios, por exemplo. No entanto os golpes standard de wrestling também são possíveis de fazer, bem como os “malabarismos” do costume, como balancear-se em cordas, subir para cima dos “postes” e saltar em cima de um oponente que esteja no chão, ou mesmo mandá-los para fora do ringue. O original da arcade possui 8 lutadores diferentes, a versão SNES possui apenas 6, não se compreendendo muito bem o motivo.

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Take it out of the ring!

Existem 4 modos de jogo diferentes, 2 em single-player, dois em multi-player. Os primeiros consistem em dois campeonatos distintos. No Intercontinental Title, começamos com uma série de combates 1 contra 1, passando por alguns combates em 1 contra 2 e finalizando com um combate mais épico de 1 contra 3. No World Wrestling Federation Title começamos o campeonato logo em combates de 1 contra 2, passando para 1 contra 3 e culminando num combate Battle Royale. Já nos modos de jogo para 2 jogadores podemos optar entre Head to Head e Cooperative. O primeiro é um modo versus standard, já no segundo cooperamos em tag-team em combates contra um oponente bastante forte controlado por CPU. Caso vençamos todos os combates, no final teremos de combater um contra o outro.

Graficamente é um jogo bem competente para a SNES. É normal que não esteja no mesmo patamar do original da arcade, mas para quem jogou os Mortal Kombats na SNES já dá para ter uma ideia do aspecto gráfico que irá encontrar neste jogo, visto os lutadores serem também digitalizados. As músicas sinceramente não gostei assim tanto, o chip sonoro da SNES não é o mais adequado para músicas mais rockeiras. No entanto os samples de voz pareceram-me estar bons.

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Sendo um jogo arcade, a Midway tomou a liberdade de javardar um pouco. Embora os “combates” reais também o sejam…

Este é realmente um artigo curto pois como referi anteriormente Wrestling não é mesmo a minha praia. No entanto, sendo um jogo arcade, até poderá ser mais jogável a quem não é fã de wrestling, seja pelo sistema de combos ou mesmo pelos golpes especiais. Para quem quiser um jogo de wrestling puro e duro, então existem outras propostas na SNES, com o selo da WWF e não só.

Revolution X (Sega Mega Drive)

Revolution X

Às vezes fazemos questão de comprar um mau jogo só mesmo para poder falar mal dele à vontade. Pelo menos foi o que eu fiz com este Revolution X. O jogo nas arcades, jogado com uma lightgun a simular uma metralhadora pesada fixa, até me parece muito interessante, mas esta conversão para a Mega Drive é mesmo algo para esquecer. E esta minha cópia foi comprada há umas semanas atrás numa cash em Lisboa, mais precisamente na de S. Sebastião. Custou-me sensivelmente 4€, está em bom estado, embora lhe falte o manual. Tem também a particularidade de ser uma das versões Sega Genesis (NTSC-U) que acabaram por ser lançadas em Portugal. Edit: arranjei recentemente um PAL por cerca de 12€.

Jogo com caixa, versão americana, mas distribuida em Portugal pela Ecofilmes.

O conceito do jogo é logo a primeira coisa bizarra que salta à vista. Videojogos sobre bandas não eram propriamente uma coisa comum, e mesmo nos dias que correm só se fosse mesmo um jogo musical do género Guitar Hero ou Rockband. Mas não, Revolution X é um shooter arcade que usa lightguns. E em que os Aerosmith são chamados para a coisa? Bom, o jogo decorre num “futuro” distópico em 1996, onde uma enorme organização fascista, os New Order Nation (NON), passa a controlar todo o mundo. Uma das políticas que os NON tentam implementar é banir tudo o que a “juventude” gosta, nomeadamente filmes, videojogos e música, entre outros. Ainda assim a rebeldia existia, pois os Aerosmith iriam dar um mega-concerto brevemente, onde acabaram por ser raptados por tropas dos NON. O resto do jogo não será muito difícil de adivinhar, temos de resgatar os Aerosmith e pelo meio destruir os NON, liderados por uma tal de Helga.

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Possivelmente a primeira ditadora sexy da História

Passando para a jogabilidade, vemos logo outra coisa bizarra nesta versão de Mega Drive. O jogo não suporta qualquer lightgun! E o mesmo é válido para as outras conversões domésticas (SNES, PS1, Saturn), embora todas essas plataformas também possuam as suas lightguns. Usamos então o gamepad para derrotar enormes legiões de inimigos e veículos que nos vão aparecendo à frente, causar o maior dano possível nos níveis para obter alguns power-ups e libertar todas as reféns que conseguirmos. Mediante o grau de dificuldade escolhido, temos direito a um determinado número de continues para gastar – ainda vão sendo bastantes, pois sem uma lightgun é normal que soframos dano mais regularmente. Para além da metralhadora normal podemos também disparar CDs que vamos coleccionando ao longo dos níveis, CDs esses que funcionam como uma arma especial, causando mais dano. Existem outros power-ups, como um escudo que nos protege de um certo número de “hits“, outros que nos regeneram a saúde ou mesmo uma bomba muito poderosa. Um aspecto que eu até gostei neste jogo é o controlo que por vezes temos em explorar os níveis, podendo inclusivamente entrar em salas secretas com alguns goodies.

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Vídeo em altíssima resolução de Steven Tyler

Mas para além da jogabilidade mal aproveitada por não usarem a Menacer, os outros grandes defeitos desta conversão são a censura e o audiovisual. Tal como Mortal Kombat, também da Midway, o jogo utiliza sprites digitalizadas de actores reais, mas na Mega Drive as coisas não ficaram tão bonitas assim, até porque perderam imensos frames de animação. No entanto, existem alguns clips de vídeo com alguns segundos de duração que até achei bem conseguidos, tanto no vídeo, como nas falas dos Aerosmith que os acompanham (excepto o primeiro com o Steven Tyler). Infelizmente as músicas é que ficaram uma miséria. Apenas existem 3 músicas dos Aerosmith incluidas nesta conversão, mas ficaram irreconhecíveis. O que é pena, pois o chip de som da Mega Drive tende a portar-se bem em chiptunes mais rockeiras.

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Os gráficos ficaram realmente muito abaixo do esperado – Lethal Enforcers é tão melhor!

A questão da censura é outra que assolou practicamente todas as conversões caseiras deste jogo. Para além da versão Mega Drive (e SNES) não ter o sangue que podemos ver na versão original, os atributos da modelo Kerri Hoskins também ficaram mais escondidos. Kerri é uma actriz/modelo que teve várias participações no mundo dos videojogos, sendo possivelmente melhor conhecida pelo seu papel como Sonya nos primeiros Mortal Kombat. Ora neste jogo, Kerri representa tanto a vilã Helga, como as reféns que podemos resgatar. Essas reféns estão sempre em trajes menores. Na versão arcade ainda mostrava um pouco do seu “fio dental”, aqui isso foi censurado, apesar de continuar com pouca roupa. Não que isso me cause assim tanta comichão, mas seria uma censura que esperaria ver talvez na SNES, já na Mega Drive nem tanto.

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Os bosses são sempre grandinhos e levam algum tempo a ir abaixo

No fim de contas este Revolution X, para além de ser um jogo com um conceito completamente bizarro, teve as suas conversões para consolas muito infelizes. Numa arcade, com uma lightgun a simular uma metralhadora, e os gráficos e som no seu esplendor, até me parece ser um jogo que ofereça algum divertimento. Esta versão Mega Drive, muito inferior no audiovisual e sem qualquer suporte a lightgun, deixou muito a desejar, e o mesmo pode ser dito das outras versões existentes.

Alien Trilogy (Sega Saturn)

Alien Trilogy Saturn

Em vésperas de lançamento do filme de 2012 mais aguardado por mim (Prometheus), eis que me surge a ideia de comentar este jogo. Alien Trilogy é um dos primeiros FPS com a temática do nosso amiguinho Xenomorph (As honras da casa vão para o Alien vs Predator na Atari Jaguar), e conforme o nome indica o jogo saiu antes do quarto filme da série (Alien Resurrection), sendo baseado levemente nos 3 primeiros (e clássicos) filmes. A minha cópia foi comprada algures em 2010/2011 na loja portuense PressPlay, tendo-me custado algo em torno dos 7.5€, estando completa e em bom estado.

Alien Trilogy Saturn
Jogo completo com caixa e manuais

A história do jogo segue muito levemente a dos filmes, coisa que não me vou alongar – caso não conheçam, vão ver os filmes, já! A acção começa na pele de Ellen Ripley aquando da “limpeza” da colónia da Weyland-Yutani LV-436, que se encontra infestada de Aliens. Cheirinhos dos outros filmes também vão sendo encontrados ao longo dos mais de 30 níveis, incluindo a prisão de Alien 3 e a nave espacial alienígena do primeiro filme. O jogo é um clone de Doom dos clássicos, ou seja dividido em vários níveis com pouca narrativa que os interligue. Apenas é dado um briefing no início de cada nível onde se explica qual é o objectivo e o resto é só tiro-tiro. Alien Trilogy é ainda um jogo de primeira geração da Sega Saturn, pelo que infelizmente não faz uso do comando analógico. O botão direccional serve apenas para se movimentar, sendo que para se olhar livremente no nível é necessário carregar também num outro botão à parte (neste caso o botão Z). O scroll de armas também é um pouco foleiro, pois o respectivo botão apenas permite seleccionar a arma “acima”. Para seleccionar logo a pretendida teremos de carregar em Start, ir ao menu e fazê-lo. O arsenal não é muito grande, mas fiel aos filmes. Temos o revólver, uma espingarda, as pulse rifles que eu tanto gosto, um lança-chamas, etc. Os inimigos para além dos Aliens nas suas diferentes fases (e respectivos face huggers), também poderão ser soldados da Weyland-Yutani, quer humanos, quer cyborgs. Para além do mais também existem os tradicionais power-ups de armaduras, saúde e afins, como o automapper.

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E é assim o primeiro nível.

O design dos níveis é, na minha opinião, aquilo que realmente deita este jogo abaixo. Para além de serem bastante repetitivos, o próprio design é bastante confuso. Alguns dos níveis fizeram-me perder imenso tempo à procura de um determinado objecto ou objectivo para cumprir, e o próprio mapa que podemos consultar, de tão pequeno que é não ajudou em nada. Graficamente o jogo também não é dos mais bonitos. Sendo ainda um shooter 2.5D, isto é, um jogo em 3D mas com inimigos ainda em sprites 2D, poderia detalhar um pouco mais os próprios inimigos, mas tal não acontece. As texturas também são bastante simples e com muito baixa resolução – vistas de longe não parecem mal, mas de perto ficam altamente pixelizadas. Em momentos de acção mais caóticos, com vários inimigos no ecrã, também acontecem vários slowdowns. Ainda assim, o jogo consegue atingir algum do clima de tensão pela qual os filmes são conhecidos. O clássico radar que faz “beep beep” sempre que detecta algum inimigo, bem como os cenários escuros e inóspitos contribuem para essa atmosfera.

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Não deixem que vos dêem um beijinho…

A nível de som, as músicas que acompanham o jogo são todas atmosféricas com um pouco de música electrónica, dá aquele toque futurista e tal, mas não é algo que me agrade por aí além. Os restantes efeitos sonoros têm alguma fidelidade no que diz respeito os origininais dos filmes, neste campo não tenho muito a dizer. Para terminar este parágrafo da parte técnica, apenas resta-me dizer uma curiosidade. A Sega Saturn como já devem saber foi uma consola com um hardware bastante complexo, para a altura em que saiu. Equipada de  processadores principais mais uns quantos gráficos e de som, a programação para a Saturn sempre foi mais complicada do que para a Playstation (também devido aos kits de desenvolvimento da PS1 serem bem mais user-friendly que os da máquina da Sega). Essa complicação traduziu-se em conversões mais problemáticas de jogos para a Saturn ou até ao cancelamento dos mesmos. Este Alien Trilogy reza a lenda de ter sido programado para que apenas usasse um dos 2 processadores da consola.

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Aqui estamos na prisão de Alien 3.

Este jogo existe também para Playstation e PC. A versão PS1 é superior a esta da Sega Saturn pois possui alguns efeitos especiais que não chegaram a ser incluídos na versão Saturn. Contudo também existe para PC, que foi a versão que eu tinha jogado em primeiro lugar, nos anos 90. Apesar de não ser imensamente superior às versões para consolas, não deixa de ser a melhor versão do jogo disponível. Eu comprei a versão Sega Saturn apenas por ter um carinho muito especial por esta consola. No fim de contas Alien Trilogy é um jogo que para a altura em que foi lançado até que era competente, mas envelheceu muito mal, tendo em conta que existem vários outros FPS da série com bem mais interesse.