Xblaze Code: Embryo (Sony Playstation 3)

Voltando às rapidinhas, desta vez para uma Visual Novel na PS3, o jogo que cá trago hoje é este Xblaze Code: Embryo, que comprei completamente às cegas numa das minhas idas à CeX. Já não me recordo ao certo quando o comprei, mas foi na CeX do Dragão. Comprei às cegas porque me pareceu uma visual novel, custava apenas 4€, e achei que pudesse ser alguma hidden gem. E esta foi uma das compras às cegas que deu certo, pois acabei por até gostar bastante do jogo.

Jogo com caixa.

Já depois de o ter comprado, fui pesquisar sobre o mesmo e reparei que o jogo é uma prequela no universo da série BlazBlue, uma série de jogos de luta em 2D da Arc System Works, que também nos trouxe Guilty Gear. Nunca joguei nenhum BlazBlue até aos dias de hoje, mas sendo uma prequela, sinto que não perdi muito. Basicamente o jogo coloca-nos no papel de mais um jovem japonês, um dos poucos sobreviventes de uma catástrofe que fez com que milhares de pessoas desapareceram sem deixar rastro. Touya Kagari, o tal protagonista, era apenas uma criança quando isso aconteceu, ficou órfão, e acabou por ser acolhido por duas irmãs que conheceu no orfanato, assim que a mais velha conseguisse ser a sua guardiã legal. Entretanto coisas acontecem e Touya repara que possui uma habilidade especial: consegue detectar ataques dos Unions, seres mutantes com super poderes, que surgiram após o tal incidente, pelo que Touya acaba por se ver envolvido com diversos outros protagonistas que combatem os Unions. Pelo meio, claro, vamos descobrindo uma trama maior que nos caberá resolver.

O que mais apreciei nesta VN é que a acção não é tão fluída como um anime, mas está longe das imagens estáticas de outros jogos do género

Tal como muitas outras visual novels, esta possui imensas ramificações na sua história que nos poderão levar a finais distintos. Mas não temos o poder explícito de decisão nas escolhas que nos irão levar a diferentes ramificações, pois essas dependem dos artigos que vamos lendo nos TOi. TOi é uma app de telemóvel, agregadora de notícias e outros conteúdos que serão supostamente interessantes para o utilizador e, à medida que vamos avançando na história, iremos receber imensas mensagens diferentes, que poderemos optar por ler, ou não. Quando lemos um artigo, podemos também ver quais dos nossos amigos também o leram, pelo que a ideia será pelo menos ir lendo os artigos que apenas algumas personagens específicas tenham também lido, para irmos caminhando em direcção ao final dedicado a essa personagem. Naturalmente também poderemos fazer algumas escolhas erradas que nos irão desencadear um final mau.

A maneira como progredimos na história é ditada pelas mensagens que escolhemos ler no telemovel

No que diz respeito aos audiovisuais, confesso que ia com expectativas algo baixas depois de ter jogado o Steins;Gate também para a PS3. Não que o SG tivesse uma má história, muito pelo contrário, mas sempre achei que, para uma VN na PS3, a parte visual, nomeadamante nas animações e afins, pudesse estar bem melhor. E realmente a Arc System Works é muito boa nas suas animações 2D pois este Xblaze, mesmo possuindo imagens algo estáticas como é habitual numa VN, estas até que estão cheias de detalhe e bem mais animadas do que eu esperaria. O voice acting é inteiramente em japonês e soou-me bem competente, já as músicas são bastante variadas consoante o contexto, possuindo temas mais calmos, melancólicos ou tensos, mas também algum rock e electro à mistura.

As funcionalidades típicas estão cá todas presentes, como avançar texto já lido noutras playthroughs ou consultar o que foi dito antes

Portanto, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido por este Xblaze. É uma VN que se lê bem, não é nada enfadonha, e possui imensas ramificações que nos irão manter entretidos durante um bom tempo. É que mesmo depois de alcançar todos os finais possíveis da história principal, desbloqueamos uma história bónus, muito bem humorada, onde o nosso objectivo é o de procurar uma série de ingredientes lendários para fazer o melhor caril de todos os tempos. Conteúdo não falta e os visuais também estão muito bons! Sinceramente acho uma ideia muito interessante o que foi aqui introduzido: explorar a backstory de jogos de luta desta forma! Até gostava de jogar uma VN deste género para o Guilty Gear, que também possui um lore muito rico.

Uncharted 2: Among Thieves (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Depois de ter terminado o primeiro Uncharted, acabei por pegar também na sua sequela logo no dia seguinte. Vinha com algumas expectativas pois gostei do primeiro jogo (atenção que joguei a sua versão remasterizada na PS4) e o Uncharted 2 é um dos títulos mais bem conceituados da Playstation 3, mesmo pelos próprios fãs. Tal como o primeiro, possuo-o para a PS3, cuja minha cópia foi comprada em 2013 na Cash Converters de Alfragide por 10€, mas acabei por me focar na versão remasterizada da PS4, cujo meu exemplar foi comprado algures no passado mês de Abril por 15€.

Jogo com caixa, manual e um folheto publicitário de filmes blu ray que não faço ideia como foi lá parar

A história decorre 2 anos após os acontecimentos do primeiro Uncharted, com Nathan Drake a envolver-se uma vez mais numa caça ao tesouro, com a “competição saudável” de um exército de mercenários. O seu objectivo desta vez é o de procurar a mítica pedra de Cintamani, referida algures nas expedições de Marco Polo ao Oriente. Para além de um assalto a um museu de história em Istambul, iremos percorrer novamente selvas e templos antigos em ruínas, desta vez em Borneo, mas grande parte do jogo é passada mesmo no Nepal, desde uma pequena cidade em pleno estado de guerra, passando por localizações remotas nas montanhas.

Colectânea Nathan Drake Collection para a PS4, no seu lançamento original, com papelada e sem manual como habitual em jogos PS4

No que diz respeito às mecânicas de jogo e controlos, as coisas são muito idênticas às do primeiro Uncharted. Mais uma vez, afirmo que joguei o primeiro Uncharted na sua versão remasterizada para a PS4. As versões PS3 apenas tinha jogado os seus demos na altura em que comprei a consola, algures em 2011. Pelo que li em várias críticas, os controlos do Uncharted 1 foram melhorados no seu remaster, que por sua vez nivelaram os controlos de igual forma nos 3 jogos presentes nessa compilação. Portanto, não senti dificuldade nenhuma ao pegar nesta sequela, que, tal como o seu antecessor, é um misto de exploração e platforming, com acção na terceira pessoa, repletos de tiroteios empolgantes e imensos abrigos para usar. Aliás, os tiroteios até me pareceram mais dinâmicos neste jogo, pois consegui alternar de abrigo em abrigo de uma forma bem mais rápida e natural. A parte do platforming é mais do mesmo, com alguns segmentos onde teremos de escalar paredes e saltar entre plataformas instáveis. Também teremos alguns puzzles ocasionais para resolver, cujas pistas estão presentes no scrapbook que Nate preparou para esta aventura. Aliás, todo o detalhe e bom humor presente nesse mesmo scrapbook foi uma agradável surpresa.

Por vezes podemos usar o elemento surpresa a nosso favor

A nível de jogabilidade creio que a grande novidade introduzida por este Uncharted 2 foi mesmo a inclusão de um modo multiplayer online, que possuía diferentes modos de jogo cooperativos e competitivos. Infelizmente não posso adiantar grandes detalhes pois os servidores foram desligados algures em 2019 e os remasters para a PS4 não incluiram qualquer modo multiplayer. Como todos os DLCs que saíram posteriormente para o Uncharted 2 estavam relacionados com o modo multiplayer (corrijam-me se estiver errado), para mim não se perdeu então nada de especial na transição para o remaster.

No que diz respeito aos audiovisuais, o Uncharted 2 era de facto um jogo excelente, ao apresentar áreas muito bem detalhadas e repletas de bonitos efeitos de luz. Mesmo a nível de performance, é um jogo bem mais estável que o seu predecessor. Portanto, nesta transição para o remaster, parece-me ter um salto qualitativo menor, quando comparado com o primeiro Uncharted, mas ainda assim o jogo corre agora a 60fps numa resolução full HD e com gráficos ligeiramente melhorados no geral face ao original da PS3. Tal como referi acima, vamos explorar diferentes áreas, a começar por um museu de história em Istambul, para depois visitar mais uma selva tropical e com algumas ruínas misteriosas. De seguida somos levados para o Nepal, com uma série de níveis que decorrem numa pequena cidade devastada pela guerra, com o jogo a prosseguir posteriormente para as montanhas nos Himalaias, onde iremos explorar povoações remotas e mais cavernas e templos antigos. Todas estas localizações estão representadas de uma forma muito convincente e confesso que me deixaram com vontade de visitar o Nepal no futuro.

Para além de ter pistas para resolver alguns puzzles, o scrapbook também tem alguns apontamentos bem humorados

Tal como o primeiro jogo, este está também representado com uma narrativa muito aliciante, e uma vez mais as personagens estão muito carismáticas e bem representadas, com um excelente voice acting. A banda sonora possui também vários temas épicos e orquestrais que representam muito bem as emoções que o jogo tenta passar. Devo dizer que gostei ainda mais do pacing deste jogo quando comparado com o primeiro. Vamos ter alguns níveis fora do comum, como mais perseguições em veículos ou um grande tiroteio num comboio, mas desta vez sinto que todos os níveis foram igualmente agradáveis de jogar, com mais ou menos desafios, mas não tão frustrantes como o nível em que tivemos de subir um rio no primeiro Uncharted. De resto, esta versão remasterizada traz o mesmo tipo de extras que no remaster do primeiro Uncharted, nomeadamente mais níveis de dificuldade (um extremamente fácil e outro extremamente difícil), mais alguns troféus, mais extras adicionais como a possibilidade de desbloquear alguns cheats como munições infinitas ou câmara lenta, ou mesmo um modo de jogo dedicado aos speedrunners, algo que me esqueci de mencionar no artigo anterior.

Tal como no primeiro jogo temos alguns momentos parkour e escalada.

Portanto, devo dizer que este Uncharted 2 me agradou bastante. A sua narrativa empolgante e com personagens carismáticas, aliado a bons controlos e uns visuais que continuam a ser bastante agradáveis deixaram-me uma vez mais agarrado ao comando. Foi mais uma excelente viagem, e compreendo o porquê de toda a gente ter gostado do jogo. Como o joguei na sua versão remaster, já não senti um grande salto qualitativo face ao primeiro jogo, mas ainda assim parece-me ser uma excelente sequela. E também tal como o primeiro remaster, este também pode ser comprado numa versão standalone.

Uncharted: Drake’s Fortune (Sony Playstation 3 / Playstation 4)

Depois de Crash Bandicoot na Playstation e Jak & Daxter na PS2 (série que planeio jogar algures no futuro), para a geração seguinte a Naughty Dog decidiu apostar num estilo de jogo diferente, mais realista e repleto de acção, tendo resultado neste Uncharted: Drake’s Fortune, lançado originalmente no final de 2007. Mas a versão que acabei mesmo por jogar é a que veio incluida na compilação Uncharted: The Nathan Drake Collection para a Playstation 4. O original joguei apenas o demo back in the day, mas depois de ter visto todos os melhoramentos que receberam na PS4, especialmente o primeiro jogo da trilogia, optei mesmo por jogá-lo na PS4. Esta minha compilação foi comprada algures no passado mês de Abril a um particular por 15€. Já o original de PS3, custou-me uns 7€ algures no início de 2016, numa das minhas visitas à CeX.

Versão original black label para a PS3, com caixa e manual

Neste Uncharted controlamos então Nathan Drake, supostamente descendente do famoso corsário Inglês Sir Francis Drake, que procura um tesouro escondido pelo seu antepassado, o mítico El Dorado. E após um breve nível algures no mar da costa do Panamá, que serve não só de introdução da história em si, mas também um tutorial básico das mecânicas de jogo, iremos posteriormente explorar templos na floresta amazónica, bem como uma grande colónia hispânica em ruínas numa ilha abandonada, em busca do mítico tesouro. Mas claro que teremos alguma concorrência, pelo que iremos enfrentar piratas modernos, mas também mercenários altamente treinados e equipados.

Colectânea Nathan Drake Collection para a PS4, no seu lançamento original, com papelada e sem manual como habitual em jogos PS4

A nível de mecânicas de jogo, esta é uma excelente mistura entre a exploração e platforming de títulos como os Tomb Raiders clássicos (se bem que com controlos bem mais agradáveis), bem como a acção e o cover-based-shooting de títulos como Gears of War. Já joguei o demo do original na PS3 há muito tempo, pelo que já não me lembro dos seus controlos, mas todas as críticas que vi à compilação The Nathan Drake Collection mencionam que os controlos nos tiroteios ficaram muito melhores face ao lançamento original. E de facto o jogo acabou por se tornar bastante agradável nos seus combates, cuja dificuldade vai aumentando à medida que vamos avançando no jogo, com os oponentes a estarem não só mais fortemente armados, bem como mais protegidos e a adoptarem tácticas inteligentes para nos flanquear. Teremos então de estar constantemente à procura de abrigos, onde nos podemos “colar” às paredes ao pressionar o botão do círculo e, com os botões L2 e R2, poderemos espreitar, apontar e disparar. Soltando o L2 voltamos à posição de abrigo. Mas lá está, também não convém estar demasiado confortável nos abrigos pois alguns podem ser destruídos por fogo inimigo e estes também nos tentam flanquear ou atirar com granadas. De resto, teremos um arsenal relativamente extenso para experimentar, com vários tipos de pistolas, metralhadoras, shotguns, sniper rifles e lança granadas ou lança rockets, sendo que apenas poderemos equipar 2 armas de fogo, uma ligeira e uma “pesada” em simultâneo, mais umas quantas granadas.

Como um bom filme de acção, o jogo está repleto de momentos emocionantes!

No que diz respeito à exploração, por vezes temos alguns puzzles para resolver, que nos obrigam a espreitar o diário de Francis Drake, que obtemos logo no início do jogo, para aprender algumas pistas de como os resolver. São puzzles intuitivos assim que observamos essas dicas. Muitas outras vezes temos também alguns segmentos de platforming, que tipicamente nos obrigam a escalar paredes, saltar entre plataformas, balancear em lianas e devo dizer que as mecânicas dos saltos são um pouco estranhas. Basicamente, a menos que seja suposto nós conseguirmos saltar do ponto A para o ponto B, Nathan executa saltos muito curtos. O que é estranho por vezes nós saltarmos e Nathan avança por aí meio metro, mas quando são saltos que é suposto acontecerem, Nathan já consegue saltar uns 2 ou 3 metros na boa. De resto, Uncharted não é só tiroteios e exploração, também teremos alguns níveis interessantes onde temos perseguições de jipe em plena selva, ou conduzir uma moto de água. Devo dizer que o último nível da moto de água, onde temos de subir um rio e esquivar de barris explosivos e outros bandidos foi um dos níveis que achei mais frustrantes.

Para resolver os puzzles que nos vão aparecendo, podemos consultar o diário de Drake

A nível audiovisual, este Uncharted era realmente impressionante para um título de 2007, com níveis muito bem detalhados, excelentes efeitos de luz e água para a época, uma narrativa com voice acting competente, personagens bem carismáticas e, acima de tudo, um pacing bastante aliciante que agradava não só a quem estivesse a jogar, mas também para quem estivesse simplesmente a ver jogar, o que foi o que aconteceu aqui em casa. A minha namorada por vezes estava bem mais entusiasmada a ver-me jogar do que eu próprio, principalmente nalguns momentos mais desafiantes, como os combates na catedral, ou a subida do rio em moto de água. Já este remaster na PS4 apresenta ainda melhores efeitos de luz, cenários com ainda mais detalhe e, acima de tudo, uma performance bem mais fluída, pois o original tinha várias quebras de frame rate e alguns problemas na renderização das texturas.

O platforming e escaladas impossíveis fazem parte do ADN de Uncharted

Para além do notório update gráfico (e uniformização dos controlos e aparência de Drake ao longo dos 3 jogos desta compilação), o remaster da PS4 incluiu ainda dois novos níveis de dificuldade (um muito fácil e outro muito difícil), alguns trophies adicionais e outros bónus como a possibilidade de activar alguns tweaks, como o modo câmara lenta. Podemos também desbloquear um modo de jogo próprio para speedrunning, e uma série de estatísticas que comparam as nossas skills com as dos nossos amigos da PSN, como número de inimigos derrotados, com que armas usadas e por aí fora. São coisinhas interessantes, mas poder jogar uma versão com controlos melhorados e audiovisuais refinados foram sem dúvida os principais motivos que me levaram a pegar neste Uncharted precisamente neste remaster da PS4.

Um dos bónus do jogo é o Photo Mode, onde podemos tirar alguns screenshots e embelezá-los

Portanto devo dizer que gostei bastante deste Drake’s Fortune, excepto pelas mecânicas de salto por vezes frustrantes (provavelmente poderá ser problema da minha TV mas achei o jogo bastante escuro em certas partes que acabou por atrapalhar um bocado) e, desculpem lá os spoilers a quem não jogou este jogo ainda, a introdução dos Descendants já na recta final do jogo. Estava a adorar todo o realismo e a Naughty Dog decidiu borrar um pouco a pintura ao introduzir aquela espécie de zombies já perto do final do jogo, é uma pena. Mas tanto eu como a minha namorada ficamos cheios de vontade de começar o segundo jogo, que é o que iremos fazer já de seguida. Antes disso convém também referir que esta versão remastered (bem como o Uncharted 2 e 3) estão também disponíveis standalone para quem preferir.

Last Rebellion (Sony Playstation 3)

Ora cá está um JRPG que foi tão criticado após o seu lançamento (aparentemente até responsáveis da NIS, Nippon Ichi Software, pediram desculpa pela sua péssima qualidade), que o seu preço acabou por cair a pique. Lembro-me de o ver novo na FNAC há uns valentes anos a ser despachado por algo entre os 7 e os 10€ e eu na altura acabei por não aproveitar, mas vim a comprá-lo mais tarde numa Cash Converters a um preço semelhante. E é verdade que é um jogo muito pouco polido e com imenso potencial desperdiçado, mas também já joguei muito pior.

Jogo com caixa e manual

Começando pela história, esta é mediocre. Basicamente somos levados para o mundo de Junovald, governado pelos deuses Formival e Meitilia. Formival é o responsável por trazer vida ao mundo, enquanto Meitilia é a deusa da morte. Tudo estava bem, o balanço entre vida e morte estava equilibrado, mas um dos deuses decidiu tramar alguma e quebrou o balanço. Certamente pensaríamos que Meitilia estava por detrás disso, mas não, foi Formival, o deus da vida que quebrou esse equilibrio, ao ressuscitar as almas de quem morre, muitas vezes em monstros e demónios e lançando aquele mundo num caos de várias guerras e conflitos. Para tentar restaurar o equilíbrio natural entre vida e morte, e para defrontar as forças de Formival, as nações de Junovald apoiam-se nos talentos de 2 tipos de guerreiros, os Blades e os Sealers. Os primeiros são guerreiros de elite, enquanto os sealers têm o poder de destruir almas, evitando que sejam ressuscitadas. Pois bem, nós vamos acabar por controlar ambos, nomeadamente o blade Nine, e a sealer Aisha, mas com a particularidade de ambos serem almas distintas que partilham o mesmo corpo físico. É que coisas acontecem logo no início do jogo e Nine acaba por ser assassinado durante um ataque surpresa, mas Aisha consegue ressuscitá-lo recorrendo a um feitiço proibido, com ambas as almas a partilharem o mesmo corpo. Sinceramente até achei este conceito bastante original e interessante, mas a narrativa acaba por ser mesmo muito medíocre e a história não evolui grande coisa.

O sistema de batalha é interessante e se for explorado em nosso proveito, pode-nos facilitar imenso todo o grinding

A jogabilidade, principalmente a dos combates, também é interessante mas infelizmente mais uma vez ficou ali muito potencial desperdiçado. Quando estamos fora de combate, podemos alternar entre a forma física de Nine ou Aisha, sendo que forma de Aisha vamos regenerando os pontos de vida, enquanto que na forma de Nine regeneramos os pontos de mana. Tanto numa forma como noutra poderemos também aceder ao menu e usar itens ou magias, como regenerativas, ou outras úteis como run ou float, que nos premitem andar bem mais rápido ou flutuar durante algum tempo. Agora o problema aqui é que cada personagem possui um set de magias distintas, mas quando abrimos o menu das mesmas, vemos as magias de ambas as personagens, mas apenas podemos executar as da personagem que estamos a encarnar no momento! Era um problema de fácil solução, digo eu…

Mas passando para o sistema de combate, este é um RPG com combates por turnos, embora os combates não sejam aleatórios, pois os inimigos estão visíveis enquanto navegamos pelo mundo. Temos um turno para os inimigos e um turno para nós, onde aqui já conseguimos controlar Nine e Aisha separadamente, e onde poderemos seleccionar as magias de cada um isoladamente, sem confusões. Mas o foco do jogo está precisamente no sistema de stamping e seus combos. Os ataques físicos são stamp attacks, onde poderemos definir que zonas do corpo dos adversários queremos atingir e por qual ordem, sendo que cada zona do corpo seleccionada consumimos um Chain Point, cuja reserva é tipicamente muito mais reduzida quando comparada com a barra de vida ou de mana. Ora à medida que vamos atacando (e acertando!) nas diferentes partes do corpo dos adversários, estas ficam marcadas por alguns turnos (número visível no ecrã), sendo que depois poderemos activar as stamp magic, ou seja, magias ofensivas que irão atingir todas as zonas previamente marcadas. Ora isto vai resultando numa grande sequência de pontos de dano!

Os inimigos estão todos visíveis nas zonas que exploramos, excepto aqueles que temos de desmascarar com o feitiço True Sight

Para além disso, se acertarmos nas partes do corpo dos inimigos por uma certa ordem, para além de darmos mais dano, o jogo vai também activando um sistema de combos que irá resultar num multiplicador de pontos de experiência no final da batalha. É certo que adivinhar as fraquezas de cada inimigo deveria ser um sistema de tentativa erro, mas a informação está toda na internet. Então por cada inimigo novo, podemos memorizar a ordem pela qual atacamos as suas partes do corpo com o botão L1 e posteriormente basta chamá-las com o botão R1 nos combates seguintes. Facilmente conseguimos chegar a combos de 999 pontos bónus, o que nos vai dando boosts de experiência astronómicos, tornando o jogo muito fácil do início ao fim. À medida que vamos subindo de nível, os inimigos vão-nos dando cada vez menos (ou nenhuma!) experiência, pelo que os multiplicadores deixam de fazer sentido até conseguirmos encontrar inimigos mais fortes na zona seguinte. Mas tirando o facto de podermos explorar este sistema para tirar muita vantagem a nosso proveito, mais uma vez há aqui coisas que não fazem muito sentido, como por exemplo muitas das magias ofensivas que vamos desbloqueando. É que tirando as magias elementais de fogo, gelo e electricidade, todas as outras que experimentei não funcionaram uma única vez. Depois de ter investigado na internet, aparentemente essas magias foram feitas para funcionar apenas num ou noutro tipo de inimigos, que tipicamente aparecem numa zona e depois nunca mais. Mais um desleixo da Hitmaker!

Tipicamente devemos aproveitar os bosses para conseguir multiplicadores de 999 pontos bónus e ganhar milhares de pontos de experiência no final

Mas ainda no sistema de combate, apesar de aqui podermos controlar Nine e Aisha separadamente, ambos continuam a partilhar o mesmo corpo, pelo que a barra de vida, mana e chain points é comum a ambos. Ou seja, se um sofrer pontos de dano, ambos são afectados. Para além disso, se um for envenenado, paralizado ou sofrer outra alteração de estado qualquer, ambos são uma vez mais afectados, o que pode dificultar um pouco as coisas se não explorarem o sistema de combate para tornarem as vossas personagens overpowered ao longo de todo o jogo. E convém também referir que uma vez derrotados os inimigos, a batalha ainda não terminou. É esta a altura de usar as habilidades especiais de Nine ou Aisha, com Aisha a poder selar as almas dos inimigos derrotados, absorvendo alguns pontos de vida no processo. Já Nine pode absorver pontos de magia, mas isto não derrota os inimigos completamente, pelo contrário acelera o seu processo de ressuscitamento, caso Aisha não os sele atempadamente.

As áreas que iremos explorar vão-se tornando algo labirínticas na segunda metade do jogo, mas nada de muito confuso

Já no que diz respeito aos audiovisuais, vamos por partes e começar pelo som. A banda sonora parece-me variada e com algumas músicas bem agradáveis até. Temos voice acting em inglês em todas as cutscenes e apesar deste até ser minimamente decente, com Nine a ser uma personagem bastante sarcástica, a verdade é que a narrativa no geral é muito pobre, pelo que os talentos dos actores também nunca são propriamente aproveitados. Gostaria de ter a possibilidade de ouvir o voice acting em japonês, mas aparentemente a versão japonesa nem voice acting tem pelo que li por aí (corrijam-me se estiver errado), o que acaba por ser um ponto positivo para esta versão ocidental. Agora o problema é que os volumes estão completamente desregulados e apesar de ser possível ajustar o volume de vozes, músicas e efeitos sonoros nas opções, na verdade mesmo sem mexer em nada vamos ter volumes distintos para as mesmas coisas em diferentes partes do jogo. Logo a começar na cutscene inicial de apresentação que está num volume bem mais baixo do que todo o restante jogo. Mais um sinal de desleixo!

A história vai sendo ilustrada com uma série de imagens estáticas desenhadas e pintadas à mão

Agora a nível gráfico… bom… quase que me atrevo a dizer que já vi jogos de PS2 mais bonitos. Na verdade não deve ser bem assim, mas sinceramente é o que parece. Os mundos possuem tão pouco detalhe gráfico, texturas tão manhosas e inimigos com tão poucos polígonos e detalhe que sinceramente é a impressão que dá. E para além disso o próprio mundo é um local desinteressante para explorar, não temos grandes NPCs para interagir, nem cidades ou outras lojas para explorar… Depois todas as cutscenes são também muito pobres na sua apresentação. Não há cá clips em CG, nem sequer com o motor gráfico do jogo, mas sim uma série de ilustrações estáticas das personagens intervenientes na história. São tipicamente ilustrações muito genéricas apenas com os seus retratos, mas ocasionalmente lá aparecem algumas outras ilustrações com mais algum contexto. É verdade que são desenhos pintados à mão e tal, mas a nível de apresentação esperava mais algum esforço. E mesmo assim, embora isto já seja meramente uma questão de gostos pessoais, nos ecrãs de loading vamos vendo algumas ilustrações de artistas convidados e devo dizer que acho algumas destas ilustrações bem superiores face às do artista principal.

Portanto este Last Rebellion acaba por ser um jogo que até tem algumas ideias interessantes, como o seu sistema de batalha, ou o facto de controlarmos 2 personagens distintas que habitam no mesmo corpo. Mas o seu enorme desleixo na apresentação, ou nalguns detalhes das suas mecânicas de jogo, fazem plena justiça a todas as críticas que recebeu. Mas não é propriamente um jogo injogável, até que é um RPG bastante curto e bem simples de terminar a 100%, pelo que se o apanharem baratinho, dêem-lhe uma oportunidade, mas não esperem nenhuma obra prima.

Folklore (Sony Playstation 3)

Lançado originalmente em 2007, ainda nos primeiros tempos de vida da Playstation 3, este Folklore é um interessante action RPG produzido pela Games Republic e SCE Japan, que mistura conceitos de jogos de “coleccão de monstros” como Pokémon, com as mecânicas de jogo de um action RPG e uma história muito peculiar e interessante. O meu exemplar foi comprado algures em 2014 ou 2015, tendo vindo da Cash Converters de Alfragide. Lembro-me de ter sido bastante barato na altura, algo entre os 5 e 7.5€.

Jogo com caixa e manual

Como referi anteriormente, este Folklore possui uma história muito original, cuja acção decorre na pequena aldeia irlandesa de Doolin, onde os seus habitantes acreditam na existência de fadas e a possibilidade de comunicar com mortos. A cutscene inicial mostra-nos os 2 protagonistas: a jovem Ellen que recebe uma carta da sua suposta falecida mãe e que lhe pede para a visitar em Doolin, e Keats, editor de uma revista do sobrenatural e que recebe uma chamada alarmante de uma mulher que o implora que vá até Doolin, pois acredita correr risco de vida ao ser atacada por fadas. Quando ambos chegam à ilha, Ellen depara-se com uma mulher encostada na ponta de uma falésia, de costas voltadas para ela. Keats chega pouco depois e entretanto descobrem que essa senhora já estava morta. Chegando a noite, tanto Ellen como Keats ouvem uma voz que lhes indica para ir ao Pub local e, quando lá chegam, descobrem que o pub é habitado por halflives, criaturas meio fantasmagóricas que lhes falam do Netherworld, um mundo espiritual onde é possível entrar em contacto com os mortos, cujo portal de entrada é o monumento megalítico localizado nas imediações da aldeia. Determinados a descobrir mais sobre aquele mistério, ambos aventuram-se no mundo das fadas e ao longo do jogo iremos desvendar 17 anos de mistérios e outros assassinatos que envolvem todos os sobreviventes daquela aldeia.

Ao contrário de Ellen, os Folks de Keats não se materializam completamete, deixando-o mais vulnerável a sofrer dano

Os primeiros 5 capitulos podem ser jogados de forma alternada, tanto com Keats como com a Ellen, sendo que a partir do sexto capítulo, ambas as personagens têm de ter passado todos os capítulos anteriores para entrar na recta final do jogo. Já no que diz respeito à jogabilidade, apesar de existirem algumas diferenças entre Ellen e Keats, na base as mecânicas de jogo são semelhantes, andando todas à volta dos Folks, criaturas que encontraremos nos diversos reinos do Netherworld e que podemos capturar. Cada Folk possui diferentes ataques e afinidades elementais e poderemos ir equipando-os ao longo dos 4 botões faciais do comando da PS3. E como os capturamos? Ao absorver as suas almas. Basicamente depois de os atacarmos um pouco, as suas almas ficam a pairar sobre os seus corpos e com uma cor rosa/avermelhada. Depois teremos de pressionar no botão R1 e fazer um movimento vertical para cima com o comando da PS3. No entanto, alguns folks, especialmente os bosses e mini-bosses, são um pouco mais complexos na sua captura, exigindo diversos tipos de movimentos com o comando e durante algum tempo. Se em vez de os absorver continuamos a atacar, os folks morrem.

Podemos absorver os Folks depois de os atacar o suficiente, deixando-os temporariamente imóveis e com as suas almas de fora

Agora, que outras mecânicas de RPG temos aqui? Bom, Ellen e Keats ganham pontos de experiência por cada folk que absorvem, mas a cada nível que subam, isto traduz-se apenas num crescimento da sua barra de vida, afinal eles não atacam directamente os folks, mas sim através dos espíritos dos folks que absorvem e invocam nas batalhas. E estes também podem “evoluir”, não com pontos de experiência, mas ao cumprir uma série de objectivos único para cada folk e que podemos consultar a qualquer momento nos menus de pausa. Alguns folks exigem que absorvamos um certo número de folks idênticos, que lhes demos alguns itens específicos e que poderemos ir encontrando ao longo do jogo, ou simplesmente podem exigir que derrotemos um número de outros folks, indiscriminados, ou folks específicos. E aqui “derrotar outros folks” não é absorvê-los, é matá-los mesmo, não ganhando pontos de experiência nesse processo. Ao cumprir estes objectivos de cada folk, poderemos aumentar o seu poder de ataque, diminuir a quantidade de mana necessária para os invocar, entre outras melhorias.

No final de cada mundo temos sempre um boss, um Folklore para defrontar

No que diz respeito às diferenças entre Ellen e Keats, Ellen é a única que, ao invocar os folks, os materializa por completo, acabando também por servirem de escudos enquanto atacam. Para além disso, Ellen também poderá vir a encontrar diferentes roupas que lhe poderão dar protecções contra alguns tipos de dano elemental. Já Keats, os folks que invoca não se materializam completamente, aparecendo sempre como uma espécie de espectros, pelo que estará sempre mais desprotegido. No entanto é uma personagem mais ágil e, à medida que vamos absorvendo folks, iremos também preencher uma barra de energia que, uma vez cheia, nos permite transformar numa versão super poderosa e atacar bastante rápido, sem consumir mana, durante alguns segundos. De resto é isto! Não temos quaisquer lojas para comprar equipamento ou mantimentos. A única maneira de regenerar vida é ao tocar nos portais que iremos encontrar espalhados pelo Netherworld, ou ao apanhar itens que nos regenerem a vida, geralmente como drops dos folks, ou escondidos em cristais espalhados pelo Netherworld. Felizmente ao morrer não perdemos nenhum folk ou pontos de experiência amealhados deste o último save, simplesmente acordamos junto do portal mais próximo.

Muitas das cutscenes são apresentadas com sequências de imagens estáticas e diálogos com balões de banda desenhada

No que diz respeito aos audiovisuais, sinceramente gostei bastante do jogo, mais pela sua direcção artística e conceitos, do que propriamente pela qualidade dos gráficos e som em si. Por um lado vemos bem que este é um jogo lançado ainda no início de vida da PS3, com gráficos muito simples ainda, com pouca geometria e personagens pouco detalhadas. As cutscenes, temos algumas em CGI com voice acting, outras com o próprio motor gráfico do jogo, mas muitas delas com diálogos em painéis de banda desenhada, sem qualquer voice acting. O pouco voice acting que há é de qualidade, mas teremos muitas cutscenes completamente silenciosas e confesso que estava à espera de ouvir mais vozes. No entanto é inegável que o jogo possui uma direcção artística muito forte e isso é sem dúvida o que acaba por prevalecer. Conseguiram mesmo capturar a essência de uma pequena aldeia costeira irlandesa e os dólmens megalíticos, algumas crenças pagãs que são aqui abordadas, tudo contribuiu positivamente para a atmosfera misteriosa, por vezes sombria, mas certamente solitária que iremos encontrar ao explorar Doolin. Já o Netherworld, vai possuindo mundos algo distintos entre si. Temos as florestas onde habitam as fadas, a Warcadia, um mundo em eterno conflito, um palácio subaquático ou mesmo o próprio inferno (que por acaso aqui está representado de uma maneira bem soft). Já no que diz respeito ao som, devo dizer que gostei da banda sonora, com músicas de géneros variados mas sempre agradáveis. Por exemplo, desde músicas alegres e circenses enquanto exploramos o bonito mundo das fadas, enquanto em Doolin a nossa exploração é acompanhada de acordes melancólicos num jazz muito minimalista.

A misteriosa vila de Doolin está muito bem representada, sendo acompanhada de melodias jazz muito melancólicas e minimalistas

Portanto, este Folklore foi para mim uma agradável surpresa. Não é um jogo perfeito, está longe disso, pois algumas side quests são bastante frustrantes (especialmente quando temos de escoltar alguém) e algumas das mecâncias de motion controls também me irritaram um pouco. A história, apesar de ser contada a conta gotas, está muito bem conseguida e tenho pena que o jogo não tenha vendido bem o suficiente, pois acho que tinham aqui material para explorar melhor este universo.