A Playstation foi a consola de eleição da Namco na segunda metade dos anos 90. Já há bastante tempo que a Namco estava com más relações com a Nintendo devido às suas políticas com as third parties. Desde os tempos da Mega Drive que evitaram lançar jogos para as consolas Nintendo e aproveitaram então a consola da Sony para encontrar de vez um novo parceiro estratégico. E com o enorme catálogo de títulos arcade que a Namco sempre teve, acabou por fornecer à consola da Sony alternativas muito fortes aos jogos arcade que a Sega lançava para a sua Saturn. Tekken é um deles, sendo a par de Virtua Fighter uma das franchises mais antigas e de sucesso deste género de jogos. Este jogo chegou-me às mãos há umas semanas atrás, tendo sido comprado a um particular, ficou-me a 3€ mais portes e está em estado razoável, excepto a caixa que tem os estalões habituais. É a versão Platinum, mas já devo ter dito algures que jogos Platinum na PS1 não me fazem comichão.

A história é o cliché habitual, de existir um misterioso torneio de artes marciais com um mau da fita qualquer (neste caso Heihachi Mishima) por detrás do mesmo, e vários lutadores de todo o mundo se juntam para distribuir umas murraças e pontapés. Inicialmente dispomos apenas de 8 lutadores para escolher, se bem que podemos desbloquear outros 8 e ainda mais 2 lutadores especiais. Isto porque durante o modo arcada, eventualmente defrontamos um “mid boss“, que é diferente para cada lutador. Essencialmente são rivais das personagens principais, mas que lhes herdam os mesmos golpes e movimentos. Para podermos jogar com estas 8 personagens extra apenas temos de as derrotar no modo arcade. Uma das outras personagens que podemos desbloquear é o próprio Heihachi, sendo que para isso temos de o derrotar a ele e todos os lutadores antes dele sem ter utilizado nenhum dos continues.

O outro lutador secreto é o Devil Kazuya, sendo que para o desbloquear temos de primeiro vencer um mini-jogo. Não é apenas em Tekken que a Namco colocou esta interessante maneira de passar o tempo enquanto o jogo faz loading, e aqui a Namco dá-nos a hipótese de jogar alguns níveis do clássico shooter das arcades, o Galaga. Para desbloquear Devil Kazuya temos de vencer os 8 níveis de Galaga, utilizando apenas um continue. Easier said than done. No entanto acho que foi uma boa jogada por parte da Namco incluir este minijogo, nem que seja para passar tempo, que também está presente noutros jogos da série e não só.
A jogabilidade em si tem logo algo de diferente em relação aos outros jogos de luta até então. Ao invés de existirem botões que diferenciam a intensidade dos golpes (pontapé forte/fraco por exemplo), os botões faciais aqui diferenciam qual o membro que usamos para lutar. Existe um botão para pontapé esquerdo, outro para direito e o mesmo para os socos. Agora o que é que isso contribui para uma boa mecânica de jogo? Não faço ideia, estes jogos para mim são jogados de uma forma meramente casual. Dito por outras palavras, sim, sou um button-masher. A jogabilidade parece-me sólida quanto baste, e não sendo algo horrível como o Shaq-Fu, por mim está tudo bem. De qualquer das formas para além da vertente arcade o jogo inclui também um modo versus para que 2 jogadores possam lutar entre si, algo habitual neste género de jogos. Sendo ainda um jogo de primeira geração da PS1 é natural que não tenha muito mais conteúdo extra que a versão arcade. Para além dos lutadores extra e do minijogo do Galaga, apenas podemos customizar um pouco os handicaps dos lutadores e pouco mais no menu das opções.

Ainda assim, se compararmos com a conversão do primeiro Virtua Fighter para a Sega Saturn, este Tekken tem uma apresentação gráfica bastante superior. Sim, a conversão do primeiro Virtua Fighter deixou muito a desejar, mas é preciso considerar que mesmo o jogo original nas arcades saiu um ano antes de Tekken, num sistema mais obsoleto. Tekken já introduziu texturas nos seus lutadores e os próprios têm um maior número de polígonos, não sendo tão quadrados como Akira e companhia. Apesar de tudo, continuo a ter um carinho bem maior pelo Virtua Fighter, mas também sou algo suspeito. Mas pelo menos a nível de conteúdo, há que dar a mão à palmatória, este Tekken está bem mais servido. Seja pelo maior número de lutadores, ou mesmo pelos lutadores principais terem todos direito a uma pequena cutscene final quando derrotamos Heihachi. E neste caso Tekken parece-me ser uma série que leva bem mais a sério a sua história que decorre em background que muitas outras séries.
Mas se falarmos na questão das músicas, então Virtua Fighter para mim dá 15-0. A Sega desses tempos tinha óptimas bandas sonoras muito à minha medida, cheias de rockalhadas ou outras músicas excelentes e as músicas de Tekken não me agradaram. Aqui são na sua maioria faixas electrónicas, com sintetizadores manhosos, algumas com orquestrações ou que misturam melodias mais tradicionais de acordo com o local onde a luta está a decorrer. No entanto, achei-as muito desinspiradas e “sem sal”.

No fim de contas, apesar de não gostar assim tanto do carisma dos lutadores, é inegável que Tekken é uma das maiores franchises do género. Eu continuo a preferir Virtua Fighter, mas esta conversão para a PS1 é bem mais fiel à arcade que o primeiro Virtua Fighter alguma vez o foi, e ainda tem o bónus de trazer alguns pequenos extras. No entanto ao ver a evolução que a série foi tomando ao longo dos anos, é óbvio que este ainda é um jogo um pouco cru. A outra possibilidade de se jogar este Tekken (pelo menos na sua versão Arcade) está no Tekken 5 da PS2, que o traz como conteúdo bónus, bem como os Tekken 2 e 3 também.




















