Tekken (Sony Playstation)

TekkenA Playstation foi a consola de eleição da Namco na segunda metade dos anos 90. Já há bastante tempo que a Namco estava com más relações com a Nintendo devido às suas políticas com as third parties. Desde os tempos da Mega Drive que evitaram lançar jogos para as consolas Nintendo e aproveitaram então a consola da Sony para encontrar de vez um novo parceiro estratégico. E com o enorme catálogo de títulos arcade que a Namco sempre teve, acabou por fornecer à consola da Sony alternativas muito fortes aos jogos arcade que a Sega lançava para a sua Saturn. Tekken é um deles, sendo a par de Virtua Fighter uma das franchises mais antigas e de sucesso deste género de jogos. Este jogo chegou-me às mãos há umas semanas atrás, tendo sido comprado a um particular, ficou-me a 3€ mais portes e está em estado razoável, excepto a caixa que tem os estalões habituais. É a versão Platinum, mas já devo ter dito algures que jogos Platinum na PS1 não me fazem comichão.

Tekken Platinum - Sony Playstation
Jogo com caixa e manual, versão platinum

A história é o cliché habitual, de existir um misterioso torneio de artes marciais com um mau da fita qualquer (neste caso Heihachi Mishima) por detrás do mesmo, e vários lutadores de todo o mundo se juntam para distribuir umas murraças e pontapés. Inicialmente dispomos apenas de 8 lutadores para escolher, se bem que podemos desbloquear outros 8 e ainda mais 2 lutadores especiais. Isto porque durante o modo arcada, eventualmente defrontamos um “mid boss“, que é diferente para cada lutador. Essencialmente são rivais das personagens principais, mas que lhes herdam os mesmos golpes e movimentos. Para podermos jogar com estas 8 personagens extra apenas temos de as derrotar no modo arcade. Uma das outras personagens que podemos desbloquear é o próprio Heihachi, sendo que para isso temos de o derrotar a ele e todos os lutadores antes dele sem ter utilizado nenhum dos continues.

screenshot
De todas as personagens do jogo, sempre achei piada ao Yoshimitsu

O outro lutador secreto é o Devil Kazuya, sendo que para o desbloquear temos de primeiro vencer um mini-jogo. Não é apenas em Tekken que a Namco colocou esta interessante maneira de passar o tempo enquanto o jogo faz loading, e aqui a Namco dá-nos a hipótese de jogar alguns níveis do clássico shooter das arcades, o Galaga. Para desbloquear Devil Kazuya temos de vencer os 8 níveis de Galaga, utilizando apenas um continue. Easier said than done. No entanto acho que foi uma boa jogada por parte da Namco incluir este minijogo, nem que seja para passar tempo, que também está presente noutros jogos da série e não só.

A jogabilidade em si tem logo algo de diferente em relação aos outros jogos de luta até então. Ao invés de existirem botões que diferenciam a intensidade dos golpes (pontapé forte/fraco por exemplo), os botões faciais aqui diferenciam qual o membro que usamos para lutar. Existe um botão para pontapé esquerdo, outro para direito e o mesmo para os socos. Agora o que é que isso contribui para uma boa mecânica de jogo? Não faço ideia, estes jogos para mim são jogados de uma forma meramente casual. Dito por outras palavras, sim, sou um button-masher. A jogabilidade parece-me sólida quanto baste, e não sendo algo horrível como o Shaq-Fu, por mim está tudo bem. De qualquer das formas para além da vertente arcade o jogo inclui também um modo versus para que 2 jogadores possam lutar entre si, algo habitual neste género de jogos. Sendo ainda um jogo de primeira geração da PS1 é natural que não tenha muito mais conteúdo extra que a versão arcade. Para além dos lutadores extra e do minijogo do Galaga, apenas podemos customizar um pouco os handicaps dos lutadores e pouco mais no menu das opções.

screenshot
Quando ligamos a consola somos presenteados com alguns níveis do Galaga para jogar se quisermos, enquanto o jogo faz loading.

Ainda assim, se compararmos com a conversão do primeiro Virtua Fighter para a Sega Saturn, este Tekken tem uma apresentação gráfica bastante superior. Sim, a conversão do primeiro Virtua Fighter deixou muito a desejar, mas é preciso considerar que mesmo o jogo original nas arcades saiu um ano antes de Tekken, num sistema mais obsoleto. Tekken já introduziu texturas nos seus lutadores e os próprios têm um maior número de polígonos, não sendo tão quadrados como Akira e companhia. Apesar de tudo, continuo a ter um carinho bem maior pelo Virtua Fighter, mas também sou algo suspeito. Mas pelo menos a nível de conteúdo, há que dar a mão à palmatória, este Tekken está bem mais servido. Seja pelo maior número de lutadores, ou mesmo pelos lutadores principais terem todos direito a uma pequena cutscene final quando derrotamos Heihachi. E neste caso Tekken parece-me ser uma série que leva bem mais a sério a sua história que decorre em background que muitas outras séries.

Mas se falarmos na questão das músicas, então Virtua Fighter para mim dá 15-0. A Sega desses tempos tinha óptimas bandas sonoras muito à minha medida, cheias de rockalhadas ou outras músicas excelentes e as músicas de Tekken não me agradaram. Aqui são na sua maioria faixas electrónicas, com sintetizadores manhosos, algumas com orquestrações ou que misturam melodias mais tradicionais de acordo com o local onde a luta está a decorrer. No entanto, achei-as muito desinspiradas e “sem sal”.

screenshot
O ecrã título e as suas fantásticas opções

No fim de contas, apesar de não gostar assim tanto do carisma dos lutadores, é inegável que Tekken é uma das maiores franchises do género. Eu continuo a preferir Virtua Fighter, mas esta conversão para a PS1 é bem mais fiel à arcade que o primeiro Virtua Fighter alguma vez o foi, e ainda tem o bónus de trazer alguns pequenos extras. No entanto ao ver a evolução que a série foi tomando ao longo dos anos, é óbvio que este ainda é um jogo um pouco cru. A outra possibilidade de se jogar este Tekken (pelo menos na sua versão Arcade) está no Tekken 5 da PS2, que o traz como conteúdo bónus, bem como os Tekken 2 e 3 também.

Soul Blade (Sony Playstation)

Soul BladeSoul Blade (ou Soul Edge em solo nipónico) é o percussor de Soul Calibur, uma das séries de maior sucesso da Namco, e do género de jogos de luta 3D no geral. Ao contrário de Tekken, da mesma empresa, Soul Blade era um jogo com um maior foco no combate armado com armas brancas. Espadas, lanças, tudo o que tiver lâminas no geral, e às vezes não só. A minha cópia foi adquirida há uns meses atrás na feira da Ladra, estando completa e num estado razoável. Custou-me uns 4€ se a memória não me falha.

screenshot
Jogo completo com caixa e manual

Todos os jogos desta série contam a história da Soul Edge, uma espada capaz de tomar várias formas e com poderes místicos, porém é também uma espada amaldiçoada. Este jogo, decorrendo então algures no século XVI, coloca lutadores de todo o lado do mundo a lutarem entre si de forma a encontrar a dita espada, seja com que finalidade. Neste primeiro jogo, é Cervantes, o pirata pai de Ivy que viria a surgir no primeiro Soul Calibur, o vilão da história, estando possuído pela Soul Edge, na forma das suas icónicas espadas duplas.

screenshot
No final do modo Arcade existe uma cutscene 3D com o final da história para cada lutador.

Este lançamento apresenta diversos novos modos de jogo para além do tradicional modo arcade. Mesmo este modo apresenta algumas novidades face ao original. No final  de cada playthrough de cada lutador temos o direito de assistir a algumas cutscenes que contam o final da história de cada lutador, umas sérias, outras com um sentido de humor muito japonês. Dos restantes modos de jogo temos uma opção de “Practice” que tal como o nome indica serve para podermos treinar os golpes à vontade. VS dispensa qualquer comentário, Time Attack também deveria dispensar. O modo Team Battle permite criar equipas de até 5 lutadores, embora sem a mecânica do tag, ou seja, os lutadores apenas mudam quando o anterior perde o combate, e o adversário mantém +/- a mesma energia que possuia no round anterior. O Survival também é outro modo de jogo que dispensa apresentações e temos por fim o Edge Master, um modo de jogo herdando características de RPG que está presente logo no primeiro jogo da série. Neste modo de jogo guiamos a nossa personagem ao longo de um mapa, onde a história se vai desenvolvendo e teremos de travar diversas batalhas, até descobrirmos finalmente a Soul Edge. Essas batalhas por muitas vezes têm condições próprias para serem vencidas, como derrotar o inimigo num certo intervalo de tempo, através de ring-outs, ou mesmo utilizando apenas ataques específicos. É um modo de jogo que por vezes é desafiante e, não sei se é o primeiro jogo de luta 3D que implementou algo do género, mas é uma excelente alternativa aos modos de jogo normais, dando-lhe um replay value muito grande. Isto porque é possível desbloquear uma série de novas armas para cada lutador, cada uma com as suas diferentes características e depois utilizá-las nos outros modos de jogo também.

screenshot
Master Edge é um modo de jogo com uma história mais extensiva, melhores desafios e naturalmente com boas recompensas.

A jogabilidade deste jogo, apesar de não ser o primeiro com o conceito de utilizar armas brancas no combate (Samurai Showdown nos 2D e Battle Arena Toshinden nos 3D mandaram um abraço), mas é o que para mim apresenta a jogabilidade mais fluída. As mecânicas são simples, com um botão para guardar, um outro para pontapés, e os restantes 2 botões faciais do comando da Playstation servem para executar ataques verticais ou horizontais. Sendo um jogo de luta em 3D, isto faz diferença, pois é possível deslocarmo-nos para a frente do ecrã ou para o fundo, servindo de esquiva aos golpes verticais. Obviamente que cada lutador (que com as suas diferentes armas herdam estilos de luta também diferentes) possui um vasto leque de golpes para serem aprendidos, alguns mesmo não bloqueáveis. Este é daqueles jogos que a fantástica técnica do button mashing, carregar nos botões à sorte e esperar que saia algo fenomenal até poderá resultar nos modos de dificuldade mais “brandos”, mas nos desafios mais apertados do Edge Master, convém levar os controlos de uma forma mais cuidada.

screenshot
Há que dar o devido valor à Namco por ter criado uma… coisa… como o Voldo

Graficamente eu acho que é um jogo muito bom para a PS1. Os lutadores apresentam todos um bom nível de detalhe, ap0esar de para mim o Tekken 3 ainda ser o melhor jogo do género, pelo menos visualmente. As arenas são relativamente simples, embora ainda apresentem um ou outro efeito gráfico interessante, como a erva na arena de Wolf (hoje é uma coisa feia, mas na altura parecia muito bem feito), ou a “jangada” que balança ao sabor das ondas no stage de Cervantes, são alguns exemplos. Os efeitos visuais enquanto as armas cortam o ar, deixando um rasto luminoso sempre foi um eye candy que chamou à atenção. Um detalhe interessante está também no audio. Os lutadores asiáticos falam todos japonês (pelo menos parece-me que sim), com as suas falas a serem legendadas para inglês nas cutscenes de fim de jogo. Já os lutadores ocidentais falam todos inglês. É um detalhe interessante, mas penso que seria ainda melhor se fossem mais específicos, não deixando de lado linguagens como o mandarim, coreano, espanhol ou alemão, por exemplo. Ainda com as vozes, a minha queixa vai mesmo para o narrador das batalhas, mais uma vez um detalhe interessante na altura, mas ao fim de vários combates já vamos achar muito aborrecido estar constantemente a ouvir as mesmas coisas. Por outro lado, as músicas são excelentes (o tema de Cervantes é muito bom), utilizando várias orquestrações ou mesmo melodias mais “tradicionais”, sendo perfeitamente adequadas às diversas regiões onde as lutas estão a ser travadas.

screenshot
Hwang originalmente era um substituto de Mitsurugi na versão Arcade coreana. Devido aos antigos conflitos entre japoneses e coreanos, coisas como Samurais não são bem vistas naquele país.

Em suma, acho Soul Blade um dos melhores jogos de luta da consola de estreia da Sony. Apesar de ter sido com Soul Calibur que a série realmente ganhou asas, Soul Blade não deixa de ser uma excelente adição ao género de luta em 3D, já bastante popularizado por outros jogos como Virtua Fighter ou Tekken. Infelizmente a série foi evoluindo nem sempre da melhor forma, com as coisas a descambarem um pouco mais a partir do quarto jogo, mas isso será tema a abordar futuramente.

Fear Effect (Sony Playstation)

Fear EffectVoltando agora para a primeira consola doméstica da Sony, para um jogo que, apesar de já ter saído num ciclo já avançado do tempo de vida da plataforma, é na minha opinião um jogo bastante original com diversos novos conceitos de jogabilidade, embora não executados da melhor forma. E os visuais próximos de um cell shading adequam-se perfeitamente às capacidades gráficas da Playstation, conforme irei referir com mais detalhe mais à frente. A minha cópia foi comprada a um particular algures no Verão deste ano, estando em bom estado, porém com o manual em falta. Mas como me custou algo na ordem dos 5€, não me queixo.

Fear Effect - Sony Playstation
Jogo com caixa e os seus 4 discos

Uma das coisas que mais me interessou em Fear Effect, na altura em que saiu, sendo eu um adolescente cheio de borbulhas, era a sua narrativa madura que ainda era algo incomum nos videojogos de então. Fear Effect coloca-nos então no controlo de uma pequena equipa de 3 mercenários, com Hana Tsu-Vachel no papel principal. O jogo decorre então no futuro, em várias regiões da China, onde uma filha de um poderoso homem de negócios desaparece misteriosamente, havendo uma enorme recompensa pela sua procura. Hana, Glas e Deke vão assim infiltrando-se nos meandros de tríades, bordéis e aldeias orientais, até que a história chega a um ponto em que começa a abordar o sobrenatural, com vários zombies e demónios da mitologia chinesa à mistura.

screeenshot
Alguns puzzles só lá vai por tentativa erro, outros com algumas dicas manhosas

A jogabilidade de Fear Effect tem então algumas peculiaridades interessantes, misturando jogabilidade stealth de Metal Gear Solid, com Resident Evil e os seus cenários e câmara fixa. Mas não é a única semelhança com Resident Evil, pois Fear Effect também herda os seus infames “tank controls“. Mas é o sistema de saúde que achei mais interessante, Fear Effect não tem esse nome por acaso, a saúde dos nossos protagonistas mede-se pelo medo. E as personagens amedrontam-se quando se vêm encurraladas por criaturas estranhas, ou são atingidas. É possível recuperar alguma desse medo ao lutar contra inimigos sem ser atingido, entrar em salas/corredores que não tenham ninguém, ou em alguns momentos específicos, como iniciar ou finalizar uma luta com um boss, ou avançar um momento chave no jogo, geralmente quando se troca de personagem é o que acontece. As componentes stealth são utilizadas para apanhar os inimigos desprevenidos e matá-los com um golpe apenas. Isto dá algum jeito no início, onde os inimigos ainda são algo descuidados, depois existem alguns momentos em que o melhor a fazer é mesmo fugir, com imensos inimigos no ecrã e uma barra de “medo” a crescer vertiginosamente.

screenshot
Pois, lá tinha de ter uma shower scene…

O sistema de combate infelizmente também não é muito intuitivo, pois não se consegue apontar correctamente para os inimigos. Felizmente existe uma espécie de auto-aim, até porque é possível disparar para 2 inimigos ao mesmo tempo, se tivermos 2 armas equipadas. De resto o jogo conta com imensos puzzles também à lá Resident Evil, onde a sua resolução muitas vezes é algo confusa e também perigosa, quase que forçando o jogador a salvar o jogo o mais regularmente possível. Para se fazer save também apenas pode ser feito em certos locais, locais esses onde o telemóvel das personagens toca. Nessas alturas podemos então ir ao inventário e seleccionar o telemóvel para gravar o progresso do jogo. Mas tirando estes inconvenientes, gostei bastante da maneira em que a história do jogo vai progredindo, e como as diferentes personagens vão sendo alternadas de forma automática pelo jogo.

screenshot
No bordel, equipar Hana com esta indumentária, deixa-a passar despercebida por entre os guardas

Em relação à componente audiovisual, não é por acaso que o jogo está dividido em quatro discos. Os cenários e câmara são fixos sim, mas ao contrário de Resident Evil e outros jogos onde são pré-renderizados, aqui são pequenos segmentos de full motion video a correrem em loop, com as personagens, items, inimigos e outros objectos por cima. Mas o jogo está igualmente repleto de cutscenes que por sinal usam também os mesmos recursos gráficos do jogo. As personagens e inimigos têm um visual muito próximo das animações orientais, e estão renderizados com uma tecnologia muito semelhante ao Cel-shading, que foi posteriormente popularizado em jogos como Jet Set Radio ou o Wind Waker. E devo dizer que resulta maravilhosamente tendo em conta o hardware ainda algo primitivo que as consolas 32bit possuiam para renderizar modelos tridimensionais. Isso, em conjunto com a tecnologia “MotionFX” utilizada nas animações, tornam Fear Effect um jogo muito bonito na Playstation, embora também a custo de loadings constantes. Mas tal como o velhinho Dragon’s Lair (aqui também há várias maneiras de morrer), estes visuais são uma máscara para algumas más decisões de jogabilidade. Por outro lado, mais um ponto positivo: o voice acting também está muito convincente. É daqueles jogos que se unissem todas as cutscenes dava um bom anime.

Infelizmente ainda não cheguei a jogar o Fear Effect 2: Retro Helix, o segundo (e último) jogo que na verdade é uma prequela a este. Pelo que li por aí, melhoraram vários aspectos menos bons deste jogo, mas é algo que tirarei a prova dos nove assim que esse jogo chegar à minha colecção. Não deixo de pensar que se não fosse pelos belos visuais, a história mais matura e as referências sexuais, provavelmente Fear Effect seria um jogo que teria caído no esquecimento.

Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back (Sony Playstation)

Crash Bandicoot 2Voltando à primeira consola da Sony, para mais um clássico da Naughty Dog e o seu – na altura – Crash Bandicoot, a esquecida personagem que nos seus tempos áureos servia de mascote à consola da Sony. Tal como o primeiro, este é um jogo de plataformas em 3D, embora mais uma vez não exista uma liberdade tão grande como no Super Mario 64, por exemplo. A minha cópia chegou-me às mãos por intermédio de um particular neste ano, já não me recordo quanto me custou, mas não terá sido muito mais de 5€. Apesar de ser a versão Platinum (sou tolerante com jogos Platinum na PS1, até lhe acho uma certa piada), está completa e em bom estado.

Crash Bandicoot 2 - PS1
Jogo completo com caixa e manual

E como o subtítulo do jogo assim o diz (Cortex Strikes Back), este Crash Bandicoot 2 coloca o herói novamente como alvo de um plano maléfico do cientista Neo Cortex. Só que desta vez ele faz-se de bonzinho e tenta convencer o Crash a procurar para ele uma série de cristais espalhados pelas ilhas da terra natal do herói, com a desculpa de salvar o mundo de uma catástrofe que vem daí. Na verdade, Neo Cortex precisa dos cristais para construir uma enorme arma, equipada na sua estação espacial. Por outro lado, Crash é também abordado pelo cientista Nitrus Brio, antigo aliado de Cortex e que por sua vez tenta convencer Crash a coleccionar não os cristais, mas umas outras “gems” de forma a vingar-se de Neo Cortex. Assim sendo, apenas se completa o jogo a 100% quando se coleccionam todos os cristais e todas as gems, obtendo então 2 finais distintos. Ora para conseguir isso, teremos de jogar a maior parte dos níveis mais que uma vez, pois apesar dos cristais serem relativamente fáceis de se obter, as gems por si só exigem que façamos uma “perfect run” em cada nível (destruindo todas as caixas existentes no nível) ou encontrar alguns caminhos alternativos mais complicados.

screenshot
A “história” vai sendo contada através destas cutscenes, à medida em que vamos arrecadando os cristais ou gems

Ao contrário do primeiro jogo que apresentava um “world map” ao estilo de alguns jogos de plataforma como Super Mario World ou Donkey Kong Country, onde poderíamos movimentar Crash ao longo das ilhas e escolher os níveis, aqui foi implementado um sistema de hub. Ou seja, uma sala central onde podemos aceder aos vários níveis através de portais. Existem também alguns bosses ocasionais, mais uma vez com personagens completamente dementes, como é habitual na série. De resto, as mecânicas de jogo mantêm-se semelhantes ao jogo anterior, com Crash a ganhar alguns movimentos novos, como mover-se debaixo de terra em alguns terrenos em específico, destruir pilhas de caixas inteiras com um só salto, ou mesmo alguns segmentos em que Crash pode equipar um Jetpack e voar ao longo de um corredor. E corredor é a palavra certa para definir os elementos de platforming que este jogo tem, tal como a sua prequela. Conforme mencionei acima, ao contrário de jogos como Super Mario 64, onde temos uma liberdade de movimentos e câmara total num mundo 3D, os níveis de Crash Bandicoot 2 são baseados em corredores, com uma câmara num ângulo fixo. Embora Crash se possa movimentar em 3 dimensões, o fluxo do jogo segue ou corredores horizontais como se um jogo de plataforma 2D se tratasse, ou em corredores frontais, dando um maior efeito ao 3D dessa forma. No entanto isto não quer dizer que Crash Bandicoot não seja um bom jogo de plataformas, muito pelo contrário. Existem algumas partes um pouco mais desafiantes que no jogo anterior, mas ainda assim é muito fácil ganhar bastantes vidas ao coleccionar fruta ao longo do jogo, o que acaba por atenuar um pouco a dificuldade a longo prazo. As partes mais chatinhas na minha opinião acontecem devido à inabilidade de se alterar a câmara, resultanto em alguns saltos em plataformas rotativas que são sempre difíceis de se calcular. Os controlos melhoraram em relação ao primeiro jogo, principalemente pela adição dos controlos analógicos. Na minha opinião, o aspecto menos bem conseguido nos controlos é mesmo a jogabilidade nos níveis em que Crash usa um jetpack para navegar numa estação espacial, que ficaram um pouco confusos.

screenshot
Andar debaixo de terra é uma das novas habilidades de Crash, útil para esquivar de alguns inimigos/obstáculos

Visualmente é um jogo bastante cartoony, mas que se adequa muito bem às capacidades gráficas da 32-bit da Sony, com texturas bastante coloridas, personagens e expressões faciais bem definidas. Os níveis são mais uma vez variados, desde os típicos cenários passados na selva, ruínas e afins, passando por outros mais industriais ou mesmo em pleno espaço. O voice acting apesar de não ser assim tão comum, acaba por ser bem feito, conseguindo capturar aquele sentido de humor ligeiro/infantil característico de cartoons, onde na minha opinião o Crash Bandicoot se insere. As músicas essas são bastante memoráveis e diversas, adequando-se bem aos cenários envolventes de cada nível.

screenshot
Os níveis em que utilizamos um jetpack têm uma jogabilidade um pouco mais manhosa

Posto isto, Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back é uma óptima sequela, melhorando em todos os aspectos do jogo original, desde a jogabilidade aos próprios gráficos que naturalmente vão sendo melhores a cada lançamento da Naughty Dog. Para quem goste de jogos de plataforma, este faz parte de uma trilogia que é essencial na biblioteca da máquina de 32-bit da Sony, sendo assim um jogo que recomendo.

Tomb Raider III (Sony Playstation)

Tomb Raider IIIO tempo para jogar tem sido bastante reduzido, assim como o tempo para escrever. Assim sendo, vou tentar focar-me em alguns artigos sobre jogos que já tenha terminado há algum tempo atrás, e deixar os restantes à medida em que for terminando o que vou jogando. O jogo que mostro hoje é o terceiro capítulo da saga Tomb Raider de Lara Croft, cujos dispensam quaisquer apresentações. A minha cópia do jogo foi comprada na saudosa loja TVGames, digo saudosa porque desde que me mudei para Lisboa que já não passo por lá. Penso que me custou algo entre 4-5€, estando o jogo completo e em bom estado.

Tomb Raider III - Sony Playstation
Jogo completo com caixa e manual

O jogo coloca Lara Croft mais uma vez à procura de artefactos valiosos, onde inicialmente somos largados em plena selva indiana, nas imediações de um templo perdido da antiga tribo Infada. A certa altura Lara cruza-se com um outro explorador, que encontra o artefacto em primeiro lugar transformando-se em seguida numa criatura sobrenatural, atacando Lara que acaba por o matar. Após este acontecimento, Lara é abordada pelo dono da empresa RX-Tech, que lhe explica a origem deste artefacto, dizendo que foi criado em conjunto com outros 3 artefactos através de um meteorito que caiu em plena Antárctida, tendo sido descoberto por tribos polinésias há muitos anos atrás. No século XIX, em viagens de Charles Darwin, descobriram os restos dessa civilização que tinha desaparecido misteriosamente, em conjunto com os 4 artefactos que, vá-se lá saber porquê, decidiram distribuí-los pelos 4 cantos do mundo. Lara decide partir à descoberta dos outros 3 artefactos e pela primeira vez o jogador pode decidir quais os locais que quer explorar em primeiro lugar.

screenshot
Watch for snake. SNAAAKE!

Assim sendo, poderemos visitar uma ilha remota no oceano pacífico, onde mais uma vez encontramos alguns bicihinhos que julgávamos extintos, Nevada e a sua Area 51, com extraterrestres a darem o ar de sua graça, Londres onde enfrentamos mais uma mega corporação com algum plano maquiavélico e, por fim, Antárctica onde tudo começou. A variedade de cenários é mais uma vez grande, assim como existem algumas evoluções na jogabilidade e nas interacções que podemos desempenhar. O esquema de controlo mantém-se fiel aos anteriores com os seus tank controls, contudo para além de já ser possível utilizar o analógico para movimentar Lara, foram-lhe adicionadas algumas novas habilidades ao seu já extenso reportório. Agora é possível fazer um sprint temporário, bem como gatinhar para aceder a locais de mais difícil acesso. O esquema de save na versão consola mudou um pouco, misturando os esquemas dos Tomb Raider anteriores. É possível fazer save a qualquer altura no jogo, mediante que tenhamos algum crystal save no inventário, que podem ser encontrados ao explorar os níveis. Para além disso, continuamos a ter imensos puzzles para resolver, os tradicionais que requerem arrastar blocos cúbicos de um lado para o outro, ou ligar interruptores/mexer alavancas que abram portas na outra ponta do nível. Cada zona tem as suas peculiaridades, nalguns locais existem cobras que se nos mordem ficamos envenenados e vamos perdendo vida enquanto não nos curarmos com um medkit, na zona do Nevada, Lara é feita prisioneira e tem de escapar da prisão sem qualquer arma – solução: libertar os outros prisioneiros para que estes ataquem os guardas ou ir percorrendo os níveis de forma mais stealth. Outras peculiaridades são os rios infestados de piranhas invencíveis, segmentos de areia movediça ou pântanos, descer rápidos com um kayak, entre outros, como conduzir uma poderosa moto4. Nos níveis da Antárctida, quando Lara mergulha nas águas geladas, para além de termos de estar atentos à tradicional barra de oxigénio,

screenshot
Neste jogo a maior parte das cutscenes deixaram de ser num CG manhoso para serem apresentadas com o próprio motor gráfico do jogo

Não deixa de ser curioso que este jogo tem algumas influências de survival horror, na altura bastante popularizado por Resident Evil. Isto acontece principalmente quando nos deparamos com os humanos mutantes que em algumas zonas ainda pregam alguns sustinhos, bem como as munições pareceram-me um pouco mais escassas que nos jogos anteriores. Também de regresso está o nível tutorial que é passado na mansão Croft, onde mais uma vez podemos praticar todos os movimentos de Lara, ao atravessar algumas pistas de obstáculos, nadar nas suas piscinas/aquários e inclusive conduzir veículos. Mais uma vez o pobre mordomo vai seguindo Lara pela casa (o que ele quer sei eu…) e desta vez existem vários locais secretos para descobrir, um deles um pequeno museu onde Lara guarda expostos os artefactos principais das 2 aventuras anteriores. Ainda assim, mesmo com todas estas pequenas inovações, Tomb Raider mantém-se fiel às suas raízes, requerindo muita exploração por parte do jogador, bem como alguma perícia para executar alguns saltos impossíveis.

screenshot
Uma parte dos níveis na Area 51 têm de ser passados sem qualquer arma

Graficamente o jogo viu algumas melhorias, os cenários na sua base ainda são muito quadrados, mas notam-se melhorias consideráveis nos efeitos de luz e de água, que estão definitivamente muito melhores que nos jogos anteriores. Lara Croft está melhor representada, onde a podemos ver com diversos outfits, mediante a localização em que se encontra. Ainda a nível gráfico, também podemos constatar que Tomb Raider III apresenta umas texturas com maior definição e qualidade, face aos jogos anteriores. Os items que podemos descobrir deixaram de ser sprites em 2D, passando a ser objectos poligonais. Infelizmente deixou de surgir no canto inferior direito do ecrã a indicação de qual foi o item que acabamos de coleccionar, o que em locais mais escuros acabou por me deixar um pouco na dúvida do que tinha encontrado. Noutra questão o controlo da câmara também melhorou, tornando também o clipping é menos abundante. No que diz respeito à vertente audio, a banda sonora mantém-se minimalista, tocando alguns excertos apenas em pontos chave do jogo, quando avançamos para um ponto crucial num nível, ou em situações de combate mais apertadas, por exemplo. Ainda assim muitos dos assets sonoros dos anteriores Tomb Raider foram utilizados, mantendo aquele clima familiar para quem já tinha jogado as prequelas. O voice acting não é nada de especial, mas era o que havia na altura.

Resumindo, Tomb Raider III é mais um jogo competente para a então popular série, que na altura já se estava a tornar num hábito, receber um novo jogo a cada ano. Apesar de a fórmula ser essencialmente a mesma, introduziram diversas novas variações na jogabilidade, mantendo o jogo algo desafiante para se concluir devido também aos seus enormes e complexos níveis.