Depois de ter jogado o Vengeful Guardian: Moonrider fiquei com curiosidade em explorar o restante espólio do pequeno estúdio brasileiro Joymasher. Entretanto reparei que já tinha o Oniken (o seu primeiro jogo) na minha conta Steam, apesar de não fazer a mínima ideia de como lá foi parar. Provavelmente terá sido uma oferta perdida no tempo ou veio incluído em algum indie bundle baratíssimo. Seja como for, finalmente pude dedicar-lhe a merecida atenção.
A história transporta-nos para um futuro pós-apocalíptico, onde sucessivas guerras deixaram o mundo em ruínas e os poucos sobreviventes vivem sob a ameaça dos Oniken, um grupo militarizado composto por um exército de cyborgs que oprime sem piedade os humanos restantes. No meio deste cenário encarnamos Zaku, um guerreiro de origens misteriosas que se junta a uma célula de resistência determinada a travar esta nova força opressora. É uma narrativa simples, mas eficaz para recriar aquele feeling de série B tecnológica tão comum nos clássicos dos anos 80.
No que toca à jogabilidade, Oniken assume-se sem pudores como uma carta de amor a Ninja Gaiden, Shinobi, Strider e a praticamente todos os 2D sidescrollers de acção que dominaram a segunda metade dos anos 80. O controlo é elementar e imediato: um botão para saltar, outro para atacar com a espada. Ao longo dos níveis podemos recolher granadas, atiradas ao pressionar para cima mais o ataque, assim como vários power ups, incluindo espadas mais fortes que aumentam o alcance dos golpes (embora se percam mal soframos dano), medkits que restauram parcialmente a vida e raras vidas extra.
Apesar de existir uma barra de vida, isso não significa que o jogo seja benevolente, muito pelo contrário. À boa maneira dos Ninja Gaiden clássicos, sempre que sofremos dano somos projectados ligeiramente para trás, o que se torna particularmente perigoso em secções com abismos, plataformas estreitas e inimigos estrategicamente colocados para nos fazerem cair no pior momento possível. Os checkpoints também não são muito generosos: cada nível está dividido em vários estágios que assinalam cada checkpoint, e morrer no boss obriga sempre a repetir o estágio inteiro, nunca apenas o encontro final. Felizmente, uma vez desbloqueado um nível podemos retomá-lo quando quisermos, o que torna a progressão mais tolerável, ainda que sempre exigente. Após concluirmos os seis níveis principais, desbloqueamos um sétimo nível bónus onde controlamos uma personagem diferente armada com uma metralhadora, transformando o jogo temporariamente num run ’n gun. Como extra, surge também um modo boss rush.
Visualmente, Oniken é curioso por combinar estética e sonoridade de sistemas 8-bit (lembrando de imediato a NES) com cutscenes bastante detalhadas, num estilo anime que remete directamente para as vinhetas dos Ninja Gaiden originais. A influência de Fist of the North Star no design da personagem principal é impossível de ignorar, e o cenário pós-guerra reforça essa aura de decadência tecnológica. A banda sonora, assumidamente próxima do chiptune da NES, acompanha muito bem a acção, com temas enérgicos e melodias simples mas eficazes. Um detalhe que achei particularmente engraçado é a ligeira curvatura das legendas durante as cut-scenes, a imitar a distorção típica de televisões CRT, um toque subtil que demonstra o carinho do estúdio pela estética retro.

Portanto este Oniken é um jogo curto, mas que ainda nos vai dar muito que suar até ver os créditos a correr. É uma bonita homenagem a jogos de acção arcade do final da década de 80 que bastantes sorrisos (e frustrações!) me arrancou.

























