Vamos agora para duas rapidinhas em uma, escrevendo sobre dois jogos muito peculiares da Introversion Software, que por si só só tem lançado jogos incomuns. Darwinia e a sua vertente multiplayer Multiwinia são jogos de estratégia com uma temática muito peculiar, onde somos levados para um mundo informático para ajudar os Darwinians, seres digitais com inteligência artificial que desenvolveram por eles mesmos uma civilização virtual. Ambos os jogos foram comprados numa das Humble Weekly Bundles apenas com jogos da Introversion, tendo ficado muito baratos, como habitual.
Começamos o jogo ao visitar inadvertidamente o estranho mundo dos Darwininans, criaturas digitais com um elevado nível de inteligência artificial criadas pelo Dr. Sepulveda. Pelos vistos ocorreu um incidente e o servidor onde toda esta civilização vivia viu-se invadido por um vírus informático que dizimou toda a sua população. Para além de monstros digitais que invadiram aquele mundo, o vírus também infectou os próprios Darwinians, formando os “evil Darwinians” que também atacavam os pobres coitados. No meio desse caos, o Dr. Sepulveda pede-nos a nossa ajuda para combater esse vírus, ao comandarmos tropas de elite e posteriormente os próprios Darwinians para restabelecer a civilização de Darwinia à normalidade.

Este é o mapa do mundo de Darwinia onde podemos escolher a missão a jogar. Em baixo temos o Dr. Sepulveda a contar algo sobre a história
O jogo diferencia-se dos outros jogos de estratégia na medida em que não temos recursos limitados para “criar” tropas ou armamento, na medida em que os podemos criar e destruir sem nenhuma penalização. A única limitação é dada pela própria capacidade de processamento ou RAM do suposto computador onde estamos, daí apenas poderemos ter um certo número de unidades especiais em campo ao mesmo tempo. Essas unidades especiais resumem-se a pequenos esquadrões armados para combater inimigos, ou engineers que podem reparar edifícios chave ou recolher as “almas” deixadas pelos vírus mortos por nós para as reconverterem em Darwinians. Com o decorrer do jogo vamos encontrando várias peças de “research” que nos vão melhorando a performance das nossas unidades, seja em número como capacidade ofensiva, ou outras armas e equipamento. Quando pudermos controlar os Darwinians, esses também poderão ser comandados para lutar contra os vírus, embora sejam mais frágeis. Os objectivos consistem na sua maioria derrotar os vírus existentes no campo de batalha e restaurar os edifícios construídos pelos Darwinians, como centrais eléctricas, por exemplo.
De resto o jogo traz um poderoso editor de níveis que nos dá muitas liberdades para modificar os níveis existentes ou criar outros. Depois nos audiovisuais os gráficos são certamente o aspecto que chama logo à atenção pela sua peculiaridade. Como vivemos num mundo inteiramente virtual, os gráficos usam um 3D poligonal completamente minimalista, com poucos polígonos, inimigos bastante simples e os Darwinians são pequenas sprites em 2D. Tudo isto é propositado e faz todo o sentido no contexto do jogo. A música passa muitas vezes despercebida, até por só tocar em alguns momentos do jogo. Tanto temos algumas músicas mais ambientais e calminhas, como outras com uma sonoridade bem mais chiptune que me agradam muito mais.
Por fim, falemos do Multiwinia que é uma sequela mais voltada para o multiplayer, embora possamos também jogar sozinhos. Aqui as mecânicas são semelhantes ao jogo original, embora os controlos sejam um pouco mais simplicados e cada jogador poderá gerir o seu “exército” de Darwinians de forma a aniquilar o adversário. Temos então seis modos de jogo que poderão ser jogados ao longo de 50 mapas. O Domination é uma variante do deathmatch que nos recompensa por destruir todos os inimigos. Temos também modos de jogo como o King of the Hill ou o Blitzkrieg, que nos obrigam a controlar uma série de pontos chave no mapa. Uma variante do Capture the Flag – aqui chamada de Capture the Statue, para os fãs de Counter Strike temos o Assault, onde um exército tem por fim plantar uma bomba e o outro terá de infiltrar a fortaleza e desactivá-la a todo o custo e por fim temos o Rocket Riot, onde cada equipa terá de batalhar para controlar alguns painéis solares que alimentam o seu foguetão. A primeira equipa a conseguir lançar o foguetão ganha.
Sendo jogos de estratégia em tempo real, embora tenham as suas peculiaridades, não são jogos que me agradem particularmente, mas é indiscutível que tenham a sua qualidade e originalidade, pelo que quem for fã deste género de jogos e não quiser esperar pelo novo Total War, ou quiser algo mais ligeiro e diferente, estas são óptimas opções.