Tempo de voltar para a Super Nintendo ao trazer cá a sua versão do Zool. Produzido pelos britânicos da Gremlin, esta foi mais uma das muitas mascotes “irreverentes e radicais” de jogos de plataforma que surgiram na primeira metade dos anos 90, muito devido ao sucesso de Sonic the Hedgehog. Com a sua origem nos sistemas Commodore Amiga, o seu lançamento inicial foi um tremendo sucesso, de tal forma que até se tentou que o Zool se tornasse numa mascote oficial do sistema. No entanto não ficou exclusivo muito tempo pois nos anos seguintes versões foram saíndo para múltiplos sistemas, incluindo esta versão da SNES, cujo meu exemplar me custou 40€, tendo sido trazido por um amigo meu de uma loja francesa.
Apesar de eu já cá ter trazido a versão da Mega Drive, irei na mesma detalhar o jogo como se fosse a primeira vez que escrevesse algo deste título. Zool é então um jogo de plataformas em 2D tipicamente europeu dos anos 90, ou seja, níveis algo labirínticos e com imensos itens para coleccionar. No entanto, somos mesmo obrigados a ultrapassar uma certa quota de itens coleccionados em cada nível, caso contrário a saída do mesmo não é activada. Essa quota varia consoante o nível de dificuldade escolhido e a primeira diferença que denoto perante a versão Mega Drive é que esta possui quotas mais exigentes. Enquanto a versão MD nos obriga a coleccionar 25, 50 ou 75% (no caso da dificuldade easy, normal ou hard respectivamente), aqui os limites estão nos 50, 75 ou 99%. Tendo em conta que temos um tempo limite para finalizar o nível, também não poderemos perder demasiado tempo a visitar todos os seus recantos, o que torna esta versão mais desafiante nesse aspecto.

Por outro lado, como Zool é um ninja da dimensão N, o jogo rapidamente se pode tornar também bastante rápido e fluído (não é por acaso que comparações com o Sonic eram feitas), o que poderá também ser um perigo devido a todos os inimigos e obstáculos que teremos pela frente. Para nos ajudar nessa tarefa temos ao dispor toda uma série de habilidades e acrobacias protagonizadas pela personagem, sendo que poderemos escalar paredes, saltar a grandes alturas e atacar os inimigos de múltiplas formas: saltando-lhes em cima, disparar projécteis, ou através do spin attack, extremamente útil quando saltamos a alta velocidade, até porque a versão SNES corre numa resolução ligeiramente menor e temos menos campo de visão para lidar com inimigos que surjam do nada. De resto, para além dos coleccionáveis temos também vários power ups que poderemos apanhar e que nos darão a possibilidade de saltar mais alto, duplicar o poder de fogo, invencibilidade temporária, entre outros. Os controlos são simples, com o d-pad a servir para movimentar a personagem e os botões faciais para saltar ou disparar projécteis. O spin attack está assignado ao botão R que a meu ver até faz bastante sentido.

De um ponto de vista técnico, não tendo eu jogado ainda o original Amiga e o da Mega Drive apenas uma vez, a ideia com que fiquei é que esta também me parece uma versão bem sólida. Os níveis continuam bem coloridos (naturalmente mais coloridos que a versão Mega Drive), bem detalhados e muito diversificados entre si. Temos o tal mundo dos doces que nas versões Amiga, Mega Drive e potencialmente outras tinham inclusivamente o patrocínio da Chupa Chups (ausente nesta versão SNES), um nível musical, outro com temática de plantas, feira popular, entre outros. Muitos desses níveis possuem belíssimos efeitos de parallax scrolling, e algumas semi transparências. Têm também, ocasionalmente, alguns puzzles interessantes que não mencionei na versão Mega Drive. No mundo musical em certo nível encontramos um piano gigante onde podemos saltar nas suas teclas. Ao saltar em posições específicas, tocamos uma melodia que nos dá direito a umas quantas vidas extra! Mais à frente, no sétimo mundo, o tal da feira popular, encontramos uma arcade gigante com um mini jogo do Zool a decorrer. Ao saltar entre os botões da máquina, saltamos ou disparamos no mini-jogo e ao ultrapassar esse pequeno desafio com sucesso também nos recompensa com várias vidas extra. Para além disso, se explorarmos bem os níveis poderemos inclusivamente encontrar itens especias que nos desbloqueiam um nível de bónus, que são uma espécie de shmups ligeiros. De resto, no que diz respeito ao som, nada de especial a apontar aos efeitos sonoros e as músicas são bastante agradáveis. Aliás, aquelas músicas mais rock levam o prémio de serem as mais competentes que eu já ouvi o chip da SNES a executar.

Portanto este Zool é um jogo interessante de plataformas, isto claro, se conseguirem ultrapassar o facto dos seus controlos serem ainda algo escorregadios, inimigos e obstáculos posicionados de forma injusta e inúmeros coleccionáveis que temos de apanhar – mesmo como mandavam todas as leis de jogos de acção/plataforma europeus dos anos 90. Ainda assim esta versão SNES pareceu-me bastante sólida, muito lado a lado com a de Mega Drive.
Adoro esse jogo