Prince of Persia (Sega Game Gear)

Ultimamente o tempo livre tem sido muito reduzido pelo que é tempo para mais uma rapidinha, desta vez à versão Game Gear de Prince of Persia, um clássico de 1989 que teve imenso sucesso comercial (e completamente merecido!), pelo que acabou por receber conversões para inúmeros sistemas ao longo dos anos. A razão pela qual este artigo é uma rapidinha é simples: tirando a menor resolução da Game Gear, é um jogo inteiramente semelhante à versão Master System que já cá trouxe no passado. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu no passado mês de Outubro por 5€.

Jogo com caixa e manual

Ora tal como referi na versão Master System (que por sua vez até precede o lançamento desta por cerca de um mês), este é um jogo de plataformas algo cinemático, principalmente pelas suas animações super realistas para a época, bem como toda a atmosfera de solidão que o jogo nos provoca. Esta versão Game Gear é idêntica à sua irmã da Master System, herdando portanto todo o mesmo sistema de controlos, gráficos e níveis. Por sua vez, achei a versão de Master System bem competente e esta de Game Gear, apesar de portátil e com uma resolução de ecrã mais diminuta, também o é.

Este continua a ser um óptimo exemplo de como contar uma história sem proferir uma frase

A nível visual esperem por gráficos bem detalhados para um sistema de 8bit, com as mesmas animações fluídas das sprites. Ficou aquém no gore, no entanto, algo que eu não tinha referido no artigo da Master System. Continua um jogo onde o perigo continua à espreita em cada esquina, passo ou salto mal dado. Mas aquelas lâminas que nos cortam em dois já não ficarem com um rasto de sangue não tem o mesmo impacto. No som continua a ser um jogo onde a aventura é jogada quase em silêncio, apenas com ligeiros efeitos sonoros e pequenas melodias a soarem sempre que bebamos uma poção ou cheguemos a algum ponto importante na história, como o aparecimento do nosso clone.

Apesar da resolução reduzida, os níveis mantém-se idênticos aos originais

Portanto este jogo continua a ser um clássico intemporal, mesmo sendo um jogo bastante desafiante que nos irá exigir uma boa memória para evitar todas as armadilhas mortais e resolver alguns puzzles, bem como alguns reflexos rápidos durante os seus combates. Já tinha achado a versão Master System bem competente e esta é virtualmente idêntica, pelo que também será uma boa escolha para jogar este clássico.

Bari Bari Densetsu (PC Engine)

Vamos voltar às rapidinhas, agora para um jogo de corridas da PC-Engine produzido pela Taito. Na verdade, Bari Bari Densetsu é também um manga sobre corridas de motos, escrito pelo mesmo criador de Initial D, o que até faz algum sentido. Eu pensava que este seria um jogo mais arcade e potencialmente com um modo história, mas na verdade este é um jogo de corridas de motos competente, mas banal. O meu exemplar foi comprado em bundle a um particular em Agosto, tendo-me custado cerca de 15€.

Jogo com caixa e manual embutido com a capa

Dispomos então de dois modos de jogo distintos. O Travel é uma corrida “amigável” onde poderemos correr em qualquer um dos circuitos aqui disponíveis. O WGP, World Grand Prix, é um modo campeonato onde iremos competir numa série de circuitos pelo mundo e o objectivo será o de chegar ao final no primeiro lugar da tabela. Antes de cada corrida propriamente dita temos uma volta de classificação para fazer e em cada uma dessas fases poderemos também customizar a moto em vários tipos de peças como pneus, transmissão, suspensão, motor ou travões. Um outro indicador a ter em conta é o da previsão metereológica. De resto, nas corridas em si, o jogo é bem competente e joga-se bem.

Graficamente é um jogo bem colorido e competente, tendo em conta as limitações do sistema

A nível audiovisual o jogo possui menus simples porém eficazes e durante as corridas em si, as mesmas são vistas numa perspectiva atrás da moto, tal como no Hang-On. Cada pista tem backgrounds distintos entre si e nas bermas dos circuitos vamos poder vários painéis publicitários, curiosamente de marcas reais como a Shell, Michelin, Coca Cola, Honda, Seat, entre outros. Duvido muito que a Taito tenha obtido licenças de todas estas empresas, pelo que o facto deste ter sido um jogo lançado unicamente no Japão talvez tenha ajudado a passar despercebido. O ponto gráfico mais interessante é sem dúvida o das condições metereológicas que podem mudar com o decorrer da corrida. O céu pode passar de limpo para super escuro, inclusivamente pode vir a chover. Um outro detalhe interessante é que caso chova e depois pare, a pista continuará molhada por algum tempo, conforme se pode ver nos gráficos dos pneus a expelir água. Já no que diz respeito ao som infelizmente não é nada de especial. Músicas apenas no ecrã título, entre menus e no final do campeonato, já durante as corridas vamos apenas ouvir o barulho das motos. E claro, não poderia deixar de referir o Engrish delicioso: as corridas de qualificação chamam-se preminary races, e o menu de customização da moto chama-se reguration.

A opção reguration é onde podemos customizar a nossa moto. Ah, o engrish!

Portanto este é um jogo de corridas bastante sólido na sua jogabilidade (provavelmente um dos melhores dos que já joguei na PC-Engine / TG16), mas confesso que esperava que pudesse ser um pouco diferente, talvez com um modo história, visto que é baseado numa manga.

Flight of the Amazon Queen (PC)

Vamos voltar ao PC e às aventuras gráficas para um jogo que foi tornado freeware em 2004, pelo que o podem jogar sem quaisquer custos, estando inclusivamente livre para download no GOG. Foi aí que inclusivamente o arranjei, após lá ter criado conta há uns anos atrás. Originalmente desenvolvido pela Interactive Binary Illusions em 1995, cujo único outro jogo no seu catálogo é o Alien Carnage, que muito joguei a sua versão shareware em criança, foi um jogo que saiu ainda no velhinho Commodore Amiga, embora nunca tenha jogado essa versão. Curiosamente lembro-me vagamente de o ter jogado em miúdo e não ter conseguido passar dos primeiros puzzles.

O jogo leva-nos a 1949 onde encarnamos no aviador Joe King. A cutscene inicial mostra logo os traços da personalidade de King: gosta de se meter em problemas e de deixar mulheres a suspirar por si. Após essa cutscene, que apesar de interessante não conta para nada para o resto da história, a narrativa começa em pleno. King viaja para o Rio de Janeiro para o seu próximo trabalho: transportar uma actriz de volta para os Estados Unidos. No entanto, quando chega ao hotel, é emboscado pelo seu rival Hans Anderson, também aviador, que planeia lhe roubar a cliente. Trancados no quarto de hotel, esta primeira parte do jogo coloca-nos à procura de uma forma de conseguir fugir do hotel e chegar ao aeroporto antes de Anderson. Em miúdo nunca cheguei a passar esta fase, mas para minha defesa também pouco entendia de inglês quando o joguei! Depois desta fase lá viajamos de volta para os EUA mas uma tempestade faz-nos cair em plena selva amazónica. Para além de tentar arranjar forma de reparar o avião e prosseguir viagem, vamos acabar por tropeçar numa conspiração que decorre em pleno coração do Amazonas e será esse o nosso novo foco.

Foi quando cheguei a esta zona e apanhei um certo item destas prateleiras que me lembrei que já tinha jogado este jogo há muitos anos atrás, quando era ainda uma criança. Felizmente agora consegui ir bem mais longe!

No que diz respeito às mecânicas de jogo, estas são as de uma aventura gráfica point and click clássica, na medida em que teremos de explorar os cenários à exaustão em busca de objectos e outras pistas, dialogar/negociar com diversos NPCs e ocasionalmente resolver também alguns puzzles. A interface, apresentada com um menu repleto de ícones na parte inferior do ecrã apresentam-nos toda uma série de acções que podemos desempenhar: abrir, fechar, observar, falar, apanhar, usar, oferecer… não necessariamente por essa ordem. Naturalmente clicamos num desses ícones para seleccionar a acção que pretendemos e depois o local/objecto/personagem com a qual queremos interagir. É um sistema um pouco cansativo que veio posteriormente a ser substituído por sistemas de acções mais simplificados em jogos de aventura que lhe seguiram. Ao lado destes ícones temos também o sistema de inventário, que mostra 4 itens de cada vez. Visto que iremos coleccionar dezenas de itens ao longo da aventura, navegar por este sistema de inventário também se torna um pouco cansativo.

Apesar de a maior parte do jogo decorrer em plena selva amazónica, ainda assim conseguiram introduzir cenários variados entre si e várias personagens carismáticas

Graficamente o jogo possui uma direcção artística muito à base do pixel art, enquanto que outras aventuras gráficas lançadas no mesmo ano avançaram para visuais mais refinados, alguns realistas, outros bem cartoon. Eu pessoalmente gosto destes visuais mais pixel art e apesar de a maior parte do jogo se passar em plena selva amazónica, ainda há uma boa variedade de cenários, ou não fossemos nós explorar aldeias nativas, templos em ruínas ou bases secretas de super vilões. A acompanhar os bons visuais está também uma narrativa cheia de momentos de bom humor e personagens com carisma, como o comerciante Bob, os missionários Jimmy e Mari Lou ou mesmo alguns dos soldados menos inteligentes do Dr. Ironstein. O gorila tinha tudo para se tornar uma piada recorrente, pena que não tenha aparecido mais vezes. A acompanhar os diálogos temos um voice acting competente, embora tenham também sido humanos a dar as vozes a certos animais, como um cão de guarda e aí as coisas soam bastante estranhas. Confesso que não prestei muita atenção à banda sonora, mas não fiquei desagradado, pelo que não deve ter sido má de todo.

O jogo usa ainda uma arte muito pixel art, tanto nos cenários como nas cutscenes. Sinceramente este estilo visual sempre me agradou

Portanto este Flight of the Amazon Queen até se revelou uma boa surpresa pela sua narrativa com várias pitadas de bom humor, alguns puzzles interessantes, uns visuais em pixel art que para uns poderiam ser obsoletos, mas para mim sempre os preferi dessa forma. O sistema de inventário e haverem tantos ícones para acções distintas dificultaram um pouco a navegação pelo jogo, mas nada que tirasse muito do divertimento. A Interactive Binary Illusions fechou portas pouco tempo depois deste jogo, tendo sido reformados pelos Gee Whiz! Entertainment que também não estiveram na indústria durante muito tempo, tendo desenvolvido apenas 2 jogos entre 1996 e 1999, incluindo o Zombie Wars, sequela do Alien Carnage. Ainda assim, no início deste ano, foi finalmente anunciada uma sequela: Return of the Amazon Queen, produzida por algumas pessoas que trabalharam no original. Irei seguramente o jogar, caso venha a ser lançado!