O primeiro Life is Strange foi um jogo que me surpreendeu bastante pela positiva. É uma aventura gráfica com um setting urbano e juvenil, onde as escolhas que vamos fazendo (tal como nos jogos da Telltale) irão ter algumas repercussões que irão moldar o decorrer da história, mas acima de tudo, a narrativa foi muito bem escrita e todas as personagens foram muito bem construídas. Depois veio o Before the Storm que se afirmou como uma prequela e apesar de também ter qualidade, não me impressionou tanto quanto o primeiro. Este segundo Life is Strange custou-me cerca de 18€, tendo sido comprado na Amazon algures no passado mês de Junho.
Desta vez, este segundo Life is Strange apresenta-nos uma história completamente nova, onde controlamos Sean Diaz, um adolescente que vive algures em Seattle com o seu pai e Daniel, seu irmão mais novo. Sean prepara-se para festejar o Halloween com os seus amigos da escola e até este ponto, tudo indicava que esta seria mais uma aventura entre colegas de escola do 12º ano. Mas eis que de repente coisas graves acontecem e os dois irmãos vêm-se forçados a abandonar Seattle enquanto são perseguidos pela polícia. Ao longo do jogo iremos percorrer vários estados e regiões norte-americanas, pelo que em cada episódio iremos conhecer novas pessoas, o que de certa forma também nos dá uma maior variedade. E claro, a relação entre Sean e o seu irmão Daniel será o principal ponto do jogo, onde teremos muitas vezes de o proteger, mas também de o educar, com a acções que formos tomando servindo de exemplo para o pequeno Daniel. Por sua vez, e sem querer estragar qualquer surpresa, digamos que o próprio Daniel é também uma pessoa muito especial. Este Life is Strange 2 traz também o The Awesome Adventures of Captain Spirit. Este é um pequeno capítulo adicional que foi lançado de forma gratuíta uns meses antes do lançamento deste Life is Strange 2. Esse pequeno jogo serve-nos para introduzir o jovem Chris que vive sozinho com o seu pai numa remota aldeia no interior Norte-Americano. É apenas um sábado onde teríamos todo o tempo do mundo para nos divertirmos, mas também teremos de lidar com os problemas de alcoolismo do seu pai. Serve para introduzir algumas das novas mecânicas de jogo e iremos reencontrar o pequeno Chris no segundo capítulo do Life is Strange 2.

No que diz respeito às mecânicas de jogo em si, esta é mais uma aventura gráfica completamente em 3D onde teremos de explorar os cenários, coleccionar alguns objectos e falar com várias pessoas para ir progredindo na história. Uma vez mais, iremos tomar diferentes decisões que irão moldar o decorrer da história, mas também desenvolver a personalidade do pequeno Daniel de diferentes formas. Tal como nos outros Life is Strange, a última decisão é sem dúvida a mais importante e aquela que irá ditar o final que iremos observar. No entanto, mediante como fomos construindo a nossa relação com o Daniel, os finais em si poderão ser bem diferentes, creio que há uns 7 finais distintos que poderemos alcançar. Tudo dependerá da moralidade de Daniel, do quão fortes os laços estão entre ambos os irmãos e claro, da relação que tenhamos mantido com algumas outras personagens chave ao longo do jogo. Outro aspecto que devemos também salientar é o facto de agora haverem bem mais diálogos temporizados, onde teremos um tempo limite para dar a nossa resposta, tal como nos títulos da Telltale.

Graficamente já é um jogo bem superior aos seus predecessores, particularmente no detalhe gráfico dos cenários à nossa volta. Como estamos a maior parte do jogo em fuga da polícia, iremos principalmente explorar várias localidades mais no interior, onde iremos explorar belíssimas florestas, mas também os áridos desertos dos estados do Nevada e Arizona. As personagens em si possuem óptimas animações faciais, embora não sejam 100% realistas, mantendo um estilo gráfico muito próprio, já herdado do primeiro jogo. A banda sonora é principalmente composta por temas mais acústicos, o que faz todo o sentido, não só pelos muitos momentos de solidão e exploração em plena Natureza que iremos percorrer, mas também pela narrativa mais melancólica que nos irá acompanhando.

Portanto devo dizer que até que gostei bastante deste Life is Strange 2. O primeiro episódio, onde iríamos principalmente conhecer Sean, os seus colegas e familiares mais próximos, deixavam-me antever mais uma aventura num ambiente colegial, mas o twist final desse episódio surpreendeu-me bastante. A narrativa está excelente, com um grande foco nos laços que vão sendo estabelecidos entre os dois irmãos em ambientes adversos, mas também muitos outros tópicos importantes da sociedade vão sendo abordados. Tendo em conta que Sean e Daniel são descendentes de um pai mexicano, o racismo será um ponto recorrente, infelizmente. Gostei também de ver uma ou outra referência ao primeiro Life is Strange!