Blodia (PC Engine)

Vamos voltar às rapidinhas, agora para um puzzle game lançado para a PC-Engine e Turbografx-16, sob o nome de Time Ball. Visto que a própria versão PC-Engine (Blodia) está completamente em inglês e o jogo foi publicado no Japão através da Broderbund, suspeito que este Blodia tenha origens ocidentais. E após pesquisar um pouco reparei que Blodia é um anagrama para Diablo, cujo título havia sido lançado no ocidente em 1987 para computadores como o Commodore Amiga e Atari ST (nada a ver com o Diablo da Blizzard, claro). Esse Diablo foi posteriormente trazido com esse nome para alguns computadores nipónicos nos anos seguintes como o Sharp X1 e MSX através da Broderbund. Em 1990 saem novas versões do mesmo jogo, agora com o nome de Blodia para o X6800, esta versão PC-Engine e uma outra para a Game Boy. Mistério resolvido! O meu exemplar foi comprado algures no final de 2021, tendo sido importado do Japão num bundle de dimensão considerável que me ficou bastante barato, mesmo depois de despesas de alfândega e transporte.

Jogo com caixa, manual embutido com a capa e registration card

Ora mas qual é o conceito do jogo mesmo? Lembram-se daqueles puzzles onde temos uma imagem dividida em vários quadrados, todos misturados, mas temos também um espaço vazio que nos permite mover os quadrados entre si, até formar a imagem propriamente dita? Bom, eu desde miúdo que sempre detestei esse tipo de puzzles. Este jogo tem o mesmo conceito, mas em vez de uma imagem que teremos de reorganizar, temos um labirinto de tubos e uma bola que os vai atravessando automaticamente. A ideia será então mover os quadrados e reorganizar o tubo para que a bola o consiga atravessar sem cair. À medida que os segmentos dos tubos vão sendo atravessados, estes vão também desaparecendo, o que nos dá mais alguma margem de manobra para mover as peças de um lado para o outro e organizar apenas os segmentos que faltem ser atravessados. Quando não houver mais tubo para atravessar, parabéns, passamos para o nível seguinte. Ora as coisas vão ficando cada vez mais complexas e rapidamente os níveis tornam-se bastante desafiantes e frustrantes, especialmente para mim que nunca gostei deste tipo de puzzles.

O conceito é simples: uma bola vai atravessando um tubo e temos de manipular esse caminho para que a bola atravesse todos os seus segmentos de forma contínua

Existem ainda mais algumas mecânicas de jogo a ter em conta. No canto superior direito temos uma contagem decrescente. Felizmente esta não é um tempo limite para terminar o nível, mas assim que a mesma chegue a zero, o que acontece é que as extremidades da área de jogo ganham uma espécie de portais. O que quer isto dizer? Imaginem que encaminham a bola para a parede esquerda. Quando ela toca na extremidade, irá surgir na mesma latitude, mas à direita, pelo que convém que tenhamos um segmento de tubo nesse lado pronto a receber a bola. Vão haver níveis que apenas podem ser resolvidos utilizando estes portais, pelo que teremos de os usar assim que estiverem disponíveis. De resto os controlos são simples: o botão I serve para mover os quadrados e o botão II para acelerar o movimento da bola, algo que recomendo que se faça apenas quando temos o labirinto já resolvido, claro.

Os primeiros 15 níveis estão desbloqueados de início. Os restantes terão de ser desbloqueados com o nosso progresso, sendo 100 ao todo!

Do ponto de vista audiovisual este é um jogo bastante simples. Ainda assim tem alguns bons detalhes, como os diferentes backgrounds que vamos tendo, que são imagens algo relaxantes. Ocasionalmente até vamos ter direito a alguns ecrãs de “coffee break” que uma vez mais possuem algumas imagens bem detalhadas e coloridas. As músicas que podemos ouvir ao longo do jogo são apenas duas, que por sua vez podem ser seleccionadas no ecrã de opções. São músicas bastante boas e relaxantes até, o que uma vez mais contrasta com todo o ambiente stressante que este jogo me provoca.

Preparem-se para ver este ecrã muuuuitas vezes!

Portanto este é um jogo de puzzle que não é de todo para mim. Confesso que a ideia até é interessante, mas os sliding puzzles são algo que abomino desde miúdo. Ainda assim, caso gostem deste tipo de jogo, fiquem sabendo que este Blodia até tem bastante conteúdo: São 100 níveis ao todo e o nosso progresso pode ser gravado através de um sistema de passwords ou, se possuírem forma de gravar em memória, também o podem fazer. Para além disso tem também um modo de jogo que nos permite criar os nossos próprios níveis, caso tenham interesse.

Wolfenstein: The Old Blood (PC)

Depois do sucesso de Wolfenstein: The New Order, os suecos da MachineGames não perderem muito tempo em lançar mais um jogo. Inicialmente planeado como um conjunto de DLCs para o The New Order, este The Old Blood acaba por ser lançado de forma independente. E é uma prequela do jogo anterior, onde controlamos uma vez mais B.J. Blazkowicz numa realidade alternativa dos eventos da segunda guerra mundial. O meu exemplar veio na mesma compilação que trás o The New Order e que já referi no artigo anterior.

Jogo com vários discos, caixa e papelada

Sendo este jogo uma prequela, a história leva-nos uma vez mais ao ano de 1946 e a infiltrarmo-nos no castelo de Wolfenstein, em busca de documentos secretos guardados por Helga von Schabbs, uma oficial do regime nazi de alta patente (e também com grandes interesses no oculto e em arqueologia), na esperança de descobrirem a localização da base do general Deathshead, e assim dar início aos eventos que acontecem posteriormente no The New Order. Mas Blazkowicz não entra no castelo sozinho, mas sim com a companhia do “Agent One” um outro agente secreto mais bem doutrinado na língua alemã. Claro que as coisas não vão correr lá muito bem! O jogo irá-se dividir então em duas partes: na primeira iremos explorar o castelo propriamente dito, já na segunda viajamos até à aldeia de Wolfburg, no encalço de Helga e tentar não só obter os documentos secretos que precisamos, mas também descobrir quais são os seus planos.

Apesar de terem os seus bons momentos, os vilões aqui introduzidos não ficaram tão bem conseguidos quanto o Deathshead e a Engel

No que diz respeito à jogabilidade, na sua essência esta é muito similar à do The New Order: a vida é regenerativa apenas em pequenos intervalos, vamos poder carregar um grande arsenal de diferentes armas e o jogo oferece-nos a possibilidade de optar por uma abordagem mais furtiva, ou outra mais à Rambo. Na primeira teremos de eliminar os inimigos sem sermos vistos e através de métodos silenciosos, dando prioridade aos oficiais que têm a capacidade de activar alarmes e chamar reforços. Na segunda… bom, temos na mesma a possibilidade de atacar com 2 armas ao mesmo tempo, o que é muito divertido! Mas há também algumas diferenças notáveis perante o primeiro jogo. Desde cedo vamos ter acesso a um tubo que nos vai acompanhando ao longo de toda a aventura. Esse tubo tanto poderá ser usado como arma de combate corpo a corpo, como pé-de-cabra para abrir certas portas, ou como ferramenta que nos irá auxiliar a escalar certos tipos de paredes. Os super soldados estão agora directamente ligados à corrente eléctrica, pelo que para os combater poderemos ter a necessidade de desligar temporariamente fontes de energia, algo que teremos mesmo de fazer numa altura onde estaremos muito mais vulneráveis. Já nos combates em si, vão haver alturas, no entanto, em que não temos qualquer hipótese de ser furtivos e somos mesmo obrigados a combater no meio de todo o caos e confusão. Se conseguirmos sobreviver, é desbloqueado uma Challenge Arena que poderemos jogar posteriormente, enfrentando ondas cada vez mais fortes de inimigos. De resto, um dos Easter eggs introduzidos no The New Order era um nível secreto do Wolfenstein 3D. Bom, aqui, para além de todos os outros coleccionáveis, poderemos também encontrar e jogar diferentes níveis do Wolf 3D em todos os níveis do jogo.

Tal como no seu predecessor, poderemos equipar 2 armas em simultâneo para causar muito mais dano!

No que diz respeito aos audiovisuais, o jogo utiliza o mesmo motor gráfico do seu antecessor. No entanto, e decorrendo no ano de 1946, os inimigos que vamos encontrando não são tão high-tech como aqueles de 1960, mantendo no entanto um visual bem austero e também com alguns elementos de sci-fi, embora não tão avançados como já referi anteriormente. Não há também uma grande variedade de cenários como no The New Order, pois aqui iremos explorar o castelo de Wolfenstein em toda a sua magnitude, desde as suas cavernas e criptas, passando por laboratórios, prisões e habitações da aldeia à sua volta. Quando visitamos Wolfburg, esperem também por uma aldeia com uma arquitectura tradicionalmente germânica e não muito diferente daquela que exploramos nas imediações do castelo. A narrativa também não é tão forte quanto a do seu antecessor jogo, talvez por os vilões não serem tão bem conseguidos quanto os anteriores e pelo facto de estarmos mesmo a maior parte do tempo sozinhos. Já no que diz respeito ao som, os efeitos sonoro se voice acting são igualmente competentes, já a banda sonora, uma vez mais a cargo de Mike Gordon, continua muito boa, mas também muito diferente da que ele compôs para o The New Order. Enquanto que no último a banda sonora era um misto entre música pesada com influências rock / electro / industrial e outras músicas mais atmosféricas, porém bastante sinistras, a banda sonora aqui oscila entre temas mais orquestrais ou outros mais ambientais, sempre com uma atmosfera sinistra e/ou tensa por detrás.

Portanto estamos aqui perante mais um sólido first person shooter. A sua jogabilidade mantém-se excelente, sendo um misto entre um FPS da velha guarda com elementos de furtividade ou até de RPG pois há vários perks que poderemos ganhar caso completemos certos desafios, bem como introduz algumas mecânicas novas. No entanto, tem uma menor variedade de cenários e a narrativa… bom, não está tão envolvente como a do The New Order. Mas não deixa de ser um jogo altamente recomendável.

Mortal Kombat II (Sega 32X)

Tempo de voltar a uma rapidinha e também de voltar à Sega 32X, o último e malfadado add-on que a Sega trouxe para a Mega Drive, na esperança de extender um pouco mais a sua vida comercial. A 32X acabou por se revelar num fracasso comercial e sinceramente a Mega Drive ainda recebeu uns quantos bons jogos entre 1994 e 1997, pelo que o acessório não foi tão fundamental assim. Um dos jogos lançados neste sistema foi uma versão do Mortal Kombat II, cuja conversão ficou também a cargo da Probe, que já haviam convertido a versão Mega Drive anteriormente. O meu exemplar veio cá parar através de uma troca que fiz com um amigo no passado mês de Maio.

Jogo com caixa e manual

Ora a razão pela qual este artigo é uma rapidinha é precisamente porque já cá trouxe várias vezes este jogo em múltiplas plataformas, a começar pela sua conversão Mega Drive que deverá certamente ter sido a mais popular em Portugal nos anos 90. O que traz esta versão da 32X de diferente? Bom a começar, é uma versão graficamente mais próxima do original arcade e inclui diverso conteúdo que havia sido cortado na versão da Mega Drive. Logo no início, temos direito a um ecrã que conta a história do jogo, bem como acesso às biografias de todos os lutadores, algo que ficou de fora na versão da Mega Drive. A nível de jogabilidade é uma versão idêntica, onde o uso de um comando de 6 botões é fortemente recomendado.

Uma das adições desta versão 32X são os ecrãs que contam a história do jogo, assim como as biografias dos lutadores

As maiores diferenças vão no entanto para os gráficos como já havia mencionado acima, mas também para o som. Por um lado as sprites dos lutadores estão agora mais detalhadas e mais coloridas, as suas sombras são mais realistas ao invés de meros círculos negros, assim como as arenas têm mais cor e detalhe. No entanto é curioso, porque aparentemente o hardware da 32X renderiza apenas os lutadores, suas sombras, golpes e eventualmente alguns detalhes adicionais das arenas. Já as arenas em si são aparentemente processadas pela Mega Drive que possui um hardware muito mais limitativo ao número de cores diferentes apresentadas em simultâneo no ecrã. A razão pelas arenas terem muito melhor aspecto nesta versão, recairá portanto no facto de ao a 32X renderizar os lutadores, liberta algum “espaço” para mais cores ficarem disponíveis para serem apresentadas nos cenários, assim como mais detalhes também. O som é outra das grandes diferenças, como já referi anteriormente. Não na banda sonora, que se mantém idêntica à da Mega Drive (que por sua vez era diferente da versão arcade), mas sim em todos os clipes de voz digitalizada, que para além de serem de muito melhor qualidade, muitos desses clipes de voz ou outros efeitos sonoros que foram cortados na versão Mega Drive estão aqui presentes, o que ajuda bastante na apresentação do jogo como um todo.

Graficamente é também uma versão superior, com os lutadores e arenas melhor detalhados

Portanto esta versão do Mortal Kombat II é sem dúvida superior à sua incarnação original na Mega Drive. Agora se em 1995 valeria a pena comprar uma 32X de propósito para jogar esta versão? Seguramente que não. No entanto o facto de ser uma versão superior faz aumentar a sua procura no seio dos coleccionadores e, não tendo sido produzidas lá muitas unidades, o seu preço infelizmente também está longe de ser atractivo.

Wolfenstein: The New Order (PC)

Em 2009 a Raven Software, com a devida autorização e licenciamento da id Software lançou Wolfenstein, um jogo pela primeira vez na série desenvolvido primariamente com as consolas em mente. É um jogo que incorpora elementos dos first person shooter da velha guarda com jogabilidade moderna, como a vida regenerativa, mas também a possibilidade de carregar todas as armas connosco. Tinha também certos elementos de open world. No entanto o resultado final não foi propriamente o mais apelativo e o jogo acabou por se tornar um fracasso comercial. Durante alguns anos não se voltou a ouvir mais falar em Wolfenstein, mas na verdade coisas estavam a acontecer em background: em 2009 é formado um novo estúdio na Suécia, MachineGames, formados por ex-funcionários da Starbreeze Studios, que já haviam trabalhado em FPS como os Chronicles of Riddick ou o reboot do Syndicate que ainda tenho de jogar. Esse estúdio conseguiu, após contactos com a Bethesda, Zenimax e finalmente, a id Software, que o desenvolvimento de um novo Wolfenstein fosse aprovado e o resultado desse trabalho vê a luz do dia em 2014. E devo começar por dizer que a MachineGames fez um excelente trabalho ao revitalizar a série! O meu exemplar foi comprado na Amazon algures neste ano por pouco mais de 20€, sendo uma compilação que traz este The New Order e a sua expansão standalone The Old Blood, que estou a jogar actualmente e irei escrever sobre ela separadamente. Aproveito também para mostrar um item promocional que me foi oferecido por um amigo algures em 2014/2015, uma banda sonora do jogo!

Creio que podemos considerar este novo Wolfenstein como mais um reboot da série. Inicialmente decorre em 1946, onde na História já o conflito da segunda grande guerra havia terminado, mas neste novo universo de Wolfenstein a mesma ainda perdurava. Para além disso, os nazis estavam perto de a vencer! Entretanto coisas acontecem ao nosso BJ Blazkowicz que fica num estado vegetativo, voltando a ganhar a sua consciência apenas no ano de 1960! Aí as coisas ficaram muito piores pois os nazis conseguiram vencer a guerra ao terem descoberto a bomba atómica primeiro que os aliados e depois de detonarem uma bomba atómica em plena Nova Iorque, os Estados Unidos finalmente capitulam. O mundo é então inteiramente governado pela máquina de guerra nazi que, em conjunto com a sua tecnologia de ponta, consegue também dizimar practicamente toda a resistência. Practicamente toda, excepto um grupo restrito onde iremos naturalmente fazer parte e digamos que a campanha nos coloca uma vez mais no encalço de Wilhelm “Deathshead” Strasse, o líder de uma divisão da SS responsável por todos os avanços tecnológicos que levaram à Alenanha nazi a vencer a guerra. Deathshead é finalmente apresentado como um grande vilão, assim como outras figuras importantes do regime com as quais iremos interagir ao longo de toda a história.

Muitos dos nazis que vamos combater parecem autênticos Darth Vaders

No que diz respeito à jogabilidade, esta vai buscar um pouco de tudo o que alguma vez fez parte do universo de Wolfenstein. É na mesma um first person shooter com mecânicas de velha guarda, na medida em que iremos poder carregar todo um arsenal de armas, que por sua vez poderão receber diversos upgrades à medida que os vamos descobrindo enquanto exploramos os níveis. A vida é regenerativa apenas em pequenos intervalos, com a restante a ter de ser recuperada através de medkits. A furtividade, apesar de opcional, é uma vez mais introduzida em diversos pontos do jogo, onde poderemos usar um sistema de covers para nos escondermos e atacar inimigos silenciosamente, quer através de combate corpo-a-corpo, quer através de pistolas com silenciadores. Os alvos mais importantes a abater nessas alturas são os oficiais, que podem fazer soar alarmes e chamar reforços. Por outro lado, se quiserem ter uma abordagem mais à Rambo, também o podem fazer e o jogo também nos oferece certos incentivos para tal, como a possibilidade de disparar duas armas em simultâneo e sim, usar duas metralhadoras ao mesmo tempo para dizimar nazis é muito reconfortante. Ou mesmo usar duas shotguns, algo bem mais útil para combater inimigos maiores e melhor protegidos com espessas armaduras. Felizmente medkits e munições vão sendo algo comuns, pelo que usar ambas as abordagens é igualmente divertido!

A narrativa tem vários momentos de tensão. Pela primeira vez conseguiram criar vilões que nos deixam o sangue a ferver!

No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo bem competente para a altura em que saiu (2014), usando o motor gráfico id Tech 5 (introduzido inicialmente no Rage em 2011, mais outro jogo que tenho em backlog). Mas o que mais impressiona é mesmo a estética apresentada nesta versão alternativa de 1960. Por um lado temos toda aquela imagem austera imposta pelo regime nazi, com edifícios massivos e suásticas em todo o lado, por outro também algumas influências estéticas da nossa década de 60 com um pingo de ficção científica, não fossem muitos dos soldados nazis parecerem storm troopers vestidos de negro, bem como todos os robots e cyborgs que iremos enfrentar como inimigos. Até a febre da exploração espacial da década de 60 está aqui representada, pois uma das missões que iremos fazer decorre nada mais nada menos que na Lua, numa base espacial nazi. Mas para além de toda uma estética bem montada, acho que, pela primeira vez, temos uma narrativa muito mais cuidada num jogo Wolfenstein. Blazkowicz vai sussurando muitos dos seus sentimentos à medida que vamos avançando na aventura e os vilões… bom, esses são apresentados como vilões a sério e que nos vão dar um especial prazer quando finalmente lhes conseguimos causar algum sofrimento! O voice acting é então bastante competente, onde naturalmente vamos ouvir muito alemão, pois nesta realidade alternativa a Alemanha nazi venceu a guerra. A banda sonora é bastante versátil, tanto temos temas rock / electrónica / industrial mais pesados para acompanhar os confrontos mais violentos, como outros temas acústicos ou mais atmosféricos e sinistros. Mas para manter a imagem daquela realidade alternativa da década de 60 onde a Alemanha nazi vence a guerra e domina o mundo, a MachineGames foi ainda mais longe. Introduziram uma editora musical fictícia, a Neumond Records, que inclui diversas canções pop/rock com influências dos anos 60, mas cantadas em Alemão, incluindo algumas covers de músicas conhecidas, como a House of Rising Sun dos Animals. Algumas destas músicas podem ser ouvidas em plano de fundo no jogo, já outras podem ser descobertas como coleccionáveis. Recomendo vivamente que pesquisem “Neumond Records” no google para as ouvirem! É mais um ponto para mostrar o quão longe a MachineGames foi para criar toda esta estética de uma realidade alternativa!

Eviscerar toda uma sala cheia de nazis a disparar duas metralhadoras ao mesmo tempo é super reconfortante!

Portanto este Wolfenstein The New Order foi uma excelente surpresa. Um grande jogo, principalmente após o Wolfenstein de 2009 que deixou algo a desejar. Excelente jogabilidade, uma narrativa mais cuidada, vilões a sério que nos dão mesmo vontade de os esventrar e todo o esforço que a MachineGames levou a cabo para criar toda uma realidade paralela nos anos 60, tornam este The New Order um óptimo first person shooter que voltou a revitalizar, e merecidamente, esta série fantástica. Felizmente não tivemos de esperar muito tempo por um sucessor e estou neste momento a jogar o The Old Blood, que brevemente irei também partilhar as minhas impressões.

Xevious (Nintendo Entertainment System)

Vamos voltar aos clássicos para um dos vários jogos que ajudaram a definir os shmups como os conhecemos actualmente. Depois de Galaga e Galaxian, a Namco voltou a mudar um pouco a fórmula dos seus shooters arcade e em 1982 presentearam-nos com Xevious, um shmup com scrolling vertical e, apesar de ser um jogo sem fim onde o objectivo é o de sobreviver por mais tempo possível e obter a melhor pontuação, é também um jogo que vai ficando mais difícil quanto melhor for a nossa performance, pelo que introduziu algumas mecânicas de jogo interessantes para a época. O meu exemplar veio de uma Cash Converters em Espanha algures no passado mês de Maio por 15€. Foi o único recuerdo que trouxe daquelas pequenas férias, para além das picadas de mosquitos.

Cartucho solto

Tal como referi acima, este é um shmup com scrolling vertical onde vamos tendo vários inimigos para enfrentar. A primeira coisa que chama à atenção é o facto de termos uma mira que vai acompanhando o movimento da nossa nave. Isto acontece porque neste jogo temos de ter em conta que existem inimigos que voam e outros que se mantêm no solo. Os controlos são simples, com um botão para disparar a nossa arma primária, que é capaz de atingir outros alvos aéreos, enquanto que o outro botão facial serve para lançar bombas para o solo, que irão atingir o solo no local marcado por essa mira, no momento do disparo. Depois, também como tal referi acima, este é um jogo sem fim e o objectivo é o de sobreviver o máximo de tempo e conseguir a melhor pontuação possível.

A mira vemos à frente da nossa nave serve para assinalar onde os mísseis ar-terra serão atingidos para destruir alvos terrestres

Mas a maneira como o jogo escala a sua dificuldade é sem dúvida a mecânica de jogo mais interessante. Inicialmente temos alguns inimigos fracos para defrontar, com padrões de movimento e ataque que não inspiram muito perigo. Mas à medida que vamos avançando, o jogo começa a atirar-nos outros tipos de inimigos, com padrões de ataque mais agressivos, ou com padrões de movimento mais erráticos que nos dificulta a sua destruição. No chão, não só vamos tendo inimigos para defrontar como também ocasionalmente poderemos destruir algumas bases inimigas, algumas são perfeitamente inofensivas pelo que servem apenas para nos aumentar a pontuação, mas os Zolbaks, as bases cinzentas com quase círculo vermelho, são na verdade radares que registam a nossa performance e ao destruí-los o jogo volta a reduzir a sua dificuldade, pelo menos temporariamente. De resto, é um daqueles jogos em que qualquer dano que soframos é uma vida que perdemos, pelo que vamos morrer bastantes vezes. Ao menos a cada 30000 pontos vamos tendo vidas extra!

O design dos inimigos é simplista, porém bastante original e cada conjunto de inimigos possui diferentes padrões de movimento e ataque. Nem todos são suicidas, longe disso.

Graficamente é um jogo muito simples mas temos de ter em conta várias questões. Primeiro, o original arcade foi lançado no final de 1982 e é o primeiro, senão dos primeiros, shooters com scrolling vertical e com cenários mais complexos, pelo menos nada que fosse um ecrã negro com alguns pontos reluzentes a assinalar estrelas. É verdade que os cenários são simples, como massas de terra, florestas, água, alguns caminhos demarcados e pouco mais, mas para os padrões de 1982 era algo impressionante. Os inimigos têm também designs por vezes bastante abstractos, como é o caso daquelas placas quadradas de metal, indestrutíveis e que vêm a rodopiar pelo ecrã abaixo. E o som? A música é também extremamente minimalista, mas não deixa de ser algo hipnotizante! Este lançamento da NES, apesar de só ter chegado aos EUA e Europa em 1988 e 1989 respectivamente, é baseado na versão lançada para a Famicom em 1984. E essa conversão não só é um dos primeiros lançamentos third party para a Famicom, mas também um dos primeiros lançamentos third party de grande sucesso, até porque foi a própria Namco que tratou da conversão. E, tendo em conta que é um jogo de primeira geração da NES, apesar do seu lançamento tardio no ocidente, acaba por ser uma excelente conversão, tanto a nível de jogabilidade, como a nível técnico. Naturalmente houveram algumas cedências a nível gráfico e também na resolução, mas a conversão ficou bastante boa para a época.

Portanto Xevious é um jogo extremamente importante para todos os shooters que vieram a seguir-lhe as pisadas, não só pelo facto de visualmente apresentar uma evolução notória, mas também pela sua jogabilidade, dificuldade dinâmica e inimigos com variados padrões de movimento ou ataque. Xevious foi um sucesso, tendo sido convertido para uma grande variedade de sistemas, está presente em inúmeras compilações da Namco e recebeu também algumas sequelas. Talvez ainda traga alguma em breve!