Buck Rogers: Countdown to Doomsday (Sega Mega Drive)

Voltando à Mega Drive, vamos agora ficar com a conversão de um Western RPG produzido pela SSI, a mesma emprea que desenvolveu imensos RPGs com a licença da Dungeons and Dragons e com belíssimas capas as tais Gold e Silver Box. Essa é uma série que tenho mesmo de me aventurar um dia destes! Mas adiante. Para além de Dungeons and Dragons, eles trabalharam também com outras propriedades, como foi o caso do Buck Rogers, um herói de banda desenhada de ficção científica com as suas origens no final da década de 1920! Um herói com quase 100 anos portanto! A Electronic Arts publicou uma versão para a Mega Drive que, apesar de ser uma versão simplificada do original PC, até me pareceu bem competente. O meu exemplar foi comprado a um amigo meu algures em Fevereiro de 2020.

Jogo com caixa

Ora este jogo leva-nos ao futuro num conflito interplanetário entre 2 organizações: o império militar dos Russo-American Mercantile (RAM) e a força da resistência dos NEO, ou New Earth Organization, da qual fazemos parte. O herói Buck Rogers irá aparecer algumas vezes ao longo da nossa aventura, mas nós encarnamos numa party de recrutas que iremos precisamente por começar a criar. Podemos então optar por seleccionar personagens masculinas ou femininas, dentro das raças Humana, Tinker ou Desert Runners e posteriormente a classe: Warrior, Rocket Jockey (o equivalente a Engineer), Rogue ou Medic (as personagens da raça Tinker, muito fracas fisicamente, podem ser apenas Medics). Depois lá lançamos os dados para serem atribuidos os nossos stats e felizmente podemos relançar os dados livremente até termos um resultado mais agradável. Em seguida temos 8 skill points que poderemos atribuir a uma série de diferentes skills que serão distintas de classe para classe. Tudo isto para cada personagem que criamos! Todas elas são importantes, mas os Warriors são imprescindíveis nos combates, os Rocket Jockeys para reparar a nossa nave e interagir com computadores ou outros sistemas electro-mecânicos e os Medics… bom, servem para curar os restantes membros da nossa party, pelo que também são muito importantes!

Começamos a aventura precisamente ao criar a nossa party. Atenção ao ícone com os dados, para fazer reroll das características até saírem valores aceitáveis.

Começamos a aventura na superfície do planta Terra, cujo começa a ser atacado pelas forças dos RAM e é aqui que começamos a por em práctica as nossas habilidades em combate! A exploração é feita numa perspectiva isométrica (ao contrário do original PC que possuí exploração em primeira pessoa) e eventualmente lá somos levados para uma série de batalhas, também numa perspectiva isométrica. Estas são batalhas por turnos, onde poderemos, individualmente, controlar cada membro da nossa party, movimentá-lo pelo campo de batalha e atacar o alvo que pretendemos. Também poderemos usar habilidades características de cada classe bem como consultar o inventário de cada personagem e mudar de equipamento se assim o desejarmos. No final de cada batalha ganhamos pontos de experiência e tipicamente itens também, que devemos aproveitar, quanto mais não seja para depois vender os excedentes. Depois desta batalha inicial à superfície da Terra, somos transportados para uma estação espacial que serve de centro de comando dos NEO, onde conhecemos o comandante lá do sítio e que nos vai dando missões para irmos completando, tendo de explorar vários recantos do espaço, desde estações espaciais inimigas em baías de asteróides, ou mesmo colónias em planetas como Vénus e Marte. Para isso vamos explorando o universo a bordo de uma nave espacial e frequentemente vamos encontrando naves inimigas.

A cutscene inicial conta-nos um pouco do que se passa naquele universo. Quais os seus habitantes e intervenientes no conflito!

Sendo este um RPG, podemos tentar a nossa sorte e evitar um confronto, o que irá depender da maneira como evoluímos o carisma do líder da party. Caso tenhamos de batalhar, o jogo assume uma vez mais um sistema de batalha por turnos, onde podemos tentar atingir diversos pontos chave da nave inimiga e caso tenhamos um Rocket Jockey connosco, poderemos também reparar o dano sofrido. Uma vez causado dano suficiente na nave inimiga, podemos invadi-la, matar todos os seus passageiros e conquitá-la, o que nos dará mais pontos de experiência. Evoluir as personagens é algo que não é tão trivial como na maioria dos RPGs, pois mesmo se tivermos pontos de experiência suficientes para subir de nível, teremos primeiro de visitar um ginásio, que aí sim, nos permitirá evoluir e atribuir novos skill points às skills disponíveis. E uma vez mais, sendo este um RPG ocidental, há aqui também um certo nível de não linearidade. Podemos explorar o universo à nossa vontade, desbloquear uma série de side missions que, mesmo sendo opcionais, a experiência é valiosa e para além disso, mesmo quando vamos explorando certos cenários, vamos tendo sempre vários eventos a surgir e que nos dão diferentes hipóteses de escolha, o que por sua vez poderá mudar um pouco o rumo das coisas.

As batalhas são por turnos e podemos controlar cada personagem individualmente

A nível audiovisual acho um jogo bastante simples. As dungeons, como já referi acima, são apresentadas numa perspectiva isométrica e uma boa parte do ecrã é tomada por janelas de texto. No canto superior direito vemos sempre uma representação do cenário onde nos encontramos ou dos inimigos/NPCs que iremos enfrentar ou interagir. E sendo este um jogo baseado numa personagem de banda desenhada antiga, há muito daquele imaginário retro-futurista, que eu pessoalmente até aprecio. A nível de som, bom, é um jogo bastante simples, as músicas não são nada de especial, particularmente as músicas dos combates, que são apenas clips relativamente pequenos com percurssões.

As dungeons apresentam gráficos simples, mas sempre gostei da arte que vai sendo mostrada no canto superior direito

Portanto devo dizer que até fiquei agradavelmente surpreendido por este Buck Rogers. A sua história até que é interessante, até pela quantidade de conteúdo opcional que poderemos vir a descobrir. Para além disso, e da mudança de perspectiva na exploração face ao original de PC, houve uma série de outras mudanças que o simplificaram, tendo em conta que a Mega Drive não tem um teclado. A gestão de inventário e de skills é toda feita usando ícones, o que acaba por ser muito mais cómodo do que se mantivessem a interface original. Por outro lado, a versão PC é também mais complexa, não só no maior número de raças, classes e skills disponíveis, bem como a preocupação adicional das armas de fogo consumirem munição. Portanto, esta conversão para a Mega Drive apesar de ter algum conteúdo cortado, ainda assim me pareceu um jogo bastante sólido. A ver se jogo mais coisas da SSI em breve!

Sobre cyberquake

Nascido e criado na Maia, Porto, tenho um enorme gosto pela Sega e Nintendo old-school, tendo marcado fortemente o meu percurso pelos videojogos desde o início dos anos 90. Fã de música, desde Miles Davis, até Napalm Death, embora a vertente rock/metal seja bem mais acentuada.
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