Quase passado um ano depois de ter jogado o último Sherlock Holmes da Frogwares, lá decidi pegar em mais um título. Como os estou a jogar pela ordem cronológica de lançamento agora foi a vez do duelo entre o mais famoso detective da literatura e um dos mais famosos serial killers da história, o londrino Jack, o Estripador. Tal como os seus predecessores mais recentes, este jogo é mistura os conceitos de um point and click clássico na terceira pessoa, mas também nos permite, a qualquer momento, jogá-lo numa perspectiva de primeira pessoa. O meu exemplar, tal como todos os outros que trouxe até agora, foi adquirido num bundle qualquer a um preço bastante convidativo.
A acção decorre na recta final do século XIX com a cidade de Londres a ficar alarmada por uma série de assassinatos bastante violentos, onde as vítimas, todas prostitutas de baixa classe na zona de Whitechapel, eram esventradas. Sherlock Holmes fica intrigado com o caso e decide investigar de forma não oficial, em paralelo com a investigação policial em curso. Tal como os restantes jogos da série até então, teremos de não só falar com várias pessoas, recolher pistas e objectos para ultrapassar alguns puzzles como um jogo de aventura point and click tradicional. Mas também, tal como os restantes jogos desta saga, há um grande foco em trabalho de detective, onde teremos de analisar cuidadosamente todas as pistas, ler atentamente todos os documentos e depoimentos que vamos obtendo de testemunhas para depois poder deduzir teorias com base nas provas e relatos de testemunhas para avançar na investigação.
O “deduction board” é algo então de relevante importância, onde iremos correlacionar todas as pistas, documentos e depoimentos (que podemos consultar a qualquer momento no jogo) e daí deduzir e retirar algumas conclusões, como as condições em que os assassinatos decorreram, quando ocorreram e eventualmente calcular a localização provável do assassino bem como a sua identidade. É precisamente este trabalho de detective que demarca os jogos Sherlock Holmes dos restantes jogos de aventura clássicos e, uma vez mais, me pareceram muito bem conseguidos.
A nível audiovisual temos de analisar isto em duas frentes. O voice acting, que mantém os mesmos actores tanto para Sherlock Holmes como Watson, continua muito bem conseguido na minha opinião. Os das restantes personagens já não tem a mesma qualidade mas também não está mau. As músicas são muitas vezes pequenas peças clássicas com violinos, o que acaba por assentar bem no estilo de jogo e na época que retrata. Já passando para os gráficos, estes representam bem uma cidade de Londres em finais do século XIX, em especial o distrito de Whitechapel, que era na altura populado por classes sociais mais pobres. Temos então ruas escuras, sujas e cheias de podridão. Mas por outro lado, a qualidade gráfica em si ainda não é nada de especial, com as casas a possuirem poucos polígonos e serem assim muito “quadradas”, bem como as texturas nem sempre possuem a qualidade desejada.
Mas, tirando o detalhe gráfico, que viria a ser melhorado bastante nos títulos mais recentes desta série, devo dizer que gostei bastante desta aventura do Sherlock Holmes. A maneira como a investigação é conduzida, ainda para mais à revelia da própria polícia londrina, foi a meu ver bem conseguida. Estava à espera de ver mais algum gore como no Awakened, mas a Frogwares acabou por ser mais comedida nesse aspecto.