Fly & Drive (PC)

Hoje irei escrever mais uma rapidinha, mas desta vez a uma colectânea de 3 jogos e meio. Isto porque estupidamente um dos jogos aqui disponíveis é apenas a sua versão Shareware, o que não faz sentido nenhum anunciarem 4 jogos numa colectanea e um deles ser uma demo robusta. E logo o melhor do pacote! Este meu exemplar tem uma história por detrás. Eu tinha esta Big Box quando era miúdo, mas devido à falta de espaço deitei a maioria fora e manti apenas duas para guardar os manuais grandinhos dos outros jogos. O Fly and Drive foi um desses, tendo apenas sobrevivido o cd na caixa em jewel case à direita na foto e um manual idêntico ao da foto. Há uns meses atrás o Ivan Cordeiro acabou por me oferecer uma bigbox completa dessa compilação que ele lá tinha a mais, e ficou assim mais um pedaço da minha infância recuperado. Agora falta é o Carmageddon e o Mortal Kombat 3…

Fly and Drive - PC
Compilação completa com caixa, papelada e manual

Como o nome da compilação indica, a mesma é composta com jogos de corrida e de voo. Dos de corrida podem contar com o Power Drive, um jogo de rally meio arcade, mas com uma perspectiva overhead. Já o analisei para a Mega Drive e esta versão, apesar de ligeiramente melhor nos audiovisuais, acaba por ser bem semelhante. O outro jogo de corridas é um da Core Design, uma espécie de Mario Kart misturado com Road Rash e passado na idade da Pedra. É o B.C. Racers, que se passa no mesmo universo dos Chuck Rock. É um jogo de corridas engraçadinho em que conduzimos motos com sidecar, e a função de quem está no sidecar é unicamente a de atacar os outros concorrentes. É um jogo que foi também lançado para a Mega CD e 32X, versões que gostaria de as arranjar um dia. Nessa altura escreverei algo mais cuidado.

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Terminal Velocity é um shooter porreirinho para a altura, pena é que não seja o jogo completo.

Passando para a parte do Fly, o Terminal Velocity é o melhor jogo do bundle, sem dúvidas. Mas também é uma versão shareware que deveria ser gratuíta. E acabei de saber que o B.C. Racers também tinha sido lançado para o PC logo à partida como freeware, logo sinto-me ainda mais roubado. Ainda assim vou só escrever um pouco sobre o mesmo. Terminal Velocity foi o primeiro jogo publicado pela 3D Realms, a mesma empresa que produziu jogos como Duke Nukem 3D, Shadow Warrior e publicou outros tantos como o Prey ou o Max Payne original. A 3D Realms por si só já era uma derivada da Apogee, mas que se focaria apenas em jogos 3D. E este Terminal Velocity é um shooter na terceira pessoa de naves espaciais, onde vagueamos em vários planetas e destruimos outras naves ou bases. Foi produzido pela Terminal Reality, os mesmos que mais tarde se juntaram à Microsoft Game Studios e lançaram o Fury 3.

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BC Racers é um jogo que até é divertido, mas tenho mais curiosidade com a versão Mega CD

Por fim temos mais um jogo dos britânicos da Core Design, o Thunderhawk AH-73M, um shooter militar que me fez lembrar logo o excelente Desert Strike, embora a única semelhança seja mesmo usarmos um helicóptero. Aqui o jogo acaba por ser mais de simulação que outra coisa, e sinceramente sempre achei isso bem chatinho. Lembro-me que na altura o tentei jogar e não me estava a entender nada com os controlos, que já usavam um setup de teclado e rato e sinceramente passados estes anos todos não quis voltar a testar o jogo. Graficamente pareceu-me muito fraquinho, a usar gráficos poligonais bastante minimalistas. A versão da Mega CD pareceu-me ser bem mais interessante, por usar um estilo gráfico diferente e cheio de efeitos de rotação que muitos pensavam que a Mega Drive não poderia fazer. E também dado que o comando limitado a nível de botões da Mega Drive, muito provavelmente acabaram por simplificar mais a jogabilidade, o que poderá tornar essa versão mais agradável no geral.

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Em Thunderhawk, a jogabilidade aproxima-se à de um simulador, o que já não me agrada tanto

Por todas essas razões, mas principalmente pelo Terminal Velocity ser apenas um shareware, tornam esta compilação algo redundante, pois os outros jogos consegui-mo-los jogar noutras plataformas também.

Castle Master (ZX Spectrum)

Castle MasterTal como referi no artigo do Pole Position da Atari 2600, os meus artigos sobre jogos do ZX Spectrum serão um pouco mais superficiais, pois eu não vivi essa época e apesar de sempre ter tido bastante curiosidade com essa plataforma, o sentimento e a nostalgia não são os mesmos. E também o jogo que trago cá hoje é um pouco injusto, pois envelheceu muitíssmo mal. Esta cassete do Castle Master foi comprada na Feira da Ladra há umas semanas atrás por 0.75€, é daquelas edições de mercado cinzento que sairam por cá antes da pirataria ser ilegalizada.

Castle Master - ZX Spectrum
Castle Master em cassete do mercado cinzento

O Castle Master é um jogo de aventura na primeira pessoa, com uma particularidade muito interessante de ser completamente em 3D poligonal, mesmo num ZX Spectrum com as suas limitações óbvias. É óbvio que esta versão é muito inferior à do Amiga, ou mesmo à da Commodore 64, quanto mais não seja pela falta de cores nesta versão da Sinclair, mas ainda assim ver um ZX Spectrum a apresentar 3D poligonal foi algo que me surpreendeu bastante. E qual o objectivo do jogo? Explorar um castelo e as suas imediações, para resgatar um príncipe ou princesa que tinha sido raptado por um feiticeiro qualquer, o Magister ou Castle Master (dando assim nome ao jogo). Depois lá podemos explorar os espaços e nos movimentar livremente, com teclas de movimento e outras de olhar para cima e para baixo e uma ou outra de acção. Ao explorar as nossas redondezas vamos encontrar chaves para desbloquear novas zonas do castelo e outros itens para resolver puzzles. Mas antes de enfrentar o Magister e resgatar o príncipe ou princesa (mediante da personagem que escolhemos para jogar) teremos de derrotar alguns espíritos que nos aparecem à frente, podendo também nos matar. Para isso dispomos de um arsenal infinito de pedras que podemos utilizar para atacar os espíritos? Já viram alguém a atirar pedras a um fantasma? Eu não.

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3D Poligonal no Spectrum? Fiquei parvo.

Mas infelizmente, e apesar de poder ter sido algo revolucionário para a altura, é um jogo que envelheceu muito mal. Os seus gráficos quase monocromáticos, polígonos tão grandes que não conseguimos distinguir muito bem o que está à nossa frente e o facto de passarmos imenso tempo sem saber o que andamos por ali a fazer, tornam este jogo bastante ultrapassado. Ah, e a versão ZX Spectrum não tem música, apenas alguns efeitos sonoros. Ainda assim acho-o um item interessante de se coleccionar, só tenho pena do meu ser do mercado cinzento, mas irão ver muitos assim por estas bandas.

Castlevania: Circle of the Moon (Nintendo Gameboy Advance)

Castlevania GBAÉ inegável a importância que o Symphony of the Night teve para a série Castlevania. A sua mistura genial de elementos de plataforma, exploração e backtracking à lá Metroid, bem como elementos de RPG levantaram bastante a fasquia, tanto que practicamente todos os Castlevania em 2D que lhe seguiram utilizaram essa fórmula como base. E após uma série de Castlevanias para a Gameboy que deixaram um pouco a desejar, pelo menos para mim, a Konami acabou por lançar este Circle of the Moon para a Gameboy Advance, um jogo muito melhor que os seus predecessores portáteis. O meu exemplar foi comprado nos finais de Setembro na Cash Converters de Alfragide por 2€, estando completo e em óptimo estado.

_Castlevania Circle of the Moon - Nintendo Gameboy Advance
Jogo completo com caixa, manual e papelada

 

Aqui mais uma vez teremos o conde Drácula para defrontar. Decorria o ano de 1830 quando alguém achou boa ideia ressuscitar o senhor das Trevas, não dando descanso aos clãs de caçadores de vampiros que têm tentado impedir o cataclismo de acontecer ao longo de todos estes séculos. Mas mais uma vez esse cargo de envergar o chicote Vampire Killer não esteve com o clã Belmont, mas é o jovem Nathan Graves que fica com esse papel. Juntamente com Hugh Baldwin, é aprendiz de Morris Baldwin, seu mestre na arte de lutar contra as forças das trevas. Mas ao contrário do que o seu filho Hugh esperava, Morris escolhe Nathan como o seu sucessor, deixando-o cheio de inveja. Bom, já se está mesmo a ver onde isto vai dar, mas não se preocupem muito com isso, até porque este Circle of the Moon não pertence à história principal da série clássica.

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Aqui também vamos tendo direito a alguns diálogos ao longo do jogo

Mas tal como referi acima, este jogo segue as mecânicas básicas deixadas pelo Symphony of the Night. Por um lado mantemos o chicote como arma principal e podemos equipar uma arma secundária cujas munições são corações que podemos apanhar ao quebrar torchas, velas e afins. Essas armas secundárias tanto podem ser machados que são lançados em arco, frascos de água benta com “splash damage“, facas atiradas em linha recta ou o meu preferido, cruzes-bumerangue. Por outro lado herda também a exploração não linear e backtracking, que nos obriga a revisitar partes do castelo quando adquirimos algumas novas habilidades como o duplo salto, ou saltar entre paredes. Temos também as mecânicas de RPG na medida em que cada inimigo derrotado recompensa-nos com pontos de experiência e eventualmente algum equipamento. Ao subir de nível vamos ficando também mais fortes, mas a grande novidade aqui está no sistema DSS – Dual Set-up System.

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Estes elementos de RPG assentam que nem uma luva ao jogo

Este consiste na utilização de cartas mágicas que podemos apanhar dos inimigos. Existem 10 cartas de acção, que determinam o tipo de magia que iremos utilizar, e 10 cartas de atributos, que adicionam certos efeitos a essa magia, resultando em 100 combinações diferentes de habilidades que poderemos vir a desencadear. Coisas como regenerar vida, atacar com o chicote em chamas ou em gelo para congelar alguns inimigos e utilizá-los como plataformas (mais uma vez a série Metroid a ser influente), aumentar alguns dos nossos stats como ataque ou defesa, gerar escudos elementais, entre muitos outros. Achei essas mecânicas interessantes, embora as mesmas gastem pontos de magia e teremos de ter isso em conta também. De resto, depois de chegarmos ao final do jogo poderemos desbloquear outros modos de jogo, que essencialmente nos põe a jogar com um Nathan mais forte em magia, outro em que pura e simplesmente não podemos usar o sistema DSS, e por aí fora. Bom para quem procura outros desafios.

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Geralmente depois de um boss temos uma habilidade para desbloquear

A nível gráfico é um bom jogo, embora os restantes da Gameboy Advance acabem por ser melhorzinhos. Mas aqui já é um salto bem considerável na qualidade audiovisual, principalmente comparando com os Castlevanias da Gameboy clássica. As personagens e inimigos podem não ter um nível de detalhe tão grande como nas consolas caseiras (excepto alguns bosses gigantes), mas os cenários são uma grande melhoria face ao ecrã monocromático da Gameboy, apresentando muito mais detalhe. A banda sonora também é bem competente, existindo algumas músicas que acabam mesmo por ficar no ouvido. Não tenho razão de queixa dos efeitos sonoros, cumprem o seu papel como sempre nesta série. Existem algumas cutscenes com diálogos, usando um artwork mais anime, como tem vindo a ser habitual desde o Castlevania Rondo of Blood na PC-Engine.

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A nível gráfico é uma grande evolução face aos anteriores da Gameboy

No fim de contas, apesar de para mim este Circle of the Moon não ser o melhor dos Castlevanias presentes numa Gameboy Advance, não deixa de ser um excelente jogo de acção/plataformas/RPG. Tenho pena que a Konami não tenha continuado a explorar esta fórmula após os lançamentos da Nintendo DS, mas calculo que esse eventual regresso não esteja para muito longe.

Crazy Taxi 2 (Sega Dreamcast)

Crazy Taxi 2Mais uma rapidinha desta vez à última consola da Sega, a Dreamcast para uma sequela a um dos seus jogos mais icónicos, o Crazy Taxi 2. Não houve assim tantas mudanças na fórmula vencedora, e tirando uma ou outra novidade, para além de uma nova cidade para explorar, não vale a pena escrever algo tão extenso, pelo que recomendo a leitura do artigo original aqui. O meu exemplar foi comprado algures durante o mês passado na Cash Converters de Alfragide por cerca de 3€.

Crazy Taxi 2 - Sega Dreamcast
Jogo completo com caixa e manuais

Tal como na prequela, o objectivo principal do jogo é pegarmos em passageiros e deixá-los nos locais que os mesmos pretendem. O problema é que temos um relógio  contra nós e os próprios passageiros também têm as suas exigências de tempo para os levarmos ao seu destino e caso o ultrapassemos, eles saem do carro se nos pagar o quer que seja. Sendo assim somos persuadidos a conduzir o mais rápido possível, seja por que rua ou praça for, em contra-mão, pelo meio de esplanadas, tudo para chegarmos o mais rápido possível. Rasantes a outros carros até são recompensadas, portanto de facto não havia muito a mudar numa fórmula de sucesso. Aqui temos duas variantes da mesma cidade para explorar, a Around Apple e Small Apple, ambas baseadas em Nova Iorque, mas o segundo mapa a ser mais compacto e repleto de ruinhas e ruelas. Apesar de termos um indicador geral da direcção a tomar para deixar o passageiro no destino, nem sempre é o mais fiável e à medida que vamos jogando, iremos também conhecer todos os atalhos que nos poderão facilitar mais a vida.

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Quanto mais rápido formos melhor para o bolso e para o tempo disponível

De resto, as novas mecânicas de jogo resumem-se a um botão para fazer o carro saltar, o que nem sempre corre bem, mas achei uma boa ideia, quanto mais não seja para alcançar alguns viadutos de uma forma mais rápida. Existem também alguns passageiros que permitem que levemos várias pessoas ao mesmo tempo no carro, deixando-os em diferentes locais. Depois para além do modo principal de jogo, temos outros em que temos um tempo fixo como 5 ou 10 minutos para tentar obter a melhor pontuação possível. Mas também como no primeiro jogo temos um outro modo de jogo baseado em missões, aqui chamado de Crazy Pyramid e de facto é o mais doido de sempre. Entre as várias missões que podemos desempenhar, incluem-se coisas notaváveis como participar em provas de salto olímpico de Ski, triplo salto, ou mesmo dar tacadas em bolas de golfe gigantes, tudo com o carro! Original e bastante engraçado.

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4 novos taxistas meios marados, para além do elenco original que pode ser desbloqueado

No que diz respeito aos audiovisuais este é um jogo bem competente para a Dreamcast. Os modelos dos outros carros e mesmo da própria cidade estão um pouco mais detalhados e o blue sky in gaming é sempre bonito de se ver. Para a música a Hitmaker decidiu manter-se no punk rock, com mais umas faixas de The Offspring ou Methods of Mayhem. É verdade que são bandas comerciais, mas prefiro-os de longe a um 50cent ou algo parecido.

Em resumo, se gostaram do Crazy Taxi original, irão certamente gostar deste também, visto manter a mesma adrenalina que tornou o original tão empolgante e ainda acrescentar uma ou outra coisinha interessante.

Tombi! (Sony Playstation)

TombiNunca julgues um livro pela sua capa é um velho ditado que assentou perfeitamente neste jogo para mim. Na altura em que saiu nunca lhe dei grande importância, por um lado porque a capa era demasiado cor de rosa para o meu gosto requintado à base de Dooms, Duke Nukems e afins, por outro porque deram grande ênfase ao facto do jogo estar totalmente em português, coisa que eu sinceramente nunca fui grande apologista. Depois com o passar dos anos, mesmo ouvindo zunzuns que o jogo seria realmente bom, o seu preço elevado também não era muito convidativo. Mas eis que o encontrei na cash converters de Alfragide a 2€ e resolvi dar-lhe uma oportunindade e foi uma grande chapada de luva branca que levei.

Tombi! - Sony Playstation
Jogo completo com caixa e manual

Poderão ler a minha análise na íntegra no site da PUSHSTART.