Phantasmagoria: A Puzzle of Flesh (PC)

phantasmagoria2Voltando aos clássicos de PC, para mais uma das aventuras a saudosa Sierra Online. O primeiro Phantasmagoria, da autoria de Roberta Williams, uma das mais importantes personalidades na indústria nas décadas de 80 e 90, é um jogo de culto, mas infelizmente acabou por ser bem mauzinho, tendo ficado imortalizado pelo seu mau acting e cenas pseudo-adultas como uma violação bastante estúpida, na minha opinião. Ainda assim o jogo fez um sucesso tremendo, justificando-se o desenvolvimento de uma sequela que na minha opinião é superior em tudo. Este jogo entrou na minha colecção após ter sido comprado algures durante este ano na Feira da Ladra em Lisboa por uns meros trocos. Infelizmente apenas tenho os discos do jogo e suas caixas em jewel case, a big box o antigo dono já não a tinha.

Phantasmagoria A puzzle of Flesh - PC
Jogo com 2 caixas jewel case, 5 discos e o manual (embutido na capa)

Desta vez a nossa personagem é Curtis Craig, um jovem funcionário de uma empresa farmacêutica. E inicialmente lá andamos pelo escritório a conhecer as personagens, falar um pouco com as mesmas, ver os nossos e-mails e documentos de trabalho para nos contextualizar um pouco a coisa… Curtis tem uma namorada secreta na empresa, outra que o anda a assediar fortemente e o seu melhor amigo/colega de trabalho é gay, pelo qual ele se sente um pouco atraído (sim, Curtis é bi). Tudo business as usual, até que um colega de trabalho que Curtis nem gosta nada é brutalmente assassinado. A partir daí a história vai tomando uma componente psicológica muito forte, com os dramas de infância de Curtis a virem ao de cima, o facto de ter sido internado num hospital psiquiátrico, começar a ter alucinações horripilantes, mais assassinatos à mistura e relações sexuais fora do convencional.

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Agora cada acção é acompanhada de uma sequência em full motion video, ao contrário do anterior que mesmo assim apresentava os backgrounds pré-renderizados

Infelizmente a história deste Phantasmagoria ainda não é perfeita e por vezes nota-se bem que o jogo tenta ser polémico sem haver uma razão muito forte para isso. As cenas de sadomasoquismo, a bissexualidade de Craig ser levemente trazida à baila só porque sim e a recta final da história que é um plot twist surpreendente. Lembram-se da primeira vez em que viram o From Dusk Till Dawn e estarem a gostar bastante? Até que chega a uma altura em que aquilo se torna num filme de vampiros quase série B? Pronto, aqui acontece algo semelhante. Ah, e para os pervertidos de plantão, há boobies.

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Yup, there’s boobies.

A grande diferença que notamos neste jogo mal ele seja lançado é a diferença nos gráficos. Basicamente notamos uma melhoria na qualidade dos videos, tanto em resolução como em cores. E como o jogo tem “apenas” 5 CDs, a sua compressão é também melhor. Depois os cenários pré-renderizados do jogo anterior practicamente que desaparecem na sua totalidade. A esmagadora maioria dos cenários são baseados em fotos de cenários reais, onde a “sprite” das personagens estão constantemente a fazer movimentos de circunstância, apenas para dar mais algum dinamismo. Os controlos são os simples de um point and click e sempre que clicamos para Curtis se deslocar para algum lado ou efectuar uma acção (apanhar, investigar ou interagir com objectos, por exemplo), vemos uma cutscene em full motion vídeo de todos esses movimentos e diálogos. E a segunda coisa que imediatamente reparamos é que apesar deste Phantasmagoria não ter a qualidade de Hollywood nas representações dos seus actores, acaba por ser muito melhor que a do primeiro jogo. Mas nem tem comparação!!!

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…e cenas de S&M. Não é por acaso que este jogo foi banido em muito lado.

Mas infelizmente como jogo de aventura point and click, continua a deixar a desejar, pois oferece pouca variedade de coisas a fazer. O fluxo é sempre algo do género: acordar, falar com o rato de estimação, ir para o trabalho, falar com toda a gente e tentar ir a todo o lado na empresa, ver e-mails e documentos, sair do trabalho e ir a um restaurante, ou ao psicólogo, algum divertimento (ou não) durante a noite e repetir no dia seguinte. Os puzzles em si, para além de ter de adivinhar algumas passwords para aceder a documentos de outros users, são bastante dispersos e são um pouco idiotas. Logo no início do jogo esquecemo-nos da carteira em casa. Curtis vê que a mesma está debaixo do sofá. A solução lógica seria arrastar o sofá e pegar na carteira mas o que temos de fazer é soltar o rato debaixo do sofá e depois atraí-lo com comida, magicamente volta com a carteira… O puzzle final também é inesperado mas prefiro não o revelar.

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O gore também não podia faltar. E na recta final do jogo podemos morrer nalgumas destas cenas, a menos que cliquemos no sítio certo no momento oportuno.

No fim de contas, e apesar de continuar a achar que este jogo, tal como o primeiro Phantasmagoria, ganharam este estatuto de culto devido às cenas gore e às de cariz sexual, acaba por desiludir um pouco nas suas mecânicas de jogo e à forma em como a história é conduzida. De resto, tal como referi acima, há melhorias consideráveis no audiovisual. As músicas são na sua maioria ambientais e bastante tensas, as cutscenes têm uma qualidade bem melhor que o primeiro jogo e o acting também. Portanto, apesar de não ser perfeito, acho que já justifica a sua compra, especialmente se o acharem a um bom preço.

Echo Night Beyond (Sony Playstation 2)

Echo Night BeyondEsta foi a melhor “compra cega” que alguma vez fiz, pelo menos no que toca à Playstation 2. Algures durante o verão deste ano, numa das minhas idas à cash converters do Porto lá descobri este Echo Night Beyond a 3.5€. Olhei para a capa do jogo, pareceu-me interessante, virei a capa e olhei para a parte detrás, vejo a sinopse do costume e lá num cantinha estava o nome FROM SOFTWARE. Ora essa empresa para mim já tinha o meu completo respeito, mesmo antes desta “moda” à volta do Dark Souls ter surgido. Fizeram os competentes trading card RPGs Lost Kingdoms para a Gamecube, os óptimos Otogis para a Xbox e são também a empresa responsável pela impressionante série de dungeon crawlers Kings Field, que atravessou un 4 ou 5 jogos desde o seu lançamento inicial na PS1. Então acabei por trazer este jogo para casa e não me arrependi nada, pois a partir do momento em que o comecei a jogar, percebi que tinha em mãos uma das melhores hidden gems da consola.

Echo Night Beyond - Sony Playstation 2
Jogo com caixa e manual

O jogador encarna no papel de Richard Osmond que, em conjunto com a sua noiva, estavam a viajar pelo espaço num vaivém espacial. Infelizmente, por alguma razão misteriosa o vaivém colide com uma base lunar, provocando um grande número de vítimas. Richard acorda sozinho no shuttle, sem sinais da sua namorada. Ao explorar a estação lunar (que pelos vistos servia também de extracção mineira), não descobrimos nenhuns sobreviventes a não ser um misterioso andróide que pelos vistos até nos conhece. Tudo o que resta da base está deserto e abandonado e para piorar as coisas está repleta de fantasmas das pessoas que por lá morreram. Nessa nossa procura pela nossa noiva teremos de explorar toda a base e com isso vamos também descobrir alguns dos seus mistérios e o porquê de tanta vítima.

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A cutscene inicial é bem bonita

Echo Night Beyond tem umas mecânicas de jogo interessantes. O mesmo é todo passado na primeira pessoa, onde vemos o mundo pelo capacete do nosso fato espacial. Os fantasmas que vamos encontrando podem ser inofensivos ou bastante agressivos. Como os distinguir? Bom, tudo começa devido a um misterioso nevoeiro vir das entranhas da lua que traz uma aura maléfica qualquer e invadiu várias das salas da base lunar. Se tiverem de atravesar alguma sala ou corredor toda enevoada, façam-no com cuidado pois se surgir algum fantasma o único remédio é correr. Felizmente que em várias salas existem alguns controladores de ventilação que, após activados limpam as suas respectivas salas e corredores de qualquer nevoeiro. Após o fazermos, poderemos falar à vontade com os fantasmas, que estão presos na base lunar pois deixaram algo por fazer e cabe-nos a nós os libertar, ao procurar por objectos que eles precisem ou outras tarefas. E sim, ajudar os fantasmas é necessário pois muitas vezes após os libertarmos eles deixam cair alguns items essenciais para progredir no jogo, como chaves, cartões de segurança ou outros IDs que nos deixam ligar sistemas de ventilação.

Echo Night Beyond (3)
O jogo é bastante escuro, o que resulta muito bem para uma atmosfera tensa

Mas enquanto os fantasmas são agressivos, não há nada que possamos fazer para nos  defender a não ser correr e tentar ligar a ventilação o mais rápido possível, ou então escapar para uma zona segura. Uma das coisas que vemos sempre no ecrã é o nosso batimento cardíaco e quando somos perseguidos por um espírito maligno vemos o batimento cardíaco a aumentar constantemente. Se o deixarmos chegar a 300, puff… game over. Os “medkits” existem na forma de seringas que nos estabilizam o batimento cardíaco, mas as mesmas são escassas e o melhor a fazer é mesmo fugir para uma zona segura, onde o ritmo cardíaco voltará lentamente à normalidade. Felizmente existem as “monitor rooms“. Aqui, para além de podermos gravar o nosso progresso no jogo, podemos também controlar as câmaras de segurança daquela zona, algo crucial para descobrirmos onde estão os fantasmas ou localizações chave que temos de explorar.

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Fantasmas há muitos… curiosamente cadáveres é que não. Este é um androide, ou o que sobra.

Mas se há algo mau neste jogo, são sem dúvida os seus controlos. A From Software, talvez por ser um estúdio nipónico, nunca deve ter prestado atenção aos outros FPS que entretanto sairam para a PS2. Isto porque os controlos são maus e isso já acontece pelo menos desde o primeiro King’s Field. Apenas utilizamos um dos analógicos (ou o d-pad) para o movimento, carregando para cima ou para baixo faz-nos andar para a frente ou para trás, mas carregando para a esquerda ou direita faz-nos virar para essa direcção. O strafing e apontar para cima e para baixo é dado pelos botões de cabeceira, quando seria bem melhor usar um analógico para controlar a “câmara” e o outro o movimento. Mas isto não é o pior, pois é algo que nos vamos habituando. O pior é mesmo as secções em plena superfície lunar, com gravidade reduzida. Aí, o botão que antes servia para correr agora serve para saltar. Os passos que damos são extremamente lentos pelo que o instinto natural é saltar. E aí nos saltos já são mais rápidos mas infelizmente não os conseguimos controlar. A partir do momento em que saltamos temos logo o nosso destino traçado e não há nada a fazer. O que por mim até nem me incomodaria muito se não fosse a superfície lunar ter uns quantos desfiladeiros e se cairmos no buraco é game over e voltamos ao ponto onde fizemos save pela última vez. Existe um segmento em específico em que temos de saltar em 2 plataformas em movimento perpendicular enquanto atravessamos um penhasco. Esse sim, um autêntico momento de terror pois vamos morrer vezes sem conta.

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Os fantasmas inofensivos dão-nos algumas dicas do motivo pelo qual ainda estão aqui presos

De resto devo dizer que este é o melhor jogo de terror para maiores de sete anos que eu alguma vez já joguei. A atmosfera é sempre tensa e solitária, com os sustinhos do costume com objectos a cair subitamente ou fantasmas a aparecerem do nada. A nave é na sua maioria bem escurinha, pelo que utilizar a lanterna é uma necessidade, mas não um luxo, pois as baterias vão-se gastando. Graficamente é um jogo competente, toda a HUD do capacete espacial está bem pensada, bem como a estação espacial que é bem grandinha. Só não digo que o jogo tem os melhores gráficos de sempre pois existem melhores na consola. As músicas quando existem são mais atmosféricas, excepto a adaptação da Moonlight Sonata de Beethoven que cai que nem ginjas.

Tirando os seus problemas dos controlos, em especial o movimento e saltos em solo lunar que me causaram tantas dores de cabeça, este videojogo é sem dúvida uma das hidden gems da consola. A série Echo Night não é propriamente recente, os seus primeiros dois jogos tinham sido lançados para a Playstation 1 e apesar de serem igualmente na primeira pessoa, a sua temática era diferente. O primeiro Echo Night ainda chegou a solo americano, já o segundo apenas se ficou pelos japoneses. Estarei certamente atento à possibilidade de os importar se me surgir alguma vantajosa. De qualquer das formas este Beyond recomendo vivamente a sua compra. Parece que não é um jogo lá muito comum, mas pode ser que tenham sorte nas cashs e feiras que já vi pelo menos uns três.

Croc (Nintendo Gameboy Color)

CrocMais uma rapidinha de Gameboy, para mais um dos poucos jogos completos que tenho da plataforma. Croc foi mais uma das séries de plataforma em 3D que surgiram na segunda metade da década de 90, após o sucesso de jogos como Mario 64 ou Crash Bandicoot. E como todos os jogos multiplataforma de relativo sucesso, uma versão portátil do mesmo acabou por ser desenvolvida para a Gameboy Color. Tal como o Halloween Racer já aqui referido, este jogo era da minha irmã, que entretanto mo trocou por uns livros que eu cá tinha.

Croc - Nintendo Gameboy Color
Jogo com caixa, manual e papelada.

Confesso que nunca fui um grande conhecedor da série, tendo jogado apenas durante alguns minutos o primeiro jogo para a Sega Saturn no qual este se baseia. Essencialmente a nossa personagem é um crocodilo que tinha sido abandonado à nascença, tendo depois sido encontrado pelas estranhas criaturas peludas chamadas Gobbos. Certo dia os Gobbos foram todos raptados pelo vilão Lord Dante e os seus minions invadiram a terra de Croc. O resto não será muito difícil de adivinhar, pois recairá em nós o papel de resgatar todos os Gobbos e derrotar Dante.

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Tal como em Super Mario World, temos um overworld que nos mostra os níveis já jogados

Os controlos são simples, existindo um botão para saltar e outro para atacar, nada mais seria preciso, mas infelizmente as mecânicas de saltos e velocidade não foram muito bem implementadas, pelo que controlar Croc poderá ser algo confuso de início. Ao longo dos níveis, para além de chegarmos do ponto A ao ponto B, se os quisermos completar a 100% teremos de salvar os 4 Gobbos existentes, bem como coleccionar as letras que formam a palavra BONUS e finalizar o tal nível de bónus que isso desbloqueia. Esse é o maior desafio deste jogo, pois à parte de alguns níveis com um platforming mais exigente, o resto do jogo não é lá muito difícil. Isto também porque podemos coleccionar vários cristais, tal como em Mario coleccionamos moedas e em Sonic, anéis. Enquanto tivermos cristais na nossa posse nunca perdemos uma vida ao sofrer dano, pois cada golpe que sofremos retira-nos entre 2 a 4 cristais e os níveis estão cheios deles para serem apanhados.

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O jogo até que é bem colorido, algo que nem todos os jogos de GBC se podem gabar

De resto este é o típico jogo de plataformas em 2D, com os cenários a irem desde florestas, zonas com neve, desertos ou mesmo um castelo gigante. Em alguns dos níveis podemos andar num mine cart, noutro esquiar, andar de tapete voador, ou mesmo os níveis subaquático onde podemos nadar livremente. Graficamente é um jogo bastante colorido, e a Gameboy Color safa-se bem. Não é tão caprichado como os Wario Lands por exemplo, mas safa-se bem. As músicas infelizmente são algo repetitivas, pois são usadas em bastantes níveis. Algumas até que são mais catchy, já outras nem tanto.

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E os níveis de bónus são sliding puzzles com um tempo limite. Yay. Nope.

Croc é um jogo de plataformas razoável para a Gameboy Color. Enquanto Shantae ou os Wario Lands levam a melhor, não posso dizer que este seja um mau jogo de todo. Custa um pouco a habituar aos controlos, mas de resto é um jogo competente e quem é apreciador de jogos de plataforma certamente irá encontrar algum divertimento aqui.

Tintin in Tibet (Sega Mega Drive)

Tintin Au TibetJá devo ter referido por aqui algures que sou um grande fã da BD franco-belga e os livros do intrépido Tintin não são excepção. Este Tintin au Tibet, jogo obviamente inspirado no livro de mesmo nome, por alguma razão sempre me escapou e mesmo quando me dedicava fortemente à emulação nunca lhe dei muita atenção. No mês passado encontrei-o na feira da Ladra a um preço razoável e acabei por o trazer a 7,5€, já com o manual. Acabou por me surpreender bastante pelas suas mecânicas de jogo algo fora do comum, o que nem sempre é bom. Mas já lá vamos.

Tintin Au Tibet - Sega Mega Drive
Jogo completo com caixa e manuais

Não me vou alongar muito na história por detrás deste jogo, mas a mesma é fiel ao livro: Chang, um amigo de Tintim encontrava-se de viagem de avião quando o mesmo sofre um acidente e despenha-se em pleno nepal, no Tibete. Embora toda a gente os desse como mortos, Tintim acredita que o seu amigo está vivo e decide viajar com o Capitão Haddock para Katmandu onde junta uma pequena expedição e parte para uma perigosa caminhada pelas perigosas e imponentes montanhas nepalesas. O resto deixo para vocês descobrirem!

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A banda desenhada mistura-se bem com o gameplay

A primeira coisa que reparamos quando começamos a jogar este Tintin, é o quão fiel à banda desenhada ele parece. Os gráficos são excelentes, tudo parece retirado dos livros de Hergé e os diálogos em banda desenhada entrelaçam-se muito bem com a fluidez do jogo, parecendo mesmo que estamos a jogar num dos livros. Não com os quadradinhos de um Comix Zone, claro. Mas infelizmente desde cedo reparamos que a jogabilidade não é a melhor. Este jogo faz-me até lembrar o Pitfall, onde temos de ir do ponto A ao ponto B, evitando toda uma série de obstáculos, mas desta vez um pouco mais complicado.

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Este rapaz parece-vos inofensivo, certo? Estão redondamente enganados.

Isto porque temos 2 planos de jogo, o background e o foreground, podendo alternar livremente entre ambos, pelo menos nos níveis que o suportam. Ou seja, para além de nos desviarmos de “inimigos” ou obstáculos pelos métodos convencionais de saltar ou agachar, também podemos alternar entre planos, com Tintim a ter o zoom respectivo. Infelizmente a detecção de colisões não é a melhor e lá mais para a frente teremos alguns saltos mais complicaditos para fazer pois nem sempre distingue-se bem o que é plataforma e o que não é (isto para os níveis mais na neve). Outras vezes temos de procurar objectos, resgatar o Milú, ou ajudar algumas pessoas ao fazer certas tarefas, como carregar objectos de um lado para o outro, ou resolver pequenos puzzles. O problema é que cada nível tem um templo limite algo curto e nem sempre dá para explorar os níveis com a vontade que desejaríamos. Felizmente temos alguns items que podemos apanhar que tanto nos podem regenerar a vida, aumentar o tempo disponível para terminar o nível, ou mesmo serem vidas extra.

Portanto, ao contrário do que eu estava à espera, na medida em que este jogo teria um platforming bem competente e agradável, na prática torna-se num exercício de correria de um lado para o outro, sempre tendo em atenção aos objectos que voam, caem, pessoas que se metem no nosso caminho e outros obstáculos que nos dão dano e nos atrasam a vida. Temos também um nível bastante diferente dos demais, onde podemos controlar alternadamente o Tintim e o Capitão Haddock enquanto escalam uma perigosa montanha, estando apenas agarrados por uma corda entre si. Esse nível em particular é bastante chatinho e mesmo sendo o nível com mais tempo para ser completo, pode não ser suficiente a menos que saibamos bem o que estamos a fazer e por onde seguir caminho.

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Tintim está sempre com esta cara de aflito durante todo o jogo! Talvez por o tempo ser apertado, não sei.

Para além desta versão também o poderemos encontrar na Super Nintendo que, graças à sua capacidade de apresentar bem mais cores no ecrã que a Mega Drive, está naturalmente mais colorido. Mas de qualquer das formas e como já referi, esta versão também se safa muito bem neste aspecto que é certamente o melhor ponto do jogo. Sinceramente não gostei muito dos efeitos sonoros, já as músicas estão OK, mas mais uma vez a Super Nintendo leva a melhor nesse campo devido ao hardware superior. O que não desculpa a má jogabilidade mesmo na versão SNES.

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Ora cá está um ecrã que vai ser visto várias vezes.

Apesar de o livro Tintin no Tibete não ser de longe dos meus preferidos da saga do jornalista destemido, este jogo merecia ser bem melhor. E apesar de ser bastante bonitinho e conseguir conciliar muito bem o feeling de estarmos a ler uma história enquanto a jogamos, os seus problemas de jogabilidade acabam por o manchar e bem. Recomendo apenas a coleccionadores ou a fãs da banda desenhada, como é o meu caso.

Chip ‘n Dale: Rescue Rangers (Nintendo Entertainment System)

Chip n Dale - NESQuando a Capcom era a detentora dos direitos da Disney para o desenvolvimento de videojogos em consolas da Nintendo, daí resultaram alguns dos melhores jogos de plataforma daquela era, como os Ducktales, Darkwing Duck, ou os Chip ‘N Dale Rescue Rangers, uma adaptação de uns desenhos animados que também chegaram a passar nas nossas TVs e eu era um fiel seguidor. E este Rescue Rangers não foge nada ao padrão de qualidade que a Capcom nos habituou nessa altura, sendo um excelente jogo de plataformas com um óptimo modo cooperativo. Este meu exemplar foi comprado durante o mês passado na cash converters de Alfragide, tendo me custado uns 5€, com o jogo em caixa.

Chip n Dale Rescue Rangers
Jogo com caixa e sleeve protectora

Se se lembrarem desses desenhos animados, os rescue rangers, para além do Tico e do Teco tinham mais 3 protagonistas: uma rat… roedora bastante inteligente que era a inventora do grupo, um rato grande, gordo, comilão e meio estúpido, e um insecto que sinceramente já nem me lembro muito bem qual era o seu propósito, para além de ninguém perceber o que ele dizia. E os Rescue Rangers estavam sempre a tentar travar os planos de algum vilão, nomeadamente o Fat Cat que também tramou alguma neste jogo. O que era para se ter tornado numa simples missão para resgatar um gato de uns vizinhos, tornou-se numa missão para salvar Gadget que entretanto foi raptada pelo Fat Cat.

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Por vezes temos direito a cutscenes 8bit deste género

As mecânicas de jogo são bastante simples mas eficazes, em vez de derrotarmos os inimigos ao saltar-lhes em cima, temos de apanhar as várias caixas de madeira que vemos espalhadas pelos níveis e atirar-lhes com elas, ou atirar-lhes com outros itens mais pesados, mas que nos reduzem a mobilidade enquanto os carregamos. O bom do jogo é o seu modo cooperativo para dois jogadores, onde um com o Tico, o outro com o Teco, dá para jogar em equipa e ajudar-nos mutuamente a atravessar os perigos. Obviamente que temos outros items para apanhar, sejam coleccionáveis como as moedas de Mario ou os aneis de Sonic, outros que nos regeneram a saúde ou nos dão invencibilidade temporária.

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Podemos usar os caixotes para nos escondermos e assim nos proteger dos inimigos.

O jogo está também dividido em vários níveis espalhados num overworld, onde no final de cada nível temos também uma luta contra um boss. Nestas lutas temos também de usar as mesmas mecânicas para atacar os inimigos, mas geralmente temos uma bola de borracha para lhes atirar. De resto, os níveis são bem diversificados entre si e os inimigos são também bem detalhados, para o que estou habituado a ver numa NES. Tico e Teco são esquilos, então tudo o resto à nossa volta é gigante, sejam as ruas que exploramos, ou salas de casas. Gadget antes de alguns níveis até nos dá umas dicas para resolvermos alguns dos “puzzles” existentes, como fechar umas torneiras ao saltar-lhes em cima.

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Eventualmente até temos mesmo que interagir com o cenário para progredir

Graficamente é um jogo bem colorido, mediante as limitações técnicas da NES e com sprites bem definidas, como já referi acima. As músicas são óptimas, suponho que algumas sejam adaptações dos temas da série, mas sinceramente tal é coisa que já não me recordo. O jogo teve sucesso suficiente para garantir uma sequela, que espero um dia vir a arranjar na minha colecção e se for dentro deste price range ainda melhor! Escusado será dizer que é um jogo que recomendo a todos os fãs de platforming clássico em 2D.