Micro Machines (Sega Game Gear)

Bora lá para mais uma análise “blitzkrieg”, bem mais rápidas que as “rapidinhas” que eu por vezes escrevo. Isto porque o jogo que trago hoje é uma conversão directa de um outro jogo já aqui analisado, o Micro Machines para a Sega Master System, pelo que recomendo vivamente a leitura desse artigo, este será apenas um pequeno complemento. E o cartucho entrou na minha colecção algures durante o mês passado, tendo sido comprado na feira da Ladra em Lisboa por 2€, salvo erro.

Micro Machines - Sega Game Gear
Jogo, apenas cartucho

Como podem ver pela fotografia, este não é um cartucho convencional, assim como todos (ou practicamente todos) os outros cartuchos lançados pela Codemasters para as consolas da Sega. Isto porque não são produtos propriamente licenciados pela Sega. De resto, em relação ao jogo em si, é essencialmente o mesmo da versão Master System, salvo a resolução mais baixa e o modo multiplayer a necessitar de um cabo próprio para ligar 2 Game Gears. A diversão, essa, é exactamente a mesma pelo que é um jogo de óptima qualidade.

Soldier of Fortune (PC)

Soldier of FortuneVamos voltar aos first person shooters do PC para um jogo que foi bastante badalado para a altura em que saiu pela sua violência over-the-top. Essencialmente é um jogo em que tomamos o papel de um mercenário que luta contra pequenos exércitos em busca de travar um eventual conflito nuclear de proporções catastróficas. O senão deste título é mesmo o sistema de localização de dano, sendo possível decepar os corpos dos nossos inimigos e atingi-los em diversas partes do corpo, provocando várias reacções. Mas já lá vamos. Este jogo entrou na minha colecção algures no ano passado, tendo sido comprado na cash converters da Praça do Chile em Lisboa por 1.95€, tal como se pode observar pelas marcas a marcador na capa (ainda não me dei ao trabalho de passar álcool na capa para a tirar).

Soldier of Fortune - PC
Jogo completo com caixa, manual e papelada.sion

Tal como referi no parágrafo acima, encarnamos então no papel de John Mullins, um mercenário do grupo de elite “Soldiers of Fortune”. Começamos o jogo a resolver um conflito nos subúrbios de Nova Iorque, onde um perigoso gangue tomou de assalto o sistema de metropolitano da cidade e feito uma série de reféns. Ao longo do jogo vamos descobrindo que as coisas não são tão simples assim e esse gangue teria ligações uma facção para-militar que tinha roubado 4 ogivas nucleares de uma antiga base soviética. O resto do jogo leva-nos ao longo do mundo para locais como o médio oriente, Japão, sibéria, entre outros, de forma a localizar as 4 ogivas desaparecidas e destruir essa organização misteriosa.

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Antes de cada nível, podemos escolher as armas e equipamento a levar logo de início, mediante os nossos fundos monetários.

Soldier of Fortune foi um jogo que foi publicitado como sendo “realista”. O facto de termos um imenso arsenal ao nosso alcance como vários revólveres, metralhadoras, lança rockets,a fiel shotgun e outras armas mais “futuristas”, não podemos carregar com tudo de cada vez, o que era algo não usual nos FPS da altura. E claro, o sistema de dano também deu as suas cartas e sim, é delicioso atirar numa perna de um soldado inimigo e vê-lo a ganir de dor, para a seguir dar um tiro num braço e por fim um outro na zona das virilhas para lhe dar um final merecido. Se usarmos uma arma mais poderosa, como uma shotgun, então é possível arrancar membros, cabeças ou deixar tripas de fora num disparo à queima-roupa na zona dorsal. Daí se compreende perfeitamente o porquê de tanta polémica quando o jogo foi lançado devido à sua excessiva violência. Mas apesar desse apregoado realismo, na verdade o jogo acaba por ter a jogabilidade de um Quake II, com imensos inimigos a surgirem de todos os lados e o jogo por vezes exigir uma abordagem bem mais agressiva ao invés de infiltração. Ainda assim é possível jogá-lo de uma forma não violenta, mas teremos de ser mesmo muito precisos. Ao disparar na arma dos nossos inimigos, eles perdem-na e rendem-se, ficando à nossa mercê de fazermos o que quisermos com eles (ou não).

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Como habitual em jogos deste estilo, as cutscenes utilizam o motor gráfico do jogo em si.

Para além do modo campanha que tem uma duração quanto baste, o jogo apresenta também uma vertente multiplayer, como não poderia deixar de ser. E também como não poderia deixar de ser, é algo que não prestei muita atenção. Para além de várias variantes do deathmatch, com as originais “Arsenal”, onde começamos a partida com todas as armas do jogo e temos de matar um inimigo com cada uma das armas e o primeiro a consegui-lo vence a partida, a outra é o “Realistic Deathmatch”, com restrições de apenas podermos equipar uma arma pesada para além do revólver, os danos provocados por tiros serem muito maiores que na vertente single player ou mesmo por existir uma barra de stamina que se vai diminuindo conforme vamos correndo e saltando. Para além dessas vertentes do deathmatch existe ainda um capture the flag que dispensa quaisquer apresentações, o “Assassination” que como o nome indica tem o objectivo de assassinar uma pessoa em específico e por fim temos o “Conquer the Bunker” que é uma variante de modos como os Domination, onde teremos de “conquistar” pelo máximo de tempo possível vários pontos específicos no mapa.

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A shotgun é uma arma que faz muitos estragos

Graficamente é um jogo bastante datado, até porque utiliza uma engine modificada da id Tech 2, utilizada em jogos como o Quake II, o que não é nenhuma surpresa, devido à óptima relação que sempre existiu entre ambas as empresas. De qualquer das formas, com esta engine esperem por modelos ainda muito “quadrados” e texturas simples. Para além do mais é um jogo que tem muitos problemas em correr em sistemas operativos modernos, sendo necessário a utilização de um patch desenvolvido por fãs para lhe tirar o melhor partido possível, incluindo jogá-lo em 1080P. A música, efeitos sonoros e voice-acting são OK, nada de particularmente memorável, mas também não posso dizer que sejam maus.

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Para disparos com precisão cirúrgica, nada como uma sniper rifle.

Como um todo, considero este Soldier of Fortune um bom FPS, que vai buscar elementos de jogabilidade tanto a jogos da velha guarda, mas também começa a incutir algumas outras coisas presentes em jogos mais modernos. Apesar de ser um jogo graficamente datado e com problemas de performance a correr em sistemas operativos modernos, recomendo na mesma a versão PC, pois existem tools disponíveis para o tornar jogável em sistema Windows 64bit. Existem também conversões para a Dreamcast e Playstation 2, mas sinceramente não sei se são boas conversões ou não. Lembro-me que, back in the day, o pessoal queixava-se bastante dos loadings demorados da versão Dreamcast.

Virtua Fighter 4 (Sony Playstation 2)

Virtua Fighter 4Virtua Fighter 4 é um dos primeiros grandes jogos lançados pela Sega após a descontinuação da Dreamcast e o seu consequente abandono do ramo de fabricante de consolas. E ao contrário do Virtua Fighter 3tb, cuja conversão para a Dreamcast deixou algo a desejar devido a ter sido remetida para um pequeno estúdio, desta vez foi a própria AM2 a tomar as rédeas neste projecto e o resultado é um jogo muito mais consistente. E este Virtua Fighter 4 entrou na minha colecção algures há 2 ou 3 anos, após ter sido comprado em bundle juntamente com os outros Tekkens desta consola. Ficou-me muito barato, mas falta-lhe o manual, infelizmente.

Virtua Fighter 4 - Sony Playstation
Jogo com caixa e papelada.

Virtua Fighter 4 é um jogo de luta para os entusiastas do género. Para os típicos button mashers onde eu até me encontro grande parte das vezes, a menos que estejamos a jogar num nível de dificuldade reduzida e escolhamos uma personagem rápida como a Vanessa Lewis, talvez assim teremos alguma sorte. Porque de resto é um jogo bastante tecnicista e difícil de masterizar. A nível de história, como habitual Virtua Fighter 4 decorre num torneio mundial de artes marciais, mas no entanto cada lutador tem as suas próprias razões pelas quais quer participar, e o próprio torneio tem também algumas origens não muito legais. Mas como sempre digo neste género de jogos, tal é completamente descartável e ao contrário dos últimos Tekkens onde é dada uma importância considerável à história e background de cada lutador, aqui nem por isso.

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Vanessa Lewis é uma das novas caras neste quarto jogo da série.

Virtua Fighter sempre se resumiu ao gameplay, e aqui vemos algumas mudanças. As arenas com desníveis do Virtua Fighter 3 deixaram de existir, porém temos agora algumas arenas fechadas com vedações que podem ser utilizadas como forma de dar dano aos oponentes, um pouco como se fez no Fighting Vipers. O botão de dodge utilizado no VF3 foi substituído por premir duplamente para cima ou baixo, bem como alguns golpes novos e outras features. De resto, enquanto acho Virtua Fighter 4 como um melhor jogo de luta que o seu rival Tekken 4, os modos de jogo são um pouco fracos. Temos o tradicional Arcade e versus, bem como o Kumite, que é na realidade uma espécie de survival, onde vamos amealhando pontos com cada inimigo derrotado. O A.I. System é um modo de jogo bastante peculiar em que à medida que vamos lutando contra um oponente à nossa escolha, ele vai aprendendo os nossos truques e respondendo à altura. Dessa forma podemos ter um adversário altamente treinado para… apenas isso. Para além do mais temos um óptimo “Training Mode” que serve de um excelente tutorial para ensinar as mecânicas do Virtua Fighter, mesmo com slow-motion se necessário. Para finalizar, temos também as customizações com items cosméticos que podemos aplicar a todos os lutadores, podendo ganhar esses items ao jogar no modo Kumite ou Versus.

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Apesar de não ter o mesmo nível de detalhe do original da Arcade, a versão PS2 não é nada de se deitar fora.

Graficamente é um jogo bonito, mas a versão PS2 está uns furinhos abaixo da versão arcade, que corre numa Naomi 2 e possui alguns efeitos de luz e suas reflexões melhores ou que não estão mesmo presentes da versão caseira. Mas mesmo a versão Arcade não faz justiça ao salto gráfico que cada jogo anterior desta série representou, mas a própria indústria também evoluiu de forma diferente, e o cúmulo de gráficos 3D deixou de estar nas arcades. Ainda assim não deixa de ter os seus bonitos detalhes, com arenas bem construídas, com efeitos de neve ou outros de luz ao lutar contra um por-do-sol em plena cidade e claro está, os lutadores muito bem detalhados. O jogo possui 2 lutadores novos face ao Virtua Fighter 3 – Lei Fei, um monge do estilo Shaolin como nos filmes clássicos de Kung-Fu e Vanessa Lewis, uma moça jeitosa com um misto entre muay-thay e vale tudo. Taka-Arashi, o lutador de Sumo introduzido no Virtua Fighter 3 foi posto de lado para este jogo, supostamente devido a dificuldades técnicas. Mas continuando com os audiovisuais, as músicas são OK, embora sinceramente não seja um jogo que tenha faixas tão memoráveis como os primeiros. Ainda assim, para quem é fã dos clássicos, irá gostar de saber que algumas das arenas icónicas estão de volta. Os efeitos sonoros estão bons, assim como os voice-overs, com os lutadores a falarem as suas línguas nativas.

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Este Virtua Fighter 4 traz um modo tutorial/training bastante completo

Virtua Fighter 4 é um excelente jogo de luta que precisa de muito trabalhinho para ser realmente apreciado. Ainda assim, a menos que sejam um coleccionador e/ou fã da série como eu, este não é um jogo que eu recomende de todo. Isto porque também para a Playstation 2 temos ainda o Virtua Fighter 4 Evolution, que para além de trazer ainda mais 2 lutadores novos, traz também vários novos modos de jogo que valem realmente a pena e fazem a diferença. Mas isso será para um artigo futuro.

Medal of Honor Pacific Assault (PC)

Medal of Honor Pacific AssaultVoltando para os first person shooters que eu tanto gosto, para mais uma análise a um shooter da segunda guerra mundial, outro tema que eu também aprecio bastante. E este Medal of Honor é diferente dos demais, na medida em que se foca nas batalhas do pacífico, entre os norte-americanos e japoneses, algo que sinceramente nunca me interessou muito, talvez por não ser um conflito “nosso”. E este jogo entrou na minha colecção há uns meses atrás, após ter sido comprado na feira da Ladra em Lisboa, por 1 ou 2€, sinceramente não me recordo do valor ao certo, mas foi algo dessa fasquia que o vendedor disse que os “DVDs” custavam.

Medal of Honor Pacific Assault - PC
Jogo com caixa e manual.

Há algumas coisas neste jogo um pouco diferentes dos MoH anteriores, talvez até indo buscar influências ao primeiro Call of Duty. Neste jogo o foco nem é tanto as acções solitárias de infiltração e sabotagem por parte de agentes das OSS, mas sim o combate em esquadrões, onde assaltamos posições inimigas em conjunto. De facto até existe a possibilidade de usar as setas do teclado para dar comandos aos nossos colegas, coisas como “fall back”, “rally on me” ou “double time!” são algumas das expressões que podemos indicar aos nossos colegas, mas sinceramente foi uma opção mal aproveitada, pois passamos a maior parte do tempo a receber essas ordens, em vez de as dar. E apesar de estarmos integrados num esquadrão, quando é preciso limpar uma trincheira de soldados japoneses já sabemos quem é o escolhido, mas não me queixo disso. Queixo-me sim de esse esquema de luta em esquadrões ter sido areia atirada aos olhos, ao contrário do que vimos mais tarde com Brothers in Arms, até porque os nossos companheiros são imortais, o médico do esquadrão pode curar-se a si mesmo e curá-los aos outros sempre que for necessário e a nós só nos consegue curar umas 5 vezes, com os medkits a serem também muito escassos.

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Antes da acção propriamente dita, temos um pequeno tutorial passado na nossa recruta.

As missões em si também não me agradam particularmente. O jogo começa em Pearl Harbour (como não poderia deixar de ser) e depois passamos a maior parte do tempo a combater num “green hell” ou seja, em plena selva de ilhas remotas no pacífico. Vamos encontrar muitos japoneses entrincheirados e misturados no meio da vegetação, o que para mim acaba por ser bastante aborrecido. Outras missões como perseguições em carro, ou as habituais defesas de pontos estratégicos com várias waves de inimigos a surgirem também acontecem com alguma regularidade. Mas também podemos disparar em várias peças de artilharia pesada, incluindo uma missão algo irritante onde temos de abater uma série de caças japoneses enquanto nos destroem uma base aérea. Ah, e temos também uma missão em que conduzimos pelos ares um caça norte-americano, nós, um mero marine, incumbido de pilotar um avião e tomar a iniciativa em combates aéreos contra outros caças japoneses e suas forças navais. Mas pronto… para além disso existe também uma vertente multiplayer que eu sinceramente não cheguei a experimentar muito, mas vi que existem algumas variantes de deathmatch e também um sistema de classes como vemos noutros FPS modernos, com classes de artilheiros, médicos, infantaria ou engenheiro, cada um com as suas respectivas habilidades.

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A batalha de Pearl Harbour está espectacular, mas o jogo decai bastante de qualidade logo depois.

Graficamente é um jogo competente para os padrões de 2004, mas com tanta missão em selvas tropicais, o que mais se vê é verde e castanho, do chão e cabanas de madeira construídas pelos japoneses. Acho que deveria de haver uma variedade maior de cenários, até porque os conflitos entre os norte-americanos e japoneses não se ficaram só por ilhas tropicais no pacífico, e a colocar-nos a pilotar um avião assim do nada, ao menos que houvesse também uma coerência maior. Mas pronto, graficamente, apesar da pouca variedade, é um jogo competente tendo em conta a época. Certamente melhor que o seu “primo” lançado nas consolas – o Rising Sun. A nível de som, a conversa aí já é outra. É dada uma maior atenção à narrativa, especialmente do bem estar dos camaradas de armas dentro do seu esquadrão e o voice acting está no geral competente. Os sons de armas parecem-me bons, mas como sempre, não sou um especialista na matéria, nunca ouvi nenhuma daquelas armas a disparar na vida real. As músicas são bastante épicas e orquestradas como é habitual na série e é sempre um ponto extra.

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Infelizmente o esquema de squad based combat não ficou muito bem implementado.

Conteúdo bónus como pequenos vídeos estão prontos a serem desbloqueados e não só. Existe também uma opção que podemos activar que nos vai fazendo o pop-up de alguns factos sobre a segunda guerra mundial. Esse pop up pode ser intrusivo ou não, ou seja, pode pausar o jogo para lermos a mensagem ou simplesmente a mesma aparece no ecrã e quando bem entendermos fechamos a mensagem. Sinceramente quando vi essa opção, achei uma ideia muito boa, mas depois mudei logo de ideias. As mensagens aparecem constantemente e sinceramente muitos dos factos não são assim tão interessantes. Muitas vezes vi a acção em momentos bem tensos a ser interrompida com esses pop-ups idiotas e depois ao decidir deixar as mensagens aparecer sem pausar o jogo também era algo que me distraía bastante. Para além disso, o botão de “desligar” a mensagem é a mesma tecla de “usar”, pelo que pode também dar azo a algumas confusões. Por exemplo, eu todo entretido a disparar numa metralhadora pesada montada numa trincheira quando surge a mensagem. Carrego em F e para além de me fechar o pop-up, “largo” também a metralhadora, levando em seguida com uma série de balas nas trombas. Foi aí que decidi desligar essa opção como um todo.

Medal of Honor Pacific Assault é mais um FPS da conhecida série da Electronic Arts. Não é um mau jogo de todo, mas o esquema de usarmos um esquadrão acabou por não ter sido bem utilizado e sinceramente o teatro de guerra do Pacífico não é algo que me interesse particularmente, ainda por cima quando 80% do jogo é passado em selva, à procura de asiáticos atrás das moitas. Não era um jogo sobre o conflito do Vietname que estava à espera de jogar.