Legend of Kage 2 (Nintendo DS)

Legend of Kage 2Continuando com as consolas da Nintendo, o próximo jogo que escreverei é uma sequela a um jogo há muito esquecido que, mesmo sendo um dos jogos que eu mais gostava de jogar na minha famiclone, o Legend of Kage original não deixava de ser um jogo algo obscuro do catálogo da NES e condenado ao esquecimento, após tantos anos sem se ouvir falar mais nele. E foi precisamente isso que me surpreendeu quando soube que a Taito estaria a fazer uma sequela para este jogo. Nos dias de hoje, com a indústria dos videojogos a apostar cada vez mais em sequelas a jogos million sellers, o espaço para IPs novas tem vindo a reduzir-se e ainda mais para IPs há muito esquecidas. Felizmente não foi esse o caso do Legend of Kage e apesar do duplo ecrã da Nintendo DS, este parece-me a sequela que a SNES há muito teria merecido. O jogo entrou na minha coleção há uns meses atrás, após ter sido comprado por 5€ numa das últimas promoções da Fnac. Foi na do Norteshopping se a memória não me falha.

Legend of Kage 2 - Nintendo DS
Jogo com caixa, papelada e manual

Não sei bem se este Kage 2 é uma sequela ou um remake do original, mas ambos começam com o mesmo tema: o rapto de uma princesa por ninjas com más intenções. Mas aqui a história é dada um tratamento mais completo, começando-nos por colocar no papel de um ninja masculino, Kage, ou feminino, a Chihiro. Ambas as personagens têm diferentes backgrounds, mas a história principal mantém-se idêntica. A princesa Kirihime foi raptada por forças demoníacas e a razão pela qual houve esse rapto é o facto de a princesa ter alguns poderes especiais que nunca foram muito bem explicados. Resumindo, os maus da fita precisam dos poderes dela para poderem dominar o Japão e o mundo e seremos nós a atravessarmo-nos nos seus caminhos.

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Combinando as gems que encontramos ao longo do jogo podemos desbloquear vários tipos de Ninjutsu

O Legend of Kage original não era nada de especial para ser sincero. Mas eu adorava jogá-lo pelos seus saltos gigantes e poder disparar shurikens em todas as direcções e esquartejar todos os ninjas que se metessem à nossa frente, bem como saltitar graciosamente de árvore em árvore. E essa “verticalidade” dos níveis mantém-se, mas desta vez dotaram os ninjas de muitos movimentos extra. Kage apresenta a mesma jogabilidade básica, tendo uma espada e shurikens. Já Chihiro é mais fraquinha fisicamente, mas tem armas que lhe permitem atacar vários inimigos ao mesmo tempo. De resto vamos desbloqueando imensas skills, como saltar cada vez mais alto ou novas combos para executar ou mesmo Ninjutsus para construir e utilizar. Outras habilidades que se tornaram standard em outros jogos de ninjas estão também aqui presentes, como correr e saltar em paredes, agarrar-se a tectos ou deslizar pelo ar. Infelizmente os controlos não são tão precisos como gostaria, por vezes os saltos não saem exactamente da maneira que queremos, havendo também algum delay entre saltar e atacar. Felizmente não existem abismos sem fundo neste jogo.

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Os 2 ecrãs da DS adaptam-se muito bem à verticalidade exigida pelo jogo

Os níveis são bem grandinhos e embora não seja necessário explorá-los todos a 100%, seja pela sua verticalidade, sejam pelos imensos inimigos que vão fazendo respawn, mas a exploração é algo encorajado nem que seja para encontrar powerups escondidos que nos permitirão depois desbloquear novas habilidades mágicas de Ninjutsu. No final de cada nível temos sempre um ou mais combates contra bosses, e essas lutas são bem mais complicadas que os níveis propriamente ditos. Se não fossem o bosses desafiantes, este era um jogo em que se conseguiria terminar em pouco tempo. Ainda assim, o facto de a história ser ligeiramente diferente entre Kage e Chihiro, bem como o conteúdo bónus que vamos desbloqueando ao terminar o jogo em várias dificuldades ou no boss rush mode são incentivos a jogar este Legend of Kage 2 mais que uma vez.

Graficamente não é dos jogos 2D mais bonitos da Nintendo DS. Aliás, se não fosse o facto de a acção ocupar 2 ecrãs (o que é excelente tendo em conta a verticalidade dos saltos que damos), eu diria até que este é um jogo de SNES. O estilo das músicas e mesmo o grau de detalhe de todas as sprites me parece retirado da consola 16bit da Nintendo e certamente que ficaria bem nessa consola. Não quero com isso dizer que é um mau jogo a nível gráfico, simplesmente que já vi melhor. O artwork dos cenários de um Japão feudal agradaram-me, apenas tenho pena por não ter havido uma maior variedade em alguns dos cenários.

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Entre cada nível e antes de cada boss temos acesso a cutscenes com diálogos para prosseguir com a história

Este Legend of Kage 2 não é uma hidden-gem nem um must-have da consola, no entanto não deixa de ser um bom jogo cujo lançamento me surpreendeu bastante visto o jogo original ser bastante antigo e ter-se ficado na obscuridade. Gostava de ter visto mais sequelas deste género nos tempos que correm.

Super Mario Bros. (Nintendo Entertainment System)

Super Mario Bros

EDIT: originalmente publicado no dia 30 de Julho de 2014, editado no dia 30 de Setembro do mesmo ano. A razão é porque arranjei uma nova versão deste jogo com caixa, substituindo assim a cópia em cartucho que tinha anteriormente.

O artigo de hoje será novamente curtinho, apesar de ser sobre um dos melhores videojogos de todos os tempos e cujo lançamento mudou por completo toda a indústria, colocando a Nintendo no lugar de topo do mercado dos videjogos da segunda metade da década de 80 e lançando definitivamente a popularidade dos videojogos de plataforma. Já muito se falou e escreveu sobre este magnífico jogo que sinto que não terei nada a acrescentar. No entanto, este nem foi o primeiro videojogo em que colocaram a mascote da Nintendo como personagem jogável. Essa honra vai para o Donkey Kong e porque não o Mario Bros, onde com Mario e Luigi já andávamos a combater contra uma série de koopas, embora ainda sem grande motivo. Mas em 1985 com Super Marios Bros. tudo mudou. Um jogo excelente em absolutamente todos os aspectos, seja no level design, gráficos e música, SMB foi um jogo realmente muito bom. E a minha cópia foi-me orientada por um antigo colega de trabalho, em caixa, por 10€.

Super Mario Bros. NES
Jogo em caixa. A sleeve de plástico ficou lá dentro esquecida na altura da foto.

A história de Super Mario Bros é simples e é uma fórmula que tem sido utilizada pela série até aos dias de hoje: A princesa Toadstool (mais tarde chamada de Peach) do Mushroom Kingdom foi raptada pelo malvado Bowser e cabe a Mario (e o seu irmão Luigi) atravessar todo o Mushroom Kingdom até a salvarem. E embora este jogo tenha um número limitado de cores ou mesmo sprites, os níveis acabam por ser bastante variados. O jogo está dividido em 3 níveis mais um castelo final por zona, em cada zona temos níveis ao ar livre, outros subterrâneos, debaixo de água ou mesmo nos céus. E mesmo de mundo para mundo vamos vendo pequenas alterações no background (como a altura do dia), nos inimigos que nos perseguem e no grau de dificuldade que vai sendo progressivamente maior. Apesar de apenas podermos andar da esquerda para a direita (neste jogo o side scrolling ainda só funciona numa direcção), o jogo está repleto de segredos para serem descobertos, como passagens secretas, truques de vidas infinitas ou mesmo acesso a portais que nos teletransportam para outras zonas mais avançadas do jogo (ou o infame world -1), e até aos dias de hoje poucos são os jogos que tenham sido tão escavacados pelos fãs como este Super Mario Bros.

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No final de alguns níveis podemos saltar nestes flagpoles. Quanto mais alto saltarmos, melhor a pontuação.

De resto, para quem tenha vivido numa rocha ao longo de quase 30 anos, as mecânicas de Super Mario Bros são simples. Mario começa o jogo pequenino e se apanharmos um cogumelo laranja (não confundir com os Goombas!) duplicamos de tamanho. Enquanto Mario grande, podemos ser atingidos 1 vez antes de perder uma vida. Depois de mario estar grande podemos também apanhar uma flor brilhante que nos transforma em Super Mario, com Mario a lançar bolas de fogo como ataque de longo alcance. Muitos inimigos podem ser derrotados ao saltar em cima deles, mas outros apenas podem ser derrotados após Mario se transformar em super. Outro powerup de destaque é a estrela colorida, que nos deixa temporariamente invencíveis. Também há inimigos que apenas desta forma conseguem ser derrotados. Para além do mais existem espalhadas por todos os níveis imensas moedinhas que podem ser coleccionadas e para cada 100 que apanhemos, ganhamos uma vida. Ao longo do jogo vemos também várias caixas com um ponto de interrogação. Ao mandar uma cabeçada nelas é que vemos o seu conteúdo, sejam moedas, ou algum dos powerups já referidos. Muitos dos outros blocos podem ser destruídos logo que não estejamos com o tamanho pequeno e muitos outros são até invisíveis, mais uma razão pela qual este é um jogo repleto de segredos. No geral, a sua jogabilidade é excelente e se perdemos várias vidas ao longo do jogo, a culpa é inteiramente nossa pois os controlos estão no ponto. A inércia dos saltos de Mario é perfeita e ainda nos dias de hoje existem muitos jogos de plataforma que não conseguiram fazer saltos tão bons e precisos como os de Mario e companhia. A companhia é o seu irmão Luigi na vertente multiplayer do jogo. Luigi aqui ainda é apenas uma palette swap de Mario e os dois jogadores vão jogando alternadamente, sempre que o anterior perca uma vida. Por fim, no final de cada zona temos também um boss para derrotar, algo que se tornou também num lugar comum em qualquer jogo de plataforma que lhe tenha seguido.

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O contraste do primeiro para o segundo nível é gritante

Graficamente é um jogo simples, visto ainda ter saído no início de vida da consola, no entanto já era um salto de qualidade bem considerável ao comparar com os primeiros jogos da Famicom – as conversões de Donkey Kong. O efeito de sidescrolling é muito suave, e todos os cenários, objectos e inimigos possuem o seu charme, como nuvens com smileys, os inimigos de olhos esbugalhados e mesmo o facto de as nuvem serem a mesma sprite da erva no background, são coisas que ficam. É certo que não é um jogo tão detalhado como Super Mario Bros 3 na mesma plataforma, mas é inegável a sua qualidade perante os padrões de 1985. Os efeitos sonoros e músicas estão até hoje gravados na minha memória e dificilmente haverá músicas de videojogos mais populares que estas.

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A menos que apanhemos alguns dos já referidos atalhos, esta será uma mensagem que veremos muitas vezes

Resumindo e repetindo, a menos que tenham vivido debaixo de uma rocha sem qualquer contacto com a civilização humana nos últimos 30 anos, seria a única desculpa aceitável por não terem jogado uma vez sequer este jogo. Mesmo que não tenham uma NES, ou uma famiclone vendida ao preço da chuva em qualquer romaria ou loja de chineses por esse país fora, o que não faltam são conversões ou mesmo lançamentos digitais nas virtual console ou eshop de consolas mais recentes da Nintendo.

Pikmin (Nintendo Gamecube)

Pikmin GCNão sou um grande fã de jogos de estratégia, mas abri uma excepção para Pikmin, até porque os elementos de RTS são ligeiros. Pikmin é um dos jogos pertencentes à janela de lançamento da Nintendo Gamecube e mais um produto da imaginação de Miyamoto. Entrou na minha colecção há uns bons anos atrás, se a memória não me falha foi comprado por volta de 2003 ou 2004 numa Worten por 10€. Infelizmente até hoje não consegui encontar um Pikmin 2 para a Gamecube a um preço apetecível, mas pode ser que isso mude entretanto.

Pikmin - Nintendo Gamecube
Jogo com caixa, papelada e manuais

Este jogo coloca-nos no papel do capitão Olimar que se encontra a navegar todo entretido pelo espaço fora no seu foguetão invulgar. Tudo corria bem até ter embatido num asteróide e entrado depois em rota de colisão com um planeta, com o seu foguetão a desmantelar-se todo em 30 peças espalhadas pelo planeta fora. Ainda assim nem tudo está perdido, pois o que resta da nave de Olimar consegue-lhe garantir o suporte básico de vida durante os próximo 30 dias. E ao explorar um pouco as redondezas encontramos o nosso primeiro Pikmin, uma pequena criatura vermelha de olhos esbugalhados e com uma folha no lugar de cabelo. Depressa Olimar descobre o segredo para a sua multiplicação: os Pikmin nascem como uma semente de uma estranha planta voadora e se carregarem comida para essa planta, novos Pikmin nascerão. Como os Pikmin gostam de ser comandados por Olimar, o capitão tira proveito da situação e durante o resto do jogo podemos comandar um pequeno batalhão de no máximo 100 Pikmins em campo para procurar as peças perdidas da nave S.S. Dolphin, tendo para isso também de ultrapassar imensos obstáculos.

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Estas plantas estranhas são onde os Pikmin nascem e vivem e voam à noite, para proteger os Pikmin dos predadores nocturnos

Neste jogo existem 3 variantes dos Pikmin, os vermelhos, mais poderosos fisicamente e capazes de resistir a fogo, os amarelos que por sua vez podem ser atirados mais alto e são os únicos capazes de equipar e utilizar umas rochas explosivas e por fim os últimos Pikmin que descobrimos são os azuis, os únicos capazes de nadar e sobreviver na água. Nós como Olimar podemos seleccionar os Pikmins com os quais queremos interagir e dar-lhes ordens para variadas tarefas, seja atacar inimigos, carregar objectos ou interagir com diferentes partes do cenário para abrir novas passagens, seja mandar umas “portas” abaixo ou construir pequenas pontes de madeira. Também podemos agrupar os Pikmin por cores, para depois também ser mais fácil conseguirmos seleccionar os Pikmin que quisermos levar. Os inimigos que matamos ou as “patelas” coloridas que encontramos ao longo do jogo se forem levadas às plantas-mãe dos Pikmin servem também para criar novos Pikmin, o que é algo que teremos sempre de ter alguma atenção em fazer, pois é normal que percamos uns quantos por serem atacados por inimigos, queimados ou afogados. O segredo para atacar a maior parte dos inimigos consiste em atacá-los por detrás, apanhando-os desprevenidos e reduzindo as casualidades. Outros expelem fogo, pelo que usar Pikmin vermelhos é aconselhado, assim como outros são aquáticos.

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O principal objectivo do jogo é comandar os Pikmin para carregarem as peças perdidas do foguetão. O problema muitas vezes é descobri-las e limpar caminho.

Mas a estratégia é também muito importante devido ao tempo. Temos 30 dias para capturar as 30 peças, pelo que cada dia também tem uma duração de quase 15 minutos. Nesse tempo temos de tentar fazer o máximo que conseguirmos, seja multiplicar Pikmins suficientes, trabalhar os cenários para abrir novos caminhos, limpar alguns caminhos de inimigos e claro está, recuperar o máximo de peças que consigamos. Ao anoitecer temos de agrupar todos os Pikmins que estão cá fora para a nossa liderança mais uma vez, pois se forem esquecidos serão comidos durante a noite pelos predadores que são na sua maioria nocturnos. Também se deixarmos por vezes algum grupo de Pikmins em espera num local, enquanto conduzimos outros a fazer outras tarefas, não é assim tão incomum regressarmos e ver um cemitério de Pikmins, com um predador qualquer a lambuzar-se… acontece várias vezes pelo que é importante manter uma população de Pikmins em background com um número razoável. Isto porque muitas peças da nave foram também engolidas por alguns animais bem grandinhos e só saem à base da pancada, pelo que nesses combates também se esperam um número de baixas considerável. Para além do modo história dispomos também de alguns desafios. Esses desafios consistem em passar um dia em cada área do jogo e multiplicar o máximo de Pikmins que conseguirmos, tendo para isso de atacar inimigos e levar os seus cadáveres para as suas plantas-mãe, bem como as tais “patelas” que aqui são chamadas de food pellets.

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as placas redondas com números servem de comida para as plantas-mãe dos Pikmin e com elas podemos criar mais Pikmin

Graficamente é um jogo bonitinho, até porque é um jogo de lançamento da Gamecube. Para a altura em que saiu era consideravelmente impressionante Olimar conseguir guiar em tempo real um pequeno exército de 100 criaturas a combater contra outros inimigos em vários cenários bem detalhados. Os níveis são relativamente variados, passando-se todos em cenários naturais, mas uns mais coloridos que outros. Tanto temos florestas bem coloridas e repletas de vida, como outros níveis mais desérticos e escuros, ou outros repletos de cursos de água. Como vemos também algum lixo como latas velhas ou pacotes de detergente (tudo em tamanho gigante) dá-me a entender que o jogo é passado no planeta Terra, embora a fauna local não tenha nada a ver. Os efeitos sonoros são OK. Como é habitual nos jogos da Nintendo o voice acting é substituído por pequenos ruídos e gemidos, tanto de Olimar como dos próprios Pikmin. As músicas são agradáveis, sendo bastante calmas e atmosféricas.

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No final de cada dia temos um resumo da evolução da população Pikmin

Para concluir, gostei bastante deste Pikmin, mesmo não sendo eu um aficcionado de jogos de estratégia em tempo real. Penso que Miyamoto conseguiu mais uma vez produzir um bom jogo que mesmo sendo de estratégia penso que é capaz de agradar a todos os públicos. Tal como disse no primeiro parágrafo, fiquei curioso para jogar o Pikmin 2 no futuro (e o Pikmin 3 um dia que oriente uma WiiU claro), mas a acontecer preferia que fosse mesmo na consola cúbica da Nintendo. Isto porque tanto Pikmin 1 como 2 foram relançados para a Wii, mudando apenas o esquema de controlo, pondo o excelente gamepad da Gamecube de lado em detrimento do Wiimote que apesar de me parecer apropriado para o tipo de controlo necessário neste jogo, sempre prefiro o bom e velho gamepad.

Battle Arena Toshinden URA (Sega Saturn)

Battle Arena Toshinden URAO artigo de hoje é mais uma rapidinha pois o tempo infelizmente tem sido escasso. E será uma rapidinha pois o jogo que escreverei hoje é apenas uma conversão infelizmente não muito boa de um jogo de Playstation. Battle Arena Toshinden URA, assim como o Remix foi a conversão do primeiro jogo da série, este Ultimate Revenge Attack é uma conversão do segundo jogo para a Saturn, mas mais do que uma conversão, tem algumas personagens diferentes, assim como a própria história que me parece que não é a mesma do original da Playstation. Este jogo foi-me oferecido por um amigo de infância, há alguns anos atrás, infelizmente não está no melhor estado…

Battle Arena Toshinden URA
Jogo com caixa e manual pt.

Infelizmente, tal como é habitual, a própria história também não é a melhor coisa de sempre e como de costume existe uma organização misteriosa que organiza um torneio mundial de artes marciais com segundas intenções, acabando por atrair lutadores de todo mundo, todos com diferentes backgrounds e motivos para estarem ali. E aqui não é muito diferente, embora antes do torneio muitos lutadores de artes marciais em todo o mundo começaram a desaparecer misteriosamente.

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Achei uma certa piada ao look propositadamente retro da cutscene inicial. Propositadamente, acho eu.

Battle Arena Toshinden foi dos primeiros jogos que imitou o sistema de combate 3D introduzido pelo Virtua Fighter, no entanto acabaram por colocar armas brancas nos lutadores para não parecer exactamente a mesma coisa. Os controlos são simples, com botões para pontapés fortes e fracos, ataques com as armas fortes e fracos e botões para ataques especiais. Podemos também rodar na arena, resultando num movimento inteiramente 3D. Como normal, todos os lutadores têm diferentes golpes especiais, mas todos eles possuem golpes overdrive e secret attack. Os primeiros podemos desencadeá-los sempre que enchemos uma barrinha no fundo do ecrã, já os segundos apenas quando estivermos mesmo encostados às cordas e quase a morrer é que podem ser executados. De resto os modos de jogo são bastante simples: temos o tradicional arcade e duas vertentes do versus, uma contra um amigo, e uma outra onde podemos lutar contra o CPU mais uma vez.

Graficamente é um jogo algo pobre para a Saturn. Os lutadores em si até que nem estão mal, o problema está mesmo nas arenas muito pouco detalhadas. E onde a versão arcade ou mesmo a de Playstation tem os backgrounds inteiramente em 3D, na Saturn são imagens 2D que vão sendo “rodadas” à medida que a arena gira. Mas isto já era algo que acontecia no primeiro port para a Saturn e mesmo em jogos como os Virtua Fighter ou Fighting Vipers convertidos pela própria Sega também sofreram desse mal. A CG de abertura também a achei algo engraçada, por ter as personagens todas poligonizadas, quase ao mesmo nível da conversão saturn do primeiro Virtua Fighter. Mas vai-se a ver ingame e… aparecem com mais detalhe. Os efeitos sonoros são OK, assim como a música que é bastante variada, tendo temas de diversos géneros musicais incluindo alguns mais rockalhados que eu aprecio mais.

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Os lutadores em si até que nem estão maus de todo, mas as arenas e backgrounds deixam um pouco a desejar

No fim de contas acho este um jogo interessante, mesmo para os fãs da série na Playstation, as versões Saturn devem ser sempre tidas em conta pelo seu conteúdo diferente, seja a nível de história, seja mesmo nos lutadores. Isso faz o jogo ter a sua própria identidade e não apenas uma conversão que possivelmente a Takara já sabia de antemão que não ficaria tão boa como a versão original.

Lord of Arcana (Sony Playstation Portable)

Lord_of_Arcana_CoverApesar de a Playstation Portable não ter tido o mesmo sucesso de vendas que a Nintendo DS e por isso possuir um catálogo mais reduzido de jogos, gosto bastante da plataforma na mesma, principalmente pelo seu elevado número de RPGs, sejam conversões de jogos clássicos, oferecendo alternativas mais económicas de jogos a preços proibitivos da Playstation 1 como o Valkirye Profile ou os primeiros Personas, outras séries como Ys, Disgaea, Breath of Fire, Final Fantasy Tactics ou mesmo jogos mais hack and slash como os Phantasy Star Portable ou mesmo este Lord of Arcana. O jogo foi comprado na feira da Ladra em Lisboa há uns meses atrás por 5€. Que eu tenha conhecimento, na europa o jogo foi lançado em formato físico apenas como a Slayer Edition, que para além do jogo em caixa normal, traz também um CD com a banda sonora e um art-book, que infelizmente não tenho. E ainda por cima está em francês…

Lord of Arcana - Sony Playstation Portable
Jogo com caixa, manual e papelada. Gostava de saber o que é que o antigo dono fez ao resto da Slayer Edition…

Mas continuando, este jogo vai buscar óbvias inspirações aos Monster Hunter, com todo o loot que podemos retirar dos monstros que derrotamos a servir para construir items, armaduras, armas e outras coisinhas. Inicialmente podemos customizar a nossas personagem com vários tipos de caras, cor de cabelo e afins. Depois escolhemos qual a arma que preferimos usar, existindo vários géneros que podemos escolher, desde o tradicional setup de espada e escudo, machado, espada longa que requer 2 mãos para ser usada, entre outros. Começamos a aventura como um guerreiro relativamente bem dotado ao atravessar uma dungeon e despachar uma série de inimigos com alguma facilidade. Após derrotarmos o boss dessa dungeon, somos levados ao distante mundo de Horodyn, mais precisamente para a vila de Porto Carillo, onde perdemos todas as nossas memórias, todo o equipamento fancy e todo o poder que tínhamos, começando do nível 1 e com uma arma bem foleirinha.

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Estas são as Arcana Stones, onde aceitamos as quests finais de cada capítulo e enfrentamos um boss.

 

Depois passamos o resto do jogo a aceitar quests, que consistem em ir para uma determinada zona e matar alguns monstros específicos, arranjar alguns items chave ou mesmo derrotar um boss. Ao lado da vila existe um grande templo com uma série de pedras com os poderes mágicos das Arcana. No final de cada capítulo temos uma quest especial contra um novo boss, estas são as “Arcana Release Quests” e após derrotarmos esse boss, podemos herdar os poderes dele e utilizá-lo como summon, mas para isso temos de criar uma carta própria para o usar. Isto porque para além dos ataques físicos também podemos utilizar magia, tendo para isso de forjar uma carta com magia embutida e equipá-la. As magias são as tradicionais elementais como fogo, electricidade, gelo, luz ou trevas, mas para além dessas temos as tais cartas especiais que guardam os poderes dos bosses que derrotamos. No entanto esses poderes apenas podem ser utilizados quando enchemos uma barrinha de energia própria. De resto, à medida que vamos combatendo e completando quests, ganhamos vários tipos de pontos de experiência, seja para subir de nível, aumentar a nossa habilidade com o tipo de arma equipado, a nossa aptidão para os ataques mágicos ou mesmo pontos para subir o “guild level“. Isto porque para cada quest que podemos aceitar é necessário ter um guild level mínimo, e na recta final do jogo vamos acabar por rejogar imensas missões antigas até conseguirmos o nível necessário para jogar a missão seguinte, o que acaba por ser bastante chato, até porque o combate é algo tediante como já explicarei.

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Estas são as meninas do Guild Counter. Com a da direita podemos mexer com o nosso inventário, a da esquerda é a que nos atribui as quests.

E infelizmente tédio é uma palavra que muitas vezes acompanha este jogo, sendo para isso recomendado que seja jogado em doses moderadas, ou quando vamos de viagem e precisamos de algo com que nos entreter. O facto de o jogo não ter uma história muito boa e basear-se unicamente em quests sem grande objectivo para andarmos apenas a matar monstros e recolher loot para forjar itens ou equipamento depressa torna as coisas demasiado monótonas e repetitivas. O combate também deveria ter sido melhor pensado na minha opinião, pois em cada quest somos largados num mapa para explorar, sendo que cada mapa está dividido em várias secções. Ao vaguear por essas localidades vamos vendo os inimigos a passear de um lado para o outro. O normal seria ir de encontro aos bichos e carregar no botão para atacar, mas embora façamos isso, o jogo leva-nos para uma “arena” onde o combate será passado na realidade, podendo estar presente mais que um inimigo. Ora tudo isto traz loadings desnecessários e era bem melhor que os combates fossem directos, tal como se vê no Phantasy Star Portable, por exemplo. E embora consigamos por vezes executar alguns golpes bem gory, não apaga o facto de o combate ser tediante e de terem complicado o que seria tão simples. Nos combates contra bosses temos ainda 2 melee duels repletos de QTEs e infelizmente é mesmo necessário passá-los (pelo menos o segundo) para derrotar o boss, não interessando quanto dano lhe damos.

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No combate, L faz lock-on nos inimigos, R corre. Mas temos de deixar sempre o dedo lá pressionado e isso acaba por cansar um pouco as mãos.

Outra coisa que não gostei muito, mas é certamente algo propositado é o inventário reduzido que dispomos quando estamos em quests, forçando-nos muitas vezes a deitar itens fora para ficar com outros que nos dão jeito. Noutros jogos como o Phantasy Star Online é possível usar um teleporte e voltar rapidamente à cidade para vender ou armazenar o que temos em excesso. Aqui tal não me pareceu possível e num jogo que requer doses industriais de tudo o que seja loot, o facto de isso não ser possível só indica que a Square Enix queria que jogássemos o maior número de horas possível nisto e repetir cada quest à exaustão. Tudo bem que em Porto Carillo temos um banco que nos deixa depoisitar 1000 tipos diferentes de items, o problema está mesmo em decidir o que levar ou deitar fora em cada quest. Principalmente se quisermos levar de antemão items de suporte, para nos curar ou dar alguns buffs nos stats gerais. O sistema de crafting é ok, embora por vezes me pareça desnecessariamente complicado vender peças do nosso equipamento, por exemplo. Para além de tudo isto é possível jogar as quests em multiplayer até 4 jogadores, tal como nos Phantasy Star. Mas com suporte apenas para redes locais ad-hoc, não foi algo que eu tenha experimentado.

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Em Porto Carillo podemos falar com vários NPCs, mas a verdade é que são todos desinteressantes.

Graficamente não é um mau jogo, sendo tudo em 3D. Pareceu-me um pouco pobre em texturas e alguns cenários poderiam ter um pouco mais de detalhe, mas isto é um jogo de PSP, não PS2. Ainda assim gostei do facto de cada peça do nosso equipamento ser fielmente renderizada na nossa personagem. Os inimigos também são bastante variados, mas alguns com designs melhores que outros na minha opinião. A música sinceramente passou-me ao lado, das vezes em que não joguei este jogo em mute não me deixou grandes memórias e infelizmente também não há qualquer voice acting, mas também para um jogo tão impessoal e com uma história quase não existente também não seria de estranhar.No fim de contas, até nem acho este Lord of Arcana um jogo assim tão mau e deu para entreter em muitas das minhas viagens entre Porto e Lisboa nos últimos meses. É um clone de Monster Hunter com o selo da Square Enix, mas como hack and slash tinha a obrigação de ter uma jogabilidade de combates muito melhor. Ainda assim lá saiu no Japão o Lord of Apocalypse, sequela deste jogo que infelizmente nunca cá chegou, pois já saiu numa altura em que o mercado da PSP estava practicamente morto em todo o lado menos no Japão. Tenho muita curiosidade em jogar um dia um pouco desse Lord of Apocalypse só mesmo para ver se a Square Enix chegou a corrigir algum destes problemas.