O Broken Sword original agradou-me tanto que peguei logo neste em seguida. Embora seja igualmente um jogo de qualidade, aqui pareceu-me uns furinhos abaixo, por não ter personagens tão carismáticas como no jogo anterior. Esta é a versão Remastered que foi adquirida numa Steam Sale por uma pechincha. A versão remastered acrescenta algum novo artwork, nomeadamente uns retratos das personagens sempre que há diálogos, embora desta vez sejam completamente animados. Para além do mais, a partir de um certo ponto no jogo, é também desbloqueada uma pequena banda desenhada que narra os acontecimentos antes desta aventura.
Enquanto o jogo anterior lidava com o misticismo evolvendo os Cavaleiros Templários, este aqui está relacionado com um mistério envolvendo os Maias. Começando uns meses após os eventos anteriores, George e Nicole são convidados a visitar um conceituado professor/arqueólogo da cultura Maia para observar um objecto místico qualquer. Quando lá chegaram acabaram por ser vítimas de uma cilada, com Nicole a ser raptada e George deixado a morrer numa casa em chamas. Após George se conseguir safar do incêndio, procura resgatar Nicole e ao mesmo tempo tentar resolver o mistério que está por detrás da coisa, fazendo a dupla viajar a vários pontos do globo, como América Central, Caraíbas, Paris ou Londres.
A jogabilidade é idêntica à do jogo anterior, com as personagens poderem-se movimentar ao longo de cenários fixos, podendo interagir com diversos outros NPCs e objectos, precisando por vezes de combinar items, utilizar objectos nos locais ou pessoas certas para prosseguir, para além de ser necessário por vezes resolver alguns puzzles mais literais. O que se manteve neste “Remaster” face ao anterior foram as “death sequences“, onde em algumas fases do jogo iriam existir mesmo alguns conflitos que necessitariam de alguma execução rápida e/ou planeada anteriormente, com o risco da personagem morrer e game over.
Embora acho que seja um jogo com muita qualidade, penso que muito do charme original foi-se perdendo. O primeiro jogo tinha imensas personagens muito peculiares e carismáticas, com um sentido de humor bastante acirrado. Aqui não é tanto o caso e, mesmo com algumas personagens do jogo anterior voltarem a aparecer, muito do seu “charme” original perdeu-se. Um exemplo bastante concreto para mim é o gendarme velhote de Paris, bastante preguiçoso. Neste jogo tornou-se uma personagem bem menos conseguida, por exemplo. Ainda assim tem os seus momentos e devo admitir que teve a sua graça perguntar a toda a gente o que achava de uma certa peça de roupa interior feminina.
Tal como no “remaster” anterior, aqui existe uma dicotomia de artwork. Por um lado temos o visual completamente cartoony original, presente no jogo em si e nas cutscenes, por outro lado temos o desenho mais moderno e inspirado em banda desenhada europeia, presente nos “retratos” das personagens durante os diálogos, ou mesmo na própria banda desenhada extra que desbloqueamos a um certo ponto do jogo. O voice acting é mais uma vez de muito boa qualidade, com actores convincentes. A qualidade áudio em si é também muito melhor que no jogo anterior, onde eram bem notórias as diferenças da qualidade os diálogos novos para os originais.
No fim de contas, apesar de não ser excelente como o original, Broken Sword II é para mim um bom jogo de aventura para quem gosta do género. Infelizmente o estúdio Revolution viria a alterar a fórmula para os jogos seguintes, com a transição para o 3D e novas mecânicas de jogo. Mas isso fica para outro artigo.