Shinobi (Sony Playstation 2)

Shinobi PS2Com o anúncio da descontinuação da Dreamcast e da mudança de ramo da SEGA para se focar inteiramente em software (no mercado caseiro) levou a que imensos jogos que estavam em produção para a Dreamcast fossem cancelados, mesmo que estivessem quase prontos, tal como aconteceu como o Half-Life, por exemplo. Muitos dos próprios jogos da Sega viram conversões para as outras consolas concorrentes, bem como o cancelamento de jogos que estavam em produção para a Dreamcast e recomeçar o trabalho noutras plataformas. Shinobi foi um deste jogos, tendo começado a ser produzido em 2001 para a Dreamcast, acabando por sair na PS2 algum tempo depois. A minha cópia foi adquirida neste ano, no eBay UK, tendo-me custado algo em torno dos 6€ mais portes de envio. O jogo está em bom estado e completo, trazendo juntamente um poster com um catálogo de outros jogos da SEGA para a PS2, na parte de trás.

Shinobi PS2
Jogo completo com caixa, manual e poster/catálogo (dobrado)

Simplesmente chamado de “Shinobi” este jogo é uma espécie de reboot da série. Apesar de se basear no clã ninja “Oboro” como nos restantes títulos, a história não segue Joe Musashi mas sim um ninja todo estiloso de nome Hotsuma. Hotsuma e o seu irmão Moritsune, os herdeiros do clã Oboro tiveram de realizar um duelo até à morte para decidir quem seria o futuro líder do clã, de acordo com as regras. Hotsumo venceu o duelo (embora sinta remorsos) e anos mais tarde acontece uma catástrofe no Japão que dizima a cidade de Tóquio, surgindo também um misterioso palácio dourado que albergava o feiticeiro Hiruko. Hiruko é um tirano que tinha sido derrotado e selado anos antes, pelo próprio clã Oboro, e na altura do seu regresso aniquilou todo o clã Oboro, deixando apenas Hotsuma como sobrevivente. Pior, Hiruko controla os cadáveres dos próprios ninjas de Oboro, motivando ainda mais o desejo de vingança por Hotsuma.

Shinobi PS2 Poster
Poster que veio com o jogo - obrigado Sega pelo mimo

Shinobi sempre foi uma série com jogos difíceis, mas este jogo abusa nesse quesito. Hotsuma é um ninja versátil e facilmente controlável, mas ainda assim o jogo consegue ser bastante castigador. A espada de Hotsuma é uma arma amaldiçoada de nome “Akujiki”, que se alimenta das almas de quem é abatido por esta. Contudo, se a espada estiver muito tempo sem receber “alimento”, é a vida do próprio Hotsuma que paga, indo diminuindo com o tempo. Isto obriga a que o jogador procure sempre o combate e não perca muito tempo em exploração de cenários. Hotsuma é um ninja bastante versátil, podendo dar saltos duplos, andar (e saltar) entre paredes, bem como usar o stealth dash, uma habilidade que faz o ninja mover-se momentaneamente de forma bastante rápida, deixando um rasto “holográfico” para trás. Esta manobra pode ser usada para esquivar de ataques de adversários, ou mesmo para ajudar no combate em si. Quando derrotamos um inimigo com a espada, este fica momentaneamente paralisado. Devemos aproveitar esse tempo para derrotar outros inimigos (sempre com a espada) que estejam no ecrã. Ao derrotar todos, é aplicada a técnica TATE, que consiste em ver os inimigos a desfazerem-se todos ao mesmo tempo, numa perspectiva cinematográfica. Aplicar TATEs dá mais pontos e mais “vida” à espada. Para além dessa espada Hotsuma pode coleccionar várias Kunais espalhadas ao longo dos níveis, que podem ser usadas para paralisar brevemente os inimigos (algo bastante útil nalguns). Para além das Kunais existem scrolls de magia que podem ser também coleccionadas (num máximo de 3). Existem 3 magias diferentes que podem ser realizadas, um pouco como à moda antiga, tal como ataques de fogo que danificam todos os inimigos numa certa àrea, ou magia para dar uma invencibilidade temporária.

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Hotsuma e um inimigo chato.

Estas técnicas parecem ser armas poderosas, e na verdade os controlos do jogo até que são bastante precisos, contudo o design dos níveis e as ondas de inimigos que começam a aparecer tornam o jogo bastante difícil e frustrante. Embora seja possível fazer “lock-on” a um determinado inimigo, nem sempre é boa ideia fazê-lo pois corremos o risco de ser “sufocados” pelos restantes inimigos que se aproximam vertiginosamente. Muitos níveis têm abismos sem fundo, algo que eu odeio profundamente quando são usados à exaustão, e para se completar esses níveis é obrigatório dar saltos cirúrgicos que englobam o uso de técnicas de wall jumping, double jumping e stealth dash. Os níveis estão divididos em 2 actos, sendo que no final de cada acto há sempre uma luta contra um boss. Não existe qualquer checkpoint ao longo dos níveis, pois uma morte seja provocada por quedas ou por combate resulta sempre em começar o nível do início. É um jogo bastante exigente, mas ao menos temos vidas ilimitadas e existe um “checkpoint” antes de cada combate contra um boss. Contudo se desligarmos a PS2 a meio do boss teremos de rejogar todo o nível novamente.

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Exemplo de um TATE

Embora o jogo não encoraje uma grande exploração devido à espada nos sugar vida e aos níveis serem traiçoeiros ao ponto de não querermos arriscar uns quantos saltos extra, a verdade é que existem várias medalhas espalhadas nos níveis que vão desbloqueando vários extras. Umas são fáceis de se obter, outras nem por isso. Os extras incluem a hipótese de rejogar os níveis já concluídos, rever as cut-scenes, artwork, bem como jogar com o irmão de Hotsume, ou com o clássico Joe Musashi. Joe comporta-se de maneira diferente dos 2 irmãos, ao não utilizar uma espada que consuma as almas, bem como as suas kunais não paralisam os inimigos, apenas dão dano. Finalmente, ao descobrir todas as medalhas nos vários níveis de dificuldade (nem quero imaginar como é o jogo em Hard ou Super) desbloqueamos os EX Stages, uns níveis extra semelhantes às VR Missions de Metal Gear Solid.

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A hipótese de se jogar com Joe Musashi é um incentivo à exploração em Shinobi

Graficamente o jogo não é nada de especial, embora os modelos de Hotsuma e dos restantes bosses/personagens principais estão bem detalhados. Os restantes inimigos e cenários já são mais simples, o que até se pode compreender, visto ser um jogo com raízes na Dreamcast e em 2002 também não havia muito melhor numa PS2. A única coisa que me chateia nesta questão é mesmo a pouca variedade de texturas e de design nos próprios níveis. Com toda a acção, é frequente a câmara mudar de ângulo e ficarmos sem saber muito bem de onde viemos e para onde devemos ir em seguida. A nível de som o jogo tem uma banda sonora algo old-school, misturando temas como música tradicional japonesa com faixas mais rock ou electrónica. Já o voice acting, acredito que o original japonês esteja excelente. Não é estranho que a Sega inclua nas opções do jogo que o audio seja o japonês ou o inglês. Isso acontece na versão americana de Shinobi, aqui a Sega decidiu incluir outros idiomas como o francês ou o espanhol e retirou o original japonês. Se já o voice-acting em inglês é um pouco mau, nem me atrevi a espreitar os outros.

Concluindo, não posso recomendar este Shinobi a todos os públicos. Fãs da série Shinobi e da temática ninja em geral, poderão apreciar este jogo, embora sejam necessárias doses industriais de paciência e de auto-controlo para não desatar ao pontapé pela casa. Fãs de jogos old-school com graus elevados de dificuldade também poderão apreciar este desafio. Claro que os fãs hardcore da Sega também deverão experimentar este jogo, nem que seja para ter um cheirinho do que seria o Shinobi se a Dreamcast se aguentasse por mais um ou 2 anos. Este Shinobi teve uma sequela também para a PS2, de nome Nightshade (ou Kunoichi no Japão), que já apresenta uma mecânica de jogo algo diferente e menos castigadora. Mas ainda não tive a oportunidade de o jogar.

Killzone Liberation (Sony Playstation Portable)

killzone_liberation_platinumTempo agora para escrever a primeira análise a um jogo de PSP. O escolhido foi o Killzone Liberation, que serve de ponte entre os Killzone e Killzone 2, de PS2 e PS3 respectivamente. Lançado em 2006, Killzone Liberation não é um First Person Shooter como os restantes jogos da série, mas antes um shooter de perspectiva quase isométrica, que oferece bastantes novidades para a série na sua jogabilidade. A minha cópia foi adquirida na loja portuense TVGames, por 5€. Está em óptimo estado, apesar de ser a versão Platinum. Edit: Algures em Agosto de 2016 comprei a versão black label por 3€ na Cash Converters de Alfragide.

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Jogo com caixa e manual, versão Black label

Eu gosto bastante de FPS. O Killzone na PS2 é um jogo que tinha imenso potencial, mas o hype exagerado em torno do “Halo Killer” e uma produção algo apressada para colocar o jogo nas prateleiras na altura mais oportuna, tornou Killzone numa experiência com o feeling que estavamos a jogar uma versão beta qualquer de um jogo superior. Neste Liberation a Guerilla Games decidiu enveredar numa abordagem diferente. Apesar de achar que a PSP tem hardware para fazer um FPS decente (a DS tem o excelente Metroid Prime Hunters!), apenas com um analógico deveria ser algo bastante frustrante. Dessa forma, o que temos aqui é um shooter na terceira pessoa, com a câmara a dar uma perspectiva aérea, algo entre o isométrico e o “top-down view“. Com o analógico controlamos a personagem principal (Jan Templar de Killzone 1), com os botões “normais” a servir das funções básicas de disparo, granadas, recarregar e action/ataque melee. Os botões L e R servem para o mecanismo de lock-on em inimigos ou para agachar/levantar. Frequentemente teremos um companheiro para nos ajudar no jogo, ao qual podemos dar algumas ordens básicas utilizando o botão direccional, seja para mover a personagem para uma área, para atacar um inimigo, colocar bombas, etc. Isto acaba por dar um feeling mais estratégico ao jogo, mesmo que seja apenas algumas vezes.

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Também é possível conduzir veículos, como por exemplo um tanque.

A história prossegue os acontecimentos passados em Killzone. A guerra entre os Hellghast e as forças ISA continua em força. Desta vez voltamos a controlar Jan Templar, que se aventura por território ocupado de Hellghasts para resgatar uma série de prisioneiros de guerra importantes da ISA e do próprio governo de Vekta, raptados pelo general Metrac do exército inimigo. Durante o caminho Jan Templar acaba por receber ajuda dos seus colegas Rico e Luger, também do primeiro jogo. O jogo principal é composto por 4 capítulos com 4 níveis cada, sendo algo curto. Uma coisa que não gostei muito é o facto de podemos utilizar apenas uma arma (para além de um tipo de granadas). Antes de cada nível podemos escolher uma das armas que temos disponíveis para jogar, sendo que ao longo do jogo vamos encontrando várias caixas com items e munições, onde podemos trocar de arma também. Inicialmente apenas podemos escolher no início do nível uma simples “Assault Rifle”, mas ao longo do jogo poderemos encontrar dinheiro escondido nalguns caixotes que servirá para desbloquear novas armas e updates dos stats das mesmas. A acção, apesar de ser frenética em vários momentos, exige sempre que pensemos um pouco antes de disparar. Isto pois a munição é limitada e não se encontra em grandes quantidades, bem como os inimigos geralmente são “inteligentes”, procurando sempre abrigar-se do fogo inimigo e trabalhando em equipa para tirar-nos do ninho.

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Exemplo das ordens que se pode dar ao companheiro

Para além do modo história, sempre que se termina um capítulo é desbloqueado uma série de “Challenge Games”. Como o nome indica são vários desafios, desde galerias de tiro, defesa de pontos cruciais, encontrar x items no menor tempo possível, etc. O objectivo aqui é obter medalhas de ouro em todos os desafios para desbloquear novas habilidades no jogo principal, como por exemplo carregar mais granadas, ter mais pontos de vida, munição infinita, etc. Passando para a vertente multiplayer, a versão original do jogo apenas permite jogar no modo ad-hoc, uma espécie de LAN wireless. Por cada nível concluído no modo single player, é desbloqueado esse mesmo nível para ser jogado de forma cooperativa com um amigo. Para além disso temos os jogos mais tradicionais como Deathmatch e variantes, Assault e Capture the Flag, onde podem jogar um máximo de 6 pessoas. Há pouco falei numa “primeira versão” do jogo, pois este tem DLCs. Eu tenho uma perspectiva muito crítica em relação a DLCs. Se for conteúdo inteiramente novo como os velhinhos expansion packs que comprávamos para jogos como Quake ou Diablo, por mim tudo bem. Agora cobrar por coisas que deveriam pertencer ao jogo principal de raiz, isso é que não. Poucos meses depois de Killzone Liberation ter saído, foi lançado um DLC que inclui 1 capítulo novo (que conclui a história do jogo), um modo extra no multiplayer (uma variante de Deathmatch), novos mapas multiplayer, e suporte a jogo online, com os mesmos modos de jogo descritos em ad-hoc. Felizmente este DLC foi lançado gratuitamente, embora hoje em dia não seja possível fazer-se download de forma oficial. Felizmente na internet encontra-se tudo e pude jogar o último capítulo. Os servidores para jogo online também estão encerrados, paciência. Infelizmente há uma opção “Download” que para além do DLC deveria deixar-me fazer download dos items que ganhei ao completar os desafios, como temas, artwork e afins, coisa que já não tenho acesso.

Graficamente é um jogo bastante competente, com cenários 3D bem detalhados tendo em conta a máquina em questão e o ano de 2006. Infelizmente não me pareceu haver uma variedade de cenários tão interessante como no Killzone original, mas isso é o menos. Para além de bons gráficos o jogo tem uma física interessante aplicada às personagens inimigas, é engraçado vê-los a voar após uma explosão de uma granada ou similar. A nível de som, confesso que não prestei muita atenção à banda sonora, mas o voice acting está bom. Mantiveram as vozes do jogo original, gosto bastante da voz da Luger, pena que poucas vezes ela participe activamente no jogo. Pelo contrário não gravaram muitas vozes para o Rico, acaba por ser um pouco repetitivo e monótono ouvir sempre os mesmos insultos para os Hellghast, que mantiveram as suas vozes e visuais característicos.

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Exemplo de uma partida multiplayer

Para concluir, considero Killzone Liberation como um óptimo shooter para a PSP. Apesar de apreciar mais a mecânica de FPS, a Guerrilla Games conseguiu tirar bom partido das características da PSP, resultando num jogo bastante agradável. Quem tiver PSP e gostar de jogos de acção, tem aqui um prato cheio. Para uma melhor experiência é altamente aconselhado a instalar o DLC que apesar de já não estar oficialmente disponível no site de Killzone, encontra-se muito facilmente por aí. Para além das novas funcionalidades, acrescenta um último capítulo que conta a história que ficou por contar no final do quarto capítulo, que terminou de uma maneira algo abrupta.

The Simpsons: Bart vs the Space Mutants (Sega Master System)

Simpsons SMSBart vs The Space Mutants é um dos primeiros videojogos da famosa série (senão mesmo o primeiro, não tenho a certeza se o excelente beat ‘em up da Konami nas Arcades tenha saído primeiro). É um jogo de plataformas que saiu nas mais variadas plataformas dos inícios da década de 90, entre as quais a versão Master System que aqui trago. Esta versão em particular é uma das “Portugueses Purples” que já tenho falado neste espaço (quem não estiver recordado ou simplesmente não o tenha visto antes, pode ver aqui). Foi adquirida no Miau.pt, ainda neste ano de 2011, pela quantia de 5€  se a memória não me falha. Infelizmente falta-lhe o manual, mas em contrapartida traz um poster/catálogo de jogos e acessórios da Tec Toy, a distribuidora brasileira das consolas Sega. EDIT: recentemente fiz uma troca com um amigo, que me arranjou também a versão normal do jogo.

Bart vs the Space Mutants SMS
Jogo com caixa e poster/catálogo (dobrado)

A história deste jogo é simples. Bart, com os seus novíssimos óculos de visão Raio-X, em vez de estar a espreitar os balneários das raparigas, como qualquer rapaz da idade de Bart faria numa situação dessas, descobre que alienígenas estão-se a preparar para invadir a Terra. Os ETs apenas precisam de descobrir uma série de objectos na terra para construirem a sua poderosa arma com que planeiam conquistar o planeta, e como apenas Bart sabe da sua existência, cabe-lhe a ele estragar os seus planos.

The Simpsons Bart vs Space Mutants - Sega Master System
Jogo com caixa e manual, versão normal PAL

A jogabilidade é a de um side-scroller, mas este jogo é algo peculiar. No primeiro nível, onde visitamos muitos locais familiares de Springfield, o objectivo é pintar todos os objectos roxos para vermelho. Isso pode ser feito com o spray de Bart ou com outros objectos que podemos adquirir, ou mesmo interagindo com objectos do cenário. No 2º nível já temos de apanhar todos os chapéus espalhados num centro comercial, incluindo os que algumas pessoas possam ter vestidos. No terceiro nível, passado numa feira Popular, o objectivo é apanhar ou rebentar o maior número de balões azuis, o quarto nível é passado num museu e tem de se coleccionar placas que digam “Exit”. Finalmente no último nível, passado na central nuclear o objectivo é apanhar várias “power rods” radioactivas. Este jogo é mais que um side-scroller e tem algumas boas ideias para usar objectos ou interagir com o cenário, infelizmente peca bastante por ser um jogo difícil e com alguns saltos bastante precisos. Ainda assim, a versão Master System deve ser das menos frustrantes de se jogar.

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A família reunida na “cut-scene” de abertura

Os gráficos são bastante coloridos e “cartoony”,  o que contribui bastante para o jogo. Sinceramente neste campo não tenho nenhuma razão de queixa, não se pode pedir muito mais a esta consola. A nível de som, devo dizer que fiquei agradavelmente surpreendido, é dos poucos jogos para a Master System que tem boas músicas sem usar o chip FM. As músicas são bastante agradáveis e ficam no ouvido, já os efeitos sonoros não são nada de especial, mas escapam. O que irão concerteza sentir a falta é da música “oficial” da série, coisa que, devido a direitos de autor, apenas a versão para NES possui (mas não tenho a certeza desta parte).

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Um shot do primeiro nível

Os Simpsons tiveram imensos videojogos lançados e durante muitos anos apenas o original para as Arcades vingou tanto nas críticas como no público em geral. Este Bart vs the Space Mutants não foge a essa regra, tem várias ideias interessantes mas não são executadas da melhor forma e a jogabilidade algo travada e o nível de dificuldade não ajudam. Ainda assim, na minha opinião esta versão Master System nem é das piores e tem para mim um grande valor nostálgico. O jogo saiu originalmente para NES, tendo sido convertido para vários computadores como Atari, Amiga, Spectrum e afins, bem como estas versões para a Master System e Game Gear. A versão Mega Drive é sem dúvidas a melhor graficamente, mas a jogabilidade ainda é pior, na minha opinião.

Blam! Machinehead (PC)

blam machineheadVamos agora para um post um pouco mais curto, buscar uma velharia do fundo da minha gaveta. Blam! Machinehead é um shooter na primeira pessoa algo do género do clássico Decent, onde ao invés de controlarmos uma personagem controlamos o seu veículo. Um jogo da Core Entertainment, os mesmos que nos trouxeram Tomb Raider na mesma altura, lançado para Saturn, Playstation e também para o PC. Penso que foi o primeiro jogo original de PC que tive, tendo-me sido oferecido por um amigo meu no meu aniversário, algures em 1996 se a memória não me falha. Infelizmente, tendo sido uma budget release não trouxe o manual.

Blam! Machinehead PC
Jogo com caixa em jewel case

A história deste jogo é bastante confusa, o manual que descobri na net não ajuda, e não há muita informação por aí disponível sobre este jogo. Ora bem, cá vai o que consegui reter: em 2020 toda a tecnologia humana era feita na base de nano-tecnologia, desde productos electrónicos até tecidos humanos. Claro que o risco da coisa dar para o torto era elevado e a certa altura um funcionário (Callam Violdreer) de uma dessas empresas de nanotecnologia começa a desenvolver um vírus que acaba por dizimar todo o planeta e transforma Callam no MachineHead Core, um ser mutante responsável pelo aparecimento de várias criaturas horríveis no planeta. Cientistas começaram a trabalhar no underground à procura de uma cura e a acção leva-nos para a cientista Kimberley Stride, que em conjunto do seu assistente perverso constroem um veículo armado flutuante na esperança de destruir MachineHead. Agora a parte confusa da história: o assistente de Kimberley veste-lhe um fato provocante e obriga-a a utilizar o veículo e destruir ela mesma o MachineHead Core, sob a ameaça de possuir o botão de autodestruição do seu veículo. Não que ache que muita gente irá jogar este jogo depois deste artigo, mas prefiro não me alongar mais na história.

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Menu inicial, não muito agradável, eu sei

A mecânica de jogo é a mesma de um shooter em primeira pessoa, com a particularidade de existirem 2 tipos diferentes de chaves ao longo do progresso. Existem chaves físicas que abrem portas, bem como chaves virtuais que alteram a “realidade” do cenário, ou por outras palavras, modificam o terreno de jogo para permitir o progresso. De resto existem várias armas, desde a metralhadora dupla de munição infinita, passando por flamethrowers, vários tipos de mísseis, armas nucleares, iónicas, etc. Infelizmente a versão PC deve ter sido um port directo da versão Saturn/PS1, por várias razões. A primeira é não ter um sistema de save, mas gravar o progresso através de passwords. Enquanto que nas consolas ainda poderia ser minimamente aceitável, num PC é inadmissível. Isto pois nalguns níveis existem alguns abismos e saltos cirúrgicos e ao falhar um desses saltos é game over certo e a única solução é repetir o nível. Nem checkpoints havia, é mesmo à old-school.

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O início da jornada… Objectivos aparecem no início de cada nível

O que também é old-school são mesmo os gráficos. Blam! Machinehead é um jogo em 3D e possui gráficos são bastante simples, com poucos polígonos e texturas de baixa resolução, mas tudo bem, em 1996 nem toda a gente era a id software. O problema é que acabam por ser bastante monótonos ao fim de algum tempo. Mas o que é mau é mesmo a draw distance que é muito reduzida. Isto num jogo de Saturn para o ano de 1996 até poderia ser bastante comum, mas um PC já seria capaz de mais. Foi uma conversão um pouco foleira, infelizmente. Os controlos podem ser customizados para uma configuração mais actual, mas infelizmente não se consegue mexer nas configurações do rato, forçando a usar o eixo vertical invertido. A nível de som, este jogo já é mais competente, isto falando apenas da banda sonora que é toda à base de música electrónica mais mexida, correspondendo aos tiroteios que decorrem no ecrã. Os efeitos sonoros são adequados, embora não sejam fenomenais, assim como o voice acting das cut-scenes.

Não é um jogo fenomenal, e existem outros jogos semelhantes bem melhores que este também do PC e da mesma altura. Talvez numa PS1 ou Saturn seja um jogo mais agradável de se jogar, a conversão para PC é que me pareceu algo apressada. E o jogo até tem o seu potencial, se tivesse saído com a tecnologia dos dias de hoje talvez não teria passado tão despercebido.

Bioshock (PC)

Bioshock PC MADComeçando por ser um sucessor espiritual dos já velhinhos System Shock, Bioshock é um FPS bastante imersivo, lançado no ano de 2007. Com uma localização peculiar, a acção de Bioshock passa-se em pleno 1960, numa sociedade algo secreta, na cidade subaquática de Rapture, mesmo a meio do Oceano Atlântico. A minha cópia embora não sendo uma versão “black label”, foi adquirida inteiramente nova na loja portuense TVGames algures neste ano, custou-me apenas 2€, um excelente negócio. O único inconveniente desta budget release é não possuir um manual físico, como é habitual (para além da capa mutilada).

Bioshock PC
Jogo completo com caixa (esta edição não tem manual físico)

Bioshock é um jogo com uma história e um mundo bastante imersivos, bem como uma jogabilidade cheia de coisas a explorar e várias customizações. Comecemos primeiro por analisar a história do jogo, mas apenas o início, pois o jogo tem bastantes reviravoltas interessantes que ficam para vocês descobrir. No início do jogo somos colocados na pele de Jack, que sofre um acidente de avião em pleno Oceano Atlântico. De entre os destroços flamejantes espalhados num oceano renderizado de forma soberba vemos uma espécie de farol em pleno alto-mar. Ao entrar no farol deparamos com um elevador subaquático que nos leva para uma autêntica metrópole no fundo do mar – Rapture. Fundada com os ideais de liberdade total, Rapture foi construida pelo sr. Andrew Ryan com o objectivo de albergar a elite cultural e científica, sempre vítima de pressões e censuras pelos governos e religiões locais. De facto a cidade tem vindo a progredir tecnologicamente, até terem descoberto uma nova espécie marítima que possuía umas células de onde se poderia extrair o ADAM. Este ADAM pode ser aplicado em humanos na sua forma de plasmid, garantindo ao seu possuidor vários poderes sobre-humanos como lançar fogo, raios, telecinese, entre muitos outros. A indústria de plasmids foi crescendo até Rapture se ter tornado num autêntico cenário de guerra civil, deixando muito poucos sobreviventes. Jack entra em rapture já neste cenário, sendo logo depois atacado pelos primeiros splicers – vítimas de plasmids em excesso que endoideceram. Apesar de existir uma grande variação de splicers (e humanos normais), para além destes apenas combatemos contra as Little Sisters e os seus Big Daddys. As Little Sisters são pequenas meninas que apesar de parecerem inofensivas, possuem enormes quantidades de ADAM dentro de si e vivem para recolher ADAM dos cadáveres de splicers encontrados ao longo de Rapture. Para se protegerem de ataques de spliceres sedentos de ADAM estas meninas são acompanhadas de autênticos guerreiros “plasmid modified” dentro de fatos de mergulho e bastante poderosos.

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Isto é um splicer, nunca estão com boa cara

Para além de uma história bastante imersiva que vamos descobrindo ao longo do jogo e ouvindo gravações audio de personagens que vamos encontrando, Bioshock tem uma jogabilidade muito ampla e customizável. Jack conta com um arsenal jeitoso, desde a habitual pistola, shotgun, metralhadora, lança-granadas, entre outros, possui um arsenal ainda maior de plasmids. Existem várias categorias, os plasmids activos podem ser usados da mesma forma que as armas normais, e tanto podem ser ataques elementais como fogo, electricidade ou gelo, bem como uma “gravity gun” de telecinese, ou simplesmente controlar um enxame de abelhas. Inicialmente dispomos apenas de 2 slots para plasmids mas com o tempo poderemos adquirir mais alguns. Para além destes plasmids de “ataque” existem muitos outros que são usados passivamente, desde plasmids que melhoram a destreza física, aumentam dano, melhoram as capacidades de hacking, são IMENSOS no total, ao longo de várias categorias (cada qual com os seus slots) e aumentam bastante a originalidade na jogabilidade.

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Os cenários são óptimos

Há pouco mencionei o hacking. De facto pode-se fazê-lo em várias máquinas ao longo do jogo. O hacking consiste em resolver um puzzle dentro de um tempo limite: Água sai do ponto A e o objectivo é alterar os tubos do circuito para que chegue correctamente ao ponto B. As coisas complicam-se bastante pois existem várias peças que se podem partir, ou actuam como alarmes, entre outras. Existe também a hipótese de “comprar” o hack, mas o dinheiro é curto e dá mais jeito noutras coisas. Fazendo hack poderemos controlar varias turrets ou sentry-bots que atacarão os inimigos em vez de nós, bem como abrir cofres, portas ou alterar as vending-machines para que vendam as coisas a metade do preço. A atenção que deram aos pormenores é impressionante: hack numa máquina de saúde e a mesma causa dano aos inimigos que a tentam usar (sim, eles quando estão feridos batem em retirada para se curar). As outras máquinas de vending existem para comprar comida, munições, novos plasmids, upgrades de armas (a custo zero, mas penas podem ser usadas uma única vez), bem como máquinas para inventar novos tipos de munição, com base em items encontrados por aí. A exploração é algo que tem um grande destaque neste Bioshock, podendo revistar os cadáveres, recipientes, caixas, etc, por items como comida, munições ou dinheiro. A comida (e bebida) encontrada actua nas barras de energia e de EVE (energia para usar plasmids). Consumir uns items aumenta a barra de energia e baixa a de EVE, noutros é o contrário, como o tabaco ou bebidas alcoólicas. O post já não vai pequeno e ainda haveria muito para falar da jogabilidade de Bioshock, mas temos que avançar.

Graficamente falando, o jogo utiliza uma engine altamente modificada da engine de Unreal 2 (com algumas features da engine de Unreal 3). Para um jogo de 2007 é belíssimo, com óptimos efeitos de luzes, e uns efeitos aquáticos ainda melhores. O cenário inicial com Jack no meio do oceano ainda é dos visualmente mais bonitos, na minha opinião. Ainda hoje é um jogo bastante agradável de se ver, embora o detalhe dos modelos já mostre a sua idade. Sonoramente o jogo apenas peca pela falta de uma banda sonora condigna. Na maior parte do tempo jogamos sem qualquer música em background, apenas muda quando entramos nalgum local em que tenha algo a tocar. Já o voice-acting está soberbo. As falas das personagens estão muito bem elaboradas e a narrativa é muito competente. Os “desabafos” dos splicers, enquanto não se dão conta da nossa presença estão bem conseguidos, bem como quando eles nos andam a “caçar”. O artwork em si é muito bom, misturando um pouco o “estilo” dos anos 60 com coisas mais futuristas como os plasmids. Algumas pessoas poder-se-iam queixar da falta de um modo multiplayer, mas com uma componente a solo tão bem elaborada, acho que tem a desculpa. De qualquer dos modos é raro eu dedicar-me ao multiplayer seja de que jogo for, portanto é raro esse factor ter algum peso na minha decisão de compra.

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Talvez os melhores efeitos gráficos do jogo

Para fãs de FPS, que gostem de uma boa história e de uma dose de originalidade recomendo vivamente que experimentem o Bioshock. Para além da versão PC existem versões para MAC, X360 e PS3, todas elas igualmente competentes. Bioshock 2 foi lançado uns anos depois e é uma sequela directa dos acontecimentos deste jogo, para além de ter um modo multiplayer também “story-driven” (para mim bem mais interessante desta forma) e Bioshock Infinite encontra-se ainda em fase de produção. Aparentemente não tem relação com este jogo, mas logo se verá.