Contra 4 (Nintendo DS)

Algures durante a geração passada, houve um certo revivalismo de séries clássicas no seio do retrogaming. Mega Man, Double Dragon, Ghosts ‘n Goblins, Duck Tales, Sparkster/Rocket Knight, e felizmente a série Contra não foi esquecida. Desenvolvido pela Wayforward Technologies, os mesmos por detrás dos fantásticos Shantae e que posteriormente lançaram também o Aliens Infestation também para a Nintendo DS, acaba por ser uma grande homenagem aos clássicos da série que foram sendo lançados nas eras 8 e 16bit. O meu exemplar veio de um coleccionador privado, no início do passado mês de Agosto.

Jogo com caixa, manual e papelada. Versão norte-americana

A história decorre 2 anos depois dos eventos do Contra III: Alien Wars (a versão Americana, claro), onde a Humanidade vê-se uma vez mais vítima de uma invasão alienígena, desta vez a cargo do Black Viper. A missão de salvar a Terra recai desta vez não numa dupla de mercenários (ou robots se considerássemos antes as versões Probotector), mas sim quatro. Isto porque os criadores tomaram certas liberdades em usar elementos das duas diferentes cronologias, Americana e japonesa. Black Viper era o alien do primeiro Contra Americano, e os mercenários são Bill, Lance (da versão Americana) e Mad Dog e Scorpion (versão Japonesa).

Os níveis acabam por ser uma homenagem aos clássicos

Para além disso, o jogo é uma grande homenagem à série, até porque celebrava os seus 20 anos por alturas do lançamento deste Contra 4. Os níveis aqui presentes são todos inspirados nos Contras clássicos da NES, Gameboy e SNES, desde a chegada dos mercenários à selva, passando por aqueles níveis numa perspectiva pseudo-3D onde iríamos atravessando sala atrás de sala, a combates em cidades em ruínas que me fazem lembrar o Alien Wars, até àqueles níveis nas cavernas cheias de “gosma” onde os aliens depositaram o seu “ninho”. A jogabilidade é mesmo a típica de um Contra, pelo que se temiam por alguma coisa fora do baralho por o jogo ser exclusivo de uma plataforma como a Nintendo DS, onde o foco era completamente, então podem mesmo estar descansados.

Aqui a única característica da Nintendo DS que é mesmo usada mais extensivamente é mesmo o duplo ecrã, cuja acção decorre em ambos em simultâneo. O jogo usa então a mesma jogabilidade clássica, incluindo alguns perks de alguns jogos em específico na série, como a habilidade de usar 2 arma, alternando entre a arma principal e a de reserva, ou a possibilidade de fazer um upgrade às mesmas, apanhando o mesmo power-up duas vezes. O segredo para a vitória em jogos como o Contra é mesmo conseguir atingir em vários inimigos ao mesmo tempo, pelo que usar as armas e os seus upgrades de forma inteligente é muito importante. Seja o famoso spread shot que dispara 3 ou 5 projécteis em simultâneo, raios laser que trespassam vários inimigos em simultâneo, mísseis tele-guiados, entre outros. A habilidade de poder finalmente disparar parado é bastante útil também. Para além disso temos também a possibilidade de usar um gancho que nos permite elevar para superfícies altas.

Aqueles níveis intermediários, onde a perspectiva altera-se para algo pseudo 3D estão também aqui presentes.

Depois para além do modo campanha, temos outros desafios, nomeadamente o challenge mode onde somos levados a completar diversas “missões” como ultrapassar um nível com uma eficácia de tiro superior a uma determinada percentagem, enfrentar waves de inimigos, percorrer um segmento o mais rápido possível, entre outros. Ao terminar estes desafios vamos desbloqueando uma série de conteúdo extra para o Museu, que inicialmente apenas nos mostra uma breve overview da história da saga até à altura. Poderemos então desbloquear personagens outras jogáveis, como o Probotector, ou personagens de jogos da série como o Hard Corps ou o Shattered Soldier. Desbloqueamos artworks, bandas desenhadas, até uma pequena entrevista com um dos criadores da série. Mas os melhores extras felizmente são os mais primeiros a desbloquear: versões NES do Contra e Super C!

No que diz respeito aos audiovisuais, este é um jogo muito interessante pois remete-nos logo para a época dos 16bit, com cenários em 2D bem detalhados e tal como já referido acima, com os níveis a assemelharem-se bastante com os clássicos, assim como as músicas que também são excelentes e bem sonantes no ouvido.

Um dos vários extras que podemos desbloquear é nada mais nada menos que o Contra de NES!

Portanto este Contra 4 acaba por ser uma entrada bastante sólida na série, e mesmo por tendo saído originalmente numa plataforma que, pelas suas características especiais ficou bem mais conhecida pelos seus jogos casuais, este Contra 4 não deixa de ser uma experiência bastante hardcore. O jogo saiu posteriormente para telemóvel mas essa versão nunca cheguei a experimentar.

Duck Tales (NES) / Duck Tales Remastered (PC)

Na passada PUSHSTART escrevi um artigo que se enquadra na rubrica “Old vs New”, onde se comparam diferentes versões do mesmo jogo, ou o original com uma sequela mais recente e se ilustram as diferenças e as evoluções que os mesmos sofreram ao longo dos anos. Eu resolvi escolher os Duck Tales, o original de NES, e o seu remake lançado em 2013 salvo erro, na versão PC.

Duck Tales - Nintendo Entertainment System
Jogo original da NES, apenas cartucho e sleeve protectora

O jogo da NES eu possuo apenas o cartucho, tendo sido mais um dos jogos que comprei recentemente num bundle de NES/SNES a um utilizador do fórum Collectors Corner. O remake para PC foi comprado há uns meses atrás na Mediamarkt de Alfragide por 10€.

Duck Tales Remastered - PC
Remake em HD do primeiro jogo, versão PC, completa com caixa e papelada

Sobre os jogos? São excelentes jogos de plataforma, mas poderão ler a minha opinião completa aqui.

Aliens Infestation (Nintendo DS)

Aliens InfestationNão é segredo nenhum que a franchise Aliens é uma das minhas preferidas do cinema. O potencial para os videojogos sempre foi enorme, mas infelizmente embora tenham sido desenvolvidos vários videojogos acerca dos xenomorfos mais adoráveis da galáxia, poucos foram os que tiveram sucesso tanto de vendas como de crítica. O jogo que trago cá hoje é um metroidvania para a Nintendo DS, que me surpreendeu pela positiva. Aliens Infestation foi desenvolvido pela Wayforward Technologies e pela Gearbox Software, desenvolvedora que infelizmente foi escolhida pela Sega para desenvolver uma série de videojogos da franchise, incluindo o infame Aliens Colonial Marines. Este jogo entrou na minha colecção algures durante o mês passado, após ter sido comprado na cash converters de Alfragide por 7€.

Aliens Infestation - Nintendo DS
Jogo completo com caixa, manual e papelada

Neste jogo encarnamos mais uma vez num grupo de Space Marines cuja missão inicial seria entrar na nave USS Sulaco (nave dos Space Marines que vimos no segundo filme) e investigar os acontecimentos estranhos que por lá decorreram. Não demorará muito tempo até visitarmos o planeta de LV-426 e nos envolvermos num conflito entre aliens e forças que lutam pela empresa Weyland-Yutani, que desde sempre quiseram investir nos bichinhos com ácido no lugar de sangue como armas biológicas. É uma trama que já há muito se viu, mas acaba por ser sempre eficaz.

screenshot
o uso do touchscreen é competente, onde podemos escolher a arma a usar ou o explosivo a equipar

A jogabilidade acaba por ir buscar muitas influências aos Castlevania 2D pós-Symphony of the Night, ou seja, herdando o estilo “metroidvania” com toda a sua exploração e backtracking. Mas para além disso o que chama realmente à atenção neste jogo é a morte permanente das personagens. O nosso esquadrão tem 4 elementos, o que nos daria logo à partida “4 vidas”. Mas explorando o mapa iremos encontrar diversos outros marines de outros esquadrões, que nos poderão dar uma ajuda, mas só se tivermos menos de 4 pessoas no activo no nosso lado. Caso contrário ficarão no mesmo sítio a lamentarem toda a situação. Explorando o mapa também poderemos encontrar outras coisas como caixas de munições, ou upgrades para as nossas armas e o backtracking é muita vez necessário devido ao costume: para entrar na zona A precisamos de uma determinada chave, ou o caminho está bloqueado e teremos de arranjar um workaround. Podemos marcar no mapa posições para relembrar mais tarde com recurso a flares, mas o seu uso é limitado e infelizmente não podemos incluir nenhuma nota no mapa para que nos relembre do que estamos ali a marcar, de qualquer das formas. Algo como é feito no Etrian Odyssey, por exemplo.

screnshot
Para quem viu o Prometheus, já sabe que criatura é aquela. Para quem não viu, acho que ficará na mesma.

De resto, as referências ao lore dos filmes são bastantes, desde o armamento que inclui a shotgunpara close encounters“, a portentosa smartgun ou um lança-chamas. Estamos bem equipados para o que der e vier, e acção é o que não falta. Inimigos humanos ou androides podem ser combatdos com recurso a um simples sistema de covers, já os nossos amiguinhos temos forçosamente de ter mais cuidado. Eles são bastante rápidos e surgem de todo o lado, incluindo dos sistemas de ventilação, como qualquer fã da saga esperaria. A táctica hit-and-run acaba por ser a nossa melhor amiga, em especial nos bosses que são enormes e como seria de esperar são também autênticas esponjas de balas. Podemos correr e rebolar, coisas que embora nos gastem a nossa barrinha de stamina, acabaremos por fazer regularmente ao longo do jogo. Teremos também ao nosso dispor outras ferramentas como um kit de solda que nos permite abrir portas que tenham sido barradas, ou uma ferramenta para abrir entradas no sistema de ventilação, sistema esse completamente uncharted nos mapas. Mas continuando com as referências ao lore dos filmes, temos outros doces que nos são oferecidos pela Wayforward, desde um segmento onde poderemos conduzir um APC (o veículo blindado que vimos em Aliens) ou usar um power-loader para… ok, não é difícil adivinhar. Infelizmente não existe é muito conteúdo extra, algo que é sempre bastante apreciado nos dias que correm. Para além das biografias dos Marines que descobrimos, o que nos resta é um minijogo também reminiscente do filme Aliens, onde com a stylus da DS simulamos o jogo de espetar rapidamente uma faca entre os dedos de uma mão de um pobre coitado.

screenshot
Infelizmente no campo dos extras este jogo fica algo a desejar.

Graficamente é um jogo bem competente. Tudo está representado num 2D muito bem detalhado tendo em conta a resolução dos ecrãs da Nintendo DS e com animações muito boas. Tudo tem um look muito 16bit, algo que eu pessoalmente aprecio bastante. O gore, apesar de não ser excessivo está presente, quem nunca gostou de ver o parto de um alien bébé? De resto os diálogos são apresentados um pouco à lá Metal Gear Solid, com comunicações via rádio e com os retratos dos interveninentes no ecrã. Isso leva-me a falar no artwork geral do jogo, onde por um lado vemos as coisas retratadas fielmente de um universo “Gigeriano“, as personagens em si foram todas desenhadas com um estilo comic book norte-americano, o que já não me agrada assim tanto, mas não acho que tenham feito um mau trabalho. Continuando ainda no audiovisual, o som é óptimo, bem como deveria ser. Ambiente sempre de cortar à faca, sempre com a ameaça de algum alien ou facehugger saltar a cada momento.

No fim de contas tenho pena por este jogo ter saído já no final do ciclo de vida da Nintendo DS, pelo que acabou por passar despercebido a muita gente. É uma pena, pois apesar de ser um jogo relativamente curto e ainda com algumas pontas soltas que deveriam ser melhor trabalhadas, não deixou de ser um trabalho bem mais competente que Aliens Colonial Marines (que eu nem desgostei assim tanto como a maioria do mundo, mas sim, there was still much room for improvement). Se são fãs da saga dos Aliens, ou adeptos de jogos com a exploração e backtracking de um metroidvania, então este Aliens Infestation é mais uma óptima escolha para os donos da Nintendo DS.