ChuChu Rocket! (Sega Dreamcast)

ChuChu RocketVoltando agora à consola que se tornou no canto do cisne para a Sega enquanto fabricante de consolas de videojogos para uma análise ao jogo que deu o kick-off definitivo à jogatina online em consolas. ChuChu Rocket é um puzzle/party game bastante alucinado, desenvolvido pela Sonic Team e com vários modos de jogo que podem ser jogados localmente ou online, com um máximo de 4 pessoas. Já não me recordo ao certo quando e onde comprei este jogo, mas penso que tenha sido no ano passado e não me terá custado mais de 5€.

ChuChu Rocket! - Sega Dreamcast
Jogo completo com caixa e manuais

Escrever sobre história num puzzle game pode parecer um pouco idiota na medida em que a mesma muito pouco influencia na jogabilidade, mas basicamente este é um jogo do “gato e do rato no espaço”. O planeta dos ratos ChuChus vêm-se subitamente invadidos por um monte de KapuKapus (gatos) e para se safarem da situação têm de escapar para os seus foguetões e fugir o mais rápido possível. Pois bem, o nosso papel, em qualquer um dos modos de jogo disponíveis é indicar o caminho aos ChuChus até um dos foguetões, evitando os KapuKapus pelo caminho. Essencialmente teremos ao nosso dispor um tabuleiro com vários foguetões e paredes, e tal como nos jogos dos Lemmings, os ChuChus movem-se sempre numa direcção uniforme, pelo que teremos de colocar no tabuleiro algumas setas (cima, baixo, esquerda ou direita) para que, quando os Chuchus pisem essa tela, alterem a direcção para a que nós indicamos. Depois as paredes do tabuleiro também entram em jogo, pois sempre que os ChuChus encontram uma parede, viram para a sua direita, seguem cantos, ou no caso de túneis voltam para trás. E também deveremos ter isso em atenção.

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O multiplayer disto pode-se tornar caótico e destruir comandos da Dreamcast. Ou amizades.

Bom, o conceito parece bastante simples: indicar o caminho que os ChuChus têm de percorrer até chegar a um fogetão. Mas as coisas ficam bem mais caóticas quando temos os gatos em jogo que também seguem os mesmos caminhos, buracos, eventos especiais, ou outros jogadores a “minar-nos” o esquema. E com estas noções básicas de jogabilidade, podemos dividir o jogo em 4 modos de jogo distintos: 4 Player Battle, Team Battle e Puzzle e Challenge Stage. O primeiro é um modo de jogo competitivo “todos contra todos” que pode ser jogado contra o CPU, localmente com até mais 3 amigos ou online também para 4 jogadores. Aqui cada jogador deve tentar encaminhar o máximo de ChuChus para o seu próprio foguetão e evitar ao máximo que o gato coma os ChuChus ou alcance o seu foguetão, penalizando o jogador com menos um terço dos ratos obtidos até à altura. Aqui vale tudo, e as coisas ficam mesmo caóticas com a possibilidade de para além de tentarmos recolher o máximo de ratos possível, podemos também complicar as coisas para os outros jogadores. E as coisas ficam caóticas também porque apenas podemos colocar 3 “setinhas” diferentes de cada vez, com as próximas a apagarem as anteriores. E para além disso, ao fim de 10 segundos as setas que colocamos desaparecem, obrigando-nos a estar constantemente a jogar.

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Também podem ocorrer eventos especiais que alterem temporariamente as coisas, como uma enchente de KapuKapus

O Team Battle é um modo de jogo semelhante, mas os 4 jogadores ficam divididos em equipas de 2 para cada lado e também é possível jogar com oponentes humanos ou com/contra o CPU. O Puzzle mode, essencialmente um modo meramente single player e com regras diferentes. Aqui apenas dispomos de um número muito limitado de movimentos que é prédefinido em cada nível, e a ideia é mesmo colocar essas setinhas que nos dão em locais certos no tabuleiro, para que consigamos guiar um carreirinho inteiro de ChuChus para o foguetão. Se algum rato for comido por um gato, ou caiam nalgum buraco, teremos de recomeçar o nível. Ainda temos os Challenge Stages, que são uma mistura entre os Puzzle e a jogabilidade normal, onde temos de cumprir uma série de objectivos dentro de um tempo limite. Quanto melhor for o nosso tempo, melhor.

Graficamente é um jogo extremamente simples, tanto que até existe uma conversão deste jogo para a Gameboy Advance e sinceramente, tirando o som, não se perde muita coisa. Mas como o estilo de jogo não exige mais, acho que está bem assim. Os ChuChus e os KapuKapus são do padrão bonitinho japonês, e o jogo apesar de simples, tem o seu charme. Os efeitos sonoros são simples, já as músicas também vão sendo alegres, algo “silly” como o jogo, mas que acabam também por nos viciar.

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No modo puzzle basta um KapuKapu comer um ChuChu para termos de tentar novamente

Por fim devo afirmar que nunca cheguei a jogar online na Dreamcast, para além de não ter tido uma no seu hey-day, os meus amigos que tinham uma também não se deram ao trabalho de o fazer. Afinal todo o tempo era precioso em ligações por dial-up. Acredito perfeitamente que apesar deste ser um jogo simples, se tenha tornado num bom vício para muitos portadores da máquina dos sonhos da Sega, pelo menos aqueles que tiveram a sorte de a ter ligada com o broadband adapter em ligações de banda larga. É que para além destes modos de jogo, ainda poderíamos criar os nossos níveis e partilhá-los com todo o mundo, num servidor dedicado da Sega para o efeito. É certo que já houveram vários serviços online em consolas anteriormente, tanto para a Saturn, Mega Drive, Super Nintendo ou outras como a própria Famicom, mas a Dreamcast e a sua Dreamarena/SegaNet foi certamente a primeira tentativa globalizada de lançar o online gaming aos nossos sofás.

Sonic the Hedgehog 4 Episode 1 (PC)

Desde que a série Sonic the Hedgehog entrou com força nos videojogos em 3D, com resultados muitas vezes insatisfatórios, os fãs há muito que ansiavam por uma verdadeira sequela em 2D, tal como os clássicos da Mega Drive. Enquanto isso não acontecia (não contando claro com os jogos nas portáteis), vários fãs foram desenvolvendo fan-games, alguns deles com uma excelente qualidade e que acabaram inclusivamente por ser cancelados pela própria Sega devido a problemas de copyright. Mas com tanta demanda por um jogo do Sonic num 2D de alta definição, a Sega lá acedeu e o resultado foi este Sonic 4 que para já conta com apenas 2 episódios. O Episode 1 foi comprado algures durante o ano passado numa das várias steam sales, com um desconto de 75% ou maior, pelo que me acabou por ficar bastante barato.

Sonic the Hedgehog 4 - Episode I - PC

Sonic 4 tenta então regressar às raizes dos clássicos da era 16-bit, com uma jogabilidade inteiramente em 2D, sem amigos idiotas do Sonic e com um level design e audiovisuais semelhantes aos clássicos da Mega Drive. Claro que isto causou muito hype no seio dos fãs e assim se iniciou mais um infame Sonic Cycle. Isto porque após terem surgido bastantes leaks do jogo que mostraram imensos defeitos na jogabilidade, como uma física terrível ou a falta de algumas animações, os ânimos serenaram bastante. Felizmente essas fugas de informação serviram para que algumas coisas fossem melhoradas, no entanto a física ainda não está perfeita, os originais de Mega Drive têm controlos mais coesos e acima de tudo este jogo possui o hover attack que pessoalmente acho um erro.

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Os primeiros níveis são sempre bem bonitinhos, agradáveis e sem grandes desafios pela frente

Este Sonic 4 Episode 1 possui 4 zonas distintas, mais uma final, todas elas inspiradas pelos clássicos. Cada zona está dividida em 3 níveis, mais um com um boss. O primeiro é a Splash Hill Zone, naturalmente uma zona inspirada na clássica Green Hill, com a paisagem verdejante e os loops que nos remetem logo para os primeiros minutos do Sonic 1. Segue-se a Casino Street, com as inspirações da Casino Night do Sonic 2, com os elementos de pinball e slot machines, mas também com a Carnival Night do Sonic 3, com a temática festiva. A terceira zona é a mais aborrecida na minha opinião, misturando elementos da Labyrinth e Hidrocity Zones do Sonic 1 e 3 respectivamente. É a zona  das “ruínas ancestrais”, com as infames secções subaquáticas e outras mais de aventura à Indiana Jones, onde podemos andar em minecarts ou fugir de/rebolar com gigantescas rochas esféricas. A última zona, chamada Mad Gear é mais industrial, sendo nitidamente inspirada na Metropolis Zone do Sonic 2, com todas as roldanas gigantes e tubos que podemos entrar. Por fim temos o último nível, mais uma vez passado numa base espacial (E.G.G. Station) onde voltamos a defrontar todos os bosses anteriores mais o final, inspirado no “Mech” gigante do Sonic 2.

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Na Casino Street conseguimos ganhar muitas vidas, se tivermos sorte com estas pseudo slot machines

O que também não poderia faltar é a colecção das 7 esmeraldas caóticas. E também tal como é feito nos clássicos, temos de as apanhar nos níveis de bónus. Para tal, temos de chegar ao final de cada nível com 50 anéis no mínimo, e quando cruzamos a meta, temos de entrar num anel gigante que surge no ecrã, caso tenhamos os tais 50 anéis no mínimo. E os níveis de bónus são semelhantes aos do primeiro Sonic, onde temos de guiar o ouriço azul que vai deslizando por um labirinto. Mas em vez de controlar Sonic, giramos o próprio labirinto, onde para além de apanhar um determinado número de anéis que nos abram passagens, temos também de ter muito cuidado em não tocar em painéis que nos expulsam do nível de bónus, ou não deixar o tempo limite expirar.

Graficamente é um jogo bastante colorido, embora infelizmente não utilizaram a sprite clássica do Sonic 1 ou 2, por exemplo. Essa sprite aparece apenas nos ecrãs de loading, infelizmente. Ainda assim, o jogo está repleto de badnicks clássicos que quem jogou os clássicos da Mega Drive irá imediatamente reconhecer. As músicas também são bem agradáveis e tentam emular a qualidade de som da Mega Drive, embora tenham mais qualidade que o chiptune que emulam. Mas o que interessa são mesmo as melodias e essas parecem-me mesmo adequadas a um jogo revivalista como este.

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Exemplo de um nível de bónus, já com a esperalda à vista. Se tocarmos num dos pontos de exclamação o nível termina ali.

Apesar de não ser um jogo perfeito, a jogabilidade ainda não está no ponto e alguns níveis podiam ter um pouco mais de polimento (os puzzles com as tochas foram chatinhos), creio que este Sonic 4 foi uma boa tentativa por parte da Sega de agradar aos fãs da velha guarda da série que tanto ansiavam por algo deste género. Como coleccionador que sou, tenho pena que a Sega tenha também adoptado esta estratégia episódica e apenas digital para promover este Sonic 4. O facto de também não haverem notícias de um Episode 3 não é bom sinal. Gostava de ver o Episode I, II e um eventual III numa compilação física, mas como ainda estou à espera de ver uma colectânea física com os Panzer Dragoon bem que posso esperar sentado.

Burning Rangers (Sega Saturn)

Na passada edição da PUSHSTART (nomeadamente a edição número 36), publiquei um artigo de um jogo que tenho o prazer de ter na minha colecção. Burning Rangers, um excelente jogo de acção para a Sega Saturn, produzido pela Sonic Team. É um dos cantos do cisne da plataforma 32bit da Sega, pelo menos no ocidente, onde foi uma das últimas pérolas desta consola a ter um lançamento por cá. A minha cópia chegou-me às mãos por intermédio da antiga loja SóJogos no Porto, que infelizmente já fechou. Foi adquirida por 10€, faltando-lhe o manual. Por uma qualquer diarreia mental decidi deixar lá ficar o Dragon Force (danificado) e o Swagman que por lá andavam ao mesmo preço. Oh well.

Burning Rangers - Sega Saturn
Jogo com caixa – manual procura-se

Sem mais demoras, convido todos à leitura do meu artigo no site da PUSHSTART. Podem consultá-lo mais especificamente aqui.

Phantasy Star Online (Sega Dreamcast)

Phantasy Star OnlineBom, este é um jogo que merecia um artigo exaustivo por ter sido um ponto de viragem tão drástico na clássica série de RPGs da Sega, bem como um dos jogos mais inovadores do catálogo da Dreamcast. Mas não vai ser o caso, por culpa do Phantasy Star Online Episode I & II para a Nintendo Gamecube, que me chegou à colecção muito antes deste jogo, que por sua vez inclui tudo o que o jogo da Dreamcast tem e muito mais.  Assim sendo, acao sempre por recomendar uma leitura do artigo da conversão/sequela que a consola da Nintendo recebeu, pois terá mais detalhe. Esta versão Dreamcast chegou-me à colecção ainda neste ano, tendo sido comprada a um coleccionador particular, por 8€. Tirando os problemas habituais na caixa, está em bom estado e inclui uma demo do Sonic Adventure 2.

Phantasy Star Online - Sega Dreamcast
Jogo completo com caixa, manual, papelada e demo do Sonic Adventure 2

Phantasy Star Online foi um jogo bastante revolucionário, tendo sido o primeiro MMORPG a ser lançado numa consola. Mas PSO é algo diferente dos MMOs que mesmo na época existiam, na medida em que apesar de podermos socializar com meio mundo, na verdade apenas equipas de até 4 jogadores no máximo podem jogar ao mesmo tempo. E para quem acompanhou a série desde os tempos da Master System / Mega Drive, a jogabilidade também mudou bastante, passando de um RPG clássico com batalhas por turnos para um “hack and slash” 3D. A história também mudou bastante face à série original, apesar de existirem alguns hints por parte da Sega que existe uma ténue relação entre os acontecimentos da série clássica, Online e Universe. Basicamente a história consiste na odisseia dos habitantes do planeta Coral, que após se ter tornado inabitável deu-se um êxodo em massa para o planeta de Ragol, a bordo de  duas naves gigantescas: Pioneer 1 e 2. A Pioneer 1 foi a primeira a arrancar, tendo-se estabelecido em Ragol com sucesso. Quando chega a vez dos habitantes da Pioneer 2, dá-se uma enorme explosão no planeta que dizimou todos os colonos da Pioneer 1. Assim sendo, cabe aos membros do Hunter’s Guild explorarem Ragol à procura de respostas para o desastre, para que depois os habitantes da Pioneer 2 se possam mudar definitavamente para a nova casa. Este primeiro jogo coloca-nos a explorar 4 diferentes áreas (Forest, Cave, Mines e Ruins), cada uma com o seu boss – sendo o último um velho conhecido da série.

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O já icónico ecrã de título

Como qualquer bom MMORPG, inicialmente somos convidados a criar a nossa personagem, escolhendo a raça (Human, Cast ou Newman) e classe (Hunter – própria para combate corpo-a-corpo, Ranger para quem prefere usar armas de fogo, ou Force, os “feiticeiros” do sítio). Como é natural, as raças têm também diferentes atributos, o que, em conjunto com as classes resultam em personagens com diferentes habilidades e características. O jogo não possui uma skilltree elaborada como em muitos outros MMOs, mas cumpre o seu papel por ser um jogo bastante funcional. Posteriormente podemos optar por jogar offline ou online. Enquanto no modo offline jogamos sozinhos, online poderíamos jogar com um grupo de até 4 jogadores, ao longo das 4 áreas de jogo. Existem também várias sidequests que podem ser jogadas offline, onde a história do jogo até acaba por ser contada com mais algum detalhe. No entanto era no modo online que a piada do jogo estava, afinal o grinding interminável para se obter items raros e coloridos sempre é mais agradável fazê-lo com companhia.

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Uma das builds que podemos escolher. Eu pessoalmente tenho ido sempre para os all-around human hunters

Graficamente é um jogo competente, tendo em conta que saiu para a Dreamcast e já no ano de 2000. A Dreamcast era uma consola competente na sua altura mas também tinha as suas limitações, e num jogo online totalmente em 3D é exigido mais recursos do sistema, pelo que os visuais eram algo simples. No entanto este PSO marcou um “modernismo” visual na série Phantasy Star que sempre me agradou, desde no design dos personagens, armas e equipamentos, como em toda a envolvente “high-tech” à volta dos cenários e afins. Sonoramente também é um jogo que para mim é memorável, tanto que muitos dos seus efeitos sonoros e músicas são utilizados ainda hoje, nas iterações mais recentes da série. A música tem sempre uma componente futurista, e embora não seja propriamente algo épico de se ouvir, adapta-se bem à atmosfera do jogo e é agradável para as sessões de grinding.

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A primeira área é a mais colorida. Blue sky in games 4eva.

Infelizmente não tinha Dreamcast na altura em que o jogo saiu, pelo que nunca o joguei online na sua incarnação original. O facto de ter uma mensalidade também não ajudava, o que em conjunto com o modem 33kbps com que a Dreamcast vinha no território Europeu também não era muito convidativo para passar horas “ao telefone” com os tarifários da internet na altura. Embora não deixe de ser um dos jogos mais icónicos do catálogo da última consola da Sega, esta versão em concreto apenas recomendo a sua compra pelo valor histórico ou por coleccionismo. No ano seguinte, também para a Dreamcast (e PC) foi lançado o Phantasy Star Online Ver.2, que incluiu várias novidades, desde subir o level cap, novos items, novos modos de jogo e novas sidequests disponíveis offline. Depois foi lançado para a Nintendo Gamecube e Xbox o já referido Phantasy Star Online Episode I & II, que mais uma vez inclui tudo o que já tinha sido lançado anteriormente mais uma expansão e outras novidades. Ainda assim, enquanto a Sega não decide se traz para o ocidente o novo Phantasy Star Online 2, a melhor alternativa de jogar o clássico continua a ser o Phantasy Star Online Blue Burst para PC. É um jogo que, apesar de já estar descontinuado, pode ser jogado em servidores privados, incluindo o conteúdo do PSO Episode I & II e uma nova expansão, o Episode IV. Para quem não sabe, o Episode III é um jogo completamente diferente, exclusivo da Nintendo Gamecube, essa consola com uma presença online fortíssima…

Sonic Heroes (Nintendo Gamecube)

Sonic Heroes GamecubeJá há algum tempo que não trazia nada da mascote da SEGA a estas bandas, mas o que trago cá hoje também não é lá grande coisa. Que eu gosto da Sega não é nenhum segredo, mas foi bastante triste ver o declínio que vários dos seus estúdios sofreram, após passar por um período incrivelmente criativo por alturas da Dreamcast. A Sonic Team na minha opinião foi a que mais sofreu, com os jogos da sua mascote a decair de qualidade a olhos vistos (e outros platformers como Billy Hatcher). Após o lançamento da conversão do Sonic Adventure 2 para a Gamecube com o novo codnome Battle, e apesar de o mesmo ter tido algum sucesso, a Sega decidiu não restringir os jogos da sua mascote apenas às consolas da Nintendo e o primeiro resultado dessa decisão tornou-se neste Sonic Heroes. A minha cópia foi comprada no ebay UK, algures por volta de 2010, tendo sido uma verdadeira pechincha, não me tendo custado mais de 5€.

Sonic Heroes - GCN
Jogo completo com caixa e manual

Este jogo diferencia-se dos demais por apresentar uma estrutura baseada em equipas. Não controlamos apenas uma personagem, mas 3 em simultâneo, cada uma com habilidades respectivas. Basicamente existe uma personagem veloz, uma outra capaz de voar, e a terceira com mais poderio ofensivo, sendo a mais utilizada nos ataques para os inimigos. Existem então 4 equipas distintas, totalizando 12 personagens jogáveis. Sonic actua em conjunto com os companheiros de longa data Tails e Knuckles, a morcego Rouge faz “par” com Shadow e o robot E-123 Omega. A irritante Amy conta com os igualmente irritantes Cream the Rabbit e Big the Cat e por fim a adição mais interessante, a Team Chaotix, composta por Vector, Espio e Charmy Bee, personagens de um jogo algo obscuro para a mais infame add-on da Mega Drive, a 32x, sendo o respectivo jogo o Knuckles Chaotix. Todas estas equipas começam a sua aventura com objectivos diferentes, mas no fim de contas acaba por ser mais uma aventura para derrotar Eggman que se prepara para fazer novamente das suas. Na verdade não é bem assim, mas deixo o spoiler para quem quiser jogar.

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As 4 equipas com que podemos jogar

Para se obter o verdadeiro final da história, é necessário jogar com as 4 equipas no total, e adquirir as 7 Chaos Emeralds nos níveis de bónus, como manda a tradição. Apesar de cada equipa ter as mesmas habilidades básicas, cada elemento tem alguma coisa de diferente a oferecer na sua jogabilidade, e os próprios níveis são em si algo diferentes mediante a equipa seleccionada. A aventura de Sonic e sua equipa corresponde a uma dificuldade “normal”, com a equipa de Shadow a oferecer níveis mais difíceis e a equipa de Amy com a vida mais facilitada, encurtando significativamente os níveis que atravessam. Enquanto nestas 3 equipas, o objectivo em todos os níveis consiste em chegar do ponto A ao ponto B, a equipa Chaotix apresenta um conceito de jogo ligeiramente diferente, baseado em missões. Aqui teremos de encontrar x número de um determinado objecto, derrotar uma série de inimigos/ destruir objectos, ou mesmo algumas missões mais “stealth” onde temos de passar despercebidos dos inimigos, forçando o jogador a explorar os níveis mais afincadamente. Isto é o panorama geral das coisas em Sonic Heroes, onde a ideia até é interessante, mas a execução nem por isso.

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Charmy cresceu desde o Knuckles Chaotix

Ora nós controlamos apenas uma personagem de cada vez, com as outras duas a seguirem-nos automaticamente. Mediante os obstáculos que nos vão aparecendo teremos de alternar entre as personagens e utilizar as suas habilidades para progredir, seja a velocidade de Sonic e semelhantes, o poderio de Knuckles para destruir parte dos cenários, ou mesmo a habilidade de voar para alcançar locais que de outra forma seria impossível. Como todos os jogos do Sonic, a acção é bastante rápida, sendo que por vezes este ciclo de alternar entre as personagens atrapalha um pouco. Mas todos os bons jogos têm a sua quota parte de desafio, não me oponho a isso, o problema é o resto. É difícil controlar as personagens, principalmente a direcção dos seus ataques. Muitas vezes, o homing attack de Sonic, que deveria ser intuitivo, falha completamente o alvo, com Sonic (ou outra personagem semelhante) a circular o alvo ininterruptamente, o que depois pode levar a que o jogador seja projectado para um precipício. Ora isto dos precipícios é algo que me irrita solenemente nestes jogos do Sonic modernos, principalmente nestes jogos em 3D com problemas de controlo. Muitas vezes, principalmente em níveis mais avançados, estamos a avançar a todo o gás a deslizar em rails, saltar plataformas apertadas e obstáculos do género no meio do nada, e é demasiado fácil as coisas correrem mal, perdermos o controlo da personagem e lá se vai mais uma vida. Nos níveis mais avançados e se estivermos a jogar com a equipa de Shadow, isto é uma constante é para mim é muito frustrante. A câmara muitas vezes também atrapalha, algo que não é novo nestes jogos de plataformas 3D da Sonic Team.

Para além do modo história, dispomos também várias missões que podem ser jogadas pelas várias equipas, sejam chegar ao fim de um nível num determinado intervalo de tempo, coleccionar alguns objectos, etc. Terminando os níveis e completando estas missões vamos obtendo emblemas, que posteriormente vão desbloqueando algum conteúdo bónus, nomeadamente vários modos de jogo para a vertente multiplayer. Inicialmente apenas dispomos de um modo de corrida simples, sendo que a cada 20 emblemas que vamos coleccionando vamos desbloquear mais 7 modos de jogo no multiplayer, seja um Team Battle algo parecido ao que se jogava no Sonic Adventure 2 Battle, uma vertente multiplayer dos níveis bónus, sendo os restantes também modos de corrida. De qualquer das formas, não é algo que me tenha fascinado.

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No início e no final de cada “story arc”, temos direito a algumas cutscenes em CG

Visualmente falando, Sonic Heroes é um jogo repleto de cores vibrantes, e níveis com um design interessante (tirando os abismos sem fundo constantes). Tendo em conta que este jogo foi desenvolvido utilizando a ferramenta Renderware para um fácil desenvolvimento multiplataforma, mas que a versão Gamecube foi a versão principal, eu diria que num nível técnico é a versão da consola da Nintendo que leva a melhor. A versão PS2 pelo que joguei apresenta diversos problemas de quedas de framerate. O voice acting é completamente pré-adolescente, repleto de frases patetas e vozes extremamente irritantes, nomeadamente as de Tails e de toda a Team Rose. Por outro lado cheguei a esboçar alguns sorrisos com algumas tiradas da Team Chaotix. Ao menos a banda sonora continua muito boa, como tem sido habitual desde o primeiro Sonic Adventure, com as habituais colaborações hard-rock de Jun Senoue e os seus Crush 40.

Posto isto, Sonic Heroes é um jogo que recomendo apenas a quem for realmente fã dos jogos da mascote, e para quem tiver paciência e preserverança para aguentar a jogabilidade “glitchy” e os infindáveis abismos.