King’s Quest IV (PC)

Continuando pelas rapidinhas no PC, é agora tempo de abordar brevemente o King’s Quest IV, o primeiro jogo da Sierra a usar o seu novo motor de jogo, o SCI. A primeira versão do SCI apesar de ainda suportar apenas gráficos em EGA (também não havia melhor no PC ainda) serve no entanto para apresentar cenários com muito maior resolução e logo, mais detalhe. Mas ainda não tínhamos uma interface verdadeiramente point and click, isso só apareceu mais tarde. E este, tal como os outros jogos da Sierra que tenho cá trazido ao longo dos últimos meses veio cá parar através de um bundle que juntava imensos clássicos da Sierra a um preço muito atractivo.

Ora esta aventura começa precisamente onde a anterior terminou, ao vermos o rei Graham (protagonista dos dois primeiros jogos) a atirar o seu chapéu de aventureiro para que um dos seus filhos o herde. Mas eis que nesse momento Graham sente um aperto no coração e colapsa! Temendo pela sua saúde, a sua filha, a princesa Rosella, acaba por aceder ao apelo de uma fada de um reino distante, que pede a sua ajuda e em troca lhe irá dar qualquer coisa que fará curar o seu pai. E assim partimos para a aventura, pela primeira vez na série King’s Quest com uma personagem principal feminina!

Com o motor gráfico SCI, os gráficos têm agora muito mais detalhe, mas são ainda algo pobres na sua cor

Ora, tal como referi acima, este jogo apesar de já ter sido produzido com um motor de jogo mais recente, a interface point and click é ainda uma miragem, pelo que devemos uma vez mais usar a linha de comandos para introduzir as acções a executar, com os constrangimentos habituais onde deveremos não só usar as palavras certas, mas também convém estar no local certo para o comando ser aceite. Tal como os seus predecessores temos aqui na mesma várias maneiras de morrer, desde cair em precipícios ou escadas, mas também ao ser atacados pelas mais variadas criaturas. Há ali uma parte em que temos de atravessar uma caverna escura que é especialmente frustrante! De resto devo dizer que até gostei da narrativa, o jogo tem alguns momentos muito bons!

Convém fazer uma boa gestão de saves, pois o perigo está constantemente à espreita

A nível visual é de facto um grande avanço perante os seus antecessores. Sim ainda é limitado nas suas cores visto que não havia melhor que o sistema EGA em 1988, mas o nível de detalhe dos cenários e das suas personagens melhorou bastante, até porque a resolução utilizada é maior. É também o primeiro King’s Quest para DOS com suporte a placas de som (neste caso a AdLib), pelo que ocasionalmente iremos ouvir algumas belas melodias, pela primeira vez sem usar o PC-Speaker. Mas estou curioso para ver em como a Sierra evoluiu a série com o próximo capítulo, que pelo menos visualmente já apresenta gráficos em VGA e com muito mais detalhe!

King’s Quest III (PC)

Voltando às rapidinhas no PC, o jogo que vos trago cá hoje é mais uma sequela da longa série King’s Quest da Sierra, o grande avô das aventuras gráficas! Tal como os restantes jogos da série, o meu exemplar veio ter à minha biblioteca do steam após ter comprado um humble bundle algures no ano passado, onde por uma bagatela se podia comprar DEZENAS dos clássicos da Sierra. Como ainda me faltavam jogar muitas das suas séries clássicas, naturalmente que não poderia falhar.

Ora e este jogo inicialmente não parece ter qualquer ligação ao reino de Daventry, pois encarnamos no jovem Gwydion, que vive como escravo na casa de um poderoso feiticeiro que o trata como lixo. Mas certa altura o feiticeiro diz que vai sair para tratar de uns assuntos e é tempo então de escapar dali para fora e explorar o resto do mundo à nossa volta.

Inicialmente temos de fugir da casa deste feiticeiro, mas temos de ter cuidado para não sermos apanhados a bisbilhotar onde não devemos

Esta é mais uma aventura que ainda usa o motor gráfico AGI da Sierra, pois foi ainda lançado originalmente em 1986. Portanto para além de gráficos em baixa resolução e ainda sem qualquer suporte a rato ou placas de som na versão PC, temos ainda de escrever numa linha de comando quais as acções que queremos executar, ao depender então que o parser entenda o que queremos fazer, para além de algumas acções serem sensíveis à nossa localização exacta. Também tal como nos outros King’s Quest e jogos da Sierra no geral o que não falta aqui são diferentes maneiras de morrer, desde as tradicionais de cair de precipícios ou escadas, bem como não reagir atempadamente a alguns encontros com certas criaturas. E este é um daqueles jogos que recomendo vivamente que usem um guia, até para ultrapassar os mecanismos de protecção anticópia, que nos obrigariam a ter um manual para consultar lá umas dicas. Felizmente que nesta colectânea do Steam os manuais estão também incluídos!

Como é típico nestes jogos antigos da Sierra, atravessar desfiladeiros e subir ou descer escadas são desafios consideráveis!

A nível gráfico é então um jogo muito modesto, até porque usa ainda o motor AGI, que suporta apenas cores EGA no máximo, bem como os cenários são ainda de baixa resolução. Mas achei que este King’s Quest III ficou uns furinhos acima dos anteriores, que não tinha gostado lá muito, mas continuo a preferir os gráficos simplistas do primeiro Larry e Police Quest que também usam ainda este motor gráfico. A nível de som, bom a versão PC apenas suporta os típicos PC-Speaker, pelo que não há grandes músicas e quando as há, apenas ouvimos os típicos blips e blops. A ver como se safaram no jogo seguinte, que já usa o motor SCI!

King’s Quest II (PC)

Depois do sucesso do primeiro King’s Quest, a Roberta Williams não perdeu muito tempo a preparar uma sequela. Lançada originalmente em 1985, o jogo teve um relançamento em 1987 que já suporta gráficos com o standard EGA e foi essa a versão que joguei pois é a que vem incluída na King’s Quest Collection, que por sua vez veio num humble bundle com dezenas de clássicos da Sierra que comprei algures no ano passado por uma bagatela.

Ora com os eventos do primeiro jogo, que colocaram o outrora cavaleiro Sir Graham agora como Rei Graham no trono de Daventry, Graham, ao espreitar no seu espelho mágico que lhe conta os eventos do futuro, vê uma donzela em perigo, numa terra distante. Calha bem, pois Graham ainda está solteiro e precisa de uma companheira para governar o seu reino. Partimos então para o mundo de Kolyma em busca da donzela Valanice, onde teremos de explorar mais uns quantos cenários diferentes, coleccionar objectos, escapar de inimigos e obstáculos e interagir com o mundo à nossa volta de forma a ir progredindo no jogo. Tal como no primeiro King’s Quest aqui vamos tendo uma vez mais várias maneiras de resolver alguns dos puzzles, embora o jogo nos encoraje a usar métodos não violentos, atribuindo-nos mais pontos a essas acções. Mas claro, temos também inúmeras maneiras de morrer neste jogo, desde cair em buracos, escadas, afogar, ou simplesmente ser atacado/comido por alguns dos inimigos que iremos enfrentar. A nível de jogabilidade contem com o habitual dos jogos da Sierra desta época. É um jogo de aventura onde nos podemos deslocar com as teclas das setas e usar uma linha de comandos para efectuar acções de observar, interagir com objectos ou outras personagens, o que nos obriga não só a usar o vocabulário que o jogo espera, bem como estarmos numa localização algo precisa.

Uma vez mais teremos de escapar de uma série de inimigos que surgem do nada!

A nível audiovisual, bom, em relação ao primeiro King’s Quest acho que ganha alguns pontos por haver mais alguma variedade de cenários. É que para chegar à ilha onde Valanice está aprisionada vamos ter de procurar uma série de chaves para abrir uma porta mágica que, depois de aberta, nos mostra outra porta trancada! Então teremos de explorar diferentes cenários, onde certos contos de fantasia clássicos estão também aqui representados como a história do Capuchinho Vermelho, ou mesmo o castelo do Drácula e porque não uma visita a Neptuno no fundo dos oceanos? Mas tirando a variedade, os cenários em si não envelheceram lá muito bem. De todas as aventuras gráficas que joguei da Sierra até agora e que ainda usam o AGI como motor de jogo, acho que só o primeiro Larry e Police Quest resistiram ao teste do tempo, apresentando visuais minimalistas, mas ainda com um certo charme! No que diz respeito ao som, esta versão não suporta qualquer placa de som, pelo que apenas ouvimos algumas melodias com o som atroz do PC-Speaker. Há outras versões da época que suportam placas de som, mas não esta.

Uma caverna com um morcego? O que sairá dali?

De resto, este é um jogo de aventura sólido e já começamos a ver um pouco do bom humor que a maior parte das aventuras gráficas da Sierra também tinham. Ao explorar o lar de uma bruxa vemos um Batmobile a sair da caverna, ao que o jogo refere que está completamente fora de sítio, bem como uma publicidade ao primeiro Space Quest que também surge aparentemente do nada. Mas ainda é um jogo muito solitário, com poucos NPCs com os quais podemos dialogar. A ver como se safam nas sequelas!

King’s Quest (PC)

Depois de ter jogado todos os Space Quest e Police Quest, restava-me pegar na série que os gerou. King’s Quest é um dos videojogos mais importantes alguma vez lançados, na medida em que pegava nas mecânicas básicas de aventuras de texto e apresentava cenários ricos em detalhe, que poderíamos explorar livremente, mas ainda com uma linha de comandos para escrever as acções a executar. É portanto um importantíssimo percursor ao género dos jogos de aventura gráfica! O meu exemplar veio incluído numa grande colectânea de jogos da Sierra que comprei algures no ano passado num bundle por uma bagatela.

O King’s Quest foi um jogo lançado originalmente numa série de plataformas distintas com o IBM PCjr a receber a sua primeira versão em 1984. Esta colectânea traz duas versões do primeiro jogo: uma versão lançada em 1987 para o MS-DOS, que usa o motor gráfico AGI (o mesmo usado no primeiro Larry, Police Quest, Space Quest) e um remake lançado em 1990 já com o motor gráfico SGI. Mas ainda não é a versão SGI que já permitia gráficos em VGA e um interface verdadeiramente point and click! Mas já lá vamos. A história por detrás deste jogo leva-nos ao reino fantasioso de Daventry, onde encarnamos no cavaleiro Sir Graham, que recebe do seu rei uma importante missão: o Reino de Daventry está em ruína e a única forma de retornar o reino à sua velha glória leva-nos a procurar por 3 artefactos mágicos: um escudo poderoso, um espelho capaz de ditar o futuro e um baú com ouro infinito. Se encontrarmos os 3 artefactos, o reinado de Daventry será nosso! A história do remake é algo modificada/expandida, mas o objectivo no final é o mesmo: recuperar os 3 tesouros e tornarmo-nos no próximo rei.

Há muitas maneiras de morrer em King’s Quest mas felizmente a maior parte das criaturas só nos fazem mal se nos aproximarmos demasiado

Ora e depois lá teremos então um vasto mundo a explorar, repleto de armadilhas e criaturas prontas a ceifar-nos a vida se não tivermos cuidado. Uma vez mais descer escadas é uma arte e cair em buracos é um perigo muito real! De resto lá teremos de coleccionar itens e usar esses itens nos locais/pessoas/criaturas certas. Há aqui muito folklore de histórias tradicionais de fantasia, como os feijões mágicos que podemos plantar e visitar um reino nas nuvens, a bruxa com uma casa feita de doces, entre outros. E enquanto nos podemos mover livremente através das teclas das setas, todas as restantes acções são despoletadas ao escrever comandos como look troll, get mushroom e por aí fora, o que nos obriga não só a usar as palavras que o parser espere, mas também que estejemos no sítio certo para o comando ser aceite. O remake que saiu em 1990 ainda não é um verdadeiro point and click, os cenários apresentam muito mais detalhe e alguns puzzles foram alterados. É uma versão mais linear que o original, que por sua vez tem diferentes soluções para os mesmos puzzles, o que sinceramente achei um aspecto interessante!

Muitos dos contos tradicionais de fantasia estão aqui representados

A nível audiovisual, o lançamento de 1987 para MS-DOS é muito similar ao original de 1984 do PCjr. E se por um lado eu acho que jogos como o primeiro Larry ou Police Quest até resultaram bem com o motor gráfico AGI, sinceramente acho que o King’s Quest envelheceu mal. Os cenários andam quase todos à volta de campos, montanhas ou cavernas e sinceramente a nível de detalhe não me agradou. Para um jogo de 1984 teria realmente um nível de detalhe nunca antes visto, mas acho mesmo que envelheceu mal. O remake de 1990 ainda tem um número limitado de cores pelo standard EGA, mas o jogo corre numa maior resolução e o mundo à nossa volta está muito melhor detalhado. Para além que essa versão já suporta algumas placas de som, pelo que ocasionalmente lá vamos ouvir algumas melodias.

O remake de 1990, mesmo com as limitações da arquitectura EGA, é muito melhor detalhado que o original

Portanto este King’s Quest é um jogo interessante principalmente pelo seu factor histórico e de toda a influência que deu ao género das aventuras gráficas. A nível de narrativa e audiovisuais ainda é um jogo muito simples, mas tendo em conta que este jogo gerou umas 8 sequelas e uns quantos remakes ao longo dos anos, estou certo que os jogos seguintes serão melhores. Veremos!

Space Quest 6 (PC)

Vamos começar o ano de 2021 com mais uma rapidinha para fechar a série Space Quest, com o seu sexto e último capítulo a ser lançado originalmente em 1995. E tal como todos os outros Space Quest que fazem parte da minha biblioteca no steam, este meu exemplar digital veio através de um excelente bundle que comprei algures neste ano e que continha dezenas dos clássicos do extenso catálogo de jogos da Sierra.

Na aventura anterior acompanhamos Roger Wilco e a sua ascensão para a posição de capitão da sua própria nave espacial. E apesar de uma vez mais ter salvo o universo, nem tudo resultou em boas notícias, pois Roger acaba por ser julgado pela federação StarCon pela sua conduta imprópria e todos os danos causados. Então Wilco acaba por ser despromovido novamente para a posição de empregado de limpeza! Entretanto toda a tripulação da nave onde Roger estava a servir acaba por ter uns dias de folga num planeta próximo, que apesar de ter um aspecto horrível, sempre tinha uns bares e arcades para se divertirem. Entretanto Roger, depois de deambular pelas zonas menos nobres daquele sítio, acaba por ser raptado e tropeçar uma vez mais numa grande conspiração que começa a surgir à sua volta.

Uma vez mais teremos algumas referências a outros filmes e jogos

Portanto, como não poderia deixar de ser, estamos aqui perante mais um jogo de aventura gráfica com uma interface 100% point and click, onde teremos diferentes cursores para desempenhar diferentes funções como andar, falar, observar, interagir, ou usar itens do inventário. Naturalmente que teremos de interagir com diversos objectos para ir avançando no jogo e ultrapassar os puzzles que teremos de enfrentar, o que nem sempre trazem soluções óbvias. Nos jogos anteriores tínhamos sempre um mini-jogo ocasional para ultrapassar e este Space Quest 6 não é excepção. Desta vez temos um clone de Street Fighter, com personagens e golpes algo hilariantes, mas como uma jogabilidade tão notoriamente má que somos mesmo obrigados a fazer batota. De resto, e também como é habitual, teremos algumas situações de game over hilariantes embora desta vez não tenhamos tantos momentos de frustração também.

Eventualmente temos de visitar um mundo de realidade virtual bem retro

No que diz respeito aos audiovisuais devo dizer que estou algo dividido. Por um lado é de saudar o regresso do voice acting, em particular o do narrador hilariante que é o mesmo que ouvimos no Space Quest IV. Este voice acting enriquece bastante a narrativa, particularmente os seus momentos mais cómicos. Mas no que diz respeito aos gráficos propriamente ditos, é certo que estão muito bons para um jogo de 1995, com sprites das personagem muito bem animadas e detalhadas. Os backgrounds são também muito bem detalhados e os poucos CGIs que vamos assistindo têm uma qualidade que não estava nada à espera de ver em 1995. Ainda assim, prefiro de longe os visuais mais cartoon, tanto nas personagens como nos cenários, que foram retratados nos dois jogos anteriores.

É verdade que os gráficos estão muito bem detalhados, mas preferia o aspecto mais cartoon das aventuras anteriores

Fora isso é mais um jogo de aventura bem sólido por parte da Sierra, uma vez mais com um bom sentido de humor e umas quantas referências a outros videojogos e filmes. A partir daqui infelizmente as coisas na Sierra foram mudando e para o pior, pelo que a série acabou por não receber mais nenhum título.